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História The Patient 193 - Capítulo 4


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


E eu cheguei com outro capítulo *-*
Boa leitura

Capítulo 4 - Capítulo 4


Ponto de Vista de Katniss

Estiquei meus braços para cima, sentindo minhas costas reclamarem.

Odiava alongamento, mas eu sabia que seria bem pior caso eu não o fizesse.

Apoiei meu pé direito sobre o encosto do banco de madeira do parque, esticando meu braço e apoiando minha mão direita na ponta do tênis.

A música tocava alto em meus ouvidos, graças ao meu celular, que decidira funcionar hoje.

Dois anos no Texas havia me mudado muito.

Apesar de voltar para Midland com um grande receio de ter a porta batida em minha cara, eu juntei minhas coisas, e dois dias depois do meu último acidente, fui de encontro a minha família.

A única coisa surpreendente, é que meu irmão me recebeu de braços abertos em sua casa, diferente dos meus pais, que não souberam como reagir ao me verem batendo na porta com tantas malas aos meus pés.

Gale e sua esposa Madge, me cederam um bom quarto, enquanto aos poucos eu tentava recuperar a confiança de meus pais. Eu tinha em mente que eu não era completamente a culpada de nosso relacionamento ser ruim, mas mesmo assim eu preferia me humilhar a ponto de pedir perdão até pelo o que eu não havia feito.

No final das contas, em poucos meses minhas visitas na casa de meus pais passaram a ser frequente.

Finnick e Annie me visitaram quatro vezes durante esse tempo. Na última vez, que havia sido a 3 meses atrás, eles anunciaram seu noivado, o que pra mim não era surpresa.

Annie havia cedido aos encantos de meu amigo rapidamente, deixando de lado a história de “peguete” e virando a “namorada grudenta”.

Claro que era só uma forma de dizer. Às vezes que os vi juntos me fazia apenas invejar o relacionamento dos dois, afinal de contas eu estava estacionada em minha vida amorosa.

Talvez ela tenha morrido a dois anos atrás, quando saí do quarto 193.

Claramente o que havia acontecido naquele hospital não tinha sido uma aventura amorosa, mas era a última coisa que eu havia passado e que chegava mais perto disso.

Balancei a cabeça em negativa, tentando espantar os pensamentos indevidos, enquanto já movia meu corpo com rapidez pela pequena pista de corrida do parque.

Infelizmente minha cabeça me pregava peças vez ou outra, e trazia em minha memória o doutor que tanto perturbara meu sono.

Eu não tinha notícias de Peeta, e estava claro para meus amigos que eu não queria saber dele, afinal o nome não era citado por ninguém quando estávamos juntos ou em ligação.

Peeta havia realmente mudado minha perspectiva de vida, e me trouxera de volta do buraco sem fundo que eu havia me enfiado desde que completei meus 18 anos.

Por causa de nossas conversas eu havia voltado a me relacionar com meus pais, completei minha faculdade depois de pedir transferência do curso, havia deixado a bebida de lado, e decidira cuidar de mim mesma, afinal, se eu não o fizesse, eu sabia que não teria quem pudesse fazer por mim.

Porém eu via de outra forma, e finalmente me sentia alguém no mundo.

Até mesmo as corridas matinais haviam sido resultado de nossas conversas. A parte ruim é que eu sempre acabava me lembrando que ele continuaria me devendo uma corrida, onde eu mostraria ser melhor do que ele.

Meu irmão vinha me dando apoio para abrir minha própria empresa, já que ele tinha um bom dinheiro guardado e quisera investir em mim.

Segundo Gale e sua faculdade de Administração, Engenharia Civil era uma boa área, mas que devíamos explorar fora do Texas.

Era por isso que ambos estávamos hospedados em um hotel de Los Angeles, Califórnia, prontos para, talvez, conseguirmos uma parceria inicial, para que eu pudesse pegar experiência, e quem sabe, em um futuro próximo, ter minha própria empresa.

Parei na primeira loja de conveniência que vi para comprar uma garrafa de água.

O fato de estar há uma semana em Los Angeles não era ruim. O que me incomodava era que minha cabeça vivia me lembrando que Long Beach ficava a quase uma hora dali.

Obviamente era legal ter Finnick mais próximo, caso tudo desse certo, afinal eu sentia falta do meu melhor amigo. Porém ao lembrar que o doutor Mellark também estaria tão perto, e mesmo assim tão longe, me dava um nó no estomago, que era difícil desatar.

Continuei a andar pela rua, já com a garrafa de água mineral aberta.

Eu estava cansada. Havia corrido por mais de uma hora, e nem havia notado.

Minha cabeça estava cheia demais.

Nem mesmo a bela vista do MacArthur Park havia tomado minha atenção naquela manhã.

Andei por quase 10 minutos até estar no hall de entrada do hotel. Caminhei até o elevador e apertei o número 1 no painel digital ao entrar.

Logo eu já caminhava pelo corredor em busca do meu quarto.

Assim que Gale fez as nossas reservas, eu cheguei a acreditar que era uma piada. Meu irmão estava no quarto 186, enquanto o mesmo havia conseguido apenas o quarto 193 pra mim.

Era uma droga de número, que me perseguia há dois anos, sendo em vagas de carro, em filas de espera ou até mesmo em endereços que eu precisava chegar.

Joguei meu celular e a garrafa vazia sobre a cama, e fui em direção ao banheiro.

Como sempre, meu banho havia sido rápido, já que banhos longos aumentava o índice de pensamentos idiotas.

Apesar de estar em Los Angeles, e ser um sábado, eu preferia ficar em meu quarto, por isso me vesti de maneira confortável, sabendo que Gale estaria com Madge, que chegara ontem pela noite.

Assim que me preparei para me jogar na cama, alguém bateu na porta com certa força, me fazendo franzir as sobrancelhas.

– Quem é? – perguntei parando ao lado da porta.

Serviço de quarto. – a voz masculina respondeu do outro lado.

Continuei confusa, afinal não havia pedido nada.

Joguei meus cabelos, recentemente penteados, para trás, já que os fios molhados grudavam em meu ombro seminu, por culpa da regata laranja que eu usava.

– Eu não pedi nada. – falei ainda com a porta fechada.

É cortesia, senhorita Everdeen. – o homem respondeu novamente.

Mordi o lábio inferior e respirei devagar.

Destranquei a porta, e a abri.

Em seguida minha fala pareceu travar na garganta, enquanto meu coração anunciava no peito que aqueles olhos azuis e aqueles cabelos castanhos ainda mexiam comigo mais do que deveria.

– Você fica bem de laranja. – Peeta abriu um sorriso torto.

– Você fica bem de barba. – falei a primeira coisa que me veio à cabeça, e era exatamente o que eu queria ter dito ao vê-lo no bar há dois anos.

Ele soltou uma risada gostosa, que eu nunca havia ouvido até então, o que me causou um friozinho no estomago.

Continuei a encara-lo sem saber o que eu deveria fazer em seguida.

– Eu... Posso entrar? – perguntou, passando a mão direita por seus cabelos, que estavam da mesma maneira que eu me lembrava.

Arrumados, porém de maneira desorganizada.

Como não respondi, Peeta permaneceu parado me olhando.

– Achei que nunca mais veria você. – ele disse, soltando o ar devagar.

– Achei que você não quisesse me ver. – rebati cruzando os braços.

– Sinceramente cheguei a pensar que eu tinha sido claro quando nos despedimos. – Peeta disse buscando meu olhar com o seu. – Eu te deixei ir porque pensei ser o melhor pra você. – suspirou parecendo cansado.

– Aquilo não foi uma despedida. Foi você prometendo algo, que já sabia que não cumpriria. – soltei as palavras rapidamente. – E realmente foi melhor pra mim. – respondi desviando os olhos para o lado. – Mas de qualquer maneira, foi horrível ir para o Texas com o pensamento de que eu havia sido apenas a paciente do 193, mesmo depois de você ter dito estar apaixonado por mim. Foi horrível conviver com o fato de que nossa idade o impediu de me fazer ficar. – ri sem vontade, parando os olhos em seu rosto. – Eu me senti tão tola por acreditar que você iria se despedir de mim no aeroporto. – respirei devagar, tentando acalmar meus pensamentos, depois que percebi que Peeta não diria nada. – Você percebe que apesar de nós dois não termos namorado ou coisa parecida, nosso passado é tão péssimo que parece que tivemos um relacionamento que não deu certo? – questionei.

Peeta continuou a me olhar com as sobrancelhas levemente franzidas.

– Quando entrei no quarto aquele dia eu estava disposto a largar tudo pra ficar com você. – Peeta começou a falar, parecendo ignorar o que eu havia dito. – Mas quando você disse que queria acertar sua vida, eu vi que eu não podia me encaixar nela naquele momento. – soltei meus braços ao lado do corpo, enquanto meu coração doía ao ouvir suas palavras. – Apesar de eu querer deixar tudo o que parecia inapropriado de lado, e quem sabe beija-la ali mesmo, eu precisei agir novamente com minha sensatez. Se eu te dissesse que eu não me importava mais com meu emprego ou com nossas diferenças, eu estaria arriscando impedi-la de fazer o que era melhor pra você. – Peeta deu um passo em minha direção, e apesar de minha cabeça alertar que ele estava perto demais, minhas pernas não me obedeceram, sendo assim permaneci parada a sua frente. – Sinceramente eu cheguei a acreditar que eu não a veria mais, e que eu estava louco por alimentar essa paixão que eu nem tinha certeza se você correspondia.

– Achei que eu havia deixado claro que eu também estava apaixonada por você. – falei baixo, evitando olhar em seus olhos azuis.

– Você estava bêbada, e não afirmou nada. Apenas disse coisas que sua cabeça acreditava ser verdade. – Peeta suspirou. – Mas isso não importa agora. – ele segurou meu rosto entre suas mãos, obrigando-me a encara-lo nos olhos. – Eu vim aqui pra tirar isso a limpo, Katniss.

– Como assim? – questionei, sentindo meu coração voltar a acelerar, enquanto Peeta se aproximava mais.

– Esses dois anos que se passaram me fizeram ver que na verdade eu não estava apaixonado. – falou baixo, passando seu olhar por meu rosto, e voltando para os meus olhos. – Algo que dói durante tanto tempo, apenas por não ter a pessoa por perto, só pode ter outro nome. – sua mão direita deslizou para a lateral do meu pescoço, deixando seu polegar próximo a minha orelha, enquanto sua mão esquerda descia por meu braço, causando-me um arrepio gostoso. – Assim que eu vi seus olhos cinzentos perdidos naquele quarto de hospital, eu amei você, Katniss. – sua mão segurou minha cintura, me fazendo morder o lábio inferior. – E eu acho que se você não me amasse, não permitiria que eu chegasse tão perto. – sussurrou com a boca a centímetros da minha. – E é por isso que eu vou beija-la agora. – avisou.

Eu não tive tempo de contraria-lo. Seus lábios já cobriam os meus de maneira suave, enquanto seu polegar fazia um carinho gostoso no lóbulo da minha orelha.

Minhas pernas estavam bambas quando Peeta aprofundou o beijo, por isso precisei segurar seus ombros como ponto de apoio.

Suas palavras ainda ecoavam em minha cabeça, enquanto seus lábios estavam nos meus, causando-me borboletas no estômago e, talvez, quase uma parada cardíaca.

Senti sua mão apertar minha cintura, o que me causou uma reação de subir a mão esquerda até sua nuca.

Beija-lo era algo completamente diferente do que eu cheguei a imaginar um dia. Seus lábios finos pareciam se encaixar perfeitamente nos meus. Seu toque em meu corpo era carinhoso, porém demonstrava atitude, que sinceramente eu achei que Peeta não tinha, por tantas vezes me permitir ir embora.

Peeta me permitiu ir embora. Não uma vez, mas duas vezes. E não tentou ir atrás de mim.

Meus próprios pensamentos me fizeram cair na real, por isso interrompi o beijo, dando um passo pra trás, e desvencilhando-me do seu toque.

Suas sobrancelhas franziram em confusão.

– Você não pode simplesmente aparecer na minha porta, dizer tudo isso e achar que vai ficar tudo bem. – soltei as palavras rapidamente, retomando o folego em seguida. – Você esperou dois anos pra vir atrás de mim, Peeta. – senti meus olhos arderem. – Você teve oportunidades de me dizer essas coisas. Ou você acha que eu não escutava os comentários de Annie e Finnick quando eu não estava por perto? Finnick tentava te convencer a ir com eles e você fugia. Agindo feito um covarde. – acusei. – E isso me machucou muito, porque assim como você diz ter sofrido durante esse tempo, eu também sofri. – mordi o lábio inferior. – Ou você achou mesmo que eu estava afim do Marvel naquela época? – rolei os olhos, sentindo as lágrimas caírem. As sequei antes que rolassem por minhas bochechas. – Essas desculpas, de que foi para o meu bem, nossa diferença de idade, e que você era meu médico, nunca colaram. Pra mim você só estava fugindo.

Peeta permaneceu em silêncio.

Ele passou a mão direita por seus cabelos.

– Você está me dispensando? – perguntou depois de alguns segundos.

– Só estou pedindo pra você ir embora. – disse cruzando os braços. – Eu preciso pensar.

– Como assim pensar? – ele pareceu incrédulo. – Você teve dois anos pra isso.

– Não. Você teve dois anos pra isso. – retruquei com raiva. – Eu tive dois anos para odiar alguém que disse estar apaixonado por mim, e que mesmo assim, me deixou ir embora, sem nem tentar me pedir pra ficar.

– Mas você e sua família...

– Eu consertaria com eles de qualquer forma. – rebati, interrompendo-o. – Eu iria pra casa, me acertaria com eles, e voltaria pra você. Terminaria minha faculdade, e não me meteria na sua carreira pra não te dar problemas. Ir para o Texas foi a forma que encontrei de escapar da dor que me causava ao me sentir rejeitada por você, que falava uma coisa, mas virava as costas e me deixava ir embora.

Ao dizer todas essas coisas pude notar o quão magoada eu ainda estava com Peeta.

Infelizmente eu tinha razão. Não havíamos tido nenhum relacionamento realmente amoroso, e mesmo assim estávamos desgastados em relação a isso.

– Apenas vá embora. – pedi. – Se você realmente sente por mim, o que diz sentir, só... Vai. – soltei o ar devagar pela boca.

Peeta suspirou pesadamente antes de me dar as costas.

Eu o observei caminhar, até que ele parou no meio do corredor e virou pra me olhar.

– Dessa vez você não vai escapar de mim, Katniss. – Peeta disse convicto.

– Eu não escapei de você. Você me deixou ir. – retruquei nervosa.

Peeta deu um sorriso torto.

– Você tem razão. Eu deixei. Mas isso não vai mais acontecer. Não, te tendo novamente morando tão perto, e tendo a certeza de que eu te amo mais do que a mim mesmo. – ele voltou a andar. – Mas isso não importa no momento. Eu vou lutar por você, Katniss. – Peeta apertou o botão do elevador. – Até te convencer que não vou mais te abandonar.

Por mais que eu quisesse ceder a Peeta, e dizer o quanto eu o amava também, e o quanto eu queria que ele ficasse, minha cabeça me impediu de responde-lo, por isso permaneci apenas observando-o, sentindo meu coração se contrair ao vê-lo ir embora de novo.

– A propósito, gostei do número do seu quarto. – ele disse em voz alta ao entrar no elevador.


Notas Finais


Obrigada pelos favoritos e comentários.
Vocês arrasam.
Beijos ♥


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