O dia ontem fora maravilhoso. Eu fui a uma orquestra, e dancei com a pessoa que eu mais gostava. Um sorriso inevitável estampava meu rosto e eu cantarolava canções que eu nem conhecia. Aquela garota havia me tirado do meu mundinho.
Antes de chegar em casa da escola, fui ao Le Cafee e comprei um doce para Katy. Fiz tudo muito rápido. Almocei, limpei a cozinha, e tomei um banho mais que rápido. Eu estava louca para me encontrar com ela.
Peguei meu violino e o pacote com o doce, e fui correndo para o apartamento dela. Eu esperava não ser cedo demais. Quase tropecei na escada.
Chegando lá, toquei a campainha. Um garoto alto me atendeu.
- Oi. Posso falar com a Katy?
Ele me encarou.
- Oi, gatinha – e piscou para mim.
Eu levantei uma sobrancelha. Like “What?!”
- Sai daí, seu chato! – disse Katy empurrando o garoto – Oi, Rihanna.
- Ah, essa é a Rihanna?
- Não, minha vó!
- Desculpe.
- Não foi nada – eu ria da cena.
- Se vocês vão começar a tocar, eu já vou embora – ele disse – Tenho curso de francês agora.
- Tá, tá, tchau; já vai tarde – ela disse.
- Tchau Katy, te amo também! – ele respondeu descendo as escadas.
Eu perguntei:
- Ele é seu irmão?
- É, infelizmente... Mas, você não chegou tarde hoje!
- É, eu me esforcei...
- Só não chegue tão cedo, porque esse chato ainda vai estar aqui.
Fomos para aquela sala de novo. Quando ela acendeu a luz, eu disse:
- Trouxe pra você – e estendi o pacote.
- Ah, obrigada. Eu adoro doces.
- E então, o que vamos tocar hoje?
- Que tal dançar?
- Eu acho que não sou muito boa nisso...
Ela riu.
- É brincadeira! Mas seria engraçado...
- Ah... – eu disse sem graça.
- Olha, pensando bem, eu acho que vou tocar uma música que eu compus pra você.
Fiquei boquiaberta.
- Você... Compôs uma música... Pra mim?
- Sim. Sente-se aqui ao meu lado.
Ela me chamou e eu fui sem hesitar. Sentei-me ao seu lado no mesmo banco do piano, colocando meu violino num canto.
Ela começou a tocar uma música linda, e eu só escutava. Fechei os olhos e pude sentir o que ela realmente quis transmitir com a música. Seus dedos passeavam com delicadeza pelas teclas, e ela não tirava os olhos delas. Fazia movimentos leves com a cabeça, seus braços estavam soltos, e seus pés firmes no chão.
De repente a música acabou. Eu ainda estava de olhos fechados, em transe. Mas a linda voz de Katy me acordou. Nós estávamos muito perto.
- Ei, Rihanna.
- Hum?... – abri os olhos lentamente.
- O que achou da música? Gostou?
- Eu acho que... Eu acho que... Eu acho que... – eu parecia um disco de vinil arranhado.
Ela me calou com um beijo. Senti seus lábios tocando os meus, e essa emoção era melhor que a música. Um beijo doce e inocente. Ela segurou meu rosto com suas mãos delicadas e eu me senti quente. Quando ela se separou de mim, ela deu um sorriso. Eu fiquei paralisada.
- O que foi? Não gostou? Eu não devia ter feito isso? – ela agora estava preocupada.
- Não, eu... – foi o que eu consegui gaguejar.
Ela me fitou e disse:
- Eu espero que...
Ela parou de falar e começou a tossir de novo.
- Katy, você está bem? – foi aí que eu acordei.
- Eu... Vou... Ficar... Bem...
- Precisa de alguma coisa? Um médico? – eu estava apavorada.
- Não precisa... – ela foi parando de tossir aos poucos.
Segurou a minha mão.
- Eu só... Não estou preparada pra te contar.
- Contar o quê?! Depois disso que a gente teve, eu acho que você pode me contar tudo.
Ela hesitou.
- Não, ainda não. Talvez amanhã. Eu preciso pensar em como eu vou te dizer. Não se preocupe com isso.
- Tudo bem. Mas eu vou estar aqui se você precisar de alguma coisa.
- Eu sei, você é incrível.
Ela me deu um abraço, me senti bem.
- Vamos tocar uma juntas agora – ela sugeriu.
- Tudo bem – falei pegando meu violino.
E voltamos a tocar. Eu ainda sentia seu beijo latejando em minha boca, mas por outro lado, eu estava preocupada com ela.
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