História The Planets Between Us (Bellarke) - White Room

‘’Clarke, eu sei que você se forma amanhã e logo vai se tornar o pacote completo de loirinha privilegiada perfeita. ’’ Bellamy fala,  brincando com meu cabelo, enquanto estávamos deitados em sua cama.

‘’Ei!’’ finjo estar ofendida, dando um tapa em seu braço. ‘’Não sou perfeita, nem um pacote completo.’’ Falo.

‘’Você é o pacote completo.’’ Ele insiste. ‘’Uma loira inteligente, bonita e futura médica. Esse apelido é perfeito para você!’’

‘’Cale a boca, Bellamy.’’ Finjo estar braba, enquanto me sento em sua cama desarrumada.

‘’Estou brincando, meu amor.’’ Ele fala e se senta também. ‘’Mas a parte de ser perfeita, não.’’

Olho para ele, confusa com suas palavras e penetro-me em seus olhos repletos de brilho.

‘’Você é perfeita, Clarke.’’ Ele fala com a voz doce e calma e sua mão encontra a minha. ‘’E mesmo se não fosse, eu te amaria.’’

 ‘’E eu te amo, Bellamy. Com todo o meu coração.’’

-Pode entrar, Senhora Griffin. –diz o guarda, abrindo a porta para minha mãe, que o agradece antes de vir até mim com uma maleta médica.

-Como está se sentindo? –ela pergunta, após ouvir a porta se fechar atrás dela.

-Melhor do que ontem, eu acho. –falo me levantando e me recordando de como a noite tinha sido difícil. Dores de cabeça, insônia e enjoo eram alguns efeitos colaterais de viver no confinamento.

-O oxigênio circula mal por aqui, mas você se adaptou bem comparado aos outros. –ela fala, enquanto se senta ao meu lado. –Seus exames estão normais, o que significa que você vai para a Terra, querida. –ela fala, com um tom de empolgação, mesmo que não fosse isto que eu estivesse sentindo.

-Quero ver Bellamy, só isso. –murmuro com os olhos fechados, desejando que ele estivesse comigo.

Minha mãe nota minha expressão triste, mas não fala nada. Sabia que o único que poderia me confortar naquele momento era ele, porém, quando a vejo se levantar para ir embora, sinto uma pontada de desespero tomar conta de mim. Quero que ela fique, não para me confortar sobre Bellamy, mas apenas para dizer que tudo ficará bem.

 -Preciso ir. Tenho cirurgia daqui alguns minutos. –ela fala, indo em direção a saída.

-Espere, mãe. –Chamo-a e pego sua mão. –Quando vamos partir?

-Não sei, filha, mas será logo. –ela responde, olhando para mim, mas eu abaixo a cabeça.

-Clarke? –ela me chama, confusa com minha reação. -O que foi?

-Estou com medo. –respondo, com lágrimas nos olhos. –Não quero morrer.

-Olhe para mim, filha. –ela fala, tentando não desmoronar ao meu lado. –Você vai ficar bem, está bem? –ela me abraça forte.-Eu amo você.

Eu ouvi o que queria ouvir, mas se soubesse que aquela frase viria junto, teria esperado ela sair para chorar sozinha. Sinto meu estômago se revirar novamente. Eu não sabia se amava minha mãe mais, não depois do que aconteceu.

-Você me ama, Clarke? -ela pergunta, já com lágrimas nos olhos, lágrimas que eu sabia que eram de desespero. –Você me perdoa?

-Estou tentando, mãe. –falo, enquanto limpo algumas lágrimas que manchavam minha roupa branca, incapaz de olhar para ela. -Estou tentando o tempo todo.

Ela faz o mesmo, mas com um olhar mais triste que o meu, provavelmente esperava por outra resposta. Eu não posso mentir, mesmo que isso signifique ir para um lugar que não sabemos se é habitável sem me despedir adequadamente. Eu sei que no fundo a amo, afinal, ela faria de tudo por mim, mas simplesmente não consigo dizer isto sem sentir que estou mentindo para meu coração porque, toda vez que eu olho para ela, só consigo imaginar meu pai morrendo e lembrar que foi ela quem causou isto.

-Descansa, Clarke. –ela fala, saindo, sem olhar para mim. –Não tenha medo.

A observo sair e decido me deitar para não me aborrecer com meus pensamentos, mas a tentativa de dormir falha drasticamente. Não consigo parar de pensar em Bellamy e em como ele tinha perdido a cabeça há dois dias atrás, quando nosso mundo praticamente desabou. Eu nunca tinha o visto assim, tão enfurecido, tão bravo, tão desesperado, tão perdido. Ele estava disposto a se sacrificar por mim e só de pensar naquela possibilidade, sentia meu corpo arrepiar.

Nunca tinha ficado um dia sem encontrá-lo, e fazia um pouco mais de 24 horas que não o via e já sinto que meu peito vai explodir de tanta saudade.

Sinto medo do que estava por vir, medo de ir para aquele lugar desconhecido, medo de morrer, e principalmente, de perder Bellamy.

Se ele estava disposto a se sacrificar por mim, o que seria capaz de fazer na Terra, que deve ter mais perigos que um pai que não ama o filho?