Lauren é uma jovem que acaba de completar 26 anos, dona de chamativos olhos verdes, sua estatura beirava os 1.75 m, pele muito clara e cabelos longos escuros.
Certa noite voltava da casa de seus pais que haviam preparado um jantar para comemorar seu aniversário, como sempre à pé, fazendo o mesmo caminho, não era muito longe, cortava por dentro do parque que separava os bairros, e as caminhadas lhe ajudavam a refletir sobre as coisas. Era uma noite um tanto quanto fria, sem luar, mas as estrelas se exibiam de uma forma muito convidativa, queriam ser observadas, sentiu-se então, na obrigação de deitar ali mesmo, interrompendo sua caminhada, pensando em como não havia ninguém a sua espera, não teria problema em demorar mais alguns minutos, enfim não era sempre que o céu se mostrava iluminado, saiu da trilha cimentada, caminhou até próximo umas árvores altas, parou, analisando onde seria melhor o ponto para que pudesse observar com clareza todo aquele espetáculo noturno, ajoelhou-se, sentou e foi deitando devagar, colocou as mãos sobre a barriga cruzando os dedos, inspirou e foi soltando o ar de seus pulmões sem pressa:
- Nossa, como posso, passar aqui todos os dias, e nunca ter feito isso antes!?
Pensou alto.
Percebeu que poderia ficar ali o resto da noite, apenas olhando para aquele show de luzes que as estrelas faziam, o vento cortando as folhas no topo das árvores, fazendo-as dançar num ritmo suave. Sentia-se como num filme, onde a qualquer momento pudesse pausar aquele exato momento, momento que lhe fez sentir a paz que grandes monges descrevem em seus ensinamentos, ouvia as batidas de seu coração, passou a dançar com as mãos, acompanhando o fluxo do vento, brincando e sorrindo com tudo aquilo. Até o momento que seus pensamentos começaram a ganhar vida novamente em sua cabeça, a breve paz que sentia à pouco, se foi. Logo se levantou, passou as mãos por suas pernas e cabelos, tentando se desvencilhar da grama que grudara em sua roupa.
- Hunf! Nada que eu faça, me liberta completamente desses pensamentos! Queria apenas 5 minutos ininterruptos de paz. Desde aquele dia na cafeteria, não tenho sossego, desde aquele olhar sinto uma inquietação. Não aguento mais isso.
Lauren percebe que está falando sozinha, ri baixo e decide ir para casa. Voltando para a trilha, sente seu celular vibrar, o toma nas mãos, vê que é uma mensagem, percebe ser um número desconhecido, e deixa para lê-la em casa.
Optou por morar em um condomínio, achava ser mais seguro. Tomou o elevador, apertou o botão que a levaria para cobertura, escolheu a cobertura por querer ficar o mais próxima do céu possível. Tirou as chaves de sua bolsa, e viu o celular piscando, lembrou-se da mensagem. Entrou, já pegando o celular, foi ler a mensagem, que dizia:
- Não fique presa à essa rotina, arrisque-se mais.
Pensou até ser aquelas mensagens de aplicativos de auto-ajuda, mas lembrou que nunca se cadastrou em nenhum. Rindo arremessou o celular no sofá, foi tirando sua blusa, sapatos, e calça, ficando somente de calcinha e sutiã, abriu a porta de vidro que dava para a varanda, deixando o vento entrar, respirou e começou a refletir sobre a mensagem:
- Se não possuo esses aplicativos, quem será que mandou essa mensagem?
Esticou-se para alcançar o celular e respondeu a mensagem.
- Identifique-se.
... A resposta veio em seguida
- Arrisque-se.
Sorriu de forma debochada da mensagem, pensando que poderia ser alguém brincando. Deixou o celular de lado novamente e foi para o banho... Vestindo seu pijama começou a indagar mentalmente a mensagem que recebera há pouco.
- Seja lá quem for, está com muito tempo.
Deitou-se na cama, e permitiu que seus pensamentos voltassem para a manhã que passara, gostava de fazer isso antes de dormir, ao menos desde que decidiu tomar café na cafeteria próxima a seu trabalho.
(Deixa eu fazer uma pausa, e voltar para que entendam.)
Assim que mudou a cafeteria, o primeiro dia foi normal, sentou-se no balcão mesmo, Tomou seu café, comeu sua rosquinha, caminhou até o caixa, e pagou. Nada novo até então. O segundo dia, percebeu que o balcão já estava com todos os lugares ocupados, correu os olhos pelo salão, e notou que a mesa atrás da porta de entrada, estava vaga, se direcionou até ela, e sentou-se. Puxou a cadeira próxima de seu lugar e colocou sua bolsa. Fez seu pedido, mudando apenas o que comeria, dessa vez queria comer algo salgado, olhando para o cardápio, pediu um café, e uma porção de ovos mexidos com bacon.
O café veio em seguida, tomou um gole, e segurando a caneca próxima a boca, observou a porta se abrindo, e uma voz suave tomou conta do ambiente, a pessoa estava se despedindo de alguém, conseguiu ouvir apenas algumas palavras com clareza:
- Volte logo, sentirei muito sua falta !
Enfim, quando a pessoa adentrou o salão, Lauren não conseguiu disfarçar sua reação e ficou de boca entreaberta. Jamais tinha visto alguém tão bela, tão cheia de luz. Voltou a caneca à mesa, e deixou que seus olhos acompanhassem a mulher que acabara de entrar e preencher o lugar com tanta energia e alegria, foi como observar um raio de luz, penetrar uma caverna escura. Passou cumprimentando todos, dos atendentes aos clientes, incrível como a sincronia era perfeita, onde passava um sorriso se abria. Ela caminhou até o fim do salão e subiu as escadas.
Aos poucos enquanto voltava à raciocinar, sentiu que ainda estava de boca aberta, a fechou, e só conseguia pensar no que acabara de ver. Seu pedido chegou, comeu devagar, na esperança de vê-la, descendo as escadas e trazendo todos aqueles sorrisos consigo. Em vão, enrolou o quanto pôde, mas estava em cima de sua hora já. Levantou-se e foi para o caixa, pagou, e quando estava se virando em direção a porta, ouviu passos descendo as escadas, mirou o olhar para as escadas, e a decepção foi imediata, era um homem que a descia, um homem muito parecido com a mulher que a subiu, mas não era a mesma luz. Continuou andando e saiu.
(Agora que sabem o motivo de Lauren gostar de pensar em suas manhãs antes de dormir, posso retomar de onde paramos.)
O sono chegou, logo se deixou vencer por ele.
Exatamente às 6:00 am, o celular desperta, uma música calma e relaxante toma conta do quarto. (Angel – Sarah Mclahan)
Lauren acordava sempre com essa música, ela nem se lembra mais de como é acordar e não ouví-la. Pegou o celular para desligar o despertador, enquanto o desligava recebeu uma mensagem.
- Levante-se, e vá caminhar no parque, assim como a noite o nascer do sol também fica esplêndido. Vá!
Lauren, não estava acreditando que acabara de receber mensagem do mesmo número da noite passada, levantou-se num pulo ao perceber isso.
Coçando a cabeça, começou a se questionar:
- Quem diabos pode ser?!
- O que realmente quer?!
- E o do porque, de não se identificar?!
Continuou sua rotina matinal... Foi para varanda, alongar, e correr na esteira. Fazia isso, todos os dias. E sim, o fazia antes mesmo de ir ao banheiro. Sua mãe nunca entendeu como conseguia, já que a maioria das pessoas acordam apertadas, loucas para esvaziarem a bexiga. 30 min na esteira na velocidade máxima, se alongava novamente, e por fim ia para o banheiro. Tomava banho, escovava os dentes, e vestia seu roupão. Ia para a sala, ligava a TV no canal que estivesse passando desenho, ela não suportava a idéia de começar o dia assistindo o noticiário. Não é que ela seja desligada das notícias, ela só não gosta de começar seu dia, com más notícias, catástrofes climáticas, escândalos políticos, tragédias em modo geral...
Pegou seu café na cafeteira, e foi para o quarto. Trocou-se. Olhou para o relógio:
- 8:00 am. Hoje passou rápido.
Saiu desligando tudo. Fechando janelas e portas. Até sentir seu celular tocar. O tomou nas mãos, olhou para o visor e se aliviou ao perceber que era uma mensagem de uma amiga:
- Bom dia Lauren, que saudade de você, podemos nos encontrar hoje?
Um sorriso lhe tomou o rosto. E rapidamente respondeu:
- Bom dia Ally, uaaau! Quanto tempo! Claro que sim, o que quer fazer?
Virou-se, percebeu que já havia desligado e trancado tudo, foi para a porta, antes que pudesse abrí-la, recebeu outra mensagem:
- Poderíamos sair para jantar, o que acha?
Antes mesmo de abrir a porta:
- Acho uma idéia maravilhosa, escolha o lugar e a hora, me avise antes das 5:00 pm, saindo de casa agora! Beijos saudades!
Já de frente para o elevador, esperando-o, ligou para sua mãe:
- Oi, bom dia mãe! Estou ligando para avisar que não irei para casa de vocês hoje, Ally e eu vamos jantar fora.
- Bom dia meu amor, aaaah que pena. Mas por outro lado, que bom que vai sair um pouco dessa rotina!
Lauren sentiu suas pernas petrificarem, a porta do elevador se abriu, e já ia fechando quando, quando ela se tocou, enfiou a mão na frente impedindo que fechasse.
- Lauren?? Lauren, você está me ouvindo, filha?
- Sim, mãe. É que me distraí aqui, me perdoe.
- Ah sim.
- Mãe?
- Oi meu bem!
- A senhora está me enviando mensagens de algum outro número?
- Não, por quê?
- Nada não, esquece! Amanhã no jantar, te falo. Beijos mãe, já estou na garagem. Te amo, tenha um dia tranquilo!
- Igualmente, filha. Te amo!
Lauren, se encaminhou para seu carro, o destravou e antes que adentrasse, escutou o manobrista lhe chamando, buscou com os olhos de onde vinha a voz, e encontrou.
- Dona Lauren! Dona Lauren!
Logo o respondeu com um sorriso.
- Oi, senhor Armando. Bom dia!
- Ufa, desculpe a afobação, é que pediram à pouco para que lhe entregasse isso.
Armando estendeu o buquê de flores em sua direção, e o bilhete em seguida foi entregue.
- Mas quem lhe entregou essas flores, Armando?
- Foi o rapaz da floricultura em frente à praça. Disse que pediram para que lhe entregasse ainda essa manhã, sem falta!
- Ahhh, sendo assim, obrigada Armando, tenha um dia tranquilo!
- Igualmente, Dona Lauren, até!
Entrou no carro, buscando o bilhete, fechou a porta, deu partida, ligou o som e o ar. Abriu o envelope, e leu em voz baixa:
- Escolhi flores variadas, por não saber ainda qual sua preferida, mas espero ter a chance de descobrir. E que elas possam trazer mais cor para sua manhã!
Carinhosamente, Allan.
Sorriu timidamente, ao lembrar do convite, que recebera de seu colega de trabalho ( Allan ) dias atrás, e que ainda não havia lhe dado resposta. Mas gostou do gesto, mesmo sabendo que era mais uma forma singela de lhe lembrar que está devendo uma resposta a ele.
Engatou a ré, pôs o cinto de segurança, acelerou e assim que saiu de sua vaga, sentiu que alguém batera na traseira de seu carro.
(...)
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