História The present-Imagine Jungkook (em revisão) - Filhos...

                         [Pov Jungkook On]

    Hyun gritava alto apertando meu braço com força. Ela chorava desesperada e eu só conseguia apertar sua mão com força. O medo tinha paralisado meu corpo no instante em que ouvi uma explosão “As turbinas”, pensei. Mas não tivemos muito tempo para perguntar o que tinha acontecido, pois no instante seguinte as mascaras de oxigênio começaram a cair do teto da aeronave e meu corpo se inclinou para frente, estávamos caindo.

    Tudo pareceu passar em câmera lenta, mas eu sabia que estávamos em um velocidade imensa se fosse levar em consideração o céu azul que corria pela janela ao lado de Hyun. E Hyun, coitada, eu realmente fiquei com mais medo por ela. O rosto da garota estava vermelho e encharcado por lágrimas de desespero, ela dizia coisas sem nexo e tentava se esconder atrás de mim.

    Nos bancos ao nosso lado estavam duas aeromoças que nos acompanhavam. Elas pareciam rezar o mais rápido possível e quando os soluços permitiam. Em poucos segundos a paisagem azul foi se tornando verde e galhos de árvores arranhavam a lataria até que o bico do avião bateu contra o chão fazendo todo o resto ser impulsionado para frente.

    Minha visão estava embaçada e minha cabeça doía após bater a mesma na poltrona da frente. Um gosto metálico de sangue aumentava em minha boca me causando um pouco de ânsia. Encostei as costas no estofado da poltrona e olhei para o lado onde estavam as aeromoças, as duas estavam desmaiadas e seus rostos sangravam. Virei o rosto para Hyun, o rosto dela estava encostado na janela e um rastro de sangue escorria pelo vidro da mesma. Tentei levar minha mão para sua cabeça, mas meu corpo não me correspondia mais. A dor da cabeça tinha se espalhado pelo meu corpo e se intensificado no meu peito.

    Algo quente escorria por minha mão mas eu não conseguia ver o que era. A dor em meu peito aumentava rápida e eu já não conseguia mais respirar. Tudo estava ficando embaçado e escuro.

    “- Eu preciso de você!”- Uma voz baixa e fraca soou na minha mente antes de tudo se escurecer por completo e a dor desaparecer.

    Abri os olhos rapidamente, um teto branco estava sobre mim. Algo atrapalhava minha respiração controlando-a sem minha vontade. Tentei erguer o corpo mas alguns fios me impediam, eu estava ofegante e uma corrente elétrica percorria minhas veias. O que tá acontecendo?!

    -Ele acordou!- Alguém mascarado gritou. Ao lado de sua voz tinha um “PI” de alguma maquina ligada ao meu corpo por meio daqueles fios. Eu estava em um hospital? Queriam me transformar em um ciborgue?!

    Tentei me levantar novamente, mas uma dor aguda desceu por minha coluna me fazendo estremecer. Até que tudo se tornou claro em minha cabeça: Madri, o avião, os gritos de Hyun, o gosto de sangue na minha boca, as pessoas desmaiadas...

    -Se acalme senhor Jeon- Um médico parou ao meu lado e encarou o monitor de batimentos- Se o senhor continuar agitado assim vamos ter que adicionar sedativos na sua medicação- Ele sorriu e tirou a mascara de oxigênio do meu rosto.

    -Hyun, cadê ela?- Perguntei não dando a mínima para a brincadeira do médico.

    -A senhorita Hyun está no quarto ao lado- Sorriu fraco- Ela está bem.

    -Gomawoyo- Suspirei aliviado- E as outras pessoas que estavam no avião?

    -O piloto e o copiloto não resistiram até a chegada do socorro- Abaixou a cabeça- As aeromoças estão bem, tiveram ferimentos leves- Mexeu em alguns botões que fizeram a cama sentar e sorriu antes de sair.

    Encarei o quarto vazio ao meu redor, espero que Hyun esteja bem e que o nosso filho também. Uma das minhas mãos estava molhada e o liquido tinha a mesma textura do que havia molhado minha mão no avião.

    Esfreguei os dedos uns nos outros tentando adivinhas o que era aquilo... Lágrimas. Aproximei a mão do rosto e cheirei a mesma, tinha um aroma familiar, um aroma reconfortante... Espera, era o perfume da (S/N)?

                                                                                 ***

    -Cuidado com a porta!- Minha mãe abriu mais a porta antes de eu passar.

    -Omma, eu só ia encostar na porta- Revirei os olhos.

    -Mesmo assim- Apertou mais minha cintura com seu braço- Você chegou do hospital hoje, não quero mais nenhum hematoma!- Me sentou no sofá do meu apartamento- Já não bastam esses no seu rosto, tadinho do meu bebê!- Acariciou meu rosto.

    -Eu podia estar em coma como a Hyun- Falei baixo- Eles me disseram que ela estava bem!

    -Você não podia ficar nervoso naquela hora- Deitou minha cabeça com cuidado sobre seu colo- Logo ela vai estar bem e o meu netinho correndo por todo esse apartamento- Riu e eu sorri.

    -Se ele tiver a animação da Hyun, o máximo que pode fazer é ficar no sofá o dia todo- Suspirei.

    -Mas quem disse que vai ser só um?- Perguntou com uma voz brincalhona- O animal do seu irmão nem pra se casar logo!- Bufou.

    -Não fala assim do Hyung- Ri- Ele ainda vai se casar...

    -Falando em casamento...- Começou a mexer em meu cabelo, ela quer alguma coisa- Aquela garota que estava com o Taehyung no altar... Qual é mesmo o nome dela?- Fez uma cara pensativa.

    -(S/N)?- Arqueei uma sobrancelha.

    -Isso! (S/N)!- Sorriu animada- Era ela a garota que você ia nos apresentar como sua namorada há um tempo?

    -Era...

    -Engraçado como o filho dela, Hansung, é bonitinho não é mesmo?- Sorriu como um psicopata.

    -É... Ele é normal- Dei de ombros- Por quê?

    -Por nada- Sorriu falso- Deixa eu ir fazer o seu almoço- Me empurrou com força para sair de seu colo- Pelo menos a burrice é um sinal de que eu não traí meu marido- Saiu resmungando enquanto ia para a cozinha.

    Franzi o cenho pensando em suas palavras... Ela queria que o meu filho fosse bonito como Hansung? Que avó mais estranha...

                                                                                     ***

    Hoje era o dia de voltar para a empresa e Hyun ainda não tinha acordado, então eu faria o que fazia todos os dias: ir vê-la no hospital. Ajeitei meu cabelo deixando-o molhado mesmo e passei a pomada que haviam me mandado usar para os cortes no rosto, espero que aquilo não se transforme em cicatrizes.

    Peguei uma jaqueta qualquer no armário já que o outono começaria na próxima semana mas já ventava frio. Meu aniversário também seria na semana seguinte e minha mãe estava toda animada querendo fazer pelo menos um jantar já que com estado de Hyun não era época para festa.

    Saí do prédio e fui até meu carro entrando e ligando o automóvel. Era estranho olhar o metal da aliança em meu dedo refletir com a luz do sol. Assim como era estranho ir deitar sozinho à noite sabendo que agora sou casado. Às vezes eu me pegava pensando em como seria se eu não tivesse me casado com Hyun, talvez ela estaria bem e eu teria conseguido impedi-la de fazer o aborto que desejava. Eu poderia estar com (S/N), a proposito, desde o dia em que eu “terminei” com ela a mesma anda cada vez mais próxima de Taehyung. Não estou reclamando, afinal eu sou casado agora, ele é alguém legal para ela, mas não podiam ter esperado mais?!

    E como seria se eu tivesse me casado com ela ao invés de Hyun? O nosso avião não teria caído certo? “Eu consigo ficar longe de você, mas pra isso tenho que ter certeza que você vai estar bem! Vai estar seguro e feliz”, por que eu tinha a sensação de ter ouvido isso em algum lugar? Não importa, deve ter sido em algum filme. Bom, é assim que eu me sinto. Se (S/N) estiver feliz quem sou eu para ficar triste?

    Uma buzina alta me tirou dos meus pensamentos. Sacudi a cabeça olhando ao meu redor, eu estava com o carro parado no meio da rua, o sinal estava aberto e eu impedindo a passagem.

    -Aish!- Bati em minha cabeça e avancei- Você é casado Jungkook! Sua esposa está no hospital e você aí pensando em outra!- Estacionei o carro na garagem especial para visitantes e encostei a cabeça no volante- Eu vou para o inferno!- Me condenei. Mas também por que a garota tinha que mexer tanto comigo?! Até no meu casamento ela me atraia! Ver os olhos dela brilhando enquanto eu cantava me deu vontade de largar tudo e correr até ela para pedir desculpas, mas antes que eu criasse coragem Taehyung a tirou de lá- Toma vergonha na cara!- Bati em meu rosto um pouco forte demais. “Ela vai embora logo, você consegue!”, me lembrei, ou melhor, me iludi.

    Era agoniante ver Hyun quieta naquela cama, ela era sempre tão animada e sorridente. Uma faixa circulava sua cabeça para proteger o corte na testa, eu não o vi mas disseram ser grande, por isso o fato dela não ter acordado. Tirei minha mão de sua testa e levei-a até a barriga que começava a se formar. Hyun sempre foi muito magra, então qualquer mudança era visível.

    As sondas que a alimentavam tinham uma dose extra de vitaminas para dar conta dos dois. Elas também eram caras, mas o pai dela bancaria tudo. Ele se sentia culpado pela quedo do avião que pertencia a ele, mesmo sabendo que a queda tinha acontecido após um bando de pássaros ter batido em duas turbinas causando a explosão das mesmas.

    Hyun estava com quatro meses de gestação, eu precisava que acordasse o mais rápido possível. E se chegasse o dia do parto e ela não tivesse acordado? Chegasse o primeiro aniversário? Como eu cuidaria de uma criança, sozinho? Eu mal sei cuidar de mim...

    Pisquei diversas vezes voltando para o quarto e saindo dos meus devaneios. Olhei o monitor que continuava da mesma forma de antes. Disseram que eu tive uma convulsão quando acordei, espero que eles fiquem bem caso isso venha a acontecer.

    -Preciso ir- Beijei o topo de sua cabeça já que a boca era tampada por uma mascara- Vejo vocês depois- Apertei sua mão aguardando que ela apertasse de volta, mas nada aconteceu. Sorri fraco e a soltei indo embora. “Eles vão ficar bem”.

                                                                                    ***

    Entrei no prédio da Big Hit e apertei o andar desejado. Olhei meu reflexo no espelho, o cabelo já estava seco, a pomada escondia os cortes pequenos eu parecia bem. Desci do elevador e segui para a sala de ensaios.

    -Jungkook-ah!- Hoseok gritou ao me ver e largou Sun-Hi para vir até mim e me abraçar.

    -Oi, Hyung- Ri o abraçando de volta.

    -Como você é burro- Yoongi riu se aproximando- Se fosse eu teria ficado em casa com a desculpa de estar dolorido- Bagunçou meu cabelo.

    -Deixa de falar besteira Yoongi-ha!- Jin riu separando-me de J-Hope e me abraçando- Acha que esse átomo cheio de elétrons pra dar ia ficar parado?

    -Do que você tá falando?- Ri das palavras do mais velho.

    -Jin inventou que quer aprender química- Namjoon riu- Não saiu da parte dos elétrons.

    -Yah!- O outro brigou- Eu estou evoluindo!

    -Achei que teria que ir te buscar, moleque- Jimin bateu em meu braço mantendo um sorriso enorme.

    -Ele não se cansa da gente- V sorriu me abraçando de lado- Já viu kookie sem pedaço se chocolate? Seria o Jungkook sem a gente- Bagunçou meu cabelo.

    -Já chega de melosidade por hoje!- Afastei Jimin e Taehyung- Agradeço o carinho mas tudo tem limite...

    -Tio Kookie!- Uma voizinha chamou me fazendo virar.

    Hansung entrou correndo na sala e veio até mim envolvendo seus braços em meu pescoço. Sorri e o ergui em meus braços, (S/N) entrou alguns segundos depois, seu sorriso pareceu aumentar alguns milímetros quando me viu.

    -Engraçado que o carinho do Hansung ele não nega- Yoongi disse ao fundo.

    -Que bom que está bem- (S/N) disse se aproximando- Hansung, não exagera- Colocou uma mão nas costas da criança.

    -Gomawoyo- Agradeci baixo e seus olhos voltaram para os meus. Era dela, o cheiro na minha mão aquele dia era dela. Hansung também cheirava um pouco como ela, provavelmente porque ela estava o segurando.

    -Tio Kookie, você tava “dodói”?- O garotinho me soltou e (S/N) se afastou indo para o lado de V, novidade...

    -Sim- Sorri deixando de lado a raiva que subia em meus braços- Mas agora eu tô bem...

    -Então a gente pode tomar sorvete?- Perguntou com os olhinhos brilhando- De chocolate!

    -Claro- Ri- Eu também gosto de sorvete de chocolate- Pelo canto dos olhos vi Taehyung e (S/N) saírem da sala, aonde eles iam?

    -Eu também quero bolo!- Voltei minha atenção para o garoto.

    -Claro- Assenti.

    -Tô com sede...

    -Eu busco água pra você!- Baguncei o cabelo do menor e sorri saindo rápido da sala.

    Andei por alguns corredores mas não achei V ou (S/N), devem estar em algum canto escuro por aí. A caminho da lanchonete, parei ao ouvir uma voz soando alta... Taehyung.

    -Ele quase morreu (S/N)-ah!- Ele parecia um pouco alterado. Estavam atrás da porta ao meu lado- Quando vai contar? No próximo acidente?!- Estavam falando de mim?! Bom, se era de mim eu tinha o direito de saber. Segurei a maçaneta pronto para abrir, mas a frase seguinte me fez congelar- O Jungkook tem o direito de saber sobre o filho, sobre o Hansung!

    Franzi o cenho confuso, como assim filho? Mordi os lábios rápido e coloquei o restante da coragem que me restava para abrir aquela porta. Em questão de segundos meu sangue começou a ser bombeado três vezes mais rápido.

    -Hansung é meu filho?- Perguntei ao abrir a porta. Taehyung arregalou os olhos surpreso, já (S/N) pareceu desesperada.

                         [Pov Jungkook Of]