História The present-Imagine Jungkook (em revisão) - Hyung Line (Extra 1)

        [Oito anos depois/ 2029]

              [Pov. Jin On]

    Hoje o dia seria cheio. Tinha que passar no restaurante para resolver algumas coisas com o chefe responsável pelo bufe do jantar de hoje à noite, fazer a ultima prova do terno antes que minha noiva descubra que enrolei uma semana para fazer isso e ainda buscar Anne no aeroporto.

    Ela insistiu que queria um vestido de noiva feito pela irmã, uma estilista francesa, e eu como o bom namorado/noivo que sou não neguei esse pedido. Faltavam poucas semanas para o casório e eu conseguia me sentir ansioso mesmo depois de três anos de namoro. Por sorte consigo esconder isso dela, porque se não seriamos duas pessoas ansiosas e histéricas.

    Eu a conheci em uma loja de vinhos em Paris, quando a mesma trabalhava de vendedora e eu apenas viajava a passeio após terminar o curso de culinária. Ficamos apenas na amizade por pouco mais de um ano, conversando via mensagem enquanto eu terminava minha “volta ao mundo” e ela o curso de sommelier (especialista em bebidas especialmente em vinhos, responsável pelas mesmas em bares, restaurantes e lojas do setor).

    Sempre achei que levava jeito com mulheres, mas Anne mudou totalmente o meu pensamento. Eu ficava ansioso perto dela, e no inicio até meio inseguro por não saber francês. Ela falava inglês perfeitamente e eu havia melhorado durante os anos de curso, porém o que abriu as portas para nossa comunicação foi a linhagem de descendentes coreanos que a mesma possuía. Deve ter sido por isso que se ofereceu para me ajudar encontrar o vinho perfeito para um jantar, só que eu não fazia ideia que além da garrafa certa também tinha encontrado a pessoa certa.

    A mulher de cabelo castanho longo e ondulado era alta e apresentava ótima postura. Eu nem imaginava que por trás de um sorriso educado acharia um gênio forte que tinha um grande poder de me controlar e fazer abaixar a cabeça como um cachorrinho repreendido. Não que estou reclamando, afinal, todos precisamos de certa submissão para manter os pés no chão. Como foi no caso do vestido francês, ela disse que queria e eu não seria aquele a discordar.

    Anne tem uma irmã que trabalha com vestidos de noiva em Paris, então lá se foi ela para a loja de Chloé atrás de uma roupa adequada enquanto eu terminava de arrumar as coisas por aqui. Infelizmente, cada um de nós tinha um fascínio: ela pelo vinho e eu pela comida. Então, entramos no acordo de no dia do casamento eu passar longe da cozinha, evitando interferir nas refeições e minha noiva andaria metros longe da adega de vinhos, caso ela queira conferir os rótulos etc.

    Aí entra o restaurante. Em 2025 Yoongi, Jungkook e eu abrimos um restaurante no centro de Seul. Um lugar sofisticado e bem frequentado. Yoongi cuida da parte financeira, Jungkook da parte publicitaria e eu da culinária. A festa do casamento ocorrerá no salão do restaurante e por isso tiveram de contratar outro bufe para preparar os alimentos. Se eu tocasse em um mísero tomate Anne me espancaria com o rolo de macarrão.

    Mas o jantar dessa noite não seria para mim ou outro dos meus amigos, apenas um jantar fechado de alguma empresa de Seul. E se está se perguntando o que aconteceu com o famoso “BTS”... Bom, não que acabou, mas cada um seguiu seu rumo podendo-se dizer assim.

    Namjoon se mudou para Nova York e lá trabalha como produtor musical e compositor, além de ter se tornado sócio do senhor Bang e reger a Big Hit Entertainment que abriram na cidade que nunca dorme. Yoongi continua com algumas apresentações solo de rap, continua escrevendo e produzindo, mas também gasta bastante tempo com a filha, Yura, e com o restaurante.

    Jimin e Hoseok se juntaram para abrir uma academia de dança, nomeada como uma das melhores de Seul. Eles mesmos dão as aulas junto com alguns outros funcionários, a maior parte do tempo é gasta com a família. Taehyung se dedicou a carreira de ator, já perdi a conta de quantos dramas e filmes ele participou. Até em filmes estrangeiros aquele moleque já apareceu. Jungkook dá o sangue pelo restaurante, para mantê-lo sempre cheio. Após o que aconteceu com (S/N) ele se voltou mais para a família, fazendo várias viagens e passeios.

    Sempre nos reunimos para conversar e brincar, relembrando nossa época de Idols e comentando sobre os novos sucessos do mundo. Todos os acontecimentos marcantes e cada prêmio ganhado são coisas das quais mais nos orgulhamos de contar para os que não nos viram com a fama que possuíamos.

    Como diz a letra de Young Forever:

“Mesmo que digam que não há fã eterno, eu continuarei á dar autógrafos”

“Mesmo que seja só por hoje, mas eu quero que seja para sempre.”

    Podemos sair dos palcos, dos aplausos, dos olhos do mundo. Mas a família que eu consegui nos palcos, os gritos animados, as lágrimas em cada olhar estarão para sempre guardados lá no fundo.

                 [Pov. Jin Off]

               [Pov. Suga On]

    Bendito sol que quis me acordar antes do despertador, outro bendito. Achei que depois do exército eu conseguiria levantar com o dia amanhecendo para poder praticar algum tipo de esporte que melhorasse a minha situação “sedentário”, mas pelo visto foi só mais uma ideia que a vida não colaborou para acontecer.

    Vamos jogar a culpa nos anos que fiquei sem dormir, quando Yura ainda era um bebê que só sabia chorar durante toda a madrugada. Isso acontece às vezes, porém como menos frequência. Já que agora ela apresenta seus nove anos de idade e diz que não chora mais a noites. Ata, deixa só começar a chover com raios e trovões para ver se não se escuta um “Appa!” até do outro lado do mundo.

    Infelizmente, ela não mora mais comigo desde que eu e Sook nos separamos há três anos. Motivo? Apenas não nos dávamos tão bem quanto antes. Talvez não tenha sido certo casar pela razão de ela estar gravida, pensei que a amava realmente. Só que mais uma vez a vida disse que meus pensamentos eram errôneos. Felizmente, terminamos nosso relacionamento de uma forma que ninguém saiu prejudicado, inclusive Yura.

    A menina tinha uma personalidade bem parecida com a minha, o que é uma ótima coisa. Ela aceitou perfeitamente a separação e ficou até meio feliz: duas casas, dois presentes etc. Na aparência eu conseguia ver a Sook, como se fosse uma bela copia a não ser pelo cabelo escuro e a pele branca assim como a minha.

    Yura também tinha a língua afiada nas respostas, não eram palavras ofensivas, mas sim daquelas inteligentes que deixam a pessoa sem chance de retrucar e acaba parecendo grosseria. De qualquer forma, não sei nem quantas vezes fui chamado a diretoria da escola para relatarem “atos de mau comportamento”.

    Falei com Sook que o culpado era o novo namorado da mesma, claro que era brincadeira. Hyunjae cuidava bem das duas e isso era o que importava. Como que respondendo a minha palhaçada, Sook jogava a culpa na minha nova namorada, Hi-Na. Essa também conseguiu conquistar a minha filha de forma desconhecida por mim, talvez com doces.

    Conhecemo-nos na fila do café. E digamos que não foi um romance à primeira vista, já que terminamos na delegacia, ela com café por toda a roupa branca de enfermeira e eu com o cabelo encharcado de cappuccino.

    Resumo da história: Hi-Na estava demorando demais para escolher o que queria e com toda a minha educação pedi para que fosse mais rápida. Depois que o pedido ficou pronto ela virou o copo sobre minha cabeça, já sem consciência dos meus atos, peguei o copo do homem ao meu lado e joguei nela. Isso iniciou a discussão que teve fim quando fomos levados pelos policiais.

    E foi assim que acabamos namorando. Tanto eu como Hi-Na não queremos saber de casamento e nem de mais filhos. Mesmo que quiséssemos, ela não pode ter filhos por conta de um problema na adolescência que a obrigou a retirar o útero. Para a mulher, Yura é como uma filha que apenas não teve a chance de vê-la crescer. Já deixei bem claro que se algum dia ela quiser adotar alguma criança eu aceitaria, mas a mesma se nega e diz que só traria correria para a vida dela que já é agitada por ser uma enfermeira.

    Terminei de me arrumar para buscar Yura em sua casa, passaria todo o final de semana com a menina, e entrei no carro. Deixando os vidros baixos para sentir “o sol da manhã” como dizia Jin e ligando o rádio num toque instrumental de alguma música qualquer. Som bem diferente das letras com um toque mais pesado que eu escrevia. Opostos se atraem.

    Buzinei na porta da casa localizada em um bairro nobre de Seul e logo vi uma garotinha sair correndo porta afora enquanto acenava freneticamente para Sook que gritava coisas como “não esqueça o casaco”, como se eu fosse irresponsável de deixá-la passando frio. Dei um leve sorriso para a mulher na entrada da casa e a mesma só correspondeu com um olhar ameaçador. Sook perdeu um pouco da confiança em mim quando troquei o sal pelo polvilho.

    ꟷAnnyeong, Appa! – Recebi um grande beijo na bochecha antes de Yura se sentar e colocar o cinto.

    ꟷAonde vamos hoje? – Me escorei no volante, observando-a pensativa.

    ꟷQue tal na praia de Busan! – Sorriu animada, fiz uma careta.

    ꟷFomos lá semana passada... – Suspirei e liguei o automóvel, ouvindo a menor bufar.

    ꟷEntão no parque de diversões! – Podia sentir os olhinhos brilhantes e esperançosos sobre mim, enquanto aguardava uma resposta.

    ꟷSemana retrasada... – Sorri me divertindo com a frustração que a outra transmitia.

    ꟷAigo! – Cruzou os braços, emburrada. ꟷ Se não vai me levar onde quero por que perguntou?!

    ꟷYah! – Fechei a cara. ꟷ Já disse para não falar assim!

    ꟷDesculpa... – Diminuiu o tom.

    ꟷO que acha de irmos apenas num parque hoje e tomarmos sorvete? – Sugiro, vendo-a ponderar a opção. ꟷ Daí amanhã a gente faz maratona de cinema e prometo te levar na praia semana que vem!

    ꟷPromete mesmo? – Olha-me desconfiada. Assinto, e Yura suspira derrotada. ꟷ Tudo bem então... Hi-Na vai assistir filme com a gente?

    ꟷProvavelmente... – Sorrio de lado.

    ꟷEba! Ela é melhor do que você para assistir filme... – Comenta baixo.

    ꟷPor quê?! – Perguntou incrédulo.

    ꟷPorque ela não dorme durante os filmes! – Fala óbvia.

    ꟷEnfim... Sua Omma me disse que você tem que me contar algo. – Vejo pela visão periférica ela se encolher. ꟷ O que você fez?

    ꟷNada... – Tenta desviar do meu olhar acusador, mas desiste. ꟷ Eu fui para a secretaria de novo. – Segredou.

    ꟷPor que dessa vez? – Suspiro alto.

    ꟷPor que eu bati em uma menina... – Sussurrou.

    ꟷYura! – Arregalo os olhos, surpreso pelo que ouvi.

    ꟷMas ela pisou no meu pé! – Começou a se explicar rápido. ꟷ Eu empurrei ela para ela sair e aí a menina caiu no chão e disse que eu bati nela!

    ꟷO que sua Omma disse? – Abaixei a cabeça, aproveitando o sinal vermelho.

    ꟷ”Bem feito para essa menina!” – Imitou a voz da mãe. Ri soprado. ꟷ E tem mais...

    ꟷMais?! – Ergui o rosto para encarar a menina que se encolheu de novo.

    ꟷ Eu dormi durante a aula de geografia...

    ꟷDeus... – Encosto a testa no volante. Talvez não tenha sido uma boa coisa Yura ter puxado a mim.

    ꟷMas não é o senhor que diz “dormir faz bem”? – Arqueia uma sobrancelha, deixando-me sem resposta.

    ꟷAh, minha pequena Min... – Bagunço seu cabelo e volto a dirigir. ꟷ Eu te amo! – Ela deu um riso convencido como os que eu costumava dar quando mais novo e ergueu a cabeça.

    ꟷEu sei!

                     [Pov. Suga Off]