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História The present-Imagine Jungkook (em revisão) - Presente (Final)


Escrita por: Bia_KookPark

Notas do Autor


estava sumida? estava, mas não vou enrolar.
Nos vemos nas notas finais!
BOA LEITURA!
ESPERO QUE GOSTEM!

Capítulo 59 - Presente (Final)


Fanfic / Fanfiction The present-Imagine Jungkook (em revisão) - Presente (Final)

           [Pov. Jungkook On]

 

    No início era apenas o branco, mas aos poucos este mesmo branco foi sendo preenchido pela brisa calma e o som do balanço de folhas nas copas das árvores. Risadas conhecidas se tornavam mais altas a cada instante. Eu não sabia definir se estava acordado ou sonhando. Se aquilo passava apenas em minha cabeça ou estava realmente acontecendo.

    Lentamente, o claro vazio começou a tomar cor. Em cima, onde suponho ser o céu, um azul claro invejável pintou todo o espaço deixando só algumas partes em branco, as nuvens. Sob meus pés corriam faixas da cor verde até que não se restasse mais “chão” com aquelas camadas de grama que logo tomaram a textura fofa e úmida, como se tivesse acabado de chover.

    O vento voltou a soprar bagunçando meu cabelo. E assim que consegui afastar os fios que atrapalhavam minha visão o restante do branco havia sumido. Eu conhecia aquele lugar. A clareira tão aconchegante de anos atrás parecia a mesma com suas árvores cercando todo o espaço e o lago sereno a poucos metros de mim. Mas por que voltei aqui?

    ꟷAppa! – A voz doce de Jungah me fez virar para a direção que essa vinha.

    Ela e Hansung estavam mais no centro e perto deles tinha uma espécie de toalha de piquenique estendida no chão com doces e lanches que gostavam. Não me lembro de ter preparado algo do tipo para nós e nesse momento tudo para.

    As crianças ficaram imóveis com seus sorrisos alegres, o canto dos pássaros se cala. A brisa leve passa novamente por mim, mas dessa vez não era só ela. Um cheiro adocicado completava o que parecia faltar naquele instante. Deixando-me ainda mais confuso, assim que o aroma desaparece as coisas voltam a se mover. E em um piscar de olhos meu coração acelera.

    ꟷOmma! – Hansung grita enquanto começa a correr, seguido pela irmã, na minha direção. Porém eles vão além de mim.

    Posso jurar em nome de qualquer coisa que os segundos que levei para me virar foram como anos que não passavam. Meus pés pareciam se negar a reagir. Como se soubessem que se eu o fizesse poderia trazer mais dor do que já havia sentido há muito tempo. Só que eu precisava. Precisava me virar e ver nem que fosse uma miragem. Era uma questão de necessitar daquele sorriso mais uma vez antes de dar-lhes as costas de vez.

    E assim fiz. Virei-me e contemplei a cena que fez minha visão se embaçar. Ela estava ali com eles. Agachada em meio às duas pessoinhas que a abraçavam com força. O sorriso era o mesmo de quando nos conhecemos não aquele que foi um dos últimos que vi. A cor tomou novamente a pele que estava pálida e fazia as bochechas avermelharem naturalmente.

    Essa era a (S/N) que eu queria me lembrar. A menina risonha e tímida ao mesmo tempo. Não a que passou meses em uma cama esperando-me para dizer que estava bem e que tudo daria certo. Aquela que admitia seus medos e me pedia proteção até mesmo assistindo filmes de terror. Não a que se fazia de forte para os outros enquanto temia os minutos, pois eu conseguia ver esse medo e não é nada agradável não saber meios de ajudar alguém tão importante. O sentimento de incapacidade foi o que eu escondi como ela fez com os temores.

    ꟷEu disse que viríamos ao parque, não disse? – Ouvi-la falar mostrando a felicidade por meio de um sorriso cortou todos os meus pensamentos para me concentrar apenas no tom angelical que usava com Hansung. ꟷ Desculpe a demora, tive que resolver algumas coisinhas antes... – Acariciou o rosto dos dois e pôs-se de pé dando-me livre acesso para observar como estava vestida. Era o mesmo vestido que usou na primeira vez que nos encontramos ali.

    Abaixei a cabeça para ver se conseguia respirar melhor. Meu rosto provavelmente já estava inchado e vermelho por não parar de chorar desde o minuto que a vi. Era como naqueles sonhos que você sabe que vai acordar na melhor parte e ficar relembrando dele o restante da semana, no meu caso seria da vida.

    ꟷCrianças, por que não vão brincar um pouco? – Novamente aquela voz parou meus pensamentos apenas para tentar gravar o máximo que conseguia. Dizem que a voz é a primeira coisa a ser esquecida, e eu desejava que isso não passasse de uma especulação. ꟷ Não vai falar comigo?

    Eu estava irritado comigo e com ela. Comigo por não conseguir erguer o rosto e enfrentar o que estava por vir. Com ela porque não aceitava a ideia de tê-la aqui novamente, assim do nada e depois de tanto tempo. Talvez culpá-la me trouxesse um alivio o qual eu sei que não posso ter, pois a promessa que fiz foi quebrada por mim mesmo, e deixar o erro cair sobre outra pessoa é menos doloroso.

    Respirei fundo algumas vezes antes de erguer o rosto e encontrar seu olhar. Os mesmos olhos ternos do dia em que chorei em seus braços, de quando compartilhei meus medos que nunca havia falado. Era a mesma (S/N) que me aconselhava nas dúvidas e nos momentos difíceis. Aquela expressão calma que indicava estar bem, porém desmoronava por dentro.

    Queria abraçá-la com toda a força que possuía, toda a saudade que me corroía iria ser destruída assim que alcançasse sua mão mais uma vez. No entanto, o medo de não poder lhe tocar me fazia recuar na imaginação de que o perfume ainda seria o mesmo, de que eu pelo menos encostaria em seu rosto.

    ꟷEstá tudo bem, meu amor. – Como se lesse meus pensamentos, ela se aproximou, levando uma das mãos para meu rosto. ꟷ Eu estou aqui com você! – Sorriu serena.

    Quando o calor de sua mão foi sentido por minha face eu não esperei mais nenhum segundo para apertar os braços ao redor de seu corpo e inspirar o doce cheiro do cabelo que eu me afundava. Eu tinha noção de que não era real, então não medi a força que usava ou o quão abafado poderia estar sendo.

    Ela também retribuía, mas com menos intensidade, afinal, eu estava deixando-a imóvel apenas para mim, dessa vez eu seria o egoísta da história. O vento poderia parar ali que eu não me importaria, o tempo em si poderia parar. Mas a vida era “boa” demais para se preocupar apenas com o meu querer e deixar que aquele momento congelasse como acontece nos momentos ruins. Na verdade, quando é algo desagradável, a cena não apenas congela como também fica em loop dentro da memória.

    ꟷVocê sempre faz isso. – Ouço um riso baixo seguido de um suspiro. ꟷ Sempre me abraça como se eu fosse te deixar. Às vezes esqueço que você não se lembra desses nossos encontros.

    ꟷNunca esqueço que você sempre me deixa. – Engulo em seco, não me importando com o que ela disse. Poderíamos nos encontrar assim, mas eu queria que não fosse apenas em sonhos, ou alucinações.

    ꟷKookie-ha...

    ꟷNão. Tudo bem, né? – Sorrio fraco antes de me afastar e limpar as bochechas que estavam molhadas. ꟷ Eu que sou o errado de querer ficar contigo. Não importa o que eu quero, não é mesmo?!

    Um pequeno sentimento de raiva começava a nascer dentro de mim. Ela poderia estar bem, mas eu não estava. Sentia-me injustiçado por ter lutado tanto e acabei “morrendo na praia”. Parecia que todo o esforço de trazê-la para meu lado foi completamente inútil e desconsiderado por quem quer que seja o responsável pelo destino.

    Vejo (S/N) respirar fundo e em seguida abrir um sorriso pequeno. Caminhou até mim e pegou minhas mãos, fazendo-me virar. Eu olhava seu rosto buscando pelo mínimo de arrependimento ou tristeza que sentisse, mas não encontrei nada, parecia mesmo bem com tudo isso.

    Sigo o rumo que seu dedo indicador apontava: Hansung e Jungah brincavam de correr a alguns metros de nós. A risada dos dois era a mesma que me fazia sorrir todos os dias quando voltava para casa, tão inocentes diante de um mundo desmoronado como esse, tão infantis para a maldade existente em todo lugar.

    ꟷVê isso? – Perguntou, enquanto ainda olhávamos os dois brincando. Eu nem me dei conta que sorria de alegria. ꟷ Se me tivesse não teria essa visão deles... E sinceramente, Jungkook-oppa, eu prefiro mil vezes vê-los assim do que me ver com você.

    Abaixo a cabeça, podendo sentir meus olhos arderem de novo, era triste de ouvir, mas eu concordava com cada palavra que dizia. Virando-me de frente para si mais uma vez, (S/N) tomou meu rosto com as mãos e obrigou-me a olhá-la continuar:

    ꟷPor isso eu preciso que você seja forte por nós dois. Já é um ótimo pai, Jungkook-ah, continue assim! Eu sei que é difícil e você não sabe o tanto que eu queria poder ajudar! Mas enquanto a nossa promessa de manter um ao outro em pé durar, não vou te deixar sozinho! Nunca! – A expressão calma dela foi substituída por uma contorcida que deixava transparecer a revolta que ela também sentia ao não deixar as lágrimas caírem.

    ꟷVou manter para sempre a promessa que te fiz. Vou cuidar deles até o último segundo que tiver! Assim como eu prometi não te deixar cair, prometo para eles também. – Foi minha vez de consolá-la. Agora, conseguia ver o quanto aquilo podia ser agonizante para ela que via tudo, mas ninguém a via.

    ꟷConfio em você, e sei que vai cumprir. Não é sua culpa se comigo não deu muito certo, mas pelo menos eu ainda estou aqui contigo! – Sorriu, limpando o canto dos olhos rapidamente. ꟷ Vem. Não te trouxe aqui para brigarmos ou começarmos a chorar! – Puxou-me para a toalha posta no chão e sentou-se ali.

    ꟷPor que isso me lembra de alguma coisa? – Arqueio uma sobrancelha vendo-a rir baixo ao pegar uma embalagem cheia de bolinhos. Arregalei os olhos, desviando-os para a garota que segurava o pacote. ꟷ Não acredito que você se lembra disso!

    ꟷAcha que eu esqueceria nosso primeiro encontro?! – Riu novamente, mas de uma forma debochada. ꟷ Quem me parece esquecer as coisas é você! – Deu de ombros, deixando a bandeja entre nós e servindo suco em dois copos. ꟷ Quem você acha que te lembrou de levar a identidade no dia do seu alistamento?

    ꟷV-você? – Engoli em seco ao vê-la assentir. ꟷ Existem outros fantasmas por aí?

    ꟷYah! Eu não sou fantasma! – Estendeu-me o copo e peguei rapidamente. ꟷ Mas deve existir... Não sei. – Sorriu, abrindo a embalagem de doces e pegando um. ꟷ Não vou te dar só porque me chamou de fantasma!

    ꟷDesculpa! – Ri notando que negava com a cabeça. ꟷ E o que é então? – Deito a cabeça sabendo que aquilo a irritaria.

    ꟷImpressionante... Tantos anos e ainda não notou que eu sou o seu anjo da guarda?! – Revirou os olhos sorrindo. ꟷ Me considere como um anjo desde o momento que eu nasci!

    ꟷAgora sei da onde veio toda a modéstia de Jungah... – Sorri de lado recebendo um olhar fulminante.

    ꟷMentira! Os dois têm exatamente o seu gênio que eu sei! - Apontou para meu rosto fazendo-me rir alto. ꟷ E é por isso que amo tanto eles. – Suavizou a expressão.

    ꟷEu também te amo... – Soltei baixo, mas ela pôde ouvir. ꟷ Só saiba que Jungah não gosta de filmes de terror como tu! E briga comigo quando eu chego tarde do restaurante...

    ꟷQuem você acha que ensinou isso a ela? – Me cortou com um sorriso ladino, me deixando assustado. ꟷ Eu sei de coisas que você não tem ideia!

    ꟷAcho que prefiro não ter mesmo... – Peguei um bolinho e o enfiei inteiro na boca para disfarçar o rubor do rosto.

    ꟷPensei que você seria um homem com os seus 33 anos, mas continua o mesmo menino de dez anos atrás. – (S/N) tinha um sorriso fraco, enquanto seu olhar parecia vagar entre nossas lembranças juntos.

    ꟷMas eu sou um homem! – Falei de boca cheia a fazendo rir e negar com uma careta. ꟷ Você que não envelhece! – Acusei sorrindo, porém, estava feliz de ver aquele rosto sorridente e jovial novamente.

    ꟷSó cuidado para não virar um velho gordo, senhor “homem”! – Tirou os bolinhos do meio de nós e engatinhou até mim, apoiando as mãos em meu peito e me empurrando contra o chão. ꟷ Parece que foi ontem que aquele “garotinho” me abraçou no Japão quando meu avô morreu. – Sorriu, deitando-se ao meu lado. ꟷ Parecia que quem estava morto era você de tão gelado!

    ꟷNah! – Revirei os olhos, acomodando-a ao meu lado. ꟷ O ar-condicionado que estava frio demais! E você parecia um cachorrinho tremendo... – Olhei-a de soslaio, vendo que recebia outro olhar ameaçador, completei: ꟷ Um filhotinho muito fofo!

    ꟷTá bom! – Bufou cruzando os braços. Não me contive e acabei rindo baixo daquelas bochechas infladas. ꟷ Fiquei sabendo que Taehyung vai ser pai, é verdade? – Assenti sorrindo. Era madrugada quando recebi a ligação de um V chorando de emoção ao receber a noticia. ꟷ Quero que você seja um bom tio assim como ele foi com Hansung! – Mandou.

    ꟷPor que acha que eu não seria? – Franzi o cenho. Até hoje eu sempre tratei bem os filhos dos hyung’s, eu acho.

    ꟷJungkook-ah, você trocou a mamadeira de leite por uma batida de leite-condensado, álcool e banana! Quase que a Jungah fica bêbada com menos de dois anos! – Bate em meu peito, tirando um muxoxo de mim.

    ꟷMas é tudo da mesma cor! E era aniversário do Hoseok, não pensei que fosse ter nada disso já que ele também tem filhos! – Ela me olhou descrente. ꟷ Tudo bem, é o Hoseok...

    ꟷVocê não deixando os meus filhos bêbados pode beber o quanto quiser. – Deu de ombros, virando para o lado e apoiando a cabeça em uma das mãos. ꟷ Eles estão tão grandes que me sinto velha. – Comentou, enquanto olhava as crianças.

    ꟷNem tanto. Hansung só é alto mesmo, logo ele passa de você! – Sorri, também virando meu corpo e deixando o queixo na curva de seu pescoço com a mão em sua cintura. Recebo um olhar atravessado que se torna calmo quando um sorriso se abre em meu rosto. ꟷ Eles conseguem te ver? – Perguntei curioso e com um pouco de inveja caso a resposta fosse afirmativa.

    ꟷÀs vezes. – Suspirou, desviando o olhar para os dedos que dedilhavam a aliança em minha mão. ꟷ Estão crescendo, e com o tempo fica cada vez mais difícil de fazer acreditarem em mim. – Umedeceu os lábios, voltando a encarar meus olhos.

    ꟷNão estão te esquecendo. – Nego rápido. Eu fazia questão de não deixar que a própria mãe fosse esquecida, independente do tempo que passasse. Ela riu baixo e voltou a se sentar negando com a cabeça.

    ꟷNão é esquecer. Eles estão aceitando. – Mordeu os lábios sem ter coragem para me fitar. Consegui entender onde (S/N) queria chegar e não estava gostando.

    ꟷEntão eu tenho que aceitar também? Aí vou parar de te ver? – Repito sua posição mais uma vez, me pondo sentado a frente da figura de cabeça baixa.

    ꟷNão sei. Talvez tenha outra coisa que me prenda. Eu realmente não sei. – Virou o rosto para o outro lado, impedindo-me de observá-la melhor.

    ꟷO que foi? Quer ir embora? – Engoli em seco, arrastando-me para mais perto e tendo a impressão de vê-la chorar. ꟷ Meu bem?

    ꟷAcha que eu não fico cansada?! – Ela se vira novamente para mim, dando-me a imagem da garota que eu sabia que estava trancada dentro daquele corpo sorridente. ꟷ Me dói ver como vocês estão e não poder fazer nada. Falar contigo, com os meus filhos! Eu estou ali, todos os dias, te vendo encolhido e não posso nem ao menos te tocar, conversar ou fazer qualquer outra coisa que não seja falar com o vento! – Mais lágrimas rolaram e ela escondeu o rosto entre as mãos. ꟷ Eu estou quebrando sem ninguém notar...

    Sem saber o que dizer ou fazer, apenas a tomei em meus braços como antes para tentar amenizar o escuro que a tomava de mim. Eu pelo menos tinha minha família, amigos e todos que me rodeavam. Ela estava sozinha, quebrando mais uma de minhas promessas. Chegava a ser cômico a forma que eu não conseguia manter nenhuma promessa a ela.

    ꟷNão posso dizer que te entendo, pois felizmente eu fiquei com tudo, eu te tirei tudo. – Afagava o cabelo que parecia ir perdendo o brilho de quando cheguei. ꟷ Desculpe por não ter cuidado de ti. Por não ter cumprido as promessas. E principalmente por te culpar sendo que você está pior que eu. – Podia sentir a amargura em minha voz que se tornava falha. Pela primeira vez o meu egoísmo machucava mais a quem eu demasiadamente tentei proteger com ele.

    Era como em algum drama que assiste na televisão durante as noites de insônia e que agora tinha certeza que ela estava comigo assistindo e, pelo que conheço, chorando.

    “A rosa é tão delicada que você tem medo de alguém estragá-la, mas só percebe que você mesmo a estragou quando ela já está murcha atrás de si. Você tira o sol para não queimá-la, tira a água para que não sinta frio e assim deixa o vento levar as pétalas caídas que já não voltam a ter cor.”

    ꟷ A culpa não é sua. – Ouço um fungar baixo e uma dor no coração por ter que ver minha “pequena rosa” com o rosto vermelho e os olhos com pouco brilho. ꟷ Nenhum de nós é culpado. Do destino nós só somos vitimas. Assim como do futuro. – Enxuga o rosto com as costas das mãos e volta a se aproximar do meu rosto. ꟷ Mas nós podemos mudar o futuro quando esse se torna o presente e eu não quero te ver no futuro com a culpa. Quero te ver sorrindo! Feliz!

    ꟷEu planejava a minha felicidade contigo! Desde o momento em que eu te abracei pela primeira vez. Da vez que o seu cheiro voltou com a minha jaqueta eu sonho com o dia que ficaríamos o resto dos tempos juntos. – Deixei que minhas mãos subissem para seu rosto e acariciasse as bochechas avermelhadas. ꟷ Estava no meu DNA que eu devia te amar e eu só o segui. Sendo sempre você o meu ponto final.

    ꟷPense em nós como um “Romeu e Julieta”! – Sorriu, segurando sobre minhas mãos e as apertando com as mãos frias.

    ꟷ”Romeu e Julieta” é trágico, assim como nós. Mas eles ficam juntos no final, então pode considerar como feliz. – Dou de ombros vendo-a revirar os olhos. O clima agradável tinha voltado, e é assim que somos.

    ꟷEles morreram! – Fala como se eu não soubesse o final me fazendo rir e assentir. ꟷ Aigoo! – Bufa cruzando os braços. Ficamos assim alguns segundos até um sorriso brilhar no rosto da menina. ꟷ “Viver sem amor é como estar morto!”. Se você se sente sem amor quer dizer que pode ficar comigo! – Bateu algumas palmas.

    ꟷEu conheço essa frase... – Cerrei os olhos, enquanto a menor mantinha um semblante inocente.

    ꟷVamos ver se conhece essa. – Pigarreou, erguendo a cabeça e tomando uma expressão séria. ꟷ “Um beijo marca o começo. Um beijo marca o desfecho. Porém estou perdido no tempo, pois dos seus lábios estou sedento...”.

    Antes que ela continuasse um par de braços rodeou meu pescoço e despendurou-se ali me fazendo voltar ao “real” e perder a linha de raciocínio criada sobre aquele poema que não me parecia estranho.

    ꟷAppa, você não disse que a omma era uma estrela? – Hansung, grudado em mim, mudava a atenção de mim para a mãe. ꟷ Por que então ela tem asas pretas?

    Franzi o cenho, olhando para (S/N) que também parecia confusa. Não tinha nenhuma asa ali, muito menos preta ou algo do tipo.

    ꟷOppa, deixa de ser bobo! – Jungah revirou os olhos para o irmão e se aproximou da outra, parando atrás desta. ꟷ A omma é um anjo, mas um anjo que vem quando tá escuro. Por isso a noite passou às asas dela! – Sentou-se entre mim e a mãe com um semblante infantil.

    ꟷDo que estão falando? – Olhei para (S/N) em busca de respostas, mas ela também parecia confusa.

    ꟷNão sei. – Virou a cabeça para os lados, provavelmente procurando as asas que eles diziam ver. ꟷ Não deve ser nada. – Sorriu fraco antes de levar as mãos para a cabeça de Jungah e começar a mexer no cabelo da menor.

    ꟷOmma, o appa não sabe fazer trança! Ele sempre embaraça meu cabelo e só a tia da escola que arruma! – Cerro os olhos para a pequena fofoqueira, mas acabo rindo sem graça, era verdade.

    ꟷNão deixe ele tentar arrumar seu cabelo ou pode acabar tendo que cortar um pedaço. – A criança arregalou os olhos ao ouvir aquilo e se afastou um pouco de mim. ꟷ Também vigie ele quando estiver fazendo o lanche de vocês. Vai que ele troca sal por fermento. – Diz brincando.

    ꟷDe novo? – Hansung volta a falar o que me faz dar um pequeno belisco na perna do menino, só que ele não se importou. ꟷ Uma vez ele colou fermento no bolo pensando que fosse sal, a cozinha quase explodiu!

    Abaixo a cabeça, derrotado. Meus próprios filhos estavam cavando minha cova, me sentia traído. Foram poucas as vezes que troquei um ingrediente por outro. (S/N) ria alto da minha vergonha e as duas crianças pareciam confusas entre nós.

    ꟷVou te preparar um kit de resistência básica na cozinha, ok? – Provocou me tirando um riso sarcástico. ꟷ Agora é sério, tome cuidado ou pode acabar machucado!

    ꟷEle já cortou a mão com a...

    ꟷPor que não voltam a brincar? – Interrompi Hansung antes que eles começassem o massacre novamente. ꟷ Tenho quase certeza que vi um coelho correndo por ali! – Apontei para uma direção distante que eles acompanharam curiosos.

    ꟷQuem chegar por último limpa o quarto do outro! – O garoto gritou bem no pé do meu ouvido antes de sair em disparada pelo campo aberto.

    ꟷYah! Não vale! – Jungah se apoiou na mãe para levantar antes de sair correndo atrás do outro.

    ꟷAqui não tem coelhos. – (S/N) franziu o cenho, enquanto eu quebrava mais o espaço entre nós com um sorriso de lado.

    ꟷEu sei. – Inclinei a cabeça para o lado podendo analisar a pele macia de seu rosto que meus dedos percorriam levemente. ꟷ Já estivemos assim outras vezes?

    ꟷMuitas. – A vejo assentir e bufo frustrado por não conseguir me lembrar. Parecia a primeira vez naquilo tudo, e não existiam lacunas em minha memória para julgar ao contrário. ꟷ Não se preocupe, Kookie-ha. – Ela sorriu, também segurando meu rosto e passando o polegar em minha bochecha. ꟷ Dessa vez vocês vão lembrar.

    ꟷComo sabe? – Questiono sem entender. Era meio que impossível que isso acontecesse, a não ser que fosse guardado como um sonho bom.

    ꟷConfie em mim. – Deu de ombros, soltando um suspiro e desviando o olhar para as crianças.

    ꟷPensando em que? – Pergunto depois de um tempo para apagar o silêncio.

    ꟷEm como estarão daqui a mais um tempo. – Suspira e eu permanece com o olhar neles. ꟷ A cada vez que os vejo estão diferentes e crescidos. Hansung está quase da minha altura, nem parece aquele garotinho que brigava comigo para conseguir sorvete. – Solta um riso amargo.

    ꟷSim, eles mudaram muito. – Talvez eu não percebesse por ser o pai deles e conviver todos os dias, mas reparando bem conseguia ver mudanças grandes com o passar do tempo.

    ꟷNão tire a atenção deles, e ensine sobre o certo e errado! – Ela me lança um olhar ameaçador que consigo ver pelo canto dos olhos. ꟷ Tenho a impressão que Hansung será um “mini Jungkook” e isso me preocupa um pouco... Não no sentido de caráter, mas preste atenção nele.

    ꟷVou fazer isso. – Sorrio vendo-a preocupada com o que eles poderiam se tornar. ꟷ E sei que você também vai fazer.

    Vejo-a abaixando a cabeça e mordendo os lábios. Minha respiração falha por um segundo e eu me percebo segurando uma das mãos da menor esperando que me olhasse. Precisava saber o motivo de ela ter mudado de humor tão fácil e torcer que não fosse o que eu pensava. A mão fria não ajudava.

    ꟷ(S/N)? – Chamo baixo, mas sem muita paciência para aguardar por uma resposta. ꟷ O que foi?

    ꟷDói. – Ergueu os olhos até encontrar os meus, eles estavam sem brilho e frios, distantes. ꟷ Está queimando, doendo muito. – Colocou a outra mão sobre o peito, respirando fundo. ꟷ Nós nunca nos beijamos enquanto eu te via aqui, e você nunca conseguiu lembrar, pois sabia que se lembrasse de tudo estaria acabado...

    ꟷ(S/N)... – Tento a interromper, mas não consigo. As coisas começavam a clarear e ao mesmo tempo se tornavam densas.

    ꟷSó que não dá mais Jungkook-ah... Você tem que lembrar, tem que acordar sabendo de tudo que aconteceu! – Levou as mãos para meu rosto, enquanto eu permanecia confuso e meio chocado. ꟷ E é por isso que agora eu preciso disso, preciso de algo que marque o nosso final, o final que vamos conseguir lembrar para sempre!

    Antes que eu pudesse reagir ou falar algo, (S/N) findou o restante do espaço entre nós. O pranto molhado e frio da garota se juntou ao meu que fraquejou no calor que transmitia. Seus lábios ainda eram doces como eu me lembrava, mas eles pareciam mais receosos que das outras vezes que os provei.

    Com o passar do tempo fui perdendo o tato, as sensações sentidas desapareciam. O vento já não batia em meu rosto e nem a grama fazia cócegas sob a toalha. O chão pareceu sumir mesmo eu estando firme em algo que não sentia.

    (S/N) se afastou, mas não abri os olhos, pois as lágrimas que antes eram delas passaram para mim e com um último carinho em meu rosto com a mão, presumi que ela se debruçava um pouco sobre mim já que o perfume estava mais forte.

    ꟷEu te amo.

    Sussurrou antes de sumir de repente. Abri os olhos com um início de desespero tomando meu corpo. Não tinha mais nada ali. Novamente, tudo estava branco, e esse branco foi se tornando escuro até eu não conseguir nem mesmo me ver. Até o ar fazer falta e eu fechar os olhos.

                  ***

    Despertei com um toque alto que me fez sentar na cama, era o despertador. Meu corpo estava trêmulo e milhares de imagens voltavam para minha cabeça como se fossem lembranças de anos que se passaram e eu não lembrava.

    Já com o rosto molhado pelo choro, me levanto rápido da cama e mesmo tropeçando em alguns moveis saio do meu quarto para ir aos das crianças. Ao encontrá-los vazios me lembro de que tinham ido para Busan com minha mãe. Escoro-me na parede do corredor e arrastando-me na vertical encontro o chão mais uma vez.

    Tinha sido outro sonho que vinha e acabava comigo, deixando-me esgotado até levantar e dizer comigo mesmo que tudo ficaria bem. Era cansativo reerguer-se depois de tanto tempo, os suportes falsificados quebravam facilmente e eu continuava me enganando com as ideias passageiras de um “melhor” inexistente.

    Perdi algum tempo até conseguir me recompor e desligar o despertador que ainda apitava. Por algum motivo meu peito doía e algumas lágrimas teimosas continuavam caindo sem permissão e me deixando frustrado. Teria um compromisso importante no restaurante essa noite, uma cara inchada não cairia bem.

    Ajeito a cama como sempre antes de ir tomar banho, precisava clarear a cabeça para mais um dia cheio e corrido. Hansung e Jungah ficariam com meus pais durante o final de semana para que eu pudesse trabalhar até tarde nos dois dias.

    Tirei a aliança dourada de meu dedo e a deixei sobre a pia para que não corresse o risco de perdê-la para a água do chuveiro. Acho que a banheira estava ali de enfeite, pois há tempos não a uso como deveria fazer. Não tinha mais graça.

                                                                ***

    A gravata preta prendia não apenas o a camisa, mas também o nó que minha garganta criava. A dor ainda queimava meu peito mesmo após o banho e de todas as formas que tentei foram impossíveis de parar.

    O celular tocou enquanto estava a caminho do restaurante, conectei-o com o bluetooth  do carro deixando que atendesse sozinho. Não estava muito interessado em conversas, mas também não poderia renegar apenas por estar deprimido.

    ꟷ”Senhor, Jeon?” – Ouvi assim que o toque encerrou e soltei um suspiro antes de responder a voz afobada.

    ꟷSim é ele. – Falo sem muita vontade. Nem sabia quem falava, tamanho era o meu desinteresse.

    ꟷ”Precisamos do senhor aqui, é urgente! – O homem do outro lado parecia cada vez mais nervoso, não um nervoso bravo, mas um nervoso assustado.

    Desviei o olhar da estrada para ver a tela sobre o som, meus olhos leram aquilo diversas vezes tentando achar um erro que dissesse que estou enganado.

    ꟷE-eu estou indo... – Viro o carro no retorno sem me importar com as buzinas em reclamação ou as multas que tomaria.

    A dor de antes era muito maior agora e meu corpo todo se encontrava tenso com altos sinais de estresse. Era como se eu me visse no meio de uma gangorra mais uma vez, o equilíbrio entre ela estava sendo desfeito e eu não sabia o que o lado mais pesado significava.

    Corri pelas ruas, corri pela calçada e pelas escadas, o elevador demoraria demais para algo que era uma bomba relógio só que sem o fio vermelho. Não precisava de ar em meus pulmões, estava no “automático” gastando o oxigênio que nem sei de onde veio.

    Sem sentir meu corpo reclamar ou outra coisa do tipo, entrei no corredor certo. A ultima porta estava aberta, e foi ali que notei o quão cansado fiquei, mas também poderia ser só o medo me fazendo recuar alguns passos.

    Não conseguia mais correr, parecia que a gravidade se tonou mais pesada e me puxava para o chão até impedir meus pés de se moverem. Escorando-me na parede, adentrei o quarto arrumado e vazio.

    Tossi algumas vezes a dor que parecia engasgada na minha garganta. Com a boca seca e os olhos lacrimejados, alcancei com a mão a ponta da cama pela qual corri os dedos. A última rosa ainda estava ali, intacta e viva como deixei, como deixava há oito anos.

    ꟷKookie-ha?

“Um beijo marca o começo.

Um beijo marca o desfecho.

Porém estou perdido no tempo,

Pois dos teus lábios estou sedento.

Um beijo marca o começo.

Um beijo marca o desfecho.

Agora, contigo estarei para sempre.

No nosso eterno presente.”

                                                          

           [Pov. Jungkook Off]

 

FIM.


Notas Finais


Que vontade de ir ali e apagar o "fim" </3
Nossa... foi quase um ano de fanfic, um ano de dor kkkkk
E acreditem eu sou MUITO grata a todos que leram, favoritaram, comentaram e tudo mais, sério, muito obrigada!
Se vc chegou até aqui está de parabéns kkkkk
"The Present" teve muitos finais na minha cabeça, e eu realmente não sei se este está bom o suficiente para ela.
Não vou falar muito aqui porque ainda vai ter o epilogue e um textinho de agradecimento.
Obrigada a @Souk que fez essa nova capa maravilhosa, muito obrigada!
É isso... vamos nos dedicar a outras fanfics e viver sofrendo por elas!
Amo vcs e até a próxima notinha!

EPILOGUE DATA: 05/11/2017


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