História The Price of Obssesion - V — That's not fair.

Era um sábado um tanto quanto chuvoso. Um dia frio e cinza. Eu não negarei que sou louco por dias assim, eu me sinto feliz.  

Regina estava dormindo como um anjo. Toda coberta, da cabeça até os pés. Sua feição dormindo era a coisa mais preciosa da face da Terra, e para mim era prazeroso ver o quanto ela me faz feliz. 

Lá estava eu. Sentado em uma das poltronas de nosso quarto com uma caneca de porcelana. O chocolate quente com alguns marshmallows mergulhados no mesmo e um tanto quanto quente, deixavam o ambiente ainda gostoso. 

Eu pensava no quão mal eu estava em questões psicológicas. O quão mal eu estava fazendo as pessoas ao meu redor e talvez isso você o meu maior pecado.  

Uma vez eu prometi a Regina que eu iria protegê-la e jamais a deixaria, mas será que eu conseguiria?  

Eu já não mais protegia a mim mesmo, mas eu daria meu sangue e minhas lágrimas para mantê-la em segurança, nem que para isso eu tivesse que morrer. 

— Papai? — A voz do pequeno Roland logo adentrou ao quarto arrancando um sorriso totalmente bobo de meu rosto. 

— Eu já estou indo filho. — Disse deixando o copo sobre o criado mudo e saindo de meu quarto, indo direto ao meu pequeno. 

Ele estava deitado virado para a porta. Provavelmente ele tivera um pesadelo ou algo parecido.  

Olhei o horário pelo relógio em que ficava em seu quarto e o mesmo marcava quatro e dez da manhã.  

Me sentei na beirada de sua cama acariciando seus cabelos com aqueles lindos cachinhos e logo mergulhei em um turbilhão de pensamentos, mas logo minha atenção fora tomada por palavras de meu filho. 

— Eu estou com medo. — Dizia enquanto me olhava com um semblante preocupado. 

— O que houve? — Disse o olhando. 

— Eu sonhei que você e a mamãe Regina estavam se separando.. Vocês estavam tristes por isso e mais tarde você... você morreu. — Ao dizer isso, um lágrima escorreu por seu rosto. Roland era pequeno demais para entender certas coisas e eu não queria que ele fosse alguém pior que eu. Não deixaria meu filho cair nas tentações do mundo.  

— Papai e Regina nunca irão se separar. E papai vai sim morrer. Mas vai demorar bastantão. Tudo bem? — Após isso, ele apenas assentiu com a cabeça e então eu sorri.  

Me deitei em sua cama o abraçando, não deu muito tempo e eu acabei dormindo por ali mesmo. 

O maldito despertador tocava e estava muito longe para que eu pudesse alcançá-lo e socá-lo. Abri meus olhos com muita força de vontade, apesar de ainda estar com sono. Cocei os olhos e fui abrindo os mesmo muito vagarosamente. Quando olhei para o relógio, automaticamente arregalei os olhos. Droga! Já eram quase duas da tarde e eu estava dormindo. 

Me levantei e nem sinal de Regina, muito menos de Roland. Sai pela casa e fui ao meu quarto, entrando no banheiro que ficava dentro do mesmo. Retirei as roupas e então liguei o chuveiro, ajustando para que ficasse quente. Peguei pasta de dente e a minha escova de dentes e assim entrei debaixo da água. Passei a pasta na escova e então comecei a escovar os dentes. Quando terminei, taquei escova e pasta e ambas caíram na pia e então eu sorri.  

A água escorri sobre meus cabelos e tocava até minhas raízes. Eu me sentia livre quando estava no banho. Passo a mão sobre meus cabelos tirando o excesso de água, apesar de saber que mais água cairia sobre o mesmo. 

Eu estava sozinha naquela imensa casa e mesmo que ela tivesse cheia, eu me sentia solitário.  

Terminei de tomar meu banho e passei a mão sobre a parede levando-a até o registro, desligando o chuveiro. Fiquei ali dentro do box por mais algum tempo pensando nas coisas que eu havia feito contra Graham e no quão isso seria escandaloso para Regina. Eu costumava fazer as coisas de cabeça quente e sem pensar nas consequências, e muitas das vezes quem mais sofria era quem estava ao meu redor e não necessariamente eu. 

                                                                      【❁】 

Eu já havia me trocado e também me arrumado. Eu pretendia levar Regina para um jantar a dois para que pudéssemos aproveitar ao máximo. Eu deixaria Roland com Zelena e assim teríamos a noite toda pela frente.  

Passei um dos perfumes que mais a agradava e panteie meu cabelo. Estava com um terno preto e sapatos sociais da mesma cor. Minha gravata era vermelha e era o que mais se destacava ali. Estava com um relógio prateado e que possuía números romanos. 

Peguei as únicas coisas que faltaram, no caso, chaves de meu carro, as de casa e minha carteira. Deixei o quarto caminhando pelo corredor e fechando as portas que estavam abertas. Ao chegar na sala, meu celular estava tocando e na tela estava escrito "Amor". Me aproximei da mesinha de centro e o peguei, deslizando e atendendo a ligação. 

— Alô? — Eu disse sorridente. 

— Robin? — Ela respondeu em um tom suave. 

— Sim. Onde você está? — Disse indo para a cozinha. 

— Estou saindo do estacionamento e voltando para casa.  

Sorri fraco para mim mesmo enquanto escutava sua voz do outro lado da linha. Era maravilhoso como eu podia amar alguém tanto quanto eu a amo. Eu até achava que seria impossível amar alguém assim. Eu me apaixonava por Regina a cada batida de meu coração. Talvez ela fosse o amor da minha vida e o meu final feliz, e eu estava disposto a tornar isso real. Eu a protegeria sempre que pudesse. 

— Nós iremos jantar fora. Tudo bem para você? — Disse pegando uma taça e a colocando sobre o balcão, logo abrindo a geladeira e pegando meu vinho e me servindo. 

— Tudo bem! — Ela disse em meio a um sorriso que eu conhecia tão bem. 

Ela ficou em silêncio após isso e logo eu senti uma grande aperto em meu coração. Deixei a taça sobre o balcão ainda com o telefone na orelha. Minha mão automaticamente direcionou-se ao meu peito o apertando devagar. Eu sabia que algo estava errado. Eu iria perguntar a Regina se estava acontecendo alguma coisa, mas antes que eu dissesse qualquer coisa, um forte barulho soou do outro lado da linha. Barulho de acidente.  

Embarrei no balcão fazendo com que a taça viesse ao chão e se quebrasse, espalhando todo aquele vinho pelo chão. Eu senti as lágrimas encherem todo meu olho e por mais que eu tentasse, elas escorriam-se e molhavam meu rosto.  

Sai correndo em disparada deixando até mesmo a porta aberta. Eu estava desesperado e logo escutei barulho de ambulância passar por perto de mim. Segui o som da sirene e quando cheguei, vi a pior cena de toda a minha vida. O carro de Regina todo amassado por um dos caminhões que trafegavam pela cidade.