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História The Priest - Tiros e Jantares de família


Escrita por: pacifyou

Notas do Autor


Boa leitura! <3

Capítulo 18 - Tiros e Jantares de família


Justin Bieber

 

Queria ter tido a oportunidade de apreciar os lençóis em que me encontrava, macios como penas, não que eu já tivesse deitado em penas, mas imaginava que fosse parecido aquilo em que estava.

 

Só havia conseguido dormir, eram quase duas da manha, quando os meus pensamentos perturbadores autorizaram o meu sono.

 

Ouvia barulhos pela casa, e por isso imaginava que estivessem mais pessoas, naquele apartamento, do que Vanessa e eu. O que impedia a minha fuga altamente calculada durante a noite. Eu a colocaria em prática, se quisesse fugir, mas algo em mim me impedia arduamente.

 

O beijo ficou gravado em minha mente como chiclete no sapato. Era irritante e insistente, o meu problema era pensar demais como dizia Vanessa, mas desde quando eu passei a ignorar meus princípios e ouvir a garota ruiva?    

 

Eu não queria cair naquela falésia novamente.

 

Sentia meu corpo capotar levemente, como se fosse uma maldita pena.

 

Levantei-me rapidamente antes que todos os pensamentos delinquentes atacassem o meu cérebro impedindo-me, novamente, de pensar como uma pessoa normal.

 

Eu estava um pouco desconfortável visto que havia dormido com toda a roupa que tinha, e sejamos sinceros que dormir de calça jeans não é nem um pouco legal. Mas tirando essa parte, a blusa 100% algodão era perfeita para a ocasião.

 

Entrei rapidamente no banheiro do quarto me encarando no espelho, e parecia que alguém me havia atropelado e eu havia sobrevivido, só as minhas olheiras diziam tudo: Você não dormiu pois esteve pensando em besteira, de seguida o meu cabelo estava uma bagunça e a minha blusa que à minutos achava legal estava toda amassada.

 

 Lavei a minha face com água e sequei-a rapidamente, peguei na pasta de dentes que havia ali e coloquei um pouco no dedo, iniciando uma lavagem no segundo seguinte, após cuspir o conteúdo presente na minha boca, dei uma arrumada no meu cabelo.

 

Decidi por fim iniciar a minha oração matinal, e com vergonha de minhas atitudes pedi perdão a deus por tudo o que havia feito. Pelo beijo e pelos pensamentos que se tornavam imperdoáveis à medida do tempo.

 

Depois de muito questionar-me se deveria ou não sair do cómodo, não pensei muito na atitude que tomaria – uma coisa que raramente faço – deixei rapidamente o local rumando pelo corredor até chegar à sala ou uma das salas, quem sabe, vi uma garota loira dançando... Ok, me senti incomodado pois a garota não tinha nada para além de um short e o sutiã que era um pouco pequeno devido ao tamanho de seus... hum aquilo que as garotas têm.

 

― Ah... oi? ― a garota conseguiu me escutar mesmo com a música, irritante devo dizer, no volume máximo. Olhou para mim, e sequer se assustou com a minha repentina presença.

 

 

― Vanessa... ― gritou, ao mesmo tempo que dividia o seu olhar entre a porta aberta, que julgava ser a cozinha, e entre a minha pessoa. A sua feição era confusa no inicio mas à medida que as suas orbitas claras se afixavam em mim, crescia um sorriso que Vanessa me dava quando algo era extremamente errado, e apelidei-os de maliciosos. ― Têm um garoto na sua sala... E que garoto, hein... ― sussurrou a ultima parte, ao mesmo tempo que mordia o seu lábio inferior, que assim como o superior estava banhado num vermelho forte e demasiado aclamativo, devo ressaltar que a cor em si me enjoava.

 

― Ah... ― pude ouvir Vanessa bufar e de seguida apareceu tão despida quanto a outra menina, a única diferença era que ela usava Blusa onde era evidente a falta de sutiã – o que me incomodou – e não tinha a certeza se ela tinha aquela coisa indispensável que apenas se deve tirar para trocar e tomar banho: Calcinha. ― Brooke esse é Justin. Justin essa é Brooke. ― disse e depois seguiu novamente para a cozinha, deixando para trás um clima esquisito, Brooke olhava para mim de uma maneira totalmente incomoda, como se seus olhos implorassem para que eu falasse com ela ou me aproximasse.

 

Mas o seu batom estava me enjoando e consequentemente me impedindo de quebrar o clima que parecia se instalar.

 

― Brooke, não assedie Justin! ― Salvo pelo gongo. Visto que no instante seguinte a garota continuou sua dança desleixada, após seus ombros se encolherem.

 

Não querendo presenciar a dança, apenas segui até ao local onde Vanessa havia desaparecido nos minutos anteriores, e estava certo ao deduzir ser a cozinha.

 

Vanessa estava empoleirada na ilha e suportava seu peso com os joelhos no banco alto, em sua frente tinha o notebook, na boca tinha uma colher de algo, que logo confirmei ser manteiga de amendoim, pelo pote quase vazio perto de seu celular e notebook, os seus cabelos presos num coque e alguns devem ter caído por isso desciam pelo seu rosto delicado.

 

Aquela imagem era linda. Algo que queria guardar para sempre em minha memória.

 

Eu estava caindo lentamente. Eu não digo que estava apaixonado, digo que estava indo por caminhos que poderiam custar tudo o que construí e vivi para chegar onde estava...

 

Era doloroso, doía lentamente com um ferimento de pequeno porte, porém grande complexidade.

 

A música, que tocava na sala, parecia ser lenta demais e os movimentos da ruiva pareceram acompanhá-la como algum comercial televisivo que queria fechar os olhos sempre que os assistia, por me parecer um conteúdo tão impróprio, mas misteriosamente aquele era o melhor comercial de minha vida, e eu sequer fazia questão de desviar o meu olhar.

 

Pare!

 

Perigo!

 

Desviei o olhar decidido que aquilo era ultrapassar os limites que queria muito manter. Para minha própria sanidade decidi sair dali. Era o melhor certo? O melhor para mim, para deus, para todos.

 

Um celular tocou, eu levei as mãos aos bolsos tentando verificar se era o meu. Mas ao me lembrar que o tinha deixado no carro de Vanessa, dei um olhar confuso para todos os cantos enquanto tentava entender de onde vinha o som.

 

Levei os meus olhos à garota empoleirada na ilha que no momento atendia o celular. Não iria ouvir a conversa, se por algum estranho motivo sua voz doce – o que era muito, ressalto o muito, raro ou devo dizer que nunca ouvi – soou para alguém.

Um frio na barriga me incomodou.

 

Quem seria?

 

 

 

― Não, está tudo bem. ― garantiu a alguém do outro lado, que parecia extremamente interessado em saber sobre o estado da garota. ― Não estou em festa alguma, isso é o som de uma colega, que veio cá fazer um trabalho... Ela gosta muito do sistema de som cá de casa... Uhum... ― O seu tom ainda era doce e podia jurar que uma aura – também nunca antes sentida, nunca mesmo – feliz circulava seu ser...

 

Era isso que eu queria, certo?

 

Claro. Claro que sim!

 

 

― Sim, está tudo bem entre eu e Melissa. ― resmungou aquela frase como a Vanessa que eu conhecia faria ao falar da mãe. ― Sim, tenho visto Ryan. ― respondeu às breves perguntas que lhe eram propostas.

 

Ok, tinha algumas perguntas.

1. Com quem ela falava? 2. Quem era Ryan? 3. Porque a pessoa perguntaria sobre a relação de Vanessa e Melissa?

 

Antes de continuar minha lista, Vanessa se virou na minha direção e não se surpreendeu ao me ver. Igual Brooke. Rapidamente ponderei a existência de câmeras espalhadas pela casa.

 

Um sorriso maldoso foi aberto na minha direção, os olhos cinza da garota brilharam, mas não como quando você vê o amor da sua vida, e sim como quando uma criança consegue algo que queria muito.

 

Desde quando eu sabia decifrar olhares de Vanessa?

 

Eu não entendia aquela garota nem que viesse com um livro de instruções.

 

Mas também, porque eu queria entende-la?

 

― Ok, amor... Sim. ―disse para a outra pessoa enquanto enrolava o cabelo extremamente ruivo no dedo onde a unha vermelha se sobressaía. O seu sorriso maldoso se abriu mais ao ver que eu não tinha reação para tal. ― Sim... ― continuou. O que ela estava fazendo? Porque eu sempre caio na teia dela.

 

Não devia ter vindo ontem, não devia ter dormido na mesma cama que ela, não devia ter aceitado seus lábios volumosos nos meus.

 

Deus jamais me perdoará por tal...

 

― Também te amo. ― retorquiu enquanto seus lábios pareciam ler todos os meus arrependimentos, todos os pedidos de desculpa que fazia a Deus.

 

Ela me lia como se fosse uma folha de papel. Tão clara e fácil de entender, enquanto eu demorava tempos para aprender a decifrar e denominar os sorrisos e olhares que me lançava.

 

 

Julie, minha melhor amiga, sempre me avisou que o mundo era errado, eu sabia. Quer dizer a minha “ingenuidade” como alguns dizem, pode cegar-me muitas vezes, mas eu conheço o mundo. Afinal não é por desconhecer tal posição sexual que vou ser menos entendedor das coisas da vida, certo?

 

Eu era sabedor dos lados fajutos do mundo, mas de todo o mal que eu conhecia Vanessa me surpreendeu mais. O mal dela não é algo parecido aos vários manicómios Jurídicos onde fui fazer algumas visitas com o intuito de ajudar – contra a total vontade de minha mãe – onde humanos se transformam em monstros por falta de luz divina, o mal de Vanessa foca-se na pouca vontade de ser melhor, no erotismo que a rodeia sempre que a vejo, na malícia que habita o seu habitat.

 

Complexo, talvez.

 

― Me espionando? ― questionou despertando-me de pensamentos que minha mente não deveria autorizar a uma hora daquelas. ― Pensei que fosse melhor que isso, garoto. ― O sorriso rude se formou em seu rosto, com demasiada facilidade.

 

― Ah… Eu não estava te espionando. ― garanti, mentindo, enquanto assistia seu sorriso mudar de rude para arrogante, parecia não ter grande diferença mas garanto que eram desiguais.

 

― Claro que não, meu amor. ― ironizou dando a devida ênfase no apelido que tinha utilizado para a pessoa do outro lado. ― Não dormiu? ― interrogou. Não havia preocupação no seu rosto.

                         

― Dormi. ― Outra mentira.

 

― Claro que dormiu. ― ironizou novamente.

 

Queria sair correndo dali, mas não era tão fácil visto que aqueles olhos de falcão me vigiavam sem pausas.

 

― Bem, garoto, você tem comida por aí. Procure. ― sorriu cínica, e me assustei com a repentina mudança de humor. ― Não me incomode, até que seja hora de sairmos. ―

 

Aquilo era errado da parte dela, correto? E eu como pessoa que estou encarregue de ajuda-la, deveria corrigir o erro. Mudanças de humor repentinas são algo que Deus não gosta, aliás o mesmo é a favor do equilíbrio emocional.

 

― Você não pode tratar as pessoas assim, Vanessa. ― revi as minhas palavras, e pareceram certas e delicadas.

 

Mas nesse momento eu descobri que eu jamais combateria o fogo de Vanessa com água.

           

― Como? ― riu com escárnio. Eu queria mais que tudo ajuda-la, mas como? ― Justin, é melhor ignorar esse seu lado que pensa que têm algum direito sobre mim. ― Queria dizer que estava tudo bem e que ela poderia voltar com aquela voz doce de poucos minutos atrás, mas ela me escutaria ou soltaria um dos seus calões?

 

― Estou tentando ajuda-la. ― Sussurrei, arrependido pelo que falei para ela. Será que a garota não pode ter uma visão sensata onde vê que eu estou apenas tentando ajuda-la, um pouco mais de amor, era o que ela precisava, mas vamos ser sinceros, essa garota é mais fechada que sei lá o que.

 

― Me dizendo o que tenho ou não direito? ― elevou um pouco o tom de voz e colocou uma expressão incrédula. ― Justin? Pare de me tentar mudar! ― Dessa vez ela gritou, e eu me arrependi. Eu não a estava mudando, porque ninguém nasce assim… malvada como ela. Eu estava tentando mostrar a luz para ela.

 

― Eu não estou mudando você, eu estou ajudando… ―  repeti ―  Eu gosto de ajudar você. ―  festejei pois a minha voz não ficou alta ou baixa demais, e não tremeu. Mas a expressão de Vanessa foi completamente o contrário do que esperava ver.

 

Os seus olhos se esbugalhando como os de uma criança curiosa, os seus lábios se entreabriram como alguém com pouco ar, as suas pestanas grandes bateram uma na outra, os olhos cinza pareceram ficar mais cinza.

 

Mas de um segundo para o outro ela mudou e a frieza assumiu os olhos cinza, como se a neve gelada tivesse uma cor nova: Cinza.

 

― Sua ingenuidade me encanta, mas isso aqui é burrice ― riu e apontou para ela e para mim repetidas vezes. ― Quer me ajudar? ― O seu riso me magoou, ela era descrente do meu potencial. ― Se me quer ajudar dispa essas calças e enfie o seu pau em mim, porque a única coisa que eu quero de você é isso. ― proferiu com um sorriso arrogante.

 

Não havia muito a rebater, ok, eu sabia que ela tinha uma atracção por mim e isso ao inicio me afastava, ela se aproximava de mim, eu achei que era boa ideia “muda-la” bem não era isso que eu queria, mas eu achava que cura-la era a solução, e eu me me aproximei, quer dizer eu conseguia passar mais que dois minutos perto dela sem me matar em pensamento, mas agora ela me afasta.

 

Provavelmente ela tem medo, isso é humano.

 

― Você não pode me ferir sempre que quiser me afastar… ― forcei os meus olhos, para que eu a encarasse sem passar a imagem do covarde que eu era. ― Não queria te magoar… ― disse realmente arrependido.

 

― Cale-se, pelo amor de Deus. ― A sua citação me fez ter esperança, ela nunca falara dele antes.

 

Caminhou rapidamente até à uma bolsa e vasculhou rapidamente por algo que descobri ser a porcaria dos cigarros que nunca deixava. Acendeu um e eu apenas assisti aos seus movimentos.

 

A satisfação presente em seu rosto quando puxou a substância para si foi como um chute em mim, pois eu tinha a mesma reacção quando rezava. Como alguém saía da dor com um pequeno passo para a morte.

 

Ali me questionei, como deus não é a porta de fuga de todo o mundo?

 

― Desça até ao piso -1 e me espere no carro. ― ordenou, deixou o seu cigarro na boca e consultou novamente sua bolsa, desta vez retirando a chave com o símbolo da BMW. Me atirou a chave e quando eu fiquei encarando a chave ela disse: ― Está esperando o que? ― Caminhei até a porta dando uma última olhada na garota que agora esfregava a sua cara como se algo a preocupasse. Queria muito saber o que a preocupava.

 

Muito.

 

Vanessa Donovan

 

Estava livre de Brooke, não que ela fosse um empecilho.

 

Por acaso até era.

 

Ela só estava falando o quão mau era a morte de Tyler, ela nem o conhecia, quer dizer a mesma garante ter um crush por ele desde os 16 onde a moda dos Bad boys estava na moda. Eu não a conhecia, não podia dizer se era mentira ou verdade. Mas acredito ser verdade, o garoto era um quebra corações, isso posso garantir – não que eu tivesse alguma história entre mim e ele para contar, mas assisti de camarote.

 

Eu não queria pensar nele, não queria pensar na noite de ontem e muito menos em Justin. Aquele puritano besta. Brooke também não parava de falar dele, ainda bem que não o havia reconhecido que nem Crystal. Outra que está prementemente na lista de pessoas que não vou pensar, mesmo abaixo de Melissa, após as suas vinte e cinco ligações.

 

Não queria pensar em nenhum deles. Não queria.

 

Peguei o último baseado de um saquinho e acendei-o como uma viciada o faria, não que eu fosse. Precisava apenas de descontrair, de pensar, de me liberar. A música ainda tocava, mas eu estava demasiado focada em mim mesma, a única coisa que gosto de pensar. Eu.

 

Mais ninguém merece a minha atenção.

 

O meu celular tocou, eu olhei a tela e vi o nome da Melissa pela vigésima sexta vez.

Ninguém merece a minha atenção.

 

Traguei o cigarro mais intensamente, a maconha era uma das únicas coisas que eu tinha no sangue. Eu sabia que isso me traria muitas consequências, mas eu queria ser a adolescente descontraída pelo menos uma vez. Mais uma vez. A última vez.

 

O celular tocou e eu li “Ryan” na tela. Hum, o que meu priminho iria querer?

 

―  Alô? ― a minha voz deve ter soado extremamente embolada, como a de alguém que acabou de fumar três cigarros de maconha.

 

― Graças a Deus, Vanessa. ― Já a sua voz soou como se tivesse salvo um filhote de cachorro da rua. E eu não era um filhote de cachorro. ― Sua mãe está preocupada. Onde está? ―

 

Mais ninguém merece minha atenção.

 

― Não é da sua conta, priminho. ― O pobre garoto bufou.

 

― Você está chapada. ― Não sei se era obvio demais ou Ryan já sabia por ter conhecimento de pessoas drogadas ― Será que você anda sempre fumando ou bebendo, Vanessa? ― questionou com o seu tom de voz paternal que eu odiava.

 

― Sabia que Tyler morreu, papai? ― desta vez foi a minha hora de questionar, Ryan conhecia Tyler das festas inclusive foram grandes amigos. Mas as boas amizades sempre se perdem.

 

― É isso que você está... ― murmurou um palavrão preocupado antes de terminar sua frase. ― Sim, eu soube essa manhã. ―

 

Menos alguém legal nesse mundo.

 

― Olhe garota, você precisa sair desse apartamento dentro de uma hora e meia. Sua mãe tá louca te caçando, não se esqueça que minha mãe organizou aquele jantar. ― Puta merda. Eu não queria ir mesmo.

 

― Não gosto da sua mãe. ― respondi. ― Prefiro maconha. É bem mais divertido. ―

 

― Vai fazer o que eu mandar. ― Adoro quando ele fica autoritário, o sexo é sempre mais bruto. Não tanto quanto Roy, mas bruto.

 

― Sexo pelo celular! ― exclamei feliz. Eu estava feliz, me sentia leve. Quando fumava era uma das únicas vezes que poderia realmente me sentir bem e feliz, de verdade.

 

― Vá até ao seu banheiro. ― disse e eu segui a ordem pensando que iriamos realmente transar pelo celular.

 

 ― Já não tá brigado comigo, agora que quer sexo né? ― relembrei o momento da nossa discussão. Ainda caminhando pelo corredor até ao banheiro do meu quarto.

 

― Ligue a água fria. ― mandou com a sua voz naturalmente rouca ― Estou brigado com você e não vou transar com você. ― esclareceu, me deixou desanimada. Minha garotinha queria sexo pelo celular, e ela é extremamente mimada sempre têm o que quer.

 

― E agora? ― questionei ao mesmo tempo que tirava a calcinha.

 

― Agora retire sua roupa. ― pediu, não que precisasse eu tiraria num piscar de olhos.

 

Mordi o lábio.

 

― Sabe… eu precisava mesmo … ― mal consegui terminar minha frase que um gemiso saiu de minha boca sem autorização quando eu esfreguei o clitóris. Necessitava de uma noite urgentemente, eu estava a ficar mal humorada, por passar algum tempo sem sexo. Ryan e eu estávamos brigado, Connor estava fora de questão, Justin parecia que tinha a merda de um cadeado no meio das pernas.

 

― Vanessa, tome seu banho e me ligue de seguida, para eu ter a certeza que não desmaiou durante o processo. ― frieza. E depois desligou.

 

Merda.

 

Ryan tinha acabado de entrar na lista negra. Podia dizer que ele estava implorando por tal, ele estava mesmo abaixo do puritano besta que tinha deixado em casa à poucas horas. Ou dias, ou sei lá a porra de tempo que passou.

 

 Tomei um banho frio de inicio, mas fui controlando para ficar mais quente. Eu estava mais sóbria.

 

 

Mais ninguém merece a minha atenção.

 

Abri o meu wardrobe, e seleccionei uma roupa que gritasse que eu era a ovelha negra da família.

 

Vesti umas collants de Lycra, com uma saia lápis xadrez preta e branca, uma blusa vermelha – muito vermelha – com as mangas cumpridas e um casaco de pelo preto, que me ficava pela cintura, uns saltos scarpin louboutin envernizados vermelhos.

 

Deixei o meu cabelo com a ondulação da noite passada que misteriosamente ainda se mantinha intacta.

 

Na maquilhagem, caprichei o máximo que pude, para que ficasse… excêntrica e clamativa. Os olhos estavam muito marcados com o lápis e delineador preto a sombra era um preto também esfumado, coloquei umas pestanas postiças e rímel por cima das mesmas. Batom vermelho da mesma cor da blusa e sapatos.

 

Parecia a bruxa má. E a branca de neve mal podia esperar…

 

Traguei pela última vez a única coisa que me traria paz durante o jantar e joguei-o para o chão sem qualquer delicadeza, pisei com salto envernizado e respirei fundo. Bati na porta certa, visto que Ryan me enviou a morada.

 

―Vanessa! ― minha “mãe” abriu a porta com uma cara de poucos amigos. ― Onde você andou? ― questionou sussurrando para que as pessoas não escutassem, uma coisa normal de Melissa. Enfiar a merda debaixo do tapete. ― Estava a este ponto de ligar para o seu pai! ― mostrou com os dedos o quanto faltava para fazer a chamada.

 

― Porquê? Não sabe lidar com os seus problemas? ― rebati fria, e senti a coragem me atingir como se fosse ar puro. ― Oh espere, se soubesse não teria tomado as decisões de merda que tomou. ― sorri cínica, e ela me repreendeu com os olhos em fúria, mas como mulher que era, sem armar qualquer alarido, na mais recente mansão que sua irmã teria conseguido arrancar de outro homem.

 

― Comporte-se. ― ordenou. ― Em casa falamos. ― o seu rosto severo foi trocado, por um analisador. ― Você não veio para um funeral, querida. ― Ah essa mulher me dá raiva, porque ela parece uma boa pessoa mas ela é tão cobra.

 

Sabe aquelas mulheres cínicas que conseguem tudo o que querem? Como eu. Mas a diferença entre mim e Melissa é que eu tenho dinheiro porque meu pai me banca, quanto a Melissa, Matthew era apenas um personal trainer.

 

― Não, mas se continuar me incomodando acredite que o próximo que irei é ao seu. ― devo dizer, que aquela implicância com a minha mãe estava me prejudicando, mas a mulher provocou. Sorriu cínica e puxou o meu braço com pouca delicadeza.

 

―  Deus não ficará muito satisfeito com suas atitudes. ―  zombei recebendo um toque mais apertado.

 

 Caminhamos pelo corredor da mansão, uma grande mansão devo dizer – mas nada que nunca tenha visto, claro. ― na sala as pessoas tinham taças de champanhe, Melissa tinha ido na frente enquanto eu respirava antes da minha entrada. Não esperava que fosse triunfante, não devia nada a estas pessoas.

 

Ao entrar senti as pessoas olharem para mim, a minha presença era marcante – eu sabia disso – avistei Ryan, perto de Bethany é um homem velho, porém bem conservado, estilo de Bethany, se der para foder às vezes, tirar dinheiro, roupas e status então tudo bem.

 

― Cachinhos! ― Minha tia correu na minha direcção, super feliz, como se eu realmente gostasse dela. Aquela alcunha ridícula foi-me atribuída quando eu tinha uns doze anos e pensava que a vida era perfeita, tinha cachinhos e amava minha família, mas comecei a passar chapinha e à medida que fui crescendo a merda dos cachos desapareceram.

 

Era por isso que eu odiava a família da minha mãe, era toda à base de satus e casamentos por conveniência, mas havia muito mais por trás de tudo isto.

 

― Tia Beth. ― sorri o mais falsamente possível. ― A fila anda rápido, hã, esse é o décimo quinto, certo? ― as minhas pestanas pesadas bateram uma na outra para demonstrar inocência ao proferir a frase.

 

― Sabe como é querida. ― Aquilo era tão normal para eles, como alguém poderia sequer gostar de frequentar o mesmo ambiente que estas ratazanas. ― Você veio muito dark side, ninguém lhe avisou que isso era uma festa de noivado? ― questionou rindo.

 

Mas rindo de quê? Nem sequer teve piada.

 

― By the way, como anda sua escola? ― Ignorei a sua tentativa de parecer jovem, e foquei na sua pergunta.

 

― Vai muito bem! Ela teve excelentes resultados! ― Melissa interveio, como sempre fazia e claro que fez o que sabia melhor: mentir. Minhas notas nem tinham saído e mesmo quando saíssem eu estava ferrada, prestes a reprovar o ano.

 

― Eu ainda sei falar, mãe. ― forcei a última parte. Sendo repreendida por um aperto no braço que aos olhos do mundo era apenas algo acidental.

 

― Você já conhece George? ― Bethany questionou-me.

 

Claro, no outro dia agente parou para tomar um café e fumar um cigarro. A minha mente gritou e eu ri mentalmente.

 

― Não. ― respondi.

 

― Ger, querido! ― gritou, mas claro que com muita elegância, onde já se viu uma mulher de tamanha graciosidade, gritar no meio do salão sem ser elegante? ― Venha cá. ― Beijou o seu rosto com carinho, falso obviamente. ― Conheça minha sobrinha favorita, do mundo! ― A mulher não tinha mais nenhuma.

 

Ah, havia Blair que estava encostada num canto falando com a pirralha de sua irmã. Mas elas eram bastardas, Bethany só gostava delas por serem educadas e serenas, mas de resto, as desprezava.

 

Não esqueçamos que o pai delas era personal trainer.

 

― Encantadora, devo dizer. ― Beijou minha mão que foi estendida já como algo automático. ― George Tokin ― apresentou-se.

´

― Vanessa Donovan. ― Melissa encarou-me feio, por não ter dito o nome de sua família, Bethany por outro lado me olhou com orgulho por ser fruto de um homem tão rico.

 

― Donovan? ― perguntou interessado. ― Filha de Ray Donovan? ― Assenti sorrindo plasticamente. ― Sou grande fã do seu pai, já falamos algumas vezes, e devo dizer que o acho uma grande pessoa. ― Puxa saco de merda.

 

― Irei reportar-lhe e agradeço em nome do mesmo. ― George sorriu animado pensando que eu realmente o faria.

´

Não, seja iludido.

 

A noite decorreu lentamente e quando menos esperava, estávamos numa mesa grande onde os noivos ficavam no centro um ao lado do outro, a família ficava o mais perto deles, possível. A ordem era: Os familiares de George, o mesmo, a sua noiva, Ryan por ser seu filho, eu em seguida, Blair, Kate, Melissa e para infelicidade de Bethany, Matthew estavam logo em seguida.

 

― Está sóbria? ― zombou Ryan. Esse fodido do sério, muito mesmo.

 

― Sim, depois de que me masturbei, fiquei realmente desperta. Devia tentar quando estiver chapado. ― Continuei sussurrando como ele, devolvendo a patada. Enquanto os riquinhos e burgueses falavam. 

 

― Você nunca me viu chapado sem você estar também, então cale essa boca. ― rebateu como se fosse o dono do mundo.

 

Desculpe informar-lhe, priminho, mas esse lugar está muito bem ocupado.

 

― Você adora essa boca quando geme para você então vê se não se arrepende do que diz, Ry. ― Ele sequer se mostrou abalado, e isso era o que mais vontade me dava de continuar essa guerrinha sem nexo, que foi interrompida por Bethany chamando a minha atenção.

 

― Então Vanessa, ouvi dizer que você tinha sido convidada pelo Perfeito da cidade, para o baile anual de beneficência. ― Sorri quando todas as atenções se focaram em mim, e eu adorava-as tanto quanto adorava ser a ovelha negra rebelde da família, pobre de minha mãe que se sustentava pelos maridos.

 

― Foi um grande prazer ser convidada para discursar, e é realmente muito importante para mim ajudar todas as pessoas que precisam. Ver o sorriso de todo o mundo ao ser devidamente recompensado com dias felizes, pelos dias mais negros que passou, é uma das grandes razões pela qual eu criei o projecto. ― As luzes estavam em mim, mas eu ainda não havia sido a rainha má. ― E claro que queria fazer jus à nossa família, visto que minha mãe nunca teve oportunidade de discursar e sempre suas colegas de projeto, ― Quase ninguém sabia desse detalhe, nem eu sabia, até que descobri o grande fracasso da Dona Melissa. ― Mas errar é Humano e temos que superar os erros. ― Tensão pairava no ar, Ryan queria segurar a risada, Blair e Melissa estavam chocadas tanto quanto Bethany que apesar de já saber que sua irmã era uma fracassada não esperava que todos descobrissem.

Não era uma grande revelação, mas eu humilhei minha mãe e todos nessa merda de jantar pensam que a nossa relação é realmente boa, mas surpresa. Não é.

― Você é a pessoa mais cínica que eu conheço. ― Ryan disse ao meu lado, na sua feição havia indiferença e desprezo. Ele odiava o facto de que eu havia aprendido com ele, uma pessoa não fica inocente para toda a vida.

― Tive um bom professor, priminho. ― seus punhos se fecharam com tamanha força, mas ele respirou fundo e sorriu na minha direcção eu não sabia o que significava, mas gostava.

Enquanto à minha mãe, se Deus pensou que eu me estava convertendo numa boa garota, e esquecendo esse plano de vingança. Então ele está muito errado, porque eu só estou aquecendo mesmo. 


Notas Finais


Obrigada pelos comentários do capítulo anterior, novas visualizações e novos favoritos. <3


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