Mais uma manhã se iniciava em Shimervalle, nas ruas só havia desespero! O povo estava passando por diversas dificuldades, mas o atual governo não se importava e já declarou que mataria qualquer um que se opusesse. O atual Rei Edgar Swan e sua Rainha Clarissa Swan estavam na sala privativa do rei debatendo como resolveriam seu problema de falência, ja que todo o dinheiro foi gasto com suas festas e luxos e o povo não possuía mais nada.
- Já disse que não podemos fazer essa festa! Temos que pagar a mensalidade da nossa aliança com os outros reinos, ou irão nos atacar!- esbravejou o rei.
- Pare de drama Edgar! Ninguém vai morrer por isso!- disse Clarissa olhando suas unhas.
- Que tal nós? Não pagar a mensalidade significa que o reino não tem como pagar, logo está vulnerável!- disse o rei sarcasticamente.
- E como você quer que eu diga isso para a suas filhas? É o aniversário das duas! É uma ocasião muito importante e isso pode atrair jovens príncipes de vários reinos e nosso problema de dinheiro será solucionado!- disse Clarissa.
- Entendo o seu ponto Clarissa, isso realmente poderia resolver muita coisa, mas realmente precisamos pagar a mensalidade e o que sobrar faremos a festa!- disse Edgar.
- Economizar? Está louco?- gritou Clarissa- Nunca mais repita isso para mim!
Com a gritaria, Baileywick que estava limpando as taças reais correu para o aposento saber o que estava acontecendo e antes que pudesse bater na porta para saber se precisavam de algo, ele ouviu Edgar esbravejar:
- Eu não tenho culpa que o reino da sua irmãzinha estava falido!
- E você por acaso pensou em algo melhor? Não!- respondeu Clarissa.
- Isso não é desculpa! Mas enfim, não adianta brigar agora, vamos fazer uma visitinha a minha cunhada e saber onde eles guardavam todo o tesouro do reino!- disse Edgar.
Nesse momento Baileywick arregalou os olhos, "os reis estavam vivos?" Precisava contar a Astrid e a Marion. Entretanto, a sua empolgação o fez derrubar uma taça que estava limpando e antes que pudesse fugir a porta dos aposentos reais foi aberta.
- Ora, ora o que temos aqui!- disse Clarissa.
- Perdoe-me Magestade, sou um descuidado!- disse Baileywick em uma reverência.
- Tem toda razão Baileywick você é um descuidado! Guardas!- chamou Edgar.- Levem!- os guardas levaram Baileywick para uma sala especial que o rei havia criado.
- Esses criados não aprendem nunca?- disse Clarissa.
- Vamos, precisamos resolver essa questão rapidamente!- disse Edgar e então os dois saíram para uma área restrita do reino, que estava cercada de guardas e no centro dela, havia uma espécie de prisão onde os antigos reis eram mantidos.
- Saiam da frente!- disse o rei quando chegaram no local. Um dos guardas abriu a passagem para o confinamento, no qual os reis estavam lá tentando sobreviver.
- Eu devo elogiar a aparência de vocês, estão horríveis! - disse Clarissa com um sorriso maldoso.
- O que vocês querem aqui? Onde está Astrid?- perguntou Jacob se pondo na frente de Elisa.
- Nossa, quantas perguntas!- debochou Edgar.
- Não se preocupem, Astrid está onde merece estar e minhas filhas cuidam muito bem dela como foi prometido!- disse Clarissa.
- Por que não acredito em uma só palavra sua?- disse Elisa.
- No que você acredita ou deixa de acreditar eu não me importo! Agora vamos aos negócios!- começou Clarissa- Onde está o ouro do reino?
- O que? Enlouqueceu? Não me diga que vocês já gastaram tudo!- disse Jacob preocupado.
- Não se faça de burro! Sabemos que existe mais do que vocês me contaram!- disse Edgar impaciente e secretamente preocupado também.
- Não existe mais do que estava lá, existiria se cuidassem melhor do reino!- disse Jacob debochadamente.
- Não temos tempo para piadinhas! Nos digam logo!- disse Clarissa e Elisa e Jacob ficaram calados- Guardas!- chamou e um guarda chutou Jacob, enquanto o outro prendeu Elisa com uma espada em seu pescoço- Vão falar agora?
- Vai pro inferno!- disse Jacob no chão.
- Tenho uma ideia melhor! Vou perguntar a filhinha de vocês, e se ela não souber me responder... Vocês já sabem o que acontece!- disse Edgar.
- Não!- gritou Elisa.
- Então comecem a colaborar!- disse Edgar.
- Realmente não existe mais ouro no castelo- disse Jacob.
- Então o que vamos fazer?- Clarissa disse revoltada e começou a falar várias coisas ao mesmo, trazendo um pouco de alegria aos antigos reis, era divertido ver seus inimigos em uma situação de desespero.
- Silêncio mulher!- gritou Edgar- Eles disseram que não há mais ouro no castelo, então significa que existe dinheiro com o povo!
- Tem razão! Vocês não cobravam um imposto alto não é mesmo?- disse Clarissa sorrindo vitoriosa para Elisa e Jacob.
- Não destruam ainda mais o povo, eles estão sofrendo!- disse Elisa.
- Calada! Mas o que iremos dizer para que eles dêem muito dinheiro em pouco tempo?- Clarissa ficou pensativa, mas um tempo depois levantou a cabeça sorrindo- Vamos querido, já conseguimos o que queríamos! Guardas, dêem uma lição nesses dois lixos!
- Você é uma verdadeira...- começou Elisa.
- Mais respeito por aqui, você está falando com a rainha!- disse Clarissa apontando para a coroa em sua cabeça e assim saiu rindo juntamente com seu marido.
No caminho para retornar o castelo, Clarissa explicou o seu plano para Edgar que achou fascinante. Quando chegaram chamaram o mensageiro real para reunir o povo e transmitir a mensagem deles:
" Cidadãos de Shimervalle,
O valor do imposto será aumentado, em virtude o aumento do terror em nosso reino!
Sim, estamos falando dos dragões! Infelizmente temos que expor isso, a rainha Elisabeth, o rei Jacob e a princesa Astrid não morreram nas montanhas, foi o ato brutal de um dragão! O reino está na situação que está por conta dessas criaturas, por isso pedimos ajuda ao nosso povo, pois estamos fazendo o melhor para manter essas criaturas longe do nosso reino!
Atenciosamente,
Rei Edgar e Rainha Clarissa."
Assim que a mensagem foi espalhada pelo reino, o terror se alastrou e em pouco tempo o ouro e tudo de valor estava se amontoando novamente no castelo.
- Meu amor que ideia maravilhosa!- disse Edgar dando um beijo em sua esposa, que estava escolhendo a decoração do aniversário das meninas.
- Eu sei, eu sou incrível! Agora, você não tinha questões para resolver com um certo mordomo?
- Tem toda razão, uma hora dessas, ele deve estar clamando por sua vida, infelizmente ele é um dos ratos seguidores de Jacob, não podemos deixar que a fedelha ou qualquer outro descubra que estão vivos! Até logo- disse Edgar e saiu em direção a sua sala secreta.
Já estava no início da noite quando o rei chegou no local, Baileywick estava apenas amarrado, com uma faixa em sua boca o impedindo de falar.
- Olá Baileywick! Minha nossa o que aconteceu com você? Por favor guarda o liberte!- dito isso, o guarda mesmo confuso libertou Baileywick, que ficou em pé diante do rei- O que aconteceu com as referências?
- Você não é digno de nenhum sinal de respeito meu!- disse convicto.
- Ótimo, então vamos para o que interessa! O que você estava fazendo espiando a minha conversa?
- Eu não estava espiando, vocês estavam gritando e eu fui ver o que estava acontecendo!- disse simplista.
- Como o bom e gentil servo que você é não é mesmo? E o que as pessoas diriam ao saber que o bom e gentil servo acabou morrendo para um... Dragão?- disse o rei ameaçador.
- Está inventando dragões agora?
- Dragões são um risco real! Não é atoa que o povo está pagando vários impostos para o seu bom rei os livrar dessa praga!
- Você é um imbecil!
- Uau, você realmente não tem mais nenhum respeito mesmo! Mas você será um bom incentivo para acelerar o pagamento!
- Eles nunca vão acreditar em vc!
- Eles vão acreditar sim!- disse o rei dando um sinal para o guarda que estava atrás de Baileywick- E se não acreditarem... O que irão fazer?- dito isso o guarda quebrou o pescoço de Baileywick que caiu morto no chão- Queimem, deixem parecido com um ataque de um dragão e coloquem em algum lugar da floresta para algum aldeão estúpido ver e sair contando.
- Sim senhor, Magestade!- disse o guarda e o rei se retirou com um sorriso no rosto.
A noite já estava para acabar e uma serva estava descendo apressadamente para o calabouço:
- Asty, Asty!- sussurrou Marion desesperada.
- O que foi Marion? Não me assuste assim!- respondeu a loira que se aproximou da grade e com a aproximação notou que a mesma estava chorando- Marion?
- Asty querida não temos muito tempo! Subornei algumas pessoas e temos que sair daqui agora!- disse abrindo a grade e puxando a loira.
- Marion o que está acontecendo?- perguntou Astrid em sussuros em quando era levada por Marion.
- Sinto muito dizer isso meu amor, mas...- Marion se virou para Astrid- Baileywick foi morto pelo seu tio!- dito isso começou a correr puxando Astrid.
- O que? Como assim? Ele... Ele...- Astrid não estava mais sentido suas pernas, sua visão estava borrada com lágrimas.
- Não temos tempo para isso Astrid! Precisamos ser fortes! Te prometo que quando estivermos seguras te conto tudo, agora temos que ir!
As duas corriam e se desviavam com maestria, mesmo quebradas por dentro, precisavam fugir, era questão de tempo para matarem as duas. Logo avistaram o porto, que um homem já as esperava, entretanto, ouviram a movimentação dos guardas atrás das mesmas: Os reis já sabiam da fulga.
- Astrid, você é mais nova que eu, corra eu vou te dar tempo!- disse Marion.
- Não mesmo Marion, você é tudo que me resta! Vai indo para o barco, não se preocupe eu dou conta de alguns guardas, eu alcanço vocês, eu prometo!- Astrid saiu em disparada e encontrou um pedaço de madeira que logo ela pegou "vai ter que servir" ela pensou. E com o que foi achando criou barreiras e armadilhas para conseguir tempo e voltou correndo para o barco. Porém uma flecha foi disparada partindo a corda que segurava o barco, fazendo o mesmo partir. Era seu tio Edgar, que olhava fixamente para a sobrinha que o encarava com ódio, a armadilha e barreira não aguentou muito tempo e Astrid se pôs a correr desviando das inúmeras flechas em sua direção.
Com a velocidade que estava conseguiu impulso o suficiente para alcançar a borda do barco, que prontamente foi auxiliada por Marion e Albert o dono do barco. Quando estava dentro Marion a puxou para um abraço.
- Nunca mais me assuste desse jeito!- disse e Astrid riu, era uma verdadeira mãe.
- Marion, eu...- os sentidos de Astrid captaram um corte no ar e a loira empurrou Marion e uma flecha acertou o seu braço. A adrenalina estava alta, Astrid não tinha se alimentado corretamente, foi questão de segundos para que a escuridão a dominasse e a voz desesperada de Marion ficasse distante.
O som das gaivotas acordou Astrid que impacientemente se sentou, chamando a atenção de Marion.
- Querida! Finalmente acordou!- a mulher correu ao seu encontro.
- A quando tempo estou dormindo?- perguntou Astrid e Marion ficou em silêncio por um tempo- Marion?
- Quatro dias querida- disse dando um sorriso fraco.
- O que?- se assustou.
- A flecha entrou profundamente e por pouco não machucou seu coração, a sua condição física também não ajudou muito, por isso eu sugiro que você se alimente rapidamente!- disse Albert.
- Quem é ele?- sussurrou Astrid para Marion, que logo respondeu:
- Asty, esse é meu irmão Albert, ele é médico e muito requisitado por vários reinos, por isso a demora de sairmos de lá- explicou.
- Entendi, Obrigada Albert!- disse Astrid agradecida.
- Não há de que! Agora é sério, coma porque já estou avistando terra.
- Aqui querida!- Marion entregou uma tigela de sopa para a menina, que comeu rapidamente e se surpreendeu pela fome que nem sabia que estava sentindo.
- Para onde vamos?- perguntou Astrid após se recuperar.
- Estamos indo para Berk Astrid, se lembra dela?- disse Marion e Astrid ficou em silêncio, todos esses anos ela pensou em seu melhor amigo, como estaria, o que estava fazendo, se havia encontrado o sonhado dragão... Ela finalmente entendeu as palavras de sua mãe, Valka havia morrido, ela não sabia o que iria acontecer quando chegasse em Berk, estava com medo e Astrid Hofferson abominava esse sentimento.
Quando o barco finalmente chegou ao porto, a loira congelou, não sabia o que fazer, o que dizer e Marion percebendo isso, a ajudou a sair do barco e logo os três estavam em terra firme. Respirando fundo foram andando em direção a entrada que um viking já aguardava para saber quem eram e o que queriam.
- Quem são vocês?- perguntou o viking.
- Olá, sou Albert, sou um médico- o viking o olhou confuso- Um curandeiro, e essas são minhas ajudantes!
- Aguardem aqui, vou chamar o chefe! Baldão fique de olho neles!- disse o viking e saiu em disparada.
Enquanto esperavam os três começaram a ouvir um som peculiar e quando olharam para cima dragões de várias espécies voavam sobre suas cabeças os deixando maravilhados e espantados ao mesmo tempo.
Logo, um zíper arrepiante pousou perto dos três, e uma garota e um garoto idênticos começaram a falar sobre quem venceu alguma disputa, até que perceberam três pares de olhos curiosos olhando em sua direção.
- Aí! Quem são vocês?- perguntou a garota.
- É! O que querem?- disse o outro.
Antes que qualquer um pudesse falar algo, mais um dragão pousou desengonçadamente com seu cavaleiro.
- É isso aí! Não gostamos de estranhos em nossa ilha!- disse um baixinho e o dragão parecia rir dele, mas estava em posição de ataque. Mais um dragão desceu e nele saiu uma garota loira, apontando uma flecha para os mesmos.
- Digam logo quem são!-disse impaciente.
- Gente!- chamou um cavaleiro quando desceu do seu dragão- Isso não é jeito de tratar visitantes!- se virou para os quatro- Olá, eu sou o Perna-de-peixe e vocês estão em Berk, o que os trazem aqui?
- Por que ele sempre tem que acabar com a diversão?- sussurrou os gêmeos, mas o Perna-de-peixe acabou ouvindo.
- Eu nunca acabo com a diversão, isso se chama modos!
- Somos vikings não pacifistas!- disse o baixinho. E logo uma discussão começou entre os cinco, que logo foi encerrada por uma explosão. E um dragão magestoso aos olhos de Astrid pousou, revelando um cavaleiro que utilizava algum tipo de máscara.
- Já chega!- disse ainda de máscara e os cinco tentaram se explicar- Não quero ouvir suas explicações! Agora...- Tirou a máscara- Quem são vocês e...- o garoto paralisou ao encontrar os olhos mais lindos que se lembrava encontrar, a confusão preencheu sua mente, e a única coisa que soube pronunciar foi:
-Astrid?
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