‘’Alguns deles querem te usar
Alguns deles querem ser usados por você
Alguns deles querem abusar de você
Alguns deles querem ser abusados
Eu vou te usar e te abusar
Eu vou saber o que tem dentro de você”
Sweet Dreams (Are Made Of This) – Marilyn Manson
S/N POV
Todos trocaram olhares entre si, após Yoona ter se pronunciado. Parece que finalmente havia chegado a hora. Esperei muito por esse momento. Eu sabia de muita coisa, mas Yoona sempre demonstrou saber de tudo, ou quase tudo. A moça respirou fundo e continuou:
– ________, eu estive naquele lugar, por muito mais tempo que você. Fui pra lá pouco depois que o Tommy chegou na Coréia.
– Qual a ligação que você tem com o Tommy? – Indagou minha mãe.
– O Tommy foi meu padrasto. O que aconteceu comigo, se repetiu com você, ________. – Suspirou – Mas por sorte, ele não fez com sua mãe o que fez com a minha. – Arregalei os olhos e fitei minha mãe, que também carregava uma feição assustada em seu rosto.
– O-o que ele fez? – Sabia que Yoona tinha muito a dizer, mas queria que fosse direto ao ponto.
– Acho melhor dizer o que sei desde o começo. Ambos vieram da Inglaterra para cá. Brian veio ainda jovem com os pais. Porque eles viriam trabalhar aqui, se não me engano, e acabou se envolvendo com drogas e prostituição. Depois começou a investir nisso, aliciando algumas poucas garotas e depois que o negócio cresceu, ele chamou Tommy para vir para a Coréia também.
– Eles já se conheciam? – Perguntou Jimin – O que eram um do outro?
– Primos. Jimin fitou Yoona, e sinalizou com a mão para que prosseguisse.
– Minha mãe era tudo que eu tinha, já que meu pai faleceu antes que eu nascesse e também não haviam parentes por perto. Então, teve que me criar sozinha. Tínhamos uma vida muito humilde, ela era uma simples comerciante, e conheceu Tommy quando eu tinha quinze anos. Achei muito estranho um Europeu, se apaixonar perdidamente em um mês por uma mulher tão simples, que aparentava a vida sofrida que levava. Mas, minha mãe estava cega por Tommy. – Meus olhos se encontraram com os de minha mãe, que logo fitaram o chão – Enfim, depois de alguns meses eles se casaram. Tommy após um certo tempo se tornou cidadão coreano, e “misteriosamente” – alterou consideravelmente o tom de voz, mirando Tommy – minha mãe teve uma parada cárdio respiratória, causando sua morte enquanto dormia.
– Pera, foi o... – Jimin apontou para Tommy.
– Sim. Tommy matou minha mãe sufocada enquanto ela dormia. – Engoli em seco ao ouvir. – Mas eu só descobri um tempo depois.
Não estava surpresa. Depois de tudo que Tommy fez a mim, não me surpreendia que ele houvesse matado alguém. Mas minha mãe parecia estar em choque.
– Eu fiquei sozinha com ele, e logo ele me levou para a boate, onde ele me entregou para Brian. Mas diferente de você, – se dirigiu a mim – nem o Brian; nem nenhum outro homem que trabalhava naquele lugar encostou um dedo sequer em mim. Eu sempre aparentei ter bem menos idade do que realmente tinha, então... então... – fitou o chão e respirou fundo – o Brian, me vendeu como se eu tivesse treze anos.
– Como assim te vendeu? E-eu estou completamente confuso com tudo isso! – Jimin parecia incrédulo.
– Ele não me vendeu exatamente; vendeu apenas a minha virgindade para um pedófilo nojento, que contatou Brian quando soube que ele vendia e “alugava” garotas de todos os tipos. Ele queria uma menina bem nova e inocente, que fosse virgem. Eu não era tão nova quanto ele desejava, então o filho da puta mentiu minha idade. Digo que ele não me vendeu, pois só vi esse homem uma vez, graças à Deus. Ele apenas comprou minha virgindade, que rendeu uma boa quantia ao Brian, e uma “promoção” para Tommy.
Minha mãe tinha uma de suas mãos nos lábios, e seus olhos, quase saltavam de suas órbitas. Jimin estava vermelho, quando se preparou para atacar Brian mais uma vez, mas eu o impedi. Jimin se desvencilhou de meus toques. Rondou e vasculhou todo o porão, enquanto nos ouvia conversar.
– Tommy... – Disse minha mãe, quase inaudível – Porque fez isso com ela? Porque fez isso conosco? – A mulher que ainda se mantinha forte, deixou uma lágrima escapar.
Tommy ainda estava meio aéreo, mas consciente o bastante para respondê-la.
– Você achou mesmo... – disse com dificuldade – que eu sentia algo por você? Ficamos em silêncio enquanto ela se mantinha imóvel. Pareceu engolir em seco e criar coragem, antes de dizer algo novamente.
– Como pôde, Tommy? Você nem ao menos precisava disso. Um homem como você se sujar dessa maneira, um engenheiro!
Brian soltou uma gargalhada debochada, e Tommy uma breve risada, por conta de seu estado. Todos nos olhamos. Até mesmo Jimin, que andava inquieto e mexia em algumas coisas, parou e voltou para perto de nós, se dirigindo aos dois à nossa frente.
– Não estou entendendo o motivo das risadas! – Cruzou os braços e os encarou.
– Ah não? – Brian levantou a cabeça e tentou prender o riso – Eu ainda me surpreendo com a inocência das pessoas. Se o Tommy é engenheiro, então eu sou médico. – Riu mais uma vez.
– V-você mentiu sobre isso também, Tommy? – Minha mãe ainda se surpreendia a cada revelação.
– Pra conquistar uma médica, eu teria que estar ou no mesmo nível; ou melhor. Não acha? – Sorriu sínico.
– Mas pra que me conquistar? Se não sentia nada por mim? – Pôs uma mão na testa e respirou fundo, tentando prender o choro que parecia estar preste a vir a qualquer momento.
– De que adianta eu te contar tudo? Por algum acaso isso vai poupar minha vida? Sei que quando souberem de toda a verdade, vão nos matar. Então, estão apenas perdendo o tempo de vocês, acelerem logo o processo e acabem logo com isso. – Tommy olhava profundamente nos olhos e minha mãe.
– Concordo com ele. – Jimin virou seu rosto para mim – Já temos Yoona aqui, vamos matar logo esses dois, e dar um fim nos corpos.
– Amor, se controla! – Bati o pé no chão.
– Eu sei sobre esse falso trabalho de Tommy. – Disse Yoona, tendo toda nossa atenção voltada para a mesma.
– O que sabe, Unnie? Como sabe? – Indaguei.
– Eu ouvia muitas coisas na boate. E ouvi quando os dois conversaram sobre o relacionamento de Tommy com sua mãe. Ouvi Brian dizer que Tommy precisava ter uma família, uma vida comum fora da boate, porque isso ajudava a disfarçar o negócio em que os dois trabalhavam verdadeiramente. Então o Tommy se tornou um “engenheiro” – reproduziu as aspas com as mãos – que trabalhava embarcado. Toda vez que ele dizia que embarcava, na verdade, ia para a boate ajudar Brian a administrar as coisas.
– Filha, você sabia disso? – Perguntou com lágrimas nos olhos.
– N-não! Claro que não! Já te disse tudo que sei. – Minha mãe respirou fundo.
– Como conseguiu fazer com que minha filha fosse para o Brasil, Yoona?
– Bem... o Brian ficou furioso quando soube, pois ele sempre demonstrou sentir algo muito forte por _______. Diria até que... doentio. – Jimin intercalou seu olhar entre Brian e eu – Mas Tommy explicou que era inevitável, já que o pai dela estava doente. Eu a incentivei à aproveitar isso como desculpa para sair daqui. Ele garantiu à Brian que ela voltaria e que faria de tudo para leva-la até ele novamente. O Brian só não ameaçou matar a senhora, porque Tommy jamais conseguiria se casar novamente com uma mulher do seu nível. O que as protegeu, foi sua posição na sociedade, que camuflava a de Tommy. – A frustração era visível no rosto de minha mãe. – Ela conseguiu ficar por mais tempo, porque entraram muitas garotas novas, então Brian não tinha tempo pra tentar trazê-la de volta já que tinha muito mais trabalho.
– Vocês duas mantiveram contato? – Durante um tempo, mas Tommy descobriu que eu tinha conseguido um celular e o tirou de mim.
– Eu pensei que tivesse morrido, Unnie. Das poucas vezes que consegui perguntar à Tommy sobre você, ele se negou a me dizer como estava. – Disse aflita.
– Acho que foi justamente isso que eles quiseram que pensasse.
– Tem mais alguma coisa para nos contar, Noona?
– Relacionado à _______, creio que não. Já sabem o suficiente.
– Tem certeza, Unnie?
– Sim, admito que estou um pouco atordoada agora então as ideias não estão bem organizadas em minha cabeça. Mas o que precisavam saber em relação a você, já os contei. – Respirei fundo.
– O que faremos agora? Vamos deixá-los aqui?
– Agora, daremos o que eles merecem. – Disse Jimin desafivelando seu cinto.
O fitei confusa. O mesmo enrolou metade da extensão de seu acessório em sua destra, deixando a ponta com a fivela livre. Jimin respirou pesado e mordeu seu lábio inferior com força, indo até Tommy.
– Isso, é por você ter entregado _________ a esse verme. – Assim que finalizou, deu uma forte “chicotada” com o cinto no rosto de Tommy, fazendo com que a fivela o acertasse com tudo. Ouvi minha mãe soltar um ar de espanto, fui até ela a abraçando, enquanto Yoona apenas observava – Isso, é por ter matado a mãe de Yoona. – Mais uma “chicotada”, do outro lado de seu rosto – E isso, é por ter tentado permitir que Brian tocasse a “minha mulher” – gritou – novamente. – Desferiu um último golpe com o cinto.
Minha mãe chorava, enquanto eu tentava esconder seu rosto em meu colo, acariciando seus cabelos. Jimin foi até a gaveta de um armário, que ele havia mexido enquanto perambulava nervoso pelo porão, e tirou de lá uma tesoura. Foi até Tommy e começou a cortar a fita que prendia suas mãos uma na outra.
– O que está fazendo? – Perguntei e Jimin sorriu sadicamente.
– Já vai saber. – Yoona olhou para mim, tão confusa quanto eu.
– Unnie, será que pode subir com a minha mãe? Dê um pouco de água para ela, cuide dela para mim, por favor. – Pedi, já que minha mãe não estava em condições de ver Jimin surtar – Vou tentar acalmar o Jimin.
– Está bem, __________. Vamos? – Acariciou o rosto de minha mãe, que assentiu. Logo a puxou pela mão, subindo com ela.
Assim que a vi fechar a porta do porão, fui até Jimin, que agora soltava Brian. Tommy se mantinha sentado na cadeira, com o rosto quase desfigurado, tomado pelo seu próprio sangue.
– Meu amor, o que está tentando fazer? – Pousei minha mão em suas costas. Jimin estava abaixado, desgrudando a última perna de Brian da cadeira. Ele se levantou e secou o suor em seu rosto.
– Eu não quero que veja isso. Por favor, suba e fique com elas. – Levei minha mão até seu rosto e acariciei o local, sorrindo tristonha.
– Me diga o que pretende fazer.
– Esse desgraçado – apontou para Brian – vai sentir a mesma dor que você sentiu.
– E-eu não estou entendendo, Oppa.
– Assim como ele te abusou, será abusado.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.