História The Rabbit Fate - Zarpando

- Fiquem com suas duplas durante toda a viagem - A professora nos passava as últimas instruções antes de embarcarmos no ônibus que nos levaria ao local da excursão - Podem ir embarcando - Ela fez um sinal para o motorista e a porta do ônibus se abriu

Os alunos foram entrando no veículo com desordem e barulho, totalmente o contrário do que a nos professora ordenou. Após ser empurrado e espremido algumas vezes, finalmente encontrei uma poltrona livre, sentei-me e organizei as bagagens de mão que levava. Antes de chegarmos até o ônibus, Calvin me disse que não tinha a mínima possibilidade de ele passar a viagem inteira ao meu lado, não que isso fosse fazer diferença alguma para mim, porém eu não queria passar a viagem inteira sozinho, e as meninas já estavam em dupla, logo tinham que ficar juntas. Aceitando meu destino solitário, encostei a cabeça na janela e observei alguns pais do lado de fora, era quase madrugada, então não havia muito movimento na cidade, para mim esse era o melhor horário de viagem.

Fui trazido de volta à Terra ao sentir uma mão tocar meu ombro, olhei assustado para o lado em reflexo, retirando a mão, porém percebi que era apenas Henry, ele pediu se podia sentar ao meu lado, permiti sem hesitar, companhia era a coisa que eu mais queria agora. Henry sentou-se na poltrona ao meu lado e assim como eu arrumou as coisas que trazia fora da mala. A viagem até as montanhas logo começou fazendo com que o sinal de internet cessasse, deixando-me totalmente sem nada para espantar o tédio, o baterista já começava a colocar os seus fones de ouvido, vi isso como uma boa oportunidade de puxar conversa e também de achar alguma distração

- Me empresta um ? - perguntei apontando para o par de fones

- Claro, espero que curta rock - Ele alcançou-me um lado do acessório e escolheu uma música no celular

Coloquei o fone em meu ouvido e fui surpreendido pelo volume inesperadamente alto da música que tocava, no começo fiquei assustado e desconfortável com o som que ecoava em meus ouvidos, mas com o passar da música fui me acostumando e começando a apreciá-la.

- Nada mal, não é ? - O garoto me perguntou, seu olhar era esperançoso

- Eu curti bastante - sorri para ele, procurando não encarar seus lindos olhos verdes - Quero que me passe essas músicas depois, para falar a verdade

- Claro que sim, quando você quiser - A felicidade era evidente em sua face

Ao olhar pela janela, percebi que já estávamos na estrada, fora dos limites da cidade, agora a viajem de verdade começava, a ansiosidade já tomava conta de mim, em que tipo de estabelecimento iríamos dormir, o que faríamos lá, que tipo de comida eles iriam servir, eram algumas das perguntas que se passavam em minha cabeça. O ônibus ainda estava agitado, o que mostrava que talvez demorasse um pouco até que todos pegassem no sono, o meu inclusive ainda não estava nem perto de chegar.

Resolvi aproveitar o tempo para conhecer melhor o Henry, então puxei conversa perguntando sobre assuntos aleatórios, até começarmos a nos abrir um para o outro, descobri que ele também é um amante de coelhos como eu, que ele na verdade curte a cultura geek assim como eu, mas não tem muita condição financeira para se aprofundar nesse mundo, também descobri coisa pesadas sobre ele, soube que ele tem pais separados, e que sua mãe está hospitalizada a alguns meses. Conversamos por tanto tempo que o sono começou a pesar sobre minhas pálpebras, não só as minhas mas as de várias pessoas, pois quando percebi o ônibus estava tomado por um silêncio mórbido.

Nem percebi quando peguei no sono deitado em um dos ombros de Henry, apenas vi o mico que estava passando quando o garoto me acordou para descermos no restaurante, onde teríamos nossa parada para ir ao banheiro e comermos alguma coisa, para então terminar a viagem. Desci do ônibus com as bochechas vermelhas, evitando a todo custo criar contato visual com Henry, a vergonha ainda era um defeito que eu devia corrigir. Fui ao banheiro com rapidez e em seguida dirigi-me ao balcão do estabelecimento para comprar algo para comer, peguei um sanduíche natural, algo leve pois ainda era muito cedo e eu não queria passar mal.

Assim que todos terminaram o que tinham de fazer, subimos novamente no ônibus e continuamos nossa viagem, dessa vez não troquei muitas palavras com Henry até o término da viagem, ele pareceu não ter ficado muito contente com isso, mas era algo que eu não conseguia controlar. O segundo pedaço da viagem foi rápido e sem muito silêncio, pois agora a turma estava acordada novamente e com muita energia, logo a algazarra era grande.

Não demorou muito para descobrirmos onde iríamos ficar, era uma pousada quatro estrelas, grande e com várias atividades disponíveis, além de inúmeras quadras para praticar esportes, era fácil observar que havia piscinas, tanto abertas quanto cobertas, também foi nos dito que havia trilhas para caminhada, que nos levavam a bosques e a cachoeiras, também haviam termas naturais na pousada, algo raro nessa região, o estabelecimento também tinha um lugar para alugar bikes para andar pelas trilhas. A pousada era dividida em vários prédios, o dormitório masculino, o dormitório feminino, banheiros e termas, um lugar para as refeições e até um salão de festas.

Fomos ordenados a guardarmos nossas coisas em nossos respectivos quartos e depois irmos até o salão de festas, lugar onde começariam nossas atividades dessas férias. Levei minhas bagagens até o dormitório masculino, mas especificamente até o quarto 103, onde ficariam eu, Calvin, Alexy e Henry, estes que não demoraram muito para chegar. Coloquei minhas coisas no beliche que ficava no lado esquerdo do quarto, perto da janela, avisei que dormiria na parte de cima

- Eu durmo na parte de baixo - Henry e Alexy quase gritaram ao mesmo tempo, e no milésimo seguinte já se encaravam com olhares mortais

Parece que esses dois já vão começar...