Uma chuva fina caia, ao longe se ouvia o som dos trovoes. Era possível ver o reflexo reluzente no asfalto enquanto o pai de Mei dirigia na escuridão .
Mei estava no banco de trás usando fones de ouvido, sua mãe sempre discutia com seu pai nas viagens. E para não a incomodarem fingiu dormir.
A chuva pareceu aumentar quando a mãe de Mei começou a discutir, que não queria morar com a irmã de seu pai. Estavam passando por momentos de dificuldades os pais de Mei estavam desempregados, e neste momento o ultimo recurso que tiveram foi pedir ajuda a Lucia.
Quando a garota resolveu se manifestar, por já estar enojada com a discussão tudo aconteceu rápido de mais.
Um cachorro havia atravessado na frente do carro. O pai de Mei tentou frear e ao mesmo tempo virando o volante visto que a pista estava molhada e não teriam como parar a tempo.
Houve então o barulho dos pneus cantando no asfalto, os olhos de Mei se arregalaram enquanto sua mãe gritava. Nesse momento foram engolidos pela escuridão. O carro caiu em uma ribanceira girando e batendo muito forte, parou em uma pista abaixo, com o teto virado para o chão.
Mei tinha ficado consciente apenas fechara os olhos quando sentiu o carro girando descontroladamente. Quando sentiu o grande impacto a garota sentiu a pior das dores.
Uma dor lancinante passou por todo seu corpo e quando abriu seus olhos, pode ver um dos faróis iluminar a estrada molhada. Tentou chamar por seus pais, mas sua voz não saia.
Presa ao sinto com tantos ferimentos tentando se mexer sem sucesso, Mei ouviu o barulho do que parecia um carro se aproximando e logo vendo as luzes.
O barulho dos trovoes não paravam e a chuva também não. Ouviu então alguém se aproximar.
- Querida chame uma ambulância- Disse um homem com voz forte.
- Pai precisamos prepara-los ate a ajuda chegar- ouviu se então um silencio
Mei tentava ignorar a dor, tentando se manter acordada, mas logo o ferimento em sua cabeça a lembrou de sua situação, começou a se sentir enjoada, a ferida em sua cabeça começou a sangrar mais.
- Estão mortos- O primeiro homem que Mei ouvia falou.
Mei estava apavorada neste momento não pelo acidente, mas por ouvir que seus pais estavam mortos, apertou os olhos com força e lagrimas começaram a escorrer e pode-se ouvir um soluço abafado.
Logo após isso a porta de trás se abriu e pode se ouvir uma voz gentil falando rapidamente, a garota não conseguia entender. A chuva deixava tudo confuso, a segunda porta de tras se abriu e Mei conseguiu sentir alguém solta-la e logo foi tirada de dentro do carro.
Seu corpo começou a ser molhado pela chuva conseguiu então sentir o chão frio, estava deitada na estrada. As mãos da pessoa que a retiraram do carro logo apoiaram sua cabeça continuava a falar mas os sons dos trovoes pareciam abafar.
Lentamente Mei abriu os olhos, as luzes do farol revelaram um garoto com olhos cor de esmeralda que falava com ela.
- Ei – O garoto parecia desesperado – Aguente firme – Ele segurou a mão dela.
- O socorro esta a caminho- pode ouvir a voz de uma mulher.
Nesse instante Mei fechou os olhos.
~
Mei acordou assustada e ofegante com um trovão. Olhou em volta e o quarto se iluminava com os raios, o barulho da chuva e vento pareciam cantar uma canção triste. A medida que seu coração desacelerava ela lembrava do acidente. “- Odeio dias de chuva-“ sussurrou, ela tinha pesadelos com aquela noite. A garota virou de lado na cama e abraçou um dos travesseiros, lembrando dos olhos esmeraldas. Aquele garoto havia segurado sua mão e a tranquilizado naquele momento de terror, porem nunca pode dizer obrigado. Apertou o travesseiro com mais força sentindo seu coração doer e logo ela adormeceu.
...
- Mei?- Soou uma voz vinda do cômodo de baixo. – Fiz o café da manha venha, se não vai esfriar-
A garota se desenterrou das cobertas e travesseiros esfregando os olhos “ Como já poderia ser de manha?” tinha a impressão de ter conseguido dormir de novo fazia só alguns instantes.
- Já estou indo – disse bocejando e se levantando da cama, indo em direção ao guarda roupa viu que não estava mais chovendo, os pássaros cantavam e o sol estava ali para dizer bom dia. Colocou uma blusa branca e uma saia rodada azul com um salto vermelho. Ao passar enfrente ao espelho, Mei pode ver seu reflexo. Seus cabelos eram longos pretos e seus olhos azuis sua pele era branca. Ela parou por um momento e olhou para sua franja e cabelos bagunçados, então ao arruma-los pode ver a pequena cicatriz na testa; A cobriu com a franja não era uma cicatriz tão grande. além dos pesadelos nos dias de chuva, a cicatriz estava ali para lembra-la daquele dia. Ignorando os pensamentos a garota desceu ate a cozinha onde sua tia a esperava.
- Pensei que não viria nunca- Disse franzindo as sobrancelhas – Vamos vou te levar para a nova escola hoje - ela colocou as panquecas na mesa logo se sentando servindo o café
- Tia eu não quero ir para a escola – A garota falou se sentando – prefiro ficar em casa com a senhora – mostrou um sorriso forçado
- Você tem que ir querida, tem que sair dessa melancolia de ficar em casa, fazer amigos-
- Tia ainda sente pena de mim?- Disse olhando enquanto ficava mexendo o café na xicara.
- Não aguento ver você sofrer - Seus olhos pareceram encher de lagrimas
- Obrigada tia Lucia.- Mei terminou o café, Lucia levantou se preparanda para leva-la para a escola e antes de sair a puxou e a abraçou.
Juntas em um abraço maternal, Lucia pode sentir as lagrimas de Mei em seus ombros – Queria tanto que meus pais estivessem aqui- a garota a abraçou mais forte.
Lucia assentiu afagando os cabelos da garota, quando notou que a garota estava mais calma a afastou um pouco. – Vamos vai ficar tudo bem- então segurou nas mãos de Mei para encoraja-la.
Na ida a nova escola Mei secava as lagrimas com as costas das mãos. “ Vai ficar tudo bem” pensou.
Quando o carro parou em frente a escola, a garota desceu e se despediu de Lucia com um sorriso, mas logo esse sorriso foi desaparecendo conforme o carro se afastava. Se virou para a entrada da escola e sentiu que talvez mesmo estando claro e ensolarado, seu dia seria nublado como os dias de chuva.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.