História The Rain - Deixe-me ir

Kentin murmurou sentindo um leve calor em seu rosto, seu corpo pesava, a medida que despertava abria os olhos lentamente. Ao olhar para o lado pode ver a janela, as cortinas brancas deixavam a luz do sol entrar. Os raios do sol entravam por uma fenda aberta; aquela luz ia diretamente em seu rosto. “ Então é isso”. Olhou em volta; aquela noite não foi um sonho, teve mais certeza ainda ao ver Mei deitada sobre ele.

- Mei? – Ele a chamou esperando que ela se mexesse, mas ela não fez nada. – Mei acorde – insistiu ele.

A garota apenas murmurou algo, e esfregou o rosto no peito dele, ele chacoalhou o ombro dela levemente e nada.

Neste momento ouviu-se um barulho na porta, ela rangeu ao abrir e logo se escutou o leve bater ao fechar, passos ligeiros atravessaram a sala. O garoto impossibilitado de se levantar apenas olhou para a porta da sala quando seus olhos viram uma mulher. Ela tinha longos cabelos loiros e seus olhos azuis pareciam cansados. Os olhos dela se cruzaram com os dele.

- Parece que estou interrompendo –  O corpo de Kentin gelou na mesma hora, a mulher suspirou.- Ah céus esses jovens – Ela passou por trás do sofá deixando uma bolsa encima, e se encaminhando para o outro cômodo da casa.

- Pelo amor de Deus Mei acorde – Ele puxou a bochecha dela, estava entrando em desespero.

Em um salto ela acordou e colocou a mão sobre a bochecha – Ai –  choramingou – Porque fez isso?-

- Eu preciso ir – Havia um motivo para ele estar tão desesperado para sair dali. Mei ainda sonolenta deslizou de cima dele, se colocando de joelhos encima do tapete.

Quando Kentin pensou em se levantar uma voz vinda da cozinha os chamou.

- O café esta quase pronto –

- Tia Lucia? –

O rapaz levantou e passou a mão pelos cabelos agora bagunçados. Mei o olhou, ela começava a entender a pressa que o rapaz tinha de querer partir.

- Você ta com medo da minha tia? – Mei começou a gargalhar, se levantou e ficou na frente dele – Eu não acredito – Pela primeira vez depois daquilo Mei deu um sorriso sincero.

-Não tenho medo de nada- Ele retrucou, mas acabou sorrindo  por Mei ter melhorado. Desabafar fez bem a ela.

- Ei vocês me ouviram? – Disse Lucia aparecendo na porta e logo se apoiando nela. – Venham logo –

- A eu tenho que ir – Kentin a olhou sem jeito e logo apontou para a porta.

- Você fica garoto – Lucia pareceu emanar uma aura assassina olhando para ele. O rapaz engoliu em seco, o que fez Mei se divertir. – Agora venham e tomem o café – falou com voz autoritária.

- Vem Kentin – Mei passou os braços em volta do braço dele o puxando ate a cozinha.

Ao chegarem no cômodo xicaras com café já os esperava, Lucia apenas terminava de fazer o omelete. Kentin mentalmente já se preparava para receber um sermão da tia de Mei.

- Podem se sentar – A voz de Lucia pareceu mais tranquila.

-Por favor, não nos entenda mal.- Kentin tentou se explicar - Eu já estava in...- Foi interrompido.

- Apenas sente – Falou Lucia

O garoto olhou para Mei como um pedido de socorro, mas Mei parecia se divertir com a cena ela já tinha se sentado e fez um sinal para ele se sentar. Quando o garoto se sentou seu corpo enrijeceu.

- Tia eu não escutei a senhora chegar-

- Claro você estava dormindo feito pedra –

Kentin limpou a garganta tentando se acalmar, mas isso fez a atenção de Lucia se voltar para ele novamente, Kentin desviou os olhos.

- É muito bom te ver de novo – Falou Lucia abrindo um sorriso para Kentin.

- Você já o conhecia tia ?- Mei ficou confusa.

 - Do hospital querida – Disse ela pegando a xicara e bebendo um pouco de café

- Kentin? – Mei o olhou nos olhos

Nesse momento ele pareceu um pouco aliviado, por um lado pensou que levaria algum sermão.

-Hum? – Ele olhou nos olhos dela.

- Você foi no hospital ?-

- Acabei te acompanhando quando a ambulância chegou – Kentin acabou pegando um biscoito que estava a mesa e o colocou na boca, enquanto mastigava seus ombros relaxaram, mas não olhava mas nos olhos de Mei, olha-la agora o entregaria.

- E foi te visitar algumas vezes – Lucia estava disposta a entrega lo

Kentin ficou corado, enquanto Mei parecia pensar e acabava de absorver todas aquelas informações.

- Você foi me visitar ? – O coração dela palpitou mais forte enquanto o olhava tentando analisar suas expressões.

- Algumas vezes -  Ele olhou para os biscoitos, tentando desviar sua atenção do rosto dela.

- Pode pegar mais – Incentivou Lucia

O celular de Kentin começou a vibrar em seu bolso fazendo um barulho, ele colocou a mão e ao retira-lo pode ver pai escrito na tela “Droga” ele se levantou apenas fazendo um gesto com se pedisse um tempo. Saiu da cozinha e foi ate a sala atendendo.

- Onde você ta? – falou o pai dele pela voz não parecia nada calmo, era difícil saber quando estava realmente bravo, a voz de seu pai era realmente forte.

- Bom dia pra você também pai – Por um momento Kentin agradeceu que seu pai tinha interrompido o café. Lucia pareceu querer deixa-lo constrangido na frente de Mei.

- Sua mãe e eu tentamos te ligar a noite toda – Kentin conseguia ouvir a mãe dele ao fundo fazendo perguntas.

- Acabei ficando na casa de um amigo, fui surpreendido por uma tempestade –

- E porque não nos ligou ou atendeu o celular ?-

- Ah isso – Ele olhou em volta tentando rapidamente achar uma desculpa – Meu celular tinha acabado a bateria, então meu amigo emprestou o carregador dele hoje de manha –

- Kentin venha já pra casa – O celular fez um barulho.

- Filho venha pra casa – A mãe dele tinha pegado o celular.

- Já estou indo mãe não se preocupe –

- Eu te amo filho –

- Também te amo – terminando de se despedir ele desligou o celular, e voltou novamente para a cozinha, Lucia e Mei pareceram conversar animadamente. – Desculpem tenho que ir e obrigado pelo café –

- Eu te acompanho – falou Mei se levantando e indo ate ele.

Lucia fez um sinal de despedida e antes que eles saíssem falou – Venha nos visitar mais vezes – sorriu com um ar travesso.

- Claro – por um lado pareceu aproveitar, mas por outro estava aliviado, Lucia pareceu gostar de constrangê-lo. Realmente ela estava se divertindo.

Mei acompanhou Kentin ate a porta achando aquilo tudo engraçado, abriu a porta pra ele.

- Venha nos visitar mais vezes – riu

- Eu virei – Ele sorriu ao se despedir

O coração de Mei pareceu se derreter dentro do peito ao ver aquele sorriso. Então balançou a cabeça tentando afastar aquele sentimento “Não, não ” ela fechou a porta e voltou para a cozinha.