Certas coisas mudam. Eu amava Rukia. Não posso falar que aquilo foi amor à primeira vista, seria mentira. Mas ela me salvou, um desconhecido, e deixou que eu salvasse minha família. Nunca encontraria palavras o suficiente para agradecê-la, simplesmente porque não havia nada que eu pudesse falar que expressasse a gratidão que eu sentia.
Tornamo-nos amigos, companheiros de batalha. E ela foi tirada de mim como se nunca tivesse estado lá. Rukia me olhou com pesar antes de voltar à Soul Society com Renji e ali eu soube que não poderia seguir uma vida sem ela. Ela morreria por mim e eu morreria por dentro. Porque minha força era dela.
Eu fiquei mais forte por Rukia, para poder salvá-la. Não o fiz porque faria por qualquer um. Eu não podia morrer de jeito algum. Eu precisava viver. Eu precisava salvar Rukia. Eu era só um adolescente que não sabia o que era o amor, mas quando ao finalmente salvá-la olhei em seus olhos, era como se o mundo se clareasse em minha frente.
Mas ela decidiu ficar na Soul Society. E eu fiquei feliz por ela, porque finalmente poderia tomar uma decisão por si mesma. Mas por mim mesmo eu me magoei, porque não conseguia imaginar uma vida sem uma nanica dormindo no meu armário.
E ela voltou. Eu me sentia fraco e vacilante, meu poder não me acompanhava e eu não acompanhava meu poder. Eu tinha medo de ser dominado novamente por meu hollow interior. Mas Rukia me reergueu.
“Se é da derrota que tem medo, treine com mais afinco! Se teme ser incapaz de proteger seus amigos, trabalhe mais suas próprias virtudes para renovar seus laços com eles! Se o que teme é seu hollow interior, basta se fortalecer mais ao ponto de superá-lo! Mesmo que ninguém no mundo acredite mais em você, estufe o peito e grite! Aquele Ichigo que conheci e me recordo faria exatamente isso!”
Talvez a morte não seja realmente o fim e nosso encontro não tenha sido realmente o primeiro. Talvez estivéssemos conectados há muito tempo. Eu não sei, mas acho que nossa conexão jamais seria quebrada. Então mesmo se esquecêssemos de tudo, ainda estaríamos conectados em algum lugar.
Derrubamos leis na Soul Society e vencemos duas guerras lado-a-lado. Não importava o tamanho do perigo, a Rukia estaria lá por mim. E eu estaria lá por ela. Nossos caminhos se encontraram tantas vezes que me acostumei, acreditei que a teria por perto sempre e me acomodei naquele sentimento de que tudo estava bem.
Mas, por alguma brincadeira do destino, nossos caminhos tomaram rumos diferentes. Renji, antes do fim da batalha contra Yhwach, confessou o porquê de estar sempre ao meu lado. Aparentemente voltar a falar com Rukia era graças à mim e ele seria eternamente grato por isso. Eu entendi a mensagem dele. Então eu tranquei meu coração para qualquer possibilidade que existisse. Eu não poderia trair os sentimentos do meu melhor amigo por causa dos meus próprios.
Eu a tranquei no mais fundo da minha alma e aceitei que talvez não fosse para ser. Após alguns meses eu soube que eles estavam juntos e tentei sorrir por eles. Rukia parecia feliz, era isso que importava. E eu segui minha vida.
Nós casamos, construímos nossas famílias. Mas no fundo da minha mente eu ainda gritava, porque não era uma família para mim se Rukia não estivesse junto. Não era meu lar se ela não estivesse por perto. Não era minha vida se eu não tivesse mais sua força.
Não há mais o que se fazer. Acabou porque eu deixei acabar, porque eu não fui forte de ir novamente atrás do que eu queria. Eu pensei que conseguiria conviver com isso, mas parece que cada dia que passa mais insatisfeito com minhas próprias escolhas eu fico.
Certas coisas nunca mudaram.
Eu amo Rukia.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.