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História The Red Prince (HIATUS) - 07


Escrita por: SekhmetZetsubou

Notas do Autor


Prontinho! Aqui está a continuação do capítulo de antes, dessa CORRIGIDA E SEM ATRASO. Ai, que orgulho <3 Eu estou me sentindo até bem agora, por mais que eu saiba que isso deveria ser algo normal.
(Levanta a mão que já morreu três vezes por causa dessas pormoções do Love Yourself. Principalmente o Theory Teaser. ESSAS TEORIAS AAAAAAAAAAAAAH NÃO SEI O QUE PENSAR)

Capítulo 7 - 07


- Eu já não falei para tirar a mão de mim, porra? – vociferou Jimin, seu tom ameaçadoramente agressivo. Apertei o passo, surpreso pelo significado e a forma alterada que aquelas palavras soaram. Chegando na entrada, encontrei, logo de cara, Jimin e Taehyung discutindo no portão.

Em parte, era uma boa chance para tirar a prova o que diabos estava rolando entre aqueles dois. Mas eu ainda sentia que aquilo iria dar uma grande merda, então não consegui “aproveitar” o momento. Nunca fui do tipo que consegue assistir o circo pegar fogo na calmaria; inclusive, o primeiro pensamento que tive foi apartar os dois e perguntar depois. A expressão enfurecida do Park, acima de tudo, me deixava preocupado.

- Espera, Jimin, eu só quero conversar com você. – suplicou Taehyung, lastimoso.

O tom do Kim me fez parar de andar. Ele parecia tão chateado, um pouco desesperado até. Parecia que queria dizer algo realmente importante, seja lá o que fosse. Por essa razão, decidi parar e ver até onde aquilo iria dar. Afinal, eu nem sabia o lado de Taehyung naquela história. Eu não sabia o lado de ninguém, na verdade.

Pensei que talvez eu devesse me esconder, mas logo descartei a ideia ao constatar que os dois estavam literalmente no portão da escola, é claro que alguém veria. Eu não era o errado ali. Aparentemente, a fúria de Jimin não analisava tempo, nem lugar.

- Você pode conversar longe de mim! – alegou o Park, fazendo um gesto com a mão para que ele continuasse ali. Taehyung obedeceu, imediatamente. – Caralho, quando você vai entender? Eu não te quero!

Opa, que história é essa?

- Eu sei, mas-

- Então, por que você não me deixa em paz, nem que seja por um dia? – questionou, quase rosnando de frustração em seguida. – E você ainda está namorando Hoseok! Tem merda na cabeça, por acaso?

- Eu fiz isso para me aproximar de você! – exclamou Taehyung, elevando a voz. – Achei que se tivesse a oportunidade de conversarmos direito, você poderia me dar ao menos uma chance-

- Nós já “conversamos direito”. “Conversamos direito” até demais! – retrucou Jimin. – E eu sempre recusei! Por que não enfia nessa sua cabecinha estúpida que eu quero mesmo é que você se foda? Pare de ficar insistindo nisso!

Admito que senti pena de Taehyung, ao vê-lo abaixar o rosto, mordendo o lábio inferior. Ele parecia prestes a chorar; sua postura me lembrava a de uma criança levando bronca por fazer algo muito errado.

Por mais egoísta que fosse de minha parte, não pude evitar de pensar se um dia Jimin me trataria daquele jeito.

- Mas, Jimin... – Seu tom era choroso e imaginei que deveria estar se esforçando para prender o choro. - Eu fiz tudo isso porque gosto de você!

Aquela, provavelmente, se tratava da defesa de Taehyung, mas serviu apenas para deixar o Park ainda mais furioso.

- Você está brincando com a minha cara, né? – ironizou Jimin. – Se fosse apenas por isso, você não usaria Hoseok desse jeito. Nem Yoongi.

- Eu já disse que isso não foi-

- Cala a porra da boca, que eu ainda estou falando.

Jimin nem falou tão alto dessa vez, mas seu tom autoritário fez o Kim emudecer no mesmo momento. Eu mesmo prendi minha respiração, inconscientemente.

- Isso que você tem... – Ele deu uma ênfase à palavra tem, como se o outro tivesse algum tipo de doença. - ...É uma obsessão. Você não consegue superar o fato de eu não te desejar e ficou simplesmente obcecado por isso. Porque isso que você faz é doentio. E está longe de ser “gostar”.

Taehyung não respondeu. O único sinal de que havia o escutado foi seu nariz fungando, bem alto. Alto o suficiente para eu ouvir. Mas aquilo não sensibilizou o Park, muito pelo contrário. Ele revirou os olhos e ajeitou sua mochila, recompondo sua postura.

- Eu vou para casa. – disse, friamente.

Assim que o pé de Jimin atravessou a linha do portão, Taehyung apressou-se em segurar seu pulso, murmurando alguma coisa que não consegui entender. Contudo, a atitude pareceu deixar o garoto de vermelho quase possesso. Senti minha respiração entrecortar ao vê-lo jogar Taehyung contra o muro e segurá-lo pela gola da camisa.

- Escuta aqui, seu merda. – começou, já ofensivo. – Eu só não te enfio a porrada porque Hoseok ficaria extremamente chateado comigo, se eu machucasse o seu bebê. Essa é a única coisa que está me impedindo de arrastar sua cara no asfalto agora, entende? É só por isso que te suporto.

Taehyung tentou falar alguma coisa, mas parece que não conseguiu. Talvez tenha pensado um pouco melhor, talvez os olhos raivosos de Jimin o apavorassem de tal forma que o impedia de deixar as palavras saírem. Eu provavelmente tinha os mesmos olhos esbugalhados e falta de fala que ele tinha.

- Mas essa minha paciência não vai durar para sempre. – alertou Jimin, baixo. Pude ouvir apenas porque decidi me aproximar; eu ainda precisava ir para casa, afinal de contas. – Então, não tente me seguir. Estou te avisando.

Ele largou o Kim e voltou a andar, ajeitando mais uma vez sua mochila. Corri até ele, cruzando com o pobre Taehyung no caminho. Fiquei meio sem ação ao vê-lo depois de toda aquela cena, principalmente depois que ele fez cara feia para mim e perguntou se havia me divertido. Eu não respondi, esse cara era muito estranho. Decidi ignorá-lo e voltar a seguir Jimin.

Jimin poderia se irritar comigo por segui-lo, já que ainda estava de cabeça quente? Sim. O caminho que ele seguia era o contrário do da minha casa? Sim. Eu deveria deixar para falar com ele no dia seguinte? Provavelmente. Porém, mesmo sabendo dessas coisas, ainda fui atrás dele. Ele não correra nem nada, mas ainda tive que fazer uma corridinha, pois ele andava rápido, com passos pesados. Como não queria assustá-lo, decidi chama-lo antes de finalmente lhe alcançar.

- Hyung!

Dito e feito. Senti uma batida de meu coração falhar ao vê-lo parar no mesmo instante; seu cabelo dançando um pouco devido à inércia. Admito que estava com medo da reação dele, de como ele estava se sentindo naquele momento para poder falar.

- Jungkook? – indagou Jimin, após se virar. Ele parecia um pouco confuso por me ver ali, mas ainda deu um pequeno sorriso ao focar seus olhos em mim. Não poupei fôlego para o suspiro de alívio que dei ao ver sua mudança de humor. – O que está fazendo aqui? Sua casa não é um pouco longe?

- Eu estava na escola e...Hã...Meio que vi você e Taehyung... – murmurei, andando até parar à sua frente. – Então, eu...

E deixei por aquilo, mesmo. Como sempre, eu tinha aquela habilidade especial; aquele jeitinho espetacular com as palavras. Nota a ironia. Felizmente, Jimin pareceu entender o que eu queria dizer. Ele fez uma careta rápida e olhou para baixo por um segundo.

- Você viu aquilo? – disse, soando, surpreendentemente, envergonhado. Ele mordeu os lábios parecendo, nervoso. Eu apenas assenti, o observando atentamente. Não via aquele tipo de expressão em Jimin muitas vezes. – Eu... Eu juro que normalmente não sou assim. É que Taehyung me tira do sério e eu acabo perdendo a cabeça por um segundo...

- Não, tudo bem. – assegurei, segurando-o nos ombros para passar confiança. Porém, logo afastei minhas mãos. Tocá-lo me deixava muito nervoso. – Tenho certeza que você tem seus motivos.

Jimin sorriu sem mostrar os dentes, mas pareceu ser um sorriso sincero.

- É, eu tenho. – concordou.

Eu assenti, brincando com meu cabelo.

- ...Você quer saber, não é mesmo?

Assenti, mais uma vez, ouvindo uma risada sua como resposta.

- Eu vou em uma loja de conveniência, agora. – avisou, apontando para a tal direção com a cabeça, já que suas mãos seguravam as alças de sua mochila. Achei aquilo adorável, ele parecia uma criança. – Quer ir comigo? Posso explicar enquanto isso.

- Sim, claro. – concordei, excessivamente. Jimin poderia me convidar para passear no inferno, mas, se usasse aquele sorrisinho, eu aceitaria. – O que vai comprar?

- Algumas besteiras. Nada demais.

Ele pôs-se a andar novamente e eu o segui, todo atrapalhado. O caminho até a loja foi tão curto que me surpreendi ao ver a tal loja. Havia passado o caminho todo em silêncio, perdido em meus próprios devaneios. Eu gostava de lojas de conveniência, porém, havia um único fator que me frustrava toda vez que pisava em uma: a temperatura. Elas eram sempre mais frias que o mundo afora, o que resultava em um pequeno choque térmico, não só quando eu entrava, como também quando eu saía. Isso seria normal para qualquer um, claro, mas minha pele é extremamente sensível à arrepios. O terror do ar-condicionado me fazia tremer todinho e eu detestava isso.

- Não vai entrar? – questionou Jimin, com uma sobrancelha arqueada. Ele me olhava já do lado de dentro do estabelecimento, mantendo a porta aberta para mim. Tirei o peso da mochila de meus ombros e a pus em frente a meus pés, abrindo-a.

- Só deixa eu colocar um casaco. – murmurei, já pegando o citado. Jimin pareceu estranhar, mas não contestou no momento, apenas manteve a porta aberta para mim por mais alguns segundos. Coloquei o casaco na velocidade da luz e finalmente entrei, puxando até capuz, para proteger minha pobre nuca.

- Para que isso tudo? – indagou, puxando meu capuz de leve. Segurei de imediato, com medo que Jimin o arrancasse. Ele acabou rindo de meu desespero. – Nosso uniforme já tem manga comprida, está com tanto frio assim?

- Nesse lugar? – Olhei ao redor, com os olhos estreitos e acusatórios. - Com toda certeza.

Jimin revirou os olhos e andou até o balcão, debruçando-se sobre o mesmo, de forma que ficava de costas para mim. No exato momento, desviei o olhar para alguns lámens que tinha por ali, esforçando para não olhar para sua bunda. Aquilo seria muito estranho. Tentei disfarçar e agir naturalmente, pegando uma embalagem e lendo o rótulo. Agora, para quem, eu não sei. Talvez eu não quisesse que fadas-invisíveis me julgassem por falta de ética e má educação.

- Beleza, já comprei.

Ouvi a voz de Jimin, quando eu estava começando a me interessar pelo valor nutricional do produto. Botei-o de volta na prateleira e olhei para o mais velho, me assustando ao ver uma garrafa de cerveja em sua mão.

- O que? – Foi minha primeira reação. – O que está fazendo com isso? Você comprou?

- Sim, ué. – disse, simples. – Eu disse que ia comprar uma besteira.

- Hyung, besteiras são biscoitos e salgadinhos. – contradisse. – Isso é só álcool!

Ele bufou, parecendo frustrado. Deu alguns passos para uma prateleira atrás de mim e pareceu pegar algo, pois ouvi o som de embalagens plásticas. Me virei para ele, querendo ver o que pegou, e fui surpreendido com o mesmo me jogando um salgadinho.

- Pronto, temos uma besteira, agora. – Suspirei, vendo-o ir em direção do balcão para pagar, mas parando antes de pegar a carteira. – Ah, você quer alguma coisa? Quer que eu compre uma para você?

Fiz uma careta ao vê-lo levantar a garrafa de vidro, em direção das outra ainda não vendidas.

- Eu não quero cerveja.

- Quer outra coisa, então?

Olhei para o balcão, para sua fileira de doces, e pensei um pouco, brincando com o pacote de salgadinhos em minhas mãos.

- Quero um pirulito. – ditei, por fim.

- Um pirulito? – riu.

- Um pirulito.

- Qual? – perguntou, já pegando um deles. Senti um arrepio percorrer meu corpo, dessa vez nada relacionado à temperatura. Eu ainda tinha pesadelos com o sabor grotesco do pirulito de maçã verde, que o mais velho segurava naquele exato momento. Pior gosto do mundo!

- Esse não! – exigi, desesperado. – Pega o de uva!

- O roxinho?

Nem me dei o trabalho de responder; pelo simples fato dele estar obviamente zoando com a minha cara. Disso eu tinha certeza.

- Só pega um logo!

E ele fez como pedi, pagando o atendente logo em seguida. Os dois trocaram algumas poucas palavras que não consegui ouvir, antes de Jimin se despedir e me entregar o pirulito. Grunhi ao ver a embalagem vermelha. Por Deus...

- Vem cá, você é daltônico ou só implicante, mesmo? – Não pude deixar de perguntar.

- Não tinha o de uva.

Olhei para o balcão, constatando que ainda havia cinco pirulitos de uva à venda. Bufei, indignado, mas aquilo acabou apenas o fazendo rir. Decidi, então, deixar para lá. Eu também gostava de cereja, não fazia diferença. Andei até a saída, já abrindo o zíper do casaco. Da mesma forma que eu não gostava de frio, eu também não gostava de calor; era uma droga. Tirei-o ainda dentro da loja, sentindo já aquele arrepio intenso que eu odiava. Era por isso que eu não entrava nessas lojas. Jimin, por alguma razão, decidiu me guiar para o lado de fora, pondo sua mão em minhas costas e encostando de leve o seu braço no meu. O ato me transmitiu um calor estranho e eu já não tinha mais certeza se meus pelos continuavam eriçados por causa da temperatura ou por causa do toque repentino do garoto de vermelho.

Jimin sentou na calçada em frente ao estabelecimento, abrindo sua garrafa. Ele deu um tapinha ao seu lado, esperando eu sentar. Lancei-o o mesmo olhar incomodado que o dei quando pediu que eu sentasse no chão do banheiro, mas cedi da mesma forma. Sentei ao seu lado e cruzei o tornozelos, observando suas pernas estendidas e abertas no chão.

- Por que sentamos aqui?

- Achei melhor não nos distanciamos ainda mais de sua casa. – afirmou, dando o primeiro gole de sua bebida. Admito que observei atentamente o seu pomo-de-adão subindo e descendo. – E também não quero me distanciar da minha, então achei melhor pararmos aqui, para eu explicar.

Engoli em seco, lembrando da razão para eu estar com ele, naquele momento.

- Vamos, pode me perguntar qualquer coisa que quiser saber. – assegurou. Fui direto para o eu queria saber:

- Por que você odeia Taehyung?

Sua resposta foi imediata:

- Porque ele é um merda. – riu em escárnio, falando como se fosse óbvio. – Mas acho que você quer saber como cheguei nessa conclusão, não é mesmo?

- Sim. – concordei. – O professor de literatura disse que vocês brigaram...

- Por Deus, ainda estão falando disso? – Fez uma pausa e bebeu mais uma vez. – Por que ele falou isso para você?

- Ele queria saber se... – Parei repentinamente, pensando em como diria aquilo. – Ele queria saber como era a minha relação com você. Mais ou menos isso.

- Entendi... – murmurou, brincando com o líquido dentro do recipiente de vidro, balançando a garrafa. – Quer um pouco?

- Eu não bebo.

- Você não bebe ou nunca bebeu? – insistiu, sorrindo.

- Eu não bebo porque nunca bebi. – retruquei, por fim.

“Bebida” era um assunto pela qual eu não me sentia muito à vontade em falar. Cresci aprendendo que beber era quase um pecado e apenas o pensamento de fazê-lo era tremendamente errado. Não que meus pais fossem rigorosos, só eram muito protetores. Eu nem conseguia me imaginar fazendo tal coisa, o que me deixava ainda mais desconfortável em relação ao álcool. Mas não me surpreendia que Jimin pensasse diferente.

- É, acho que faz sentido. – Botou a garrafa entre nós dois, na calçada. Me perguntei se não beberia o resto. – Enfim, eu fugi do foco. Vamos falar de Taehyung.

Eu queria tanto saber sobre aquilo que cheguei a mudar de posição, me aproximando mais dele; não querendo perder uma única palavra. Quando fiz isso, apertei o pirulito que ainda segurava em minha destra, fazendo com que me lembrasse dele. Abri-o e enfiei em minha boca sem mais delongas. Afinal, eu sempre gostei comer quando estou ansioso.

- Tudo começou ano passado. – iniciou a explicação, olhando de relance para meu pirulito. – Eu tinha apenas dois amigos em toda escola, Yoongi e Hoseok. Grave bem esses nomes. – Assenti, percebendo que havia escutado aquele segundo nome em sua discussão com Taehyung. – Nós tínhamos nossos costumes para a semana: separávamos nossa mesa especial no refeitório, ir em nossa cafeteria favorita e subir no rinque da academia, nas quartas. Coisas que fazemos até hoje, claro. Menos a parte da escola. – adicionou, sorrindo. Eu sabia que já tinha o visto almoçando com dois rapazes no ano anterior; só não conseguia lembrar de seus rostos. – Então, Yoongi começou a ir na tal cafeteria com uma frequência absurda e sumir durante os intervalos, de uma hora para outra. Eu e Hobi estranhamos-

- Hobi? – estranhei. Repentinamente, havia um novo nome na história.

- É um apelido de Hoseok. – explicou, rapidamente. – Continuando. Eu e Hobi estranhamos essa mudança repentina dele e o confrontamos à caminho da cafeteria, quando finalmente conseguimos ir junto com ele. Yoongi resistiu com todas as suas forças, mas acabou admitindo que estava um pouco afim do atendente da cafeteria.

- O que isso tudo tem a ver com Taehyung, hyung? – indaguei. Não queria interrompê-lo, mas ele parecia estar viajando um pouco demais.

- Tem tudo a ver com Taehyung. – insistiu. – Porque Taehyung era o atendente.

Minha surpresa fora tanta que acho que meu queixo havia caído, até tirei o pirulito de minha boca. Ora, esse amigo dele gostava de Taehyung? Mas Taehyung não gostava de Jimin?

- Que confusão! – Dei palavras para meus pensamentos.

- Espera, que vai ficar ainda pior. – assegurou. – Mas Yoongi admitiu apenas para mim, quando Hobi foi ao banheiro.

- Por que?

- Ah, Hobi faz escândalo com tudo. Provavelmente, até você ficaria sabendo da queda de Yoongi em Taehyung, e olha que você nem os conhecia nessa época. – Ri com o pensamento, tentando imaginar como era esse “Hobi”. – Voltando à história, Yoongi disse que suas sumidas nos intervalos se tratavam dele conversando com Taehyung. Aparentemente, eles estavam ficando um pouco amigos.

Julgando pelo tom amargurado como Jimin falou a última frase, imaginei que aquilo não havia dado muito certo.

- Então, eu me acostumei a passar os intervalos apenas com Hoseok, que também aceitou a ausência de nosso Hyung. Até que um dia Yoongi veio até mim e disse que Taehyung queria conversar comigo. Em particular. – Aish, eu já conseguia prever mais ou menos a merda que aquilo ia dar. – Eu estranhei, mas aceitei. Ele disse que Taehyung estava me esperando na nossa sala, mesmo. Fui até a sala e o Kim estava lá, sorrindo de orelha a orelha. Todo serelepe.

- Ele se declarou? – perguntei, apreensivo. Jimin assentiu. – O que você disse?

- Cara, se eu for resumir tudo, foi assim: ele disse já gostava de mim há um tempo e perguntou se eu gostaria sair com ele. Nem sei se ele estava falando de namorar ou apenas um encontro, só sei que disse “não”.

- Você não perguntou, nem nada?

- Não. Eu disse que não e acabou. Meu melhor amigo gostava dele e eu nem o conhecia direito, nem precisava pensar para recusá-lo. – retrucou. – Taehyung não aceitou muito bem. Pensei que já tinha acabado quando ele fugiu da sala, chateado e tudo mais. Mas, no dia seguinte, tive a belíssima surpresa de vê-lo junto a Yoongi e Hoseok, conversando animadamente. Participei da conversa de boas, até admirei a forma como tinha superado o fora, fingindo que nem aconteceu.

- Por que sinto que não era bem assim?

- Porque não foi. Assim que ficamos sozinhos, ele já veio para cima de mim, pedindo que eu o desse uma chance, que tentasse ao menos sair com ele por um tempinho. Acredita que ele até sugeriu que o beijasse para ver se gostava? – riu. Por mais que Jimin achasse aquilo engraçado, me senti incomodado quando pensei sobre aquilo.

- E você beijou...? – perguntei, inseguro. Jimin me lançou um olhar enraivecido, mudando imediatamente de humor, como se apenas a pergunta fosse um absurdo. Porém, não disse nada grosseiro, apenas me respondeu.

- Eu nunca encostei um dedo nele, Jungkook. – sibilou, procurando sua garrafa até então esquecida. Deu um longo gole dela, antes de continuar: - Ele continuou me aporrinhando por um tempo, só que levou uma semana para eu explodir e mandar ele ir se foder.

- Isso é bastante tempo. – elogiei. – Eu não aguentaria tanto tempo.

- Não sei nem como eu aguentei. – admitiu. – Bom, Taehyung não se deixou abater por minha raiva e continuou a me aporrinhar, não só na escola, como na cafeteria. Acabei parando de ir lá sozinho e, quando ia acompanhado, tentava não ficar sozinho, de jeito nenhum.

- Deve ter sido um saco. – comentei, minha fala toda enrolada, por conta do doce pressionando minha língua. Jimin, contudo, nem pareceu se importar.

- E foi mesmo. – concordou. – Mas fica pior. Eu tentava não comentar sobre a conduta de Taehyung para Yoongi. Não queria magoá-lo, sabe? Mas foi meio que inevitável, quando os dois dormiram juntos.

Tirei, mais uma vez, o pirulito de minha boca.

- Que?! – exclamei, confuso. – Como assim? Taehyung dormiu com ele?

- Sim. – murmurou, antes de dar mais um gole. – Houve uma festa de Kai, um amigo nosso, e quase toda nossa escola deve ter ido. Com algumas poucas exceções, como eu e você. Eu não sou muito fã de festas. – Me deu um sorriso cúmplice, como se soubesse que era o mesmo para mim. E de fato, era. – Pelo o que Yoongi me contou, Taehyung o agarrou do nada e o beijou. E como ele sempre foi trouxa, simplesmente deixou que o maldito fizesse o que quisesse. Então, as coisas foram ficando mais tensas e eles acabaram em um dos quartos de hóspedes e... Imagino que você sabe o que aconteceu. – grunhiu, apertando a garrafa com tanta força que temi que a quebrasse. – O filho da puta disse que gostava dele, que queria namorá-lo, tê-lo, possui-lo...Um monte de merda! No dia seguinte, Yoongi estava tão feliz que até me senti mal em dizer que aquela provavelmente não foi sua melhor escolha. Mas minha teoria foi comprovada ainda naquele dia, quando Kim afirmou que não se lembrava de ter feito nada daquilo e que estava bêbado naquela noite. Ainda teve a cara de pau de pedir para que esquecesse que aquilo aconteceu!

Mordi meu lábio inferior, sentindo aos poucos o peso da situação.

- Juro que só não quebrei a cara dele naquela hora porque Yoongi não deixou. E Taehyung ainda continuou com sua historinha de como eu deveria dá-lo uma chance, acredita nisso? – indignou-se. – Você nem tem ideia de como... – Ele pareceu procurar pelas palavras certas. – Aquela era... Aquela foi a primeira vez dele com um homem, Jungkook. Entende o que quero dizer? Eu fico puto só de pensar que Taehyung tirou isso dele e agiu como se nada tivesse acontecido!

Colocou a garrafa no chão, mais uma vez, e juntou suas mãos, entrelaçando seu dedos. Respirou fundo e murmurou alguns xingamentos, direcionados a Taehyung. Quando fui perguntar se era esse motivo de seu ódio pelo Kim, Jimin voltou a falar.

- Pior que eu acho que ele nem ao menos estava bêbado. – argumentou, amargurado. – Ele só disse isso para aliviar a barra dele.

- Como sabe disso? – indaguei. Não me entenda mal, não estava defendendo Taehyung, afinal, ele estaria errado de um jeito ou de outro. Mas, ainda havia a possibilidade dele realmente estar bêbado naquela noite e não tivesse consciência do que estava fazendo.

- Yoongi me disse. – revelou. – Ele não cheirava à álcool. Agia normalmente, tinha total controle de seus movimentos. Taehyung parecia bem demais para não se lembrar de tudo no dia seguinte.

Deu um suspiro frustrado, parecendo puto apenas ao pensar sobre aquilo.

- Depois disso, Yoongi se distanciou de Taehyung e eu finalmente o contei sobre todas as investidas que ele fez e fazia comigo. Ele acreditou em mim sem pensar duas vezes. Depois disso, já que nós dois sabíamos da natureza cafajeste daquele babaca, paramos de ir à cafeteria, por um tempo. Mas, Hoseok, não. - afirmou. – Hoseok não sabia de nada de ruim que envolvesse Taehyung, pois nós o deixamos por fora disso tudo. E então, para nossa agradável surpresa, Hoseok anunciou, ainda no ano passado, um tempinho depois daquela transa que Yoongi tentava esquecer, que estava namorando Taehyung. O atendente bonitinho da nossa cafeteria. Palavras dele, claro.

Admito que fiquei surpreendido com tamanho descaramento. Nunca havia falado com Taehyung de verdade, mas nunca pensei que ele pudesse fazer qualquer uma dessas coisas. Creio que nunca mais conseguiria vê-lo da mesma forma, nem conseguiria falar com o mesmo sem pensar nas coisas que fez. De certa forma, sentia que ele não era mais um desconhecido; conheci seu pior lado antes de qualquer coisa. Talvez o mais verdadeiro.

- É por isso que você odeia ele?

- Quem não odiaria, Jungkook? – respondeu, estalando a língua no céu da boca. – Admita que até você o odeia um pouco, agora.

- É...

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas olhando o pouco movimento mínimo da rua à nossa frente. Tudo que ouvíamos que eram vozes, cliques da loja de conveniência e nossas próprias respirações. Até que eu quebrei o ciclo, ao chupar o pirulito com intensidade demais e fazendo um estalo estranho. Normalmente, qualquer um ignoraria isso, principalmente por causa do clima tenso que se estagnou ao final da história de toda bagunça feita por Taehyung. Mas eu estava com Jimin, então é claro que ele iria rir (alto) da minha cara.

- Tudo bem aí, cara? – Pelo menos ele não fez nenhuma piada erótica. – Você sabe o que isso lembrou, não é? Preciso nem dizer.

Acho que pensei cedo demais.

- Cala a boca, hyung. – pedi, envergonhado. Levantei-me dali e limpei uma sujeira inexistente de minha calça. – Acho que vou para casa. Está tarde e minha mãe deve estar arrancando os cabelos de preocupação.

- Pode levar o salgadinho. – disse, gentil. Nem lembrava mais que aquilo estava comigo. – Tem mais alguma coisa que quer me perguntar?

Cocei meu queixo, tentando me lembrar de qualquer coisa envolvendo Jimin, que eu poderia falar. Deveria ter falado do fato de ele ter ignorado meus sentimentos até então, desde que havia descoberto. Ou sobre o momento estranho que havíamos tido no banheiro e ainda não havíamos comentado sobre. Sobre ele ter me empurrado quando quis beijá-lo. Sobre não ter dito nada mesmo quando parecia querer dizer muitas coisas; coisas que eu queria ouvir. Que precisava ouvir.

- É verdade que o zelador tem uma queda por você?

Mas é claro que essa foi a primeira e única coisa que pensei.

- Não.


Notas Finais


Jungkook esqueceu de perguntar algumas coisas? Sim. Mas deixei o pobre garoto, ele resolve isso depois XD
Espero que tenham gostado! (Se tiver algo confuso me avisem!)


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