História The Royals - Capítulo 03

Alexandra Claire:

Memórias.

— Minha senhora! Os portões leste foram tomados pelas chamas, Morgana e Natasha estão na linha de frente de ataque ao sul e Vossa Majestade, o rei, comandando as tropas de defesa ao norte. — Relatou Yeven em notável desespero. — Estávamos sobe um intenso e inesperado ataque. Precisamos de suas orientações, senhora.

Respirei fundo e mantive a tranquilidade, precisava criar uma estratégia de contra-ataque.

— Tire os civis que estiverem na ala leste, próximo aos portões, leve os soldados da minha guarda pessoal para controlar o incêndio. — Ordenei. —Levarei uma ofensiva para o sul, quero Alexei e Isabella na linha de frente comigo, quero arqueiros e atiradores de elite posicionados em cada torre desse bendito castelo.

— Minha senhora... Creio que não é prudente envolver o príncipe Alexei e a princesa Isabella nesta batalha.  — Comentou e eu o encarei surpresa, Yeven jamais havia sido contra a presença de meus filhos em batalhas, o que me dizia que algo estava errado. — Eles vieram acompanhados de híbridos, lycans, filhos da lua, a situação está perigosa. A presença do rei e da rainha nesta batalha, já é preocupante, agora toda a família real, é aterrorizante para todos. — Justificou-se.

— Não há com que se preocupar, Yeven. É apenas mais uma batalha e conheço bem meus filhos, eles já devem está com suas armas em punhos e prontos para batalhar, nada que eu lhes diga fará com que mudem de ideia. — Disse para tranquilizá-lo e observei suas reações. Ele estava visivelmente nervoso e agitado, seu olhar não se focava em mim, com certeza algo estava errado, ele parecia esconder algo.

— Se minha senhora acha que não haverá problema, tranquilizarei o conselho.

Os velhos anciões com certeza não ficariam mais calmos com as palavras de Yeven, mas eles eram uma das minhas últimas preocupações.

— Faça isso, não quero ser interrompida em batalha por assuntos triviais dos anciões. Ficaremos perfeitamente bem. — Disse por fim e peguei minha preciosa Rebellion, uma bela espada de dois gumes feita de prata pura e banhada a luz da lua, perfeita para acabar com homens e feras.

Caminhei pelos corredores do castelo com pressa até chegar ao pátio central. Isabella e Alexei estavam organizando os soldados e lhes gritando ordens.

— Mãe! — Alexei fora o primeiro a notar minha presença e caminhou até mim.

— Os soldados estão prontos, papai conseguiu conter o avanço das tropas inimigas ao norte. — Comentou. — Podemos partir para sul sem surpresas.

Meu filho falava com segurança e postura de um homem formado, não se parecia em nada no menino frágil e facilmente ludibriável pelas belezas desconhecidas de nosso mundo.

Dei um leve sorriso e assenti.

— Isabella. — Chamei.

Isabella ao contrário do irmão sempre fora forte e determinada, dificilmente era enganada e tinha um temperamento intenso e quase que incontrolável. Era péssima com regras e pessoas controladoras. Odiava ambas.

Era uma cópia minha... Aperfeiçoada.

— Tomem cuidado. ­­­­— Disse.  — Já lutamos diversas batalhas, sabem disso, mas quero que os dois tomem cuidado e que lutem como se fosse nossa primeira luta. Ficam sempre atentos e não abaixem a guarda em momento algum.

Os dois assentiram e beijei o topo da cabeça de ambos. Estava na hora de ir.

Nós dirigimos até a ala sul do castelo, que estava um verdadeiro caos. Corpos mutilados jogados ao chão sendo pisoteados pelos combatentes que restavam de pé, o tilintar de espadas se misturavam ao som de rugidos e balas.

Vasculhei o local em busca de Morgana ou Natasha, mas não havia qualquer sinal das duas, então ordenei que a tropa avançasse.

Os lyncanos foram os primeiros a fazer frente contra nós, mas foram rapidamente removidos do caminho pelos meus filhos. Eles eram muitos, uma ofensiva unida não surtiria muito efeito.

— ISABELLA! — Gritei para obter sua atenção. — Dividir para conquistar. —Disse e ela sorriu entendo meu plano, logo, a tropa se dissipou, cercando os inimigos.

Concentrei-me nos adversários que vinham em minha direção, puxei Rebellion da bainha e deferi golpes rápidos e precisos contra um híbrido, eu podia ouvir o doce som da carne sendo dilacerada e do sangue fresco jorrando da ferida recém aberta.

Estaria mentindo se dissesse que não me sentia satisfeita ao fazer aquilo, estava ali para proteger minha família e qualquer um que entrasse no meu caminho para tentar destruí-la, eu acabaria, mataria, dilaceraria.

   E assim eu fiz com cada oponente que teve a audácia de entrar em meu caminho.

Alguns deles eram até jovens de mais para estarem ali, eram recém-criados e por seus posicionamentos em combate eu pude perceber tal fato.

Um dos recém-criados veio em minha direção, parecia inseguro e com medo, porém avançou ainda mais em minha direção tentando me atingir. Girei Rebellion e esperei que ele chegasse perto o suficiente para atingi-lo no peito com minha espada. Ele gemeu e cambaleou para trás, era imaturo de mais para estar em campo. Deveria ter no máximo alguns meses de criação, sua aparência humana denunciava que deveria ter ao menos 16 anos. Sua pele branquinha e os cabelos longos lembravam-me de Alexei quando mais jovem

Ele avançou mais uma vez e eu chutei seu estômago, dando-me tempo suficiente para atingir sua nuca com o cabo da espada. Seu corpo caiu ao chão. Eu poderia ter acabado com ele ali mesmo, porém, quando seus olhos encararam os meus, meu corpo congelou e não pude fazer nada.

—Por favor... Eu não quero morrer. Não deveria estar aqui. — Disse e eu pude ver o desespero em seus olhos. Algo me dizia que ele estava sendo sincero.

— Por que deveria poupá-lo?

—Eu não sou como eles. Fui forçado a lutar

Não entedia o porquê de querer libertá-lo.

—Vá! E não cruze nossos caminhos novamente. — Disse e ele levantou-se e partiu.

Virei-me para olhar na direção do meu filho e naquele momento tudo entrou em câmera lenta. A reluzente espada de Alexei atravessara o campo de batalha atingindo Isabella em cheio, ao invés, de atingir o adversário dela. A neve branca ao seu redor transformou-se em vermelho vivo, minha filha estava ajoelhada, segurando a espada que estava atravessada em seu abdômen. O homem alto e de pele negra que lutava contra ela posicionasse para atacá-la.

Travei o maxilar e voei na direção dele. Agarrei seus braços antes de chegarem perto de Isabella e os arranquei com violência. O sangue quente espirou em meu rosto e ao nosso redor.

    Antes que ele pudesse se recompor, arranquei seu coração.              

Do outro lado, Alexei estava em choque, tentando entender o que acabara de fazer, ele jamais havia errado.

Voltei minha atenção para Bella e a segurei pelos ombros. Levei minhas mãos até a espada cravada em seu abdômen e a ajudei puxar.

— Mãe...

— Você vai ficar bem, meu amor. — Disse. — Vou levá-la para casa.

— Não... Eu tenho que continuar. Não irei abandona-los.

Aquela era a minha filha, nunca desistia.

— Amor, não se preocupe. Tudo ficará bem, temos que cuidar desse ferimento.

Peguei-a no colo e olhei ao redor, a batalha ainda fervilhada. Sair dali com Bella em meus braços seria difícil. Mas nada me impediria de tira-la dali. 

A movimentação na banheira tirou-me de minhas lembranças obscuras. Dylan havia se posicionado atrás de mim, massageando meus ombros.

— Está tensa e distante. — Comentou com seus lábios quentes sob minha pele. Travei uma luta interna para decidir se lhe contava ou não sobre o episódio de hoje mais cedo com Rebekah Mikaelson.

— Encontrei com certo alguém hoje. — Comecei. — Alguém que eu não esperava ver.

Suas mãos migraram dos meus ombros para a minha cintura, acariciando a região. Fiquei em silêncio, apenas aproveitando aquela sensação de paz. Era difícil quebrar aquela paz que tanto lutamos para restabelecer.

— Querida... — Chamou-me.

— Rebekah Mikaelson. —Disse de uma vez. Seu corpo enrijeceu e suas mãos apertaram minha cintura.

— Rebekah Mikaelson?

— Em carne e osso. — Disse. — Ela veio até mim hoje mais cedo.

— Por que? Por que agora?

— Ela... Ela veio falar sobre Isabella.

— Isabella? Isabella está morta e por causa dela. Ela não tem direito de vir até nós e dizer o que quiser sobre Bella.

— Eu sei, mas... Ela disse que Bella não está morta. Na verdade está bem viva e morando nos Estados Unidos.

— O que? Amor, isso é loucura. Não pode acreditar nessa garota. Isabella se foi, é difícil admitir, mas essa é a verdade.

— Querido, nós não há vimos partir, nós não a enterramos e por mais que eu odeie admitir, Rebekah tem provas sólidas, contudo, vou ficar de olho nela. Mandarei Natasha e Morgana ficarem de olho nela, serão meus olhos.

— Eu sei que parece loucura, mas devemos tentar. Pode ser a nossa chance de ter nossa filha de volta.

— Claire, se nada disso for real, nós sofreremos ainda mais. Não podemos aguentar isso.

— Dylan, vivemos com a dor da dúvida a anos, eu quero acabar com isso de uma vez. E se Rebekah estiver mentindo sobre isso, eu mesma cuidarei dela.

—Tudo bem, irei confiar em você, porém não iremos contar a Alexei, pelo menos não até ter certeza disso tudo.—Falou e assenti. — ­Não faremos nosso filho sofrer.

— Não mesmo. — Concordei.

— Pode ser nossa chance, querido. — Disse e apoie minha cabeça em seu peito  seus braços e envolveram, me apertando mais contra ele.

— Espero que esteja certa. — Disse e beijou meus cabelos.

Ficamos ali, abraçados. Sem ver o tempo passar, ambos mergulhados em seus próprios pensamentos.

 Nós teríamos nossa filha de volta, a qualquer custo.