As the smoke clears
I awaken and untangle you from me
Would it make you feel better
To watch me while I bleed
All my windows, still are broken
But I'm standing on my feet
[…]
Minha família, era complicada e diferente... E estranha eu diria. Não que eu não seja, mas penso que depois que minha mãe Kate me expulsou de casa quando eu tinha apenas oito anos, meu mundo desmoronou. Desde então vim morar com meu pai, James, minha madrasta Claire e minha meia irmã Jéssica.
Eu me lembro que quando eu era pequena James não esteve tão presente em minha infância, nunca soube o verdadeiro motivo para isso, mas sempre tive receio de conhecê-lo. Kate falava que ele era frio e um excelente caçador, mas eu não me atentava apenas para essas razões, sempre perguntava para minha mãe, mas ela nunca me falava mais que isso sempre me dizendo que eu nunca iria conhecê-lo.
No momento, eu estava em meu quarto sentada na cama enquanto tocava alguns acordes em meu violão. Nunca me lembrei quem havia me ensinado tal proeza, mas serei eternamente grata a essa pessoa. Eu penso as vezes que tenho algum problema de memória, pois eu havia me esquecido da maioria das coisas que aconteceram comigo enquanto eu morava com minha mãe na Califórnia.
Do lado de minha cama tinha um quadro meu com minha mãe, minha prima Allison, minha tia Victoria e meu tio Christopher. E ali havia uma dedicatória. “Para nossa pequena Natasha Argent, nunca se esqueça de sua família. Amamos você”.
Não esqueço eles, acho também que nunca conseguiria, afinal sempre peço por ajuda mentalmente a eles, perdi a conta de quantas vezes eu me segurei para ligar para minha mãe e pedir que ela me resgatasse desse inferno que onde vivo, mas eu não tinha coragem para terminar tal ato que eu sempre começava, pois a voz de meu pai vinha a memória. “Sua mãe lhe abandonou, jogou o fardo para mim, ela não te ama e nem eu.”
Lágrimas sempre rolavam por meu rosto ao recordar-me dessas cruéis palavras, sou interrompida de minhas mágoas, quando a porta é aberta violentamente por Claire que me olhava com desgosto com uma Jessica sorridente ao seu escalpo, eles iriam caçar hoje, um típico programa de família. Tenho muitos motivos e razões para crer que meu lugar não é aqui. Muitas vezes eu pareço mais a uma ovelha negra desgarrada, que jamais se juntara com o restante.
— Garota! Você irá fazer algo que preste e vai caçar conosco, ou vai ficar aqui como uma inútil? — Ela fala enquanto colocava as mãos na cintura e batia seu pé direito no chão. Eu faço que não com a cabeça, pois eu não consigo caçar nada, pois eles são seres humanos como eu, Claire, James, ou qualquer um, não merecem morrer. — Você é uma inútil, sua idiota, a vida estava tão boa antes de você vir para cá! Já sei porque até sua mãe te abandonou e te jogou para cima de teu pai, ele é uma pessoa tão boa que ficou com dó de jogá-la na rua. — Ela grita e eu me levanto para encará-la, eu já estava cansada disso, não aguentava mais ser tratada como um fardo, algo que realmente eu não era. Quem arrumava a casa, era eu; Quem fazia tudo naquele lugar, era eu.
— Cala a tua maldita boca, você não sabe de porra nenhuma, e antes de você ir falar merda para uma pessoa, pensa: já pensou se fosse essa retardada atrás de você que estaria ouvindo? E, se eu não me engano, eu sou a última pessoa que você deveria chamar de fardo, o verdadeiro fardo da casa está do seu lado! Então, cala a tua boca, sua estúpida. — Falo enquanto caminhava em sua direção, assim que termino, sinto uma ardência em minha bochecha fazendo com que minha cabeça vire violentamente. Olho para o meu lado e vejo meu pai com raiva me encarando. James agarra meu braço e me puxa para perto, deixando minha face perto de sua boca.
— Nunca. Fale. Assim. Com. Claire! Sabe. O. Que. Irá. Te. Acontecer? — Ele fala entre pausas e eu percebo suas pupilas dilatadas, com força, James empurra-me em direção a cama, fazendo com que violentamente, caia ali. Meu corpo começou a tremer, olhei para o lado, vendo Clare e Jessica saindo do quarto sorridentes. Eu tinha noção do que ele faria, afinal, essa não era a primeira vez, mas ao contrário das outras. Dessa vez eu fui mais longe e eu sabia disso. Lágrimas brotaram em meus olhos enquanto eu me afastava do homem parado perto da cama, sorrindo para mim de forma maliciosa.
— Garotinha má! — A voz de James se fez presente do quarto, olho para ele novamente que tirava sua camisa rapidamente. Mal conseguia enxergar com o tanto de lágrimas que brotavam de meus olhos. Com apenas um puxão em minha perna, ele me teve por perto. Eu queria impedir, mas não era forte o suficiente.
Em segundos, lá estava eu com minha blusa rasgada, mostrando meu sutiã. O desespero tomava meu corpo. Eu me debatia e gritava para que ele me solta-se de seus braços, mas parecia que James não ouvia-me.
James tira a calça, rapidamente, enquanto com uma mão segurava meu pé, mantendo-me perto a ele. Sua calça vai ao chão junto com a sua boxer, ficando assim, nu na minha frente.
Aquele monstro puxa a minha cabeça me fazendo ficar de cara com seu membro. Minhas lágrimas pareciam ter acabado, mas os soluços ainda se faziam presentes. Então, com um empurrão, James me força a chupá-lo.
Minha tortura continua até que ele goza. Senti nojo dele, principalmente, de mim. Assim que pareceu estar satisfeito, me jogou na cama violentamente. Suas mãos rapidamente começaram a me despir, rasgando minhas roupas enquanto suas pernas, prenderam-me na cama. Eu me debatia tentando me soltar, mas não era forte o suficiente. Eu sou fraca.
Shorts, sutiã, calcinha. Tudo estava rasgado.
Meu pior pesadelo estava prestes a acontecer. Com uma mão, James segurou minhas mãos acima de minha cabeça e com suas pernas, prendeu as minhas. Com sua mão livre, introduziu alguns dedos em mim.
Eu estava horrorizada, gritava pedindo para que ele parasse, que estava me machucando, pois eu ainda era virgem. Mas nada adiantava, quanto mais eu lutava, ele colocava mais um dedo.
Antes que ele pudesse colocar seu membro em mim, é interrompido e, pela primeira vez, eu agradeço Jessica, pois ela apareceu na porta do quarto chamando por James, falando que queria caçar ainda hoje.
Um alívio percorreu por meu corpo, ao sentir James afrouxar o aperto sobre mim. Ele concorda e me larga. Veste sua roupa e sai junto com Jessica, como se nada disso tivesse realmente acontecido, me deixando chorando e encostada na cabeceira da cama.
— Por... Que? — Pergunto para mim mesma entre soluços.
Levanto-me e caminho até o banheiro olhando-me no espelho. Meus cabelos estavam embaraçados, minha maquiagem estava borrada enquanto um pouco de esperma descia pelo canto da minha boca.
Eu agradeço a Deus que sempre Claire, mesmo me odiando, sabia a hora de subir interromper meu pai de fazer algo mais sério que isso. Dessa vez foi Jessica e foi por pouco.
Limpo a minha boca e escovo meus dentes, enquanto eu tomava banho, peguei uma gilete e fiz alguns cortes em meu braço para ficar mais calma, sei que não era o certo, mas a automutilação parecia ser a saída para mim. Depois de alguns minutos, saio do banho e coloco uma calça moletom e uma blusa comprida, logo depois de cuidar dos meus recentes cortes, me sentei na cama e peguei meu violão.
But I'm only human
Mas sou apenas humana
And I bleed when I fall down
E eu sangro quando caio
I'm only human
Sou apenas humana
And I crash and I break down
E eu me arrebento e me desmonto
Canto com dificuldades por causa do soluço e das lágrimas que insistem em cair. Por que minha família não pode ser normal? Minha mãe me abandona enquanto meu pai abusa de mim, desde que eu cheguei aqui... Por que? O que será que eu fiz há eles?
Your words in my head, knives in my heart
Suas palavras em minha cabeça, são facas em meu coração
You build me up and then I fall apart
Você me bota lá em cima e depois eu caio aos pedaços
'Cause I'm only human
Pois sou apenas humana
Após cantar essa parte da música. Me levanto, colocando meu violão no chão ao lado da cama. Vou até a porta e a tranco, por segurança, pois se James, não achar nenhum lobisomem essa noite, quem pagará, será eu. Volto para a cama, tentando ao máximo, dormir para escapar desse pesadelo.
Quando acordo, olho para o meu celular ao lado de minha cama e vejo que eram 6 horas da manhã. Me levanto e vou tomar banho.
Meus cortes ardem, mas eu ignoro a dor e logo termino meu banho. Vou até o armário e pego uma blusa branca comprida e larga, uma calça jeans rasgada e um Converse. Penteio meus cabelos e pego a minha bolsa, saindo do quarto. Desço até a cozinha e pego uma maçã e vou para a escola caminhando, depois alguém levaria Jessica de carro.
Chego à escola e encontro Julie e Matheus, meus melhores amigos. Chego de fininho e pulo nas costas de Matheus, quase o derrubando. Julie começa a rir e eu rio junto. Julie tem cabelos ruivos tingidos, olhos marrons e usa óculos, ela é do estilo gótico. Enquanto Matheus é mais animado que ela, ele eu chamaria de estilo unicórnio, ele é loiro de olhos marrons. Matheus tem uma queda por Julie. Eles ficaram algumas vezes, mas sempre voltam a serem amigos.
— Oi meus lindos. — Falo enquanto os abraços de lado, Matheus pega o meu braço e vê os recentes cortes. Não sei como ele viu.
— O que é isso? — Pergunta e tanto ele quanto Julie me olham com um olhar triste. — O que a merda do seu pai fez com você? Ele não... — Ele fala, mas é cortado por mim. Sim eles sabiam do que meu pai fazia.
— NÃO. Ele apenas me obrigou a... A... A... Fazer... Hm... É... Coisas. — Falei, tentando não ser direto pois tinha pessoas passando por nós e nos olhando com caras estranhas por Matheus ter gritado.
— Natasha... — Julie diz e eu caminho em direção para a porta da escola ignorando os dois. Não gosto de me recordar disso, é quase uma tortura para mim.
[...]
Depois da aula, eu voltei para casa junto com Jessica a pé. Quando chegamos vejo Claire e James sentados no sofá com uma carta na mão.
— Que bom que você chegou Natasha. — Ele fala se levantando com Claire. — Recebemos uma carta de seu Tio Christopher Argent. Ele quer que você vá morar com ele e a filha dele... Como é o nome dela mesmo... Alisson? Tanto faz... — Ele se aproximou parando perto de minha cara e puxou meu braço, bem em cima de meus cortes. — Você vai e não irá contar nada a eles senão... Você sabe bem. E dessa vez Claire e Jess não vão atrapalhar. — Ele vê vira para Claire e depois para Jessica. Depois volta a me olhar. — Vá arrumar suas coisas, irá hoje mesmo. Ou melhor, agora mesmo, Ande logo ou já sabe. — Ele fala me empurrando.
Subo e começo a arrumar minhas coisas, mas antes eu troco o curativo dos meus braços, mando uma mensagem para Matheus e Julie me despedindo, explicando que James finalmente havia se livrado de min e que não teria tempo para vê-los e com certeza, sentiria falta deles. Desço com a mala encontrando todos a minha espera. James coloca minha mala no carro, eu entro no banco passageiro e ele me leva. A viagem foi silenciosa, e rápida. James parecia querer o mais rápido possível me deixar no aeroporto.
Ao chegarmos a nosso destino, meu pai me largou lá e me deu a passagem e foi embora. Eu suspiro e caminho para a sessão de embarque quando chego vejo que o voo já é anunciado. Eu suspiro novamente e caminho até o portão de embarque. Dessa vez minha vida iria ser diferente. E principalmente, eu não seria fraca. Não como eu sou hoje.
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