História The shit of love - São paulo

   Acordei com o barulho insuportável do alarme que ecoava em todo o apartamento. Era um saco ter que acordar cedo numa sexta feira e ir à luta - na verdade não literalmente já que eu estava de férias, mas isso não vem ao caso - me levantei e abri a janela do quarto escuro, e parei um pouco pra observar a vida corrida que aquelas pessoas estavam tendo enquanto eu nunca tive que me preocupar com correria. Afinal, estávamos tratando de São Paulo, a cidade da correria não é mesmo?
             
   - MAG VOCÊ ESTÁ ACORDADA? - berrava minha tia da escada.
             
    - sim ja estou levantando, me dê apenas uns 20 minutos! - eu disse de volta.
            
    Que mau educada não é mesmo? Como pude não me apresentar! Bom eu sou a maggie, tenho 20 anos, e ganho a vida dando aulas de dança. Vim passar um total de quinze dias com a família do meu pai ja que o mesmo nem lembrava de mim. Minha mãe? Nem pergunte, eu não tenho muito contato com ela, sai de casa aos 16 anos e fui ganhar minha vida a partir daí como uma adulta. Minha vó sim me deu todo o apoio que eu precisava, e sempre me ajudou em tudo. OH CÉUS! EU PRECISO IR!
       (....)
      
   desci as escadas ja pronta encontrando meu tio sentado em uma poltrona de couro na varanda lendo um jornal, enquanto minha tia
- pelo barulho da água - lavava algumas louças.
   
    - oh minha filha que demora! - ela disse assim que me viu parada na porta da cozinha. - sente-se e tome um café!
   
      Minha tia era o tipo mãe coruja, ela era toda atenciosa quando o assunto era família. Ela tinha um tom de pele claro e cabelos ruivos no ombro. Fora o azul dos olhos dela que era de invejar a todos, maldita genética que não caiu sobre mim!
 
      - não tia eu vou ter que ir, meu vôo sairá daqui à algumas horas. -respondi à ela com toda calma do mundo. - só vou precisar de uma ajudinha com as malas.
  
     Imediatamente meu velho me fitou da varanda com um olhar tristonho, aqueles típico de cachorro abandonado. Me aproximei dele e o abracei.
    - voltarei mais vezes. Prometo. - sussurei em seu ouvido e me afastei voltando de onde tinha partido. - o senhor zé colmeia poderia por favor me ajudar com as malas?
       Esse era o apelido que eu tinha o dado quando menor, não sei de onde surgiu, só sei que o dei. Me despedi da minha tia com um beijo na testa, e peguei as duas malas que sobraram levando - as pra fora do apartamento, e parando em frente ao elevador esperando o mesmo chegar.
   
   - sentirei sua falta. - Meu tio falava como se fosse chorar a qualquer momento.
 
   - tá tudo bem, eu voltarei para visita-los, não se preocupe.
   
     O elevador chegou na mesma hora, e meu tio me ajudou a entrar com as malas. Assim que consegui sair daquele local horrível - ja que odiava locais apertados- o João, porteiro do prédio me ajudou com as malas. Peguei um táxi e pedi para que me deixasse no aeroporto de Guarulhos, assim fez o mesmo. Peguei meu vôo que era o próximo, e por puta sorte não o perdi. Agora era só relaxar e esperar para embarcar na cidade maravilhosa.
          
   Embarquei no rio eram exatamente três horas da tarde. Liguei para minha amiga liza pedindo que viesse me buscar de carro, aliás se minha melhor amiga tinha um carro, por que mesmo eu iria gastar dinheiro com táxi? Esperei uns 40 minutos e consegui avistar o carro de liza chegando, e parando na minha frente.
        
    - eai gata quer uma carona? - ela disse abrindo a janela do carro e piscando pra mim.
      
   Abri um sorriso imenso só de vê-la, e ri da cara que ela fez quando me viu.
     
    - mas é claro liza, venha me ajudar com as malas. Onde está o cavalheirismo? - a fitei fazendo rir e sair do carro para me ajudar.
   
   Durante o caminho conversamos sobre os caras que conheci, as boates que frequentei, e até mesmo sobre coisas do passado, que sempre que recordávamos era garantido altas gargalhadas. Mas aí ela tocou em um assunto que eu realmente nao estava afim de resolver.

    - e o Aaron? Já se decidiu o que vai fazer? - ela perguntou dando uma olhada rápida para mim

  Olhei para a janela e tentei ignorar aquela pergunta. Aaron é meu ex namorado. Há um mês atrás peguei-o transando em seu apartamento com uma puta qualquer que eu não tenho a menor vontade de saber quem era, e esse foi também um dos motivos de eu ter ido visitar meus tios em São Paulo.
  
    - qual foi? Não precisa me ignorar. Eu sei o que você está sentindo, e só quero poder te ajudar. - ela dizia me fitando já que o sinal estava vermelho.

     - tudo bem desculpa. Olha eu realmente não sei o que vou fazer. pretendo ficar solteira por enquanto. Não quero pensar nisso porque afinal, eu consegui ficar um mês sem ele, por que não conseguiria suportar mais tempo? - falei dando um sorriso fraco.
  
   Ela entendeu que a conversa acabaria ali, e seguimos caladas o resto do percurso. Fechei meus olhos, e em alguns minutos senti o carro parar deduzindo que já havíamos chegado no meu prédio. Saímos do carro e percebi um certo movimento por ali, mas não me preocupei muito, apenas peguei as malas e subi finalmente chegando em casa.