(Pov. Nixanna Sophie Collins ON)
“Eu e Jimin, nós vamos nos casar.”
Eu não sabia o porquê daquilo, mas simplesmente não conseguia parar de pensar nas palavras de Min Soo por um minuto sequer; durante o restante de meu curto expediente, e até mesmo enquanto eu assistia TV ou comia, tudo o que se passava em minha mente eram aquelas malditas palavras. Era quase como se meu cérebro as tivesse gravado e colocado em reprodução automática, sem me deixar alternativas a não ser lidar com elas, coisa que eu tinha quase absoluta certeza de não ser capaz de fazer, ou então, me restava simplesmente enlouquecer. A segunda opção, apesar de me incomodar um pouco, era ainda melhor do que conseguir aceitar o fato de que Jimin, o único cara que eu realmente amara durante a minha vida, estava prestes a se casar com a responsável por minha dor de cabeça constante nos últimos dias, que alguma vez eu já considerara como sendo minha amiga.
Parte de mim acreditava que talvez tivesse sido mais fácil se eles já estivessem casados antes de minha volta a Seul, embora eu soubesse que nos primeiros dias eu vivera me odiando por ter praticamente implorado para que ele seguisse em frente enquanto nos despedíamos no aeroporto, mas acabaria me conformando, uma vez que eu não teria tido a chance de fazer nada para impedir que aquilo acontecesse. E, agora, com as coisas acontecendo diante de meus olhos, tudo o que eu conseguia era fugir, porque no fundo eu queria que ambos fossem felizes. Não era certo interferir na vida dos dois simplesmente por não conseguir me conformar com o fato de que a minha história com Jimin ficara no passado.
Minha mente havia deixado Jimin ir, porém, meu coração era teimoso o suficiente para não abrir mão dele.
Era quase injusto pensar que em uma única tentativa, Jimin encontrara alguém para me substituir, e eu, após quatro namoros fracassados, simplesmente desistira.
Eu estava tão absorta em meus próprios pensamentos que poderia ter ficado sentada ali pelo resto da noite de domingo, mas fui arrancada de meu mundinho particular ao ouvir a porta do apartamento sendo aberta de supetão com uma força quase desnecessária. Observei em silêncio enquanto Sonia chutava os sapatos para longe antes de entrar e praticamente se arrastar na direção da sala, atirando-se no sofá em frente a mim.
- Descobriu alguma coisa? – Indaguei curiosa.
Recentemente um artigo que Sonia escrevera havia supostamente sido deletado, mas no dia da publicação da revista ele fora postado no nome de outra pessoa, e ninguém fazia a mínima ideia de quem poderia ser aquela tal de “H. N. Min”.
- Foi o de sempre, ninguém sabe quem é, e Na Hee ainda não voltou da conferência no Japão, então continuo sem respostas. – Sonia choramingou, fitando a tela da televisão por alguns instantes antes de se voltar para mim com a confusão estampada no rosto. – Desde quando você assiste campeonatos de golfe?
Levei algum tempo para entender aquela pergunta. Eu me lembrava de ter ligado a TV mais cedo naquele dia, mas simplesmente não me dera ao trabalho de procurar algo para assistir, uma vez que eu estivera ocupada demais tentando organizar meus pensamentos.
- Ah, isso... – Ri baixinho tentando disfarçar o fato de que eu nem mesmo sabia o que estava passando na televisão até ela falar sobre. – É que eu estava querendo jogar golfe qualquer dia desses, então achei que seria bom assistir um pouco...
- Você é estranha, Nixie.
Sonia franziu o cenho, pegando o controle remoto sobre a mesinha de centro. Ela me conhecia bem o suficiente para saber que algo não estava certo, assim como também sabia que eu não tinha a mínima vontade de falar sobre o assunto.
Eu decidira que era melhor não contar sobre Jimin e Min Soo para Sonia e Emilly. A notícia mais cedo ou mais tarde chegaria aos ouvidos de todos e não queria ser eu a compartilha-la. Além do mais, isso me dava algum tempo para me resolver sozinha. Tudo que eu menos precisava agora era ver minhas amigas preocupadas comigo.
- E onde está Emilly? – Sonia perguntou após um curto período de tempo em silêncio absoluto.
- Foi para uma festa em Hongdae com o colega de escritório dela, aquele tal de Jackson Wang, e com Hyo Nam. – Dei de ombros.
- Eu não sabia que Emilly era amiga da minha colega também. Nunca vi as duas conversando.
- Acho que ela não estava muito interessada na companhia deles não. – Soltei uma risada alta. – Fiquei sabendo que Jackson é um amigo próximo de Namjoon e que ele o convidou para a festa também.
- Prevejo que em breve teremos um novo casal na área. Só espero que eles não fiquem enrolando muito tempo até se assumirem. – Sonia riu, espreguiçando-se em seguida.
Sem saber exatamente como continuar a conversa, apenas voltei minha atenção para a televisão, assim como Sonia, que também pareceu satisfeita por encerrar a conversa por ali. Nenhuma de nós estava no melhor de seus dias.
Não faço ideia de quanto tempo se passou enquanto estávamos ali, mas em determinado momento fomos pegas de surpresa por algumas batidas rápidas na porta. De início pensei que fosse Emilly, até por fim me recordar de que ela tinha copias da chave do apartamento, então descartei a possibilidade de que fosse ela.
- Que horário estranho para se receber visitas. – Observei, ao checar o relógio que marcava pouco mais de onze horas da noite. – Você estava esperando alguém? – Indaguei, encarando Sonia que se sentara ereta no sofá.
- Não. E você?
Neguei com a cabeça, levantando-me.
Caminhei a passos rápidos na direção da porta, abrindo-a sem me dar ao trabalho de olhar pelo olho mágico e me arrependi quase que imediatamente.
Parado ali, diante de mim, estava Jimin. Seus olhos estavam fixos nos meus, e seus cabelos loiros pareciam fazer uma combinação perfeita com seu moletom bege, mas o que não combinava em nada com sua imagem era o forte cheiro de álcool que exalava de si, como se tivesse acabado de se refrescar em uma piscina de soju puro.
- O que você pensa que está fazendo aqui? – Me surpreendi ao constatar que minha voz soava firme e confiante. – Acho que fui bem clara quando disse que não temos mais nada para conversar.
Jimin me encarou como se eu estivesse falando em árabe e não em um coreano fluente, e murmurou algo ininteligível antes de cambalear para dentro do apartamento. Se meus reflexos fossem um pouquinho mais lentos, o loiro certamente teria caído de cara no chão, mas para a sorte dele consegui me colocar diante de si, apoiando-o. Seus braços envolveram minha cintura quase que instantaneamente, ao passo que seu rosto pousou sobre meu ombro.
- Você tem o cheiro dela. – Falou de maneira atrapalhada. O cheiro de álcool pareceu ficar ainda mais forte.
- Sonia, será que você pode me dar uma ajudinha aqui? – Indaguei quase sem folego, virando-me o máximo que consegui na direção dela. Digamos que eu não era exatamente forte o bastante para apoiar o peso de uma pessoa sem dificuldades.
- Olha, eu sou uma jornalista que precisa de uma boa matéria para tentar conseguir a confiança de minha chefe outra vez, e um dos atores mais populares do momento bêbado na casa da ex-namorada é exatamente aquilo de que eu preciso. – Sonia cruzou os braços diante do peito. – Mas é uma pena que eu esteja extremamente cansada e sem nenhuma câmera ao alcance, não é? Acho melhor eu ir para o meu quarto dormir um pouco... me agradeça mais tarde.
- Me ajuda! – Choraminguei, vendo-a dar pulinhos em direção ao corredor.
- Isso aí é trabalho seu. Ele não está aqui por mim, Nix. – Sonia riu baixinho, dirigindo-me uma piscadela. – Boa sorte com esse bebê crescido aí.
Cheguei a considerar a ideia de empurrar Jimin para fora do apartamento e trancar a porta, como se não soubesse quem ele era, mas eu me conhecia o suficiente para saber que eu não seria capaz de fazer uma coisa dessas mesmo que eu realmente quisesse.
- Uau! Você tem o cabelo como o dela também. – Jimin falou entre uma risada repentina, soltando a minha cintura e voltando suas mãos para as pequenas ondulações em meus cabelos. – Preciso contar para a Nix que ela tem uma irmã gêmea... mas não seria um irmão? Você é um garoto?
Revirei meus olhos respirando fundo.
Ao menos Jimin ainda lembrava da existência de Trevor.
- Jimin, eu sou a Nix. – O afastei de meu corpo, segurando-o pelos ombros. Ele me encarou curiosamente como se eu fosse um animal desconhecido com três olhos ou algo do tipo. – Agora, me diga, você acha que consegue andar até o sofá?
- Nós vamos assistir filme? Eu quero assistir Scooby Doo.
Sem qualquer aviso, Jimin passou a caminhar – ou ao menos tentar – até a sala. Durante o curto caminho até o sofá, perdi a conta de quantas vezes tive que estender minha mão para si e equilibra-lo outra vez.
Suspirei de puro alívio quando o garoto deitou-se no local em que eu estivera sentada minutos antes de ele aparecer. Seus olhos continuavam voltados para mim e um sorriso enorme se abriu em seu rosto quando me agachei diante de si para ajeitar as almofadas que apoiavam sua cabeça.
- Me desculpe. Eu não faço nada certo. – Sussurrou, desfazendo a expressão animada em seu rosto. – Você parece triste. Eu também estou triste.
Jimin ergueu sua mão na direção de meu rosto, tocando minha bochecha com a ponta do indicador. Ele parecia estranhamente feliz por isso. Seria até fofo se ele não estivesse bêbado.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntei, dessa vez com a voz mansa.
Ele fechou os olhos, respirando fundo.
- Eu tentei ser sincero. – Abriu os olhos, me fitando preguiçosamente. – Ela acha que eu vou me casar. Mas não vou. Gêmea da Nix, diga a ela que eu não vou me casar. Eu não posso fazer isso.
Senti meu coração acelerar, mas minha mente logo tratou de me recordar de que Jimin estava completamente bêbado. Não estava dizendo coisa com coisa.
- Diga isso quando estiver sóbrio. – Resmunguei, afastando sua mão de meu rosto.
Jimin fechou os olhos outra vez e sua respiração suavizou.
O que? Como ele consegue dormir tão rápido?
Permaneci diante dele por algum tempo antes de me convencer que ele não acordaria tão cedo, para só então me levantar, porém, antes que eu pudesse me afastar, senti uma mão quente segurar meu pulso.
Jimin continuava com os olhos fechados, mas sua boca estava aberta como se ele fosse dizer algo.
- Isso dói tanto. – Jimin quase choramingou, apertando meu pulso delicadamente, como que para se certificar de que eu não sairia correndo. – Quanto mais eu me aproximo, mais ela foge. Diga para ela ficar, eu quero segurá-la.
Agachei-me outra vez na frente do garoto ao vê-lo abrir os olhos.
- Você só está dizendo isso porque está bêbado. – Resmunguei mais para mim mesma do que para Jimin em si.
Seus olhos negros fixaram nos meus, prendendo-me ali. Completamente entregue.
- Eu preciso dela. – Jimin sussurrou. – A lua não pode brilhar sem o sol, e ela, ela é o meu sol.
(Pov. Nixanna Sophie Collins OFF)
~~~~
(Pov. Emilly Sales ON)
Uma música completamente desconhecida por mim ecoava pelo bar em volume alto, embalando cada vez mais o pequeno número de pessoas que dançavam animadamente na pitoresca pista de dança improvisada no local. A atmosfera dali era boa; não se parecia em nada com as festas em que Nix e eu costumávamos em nosso primeiro ano da faculdade. Nada de drogas ilícitas ou brigas.
Com exceção de mim, Jackson e Hyo Nam, não haviam muitas outras pessoas sentadas nas mesinhas coloridas do local, deixando a visão da porta de entrada bem ampla, e, eu não sabia se deveria ficar agradecida ou irritada com aquilo, devido ao fato de que apesar de enxergar perfeitamente todas as pessoas que entravam ali, nenhuma delas era Namjoon.
- Você parece ansiosa. – Jackson observou, cutucando meu ombro. – Está tudo bem?
- Ansiosa? – Franzi o cenho, me fazendo de desentendida. – Isso é coisa da sua cabeça. Só estou um pouco entediada. Não podemos dizer que aqui é exatamente animado ou algo assim.
- Eu disse que deveríamos ter ido direto para as casas de festa maiores, mas vocês não me escutam. – Hyo Nam resmungou, fazendo cara feia para Jackson.
- Mas nós temos que esperar meu amigo. – O chinês deu de ombros, parecendo não se importar com o que a garota achava ou deixava de achar, antes de abrir um sorriso largo para mim, ou melhor, para quem estava atrás de mim. – E por acaso, ele acabou de chegar.
- Espero que vocês não tenham esperado muito. – Ouvi a voz de Namjoon extremamente próxima de mim.
Me virei em um movimento brusco, quase derrubando meu drinque no ato. Namjoon, que estava bem atrás de mim, sorria gentilmente, e por um momento me perguntei como ele teria entrado ali sem que eu o visse, até me deparar com uma outra porta grande do outro lado do salão.
- Emilly? – Monnie, como eu carinhosamente o apelidara, parecia surpreso ao me ver ali. Mas, sua expressão não era de animação; ele parecia estar incomodado com algo. – O que você está fazendo aqui?
Por um momento eu quase me esquecera do fato de que Namjoon não fazia ideia de que eu sairia com eles, assim como eu também fingira que não conhecia o tal amigo de quem Jackson tanto falava.
- Jackson me convidou. E o que te traz aqui? – Sorri, tentando não deixar transparecer o fato de que eu já sabia que ele viria.
- Acho que o mesmo motivo. – Namjoon riu nasalado, sentando-se na cadeira vaga ao meu lado.
- Vocês dois já se conhecem? – Jackson indagou quase espantado.
Troquei um olhar rápido com Namjoon.
- Sim. Pode-se dizer que somos bem próximos. – O garoto deu de ombros, sorrindo com os olhos voltados em minha direção.
O chinês assentiu, sorrindo em seguida.
- Que seja. – Hyo Nam deu de ombros, pondo-se de pé. – E aí, vamos para a festa?
Ninguém se deu ao trabalho de responder, apenas nos levantamos em silêncio e partimos para fora do bar. Namjoon, que andava calmamente ao meu lado, parecia estar completamente alheio ao falatório incessante de Jackson, assim como eu, enquanto nos dirigíamos ao Mansion. Eu nunca fora ao local, mas se fosse como meus amigos me contavam, era incrível.
Em determinado o momento o garoto ao meu lado subitamente parou de caminhar, e por algum motivo, fiz o mesmo. Encarei-o pelo canto do olho.
- Você realmente quer ir para essa festa? – A voz de Namjoon soava quase nervosa.
- Para ser bem sincera, não. – Sorri, aliviada por poder ser sincera.
Mesmo que eu geralmente gostasse, não estava em clima para passar a noite em uma balada. Ou melhor, eu tinha outras coisas em mente.
Tive que usar muito de meu autocontrole para não surtar quando senti Namjoon aproximar seu rosto do meu. Seus lábios roçavam em minha orelha, causando-me arrepios estranhamente agradáveis.
- Então vêm comigo, Emilly. – O mais velho sussurrou em meu ouvido. – Tenho uma proposta melhor.
- Eu estava esperando por esse pedido faz tempo. – Comentei, sem conseguir esconder meu sorriso triunfante.
A noite estava fria, mas não o suficiente para me fazer tremer por debaixo de meu grosso casaco como de costume. Aos poucos a temperatura começava a esquentar, dando boas-vindas a primavera, e enquanto caminhávamos lentamente pelo playground em frente à universidade Hongik, Namjoon parecia extremamente à vontade em segurar minha mão, sem se importar com o que as pessoas ali iriam pensar.
Acabamos por nos sentarmos em um banco afastado da parte mais movimentada do local, onde um grupo indie tocava ao ar livre para uma plateia consideravelmente grande de jovens. Alguns pareciam felizes de estarem ali, já outros carregavam uma expressão triste no rosto, fazendo-me perguntar a mim mesma como seriam suas vidas em casa ou na escola, já que a maioria deles não parecia ter mais do que seus 17 anos.
- Você está quieta. – Observou, colocando nossas mãos entrelaçadas dentro do bolso de seu sobretudo.
- Só estava pensando em algumas coisas. – Sorri, apoiando minha cabeça em seu ombro. – Posso fazer uma pergunta?
- Mas você já não está fazendo?
- Aish. Idiota. – Resmunguei em meio a uma risada. – Hoje mais cedo, quando me viu no bar, você não pareceu muito feliz. Aconteceu alguma coisa?
- Ah! Você percebeu. – Namjoon riu nasalado. – Não é nada com você. Isso só me fez lembrar de algumas coisas, mas já passou.
- Explique. – Pedi, erguendo meus olhos para observá-lo. – Tenho a impressão de que isso envolve outra garota, mas prometo que não vou sentir ciúmes.
Por um curto espaço de tempo, ele realmente pareceu tentado a não falar, entretanto, de uma hora para outra simplesmente deu de ombros e encarou os próprios pés, suspirando pesaroso.
- Minha ex-namorada e eu costumávamos nos encontrar de surpresa assim, sabe? Antes de começarmos a namorar, foram muitas as vezes em que eu saia e lá estava ela... – Comentou, sem me encarar. – Eu não gosto muito de lembrar dela.
Sentei-me ereta no banco, virando meu rosto ne direção de Namjoon.
- Isso quer dizer que você ainda gosta dela?
- Não! Não. Longe disso. Prefiro morrer sozinho a ter de ficar com ela outra vez. – Namjoon sorriu. – O problema é que o fim do nosso relacionamento mexeu bastante comigo. Me fez ficar com o pé atrás por muito tempo, entende?
Anuí minimamente.
Ah, entendo sim. Respondi mentalmente, lembrando-me instantaneamente de Dylan.
- Ela terminou comigo para ficar com um colega de trabalho dela. Na época eu ainda não tinha a empresa e nós estávamos passando por dificuldades, mas o outro tinha condições de fazer as vontades dela. – Sua voz se tornou quase um sussurro. – E, pouco antes de conhecer você, recebi uma visita dela... ela falou que estava arrependida de ter me deixado, justamente após uma matéria sobre a renda absurdamente grande que Anna, Tae e eu conseguimos com nossas coleções ser publicada.
- Eu nem a conheço e já a odeio. – Apertei a mão de Namjoon com força. – Sinto muito por isso. Deve ser horrível ser deixado apenas por não ter um número maior na conta bancária...
- Está tudo bem. – Deu de ombros, sorrindo. – Nos últimos dias, estou feliz de não estar com ela. Conheci outra pessoa. Essa sim eu sei que vale a pena.
- É mesmo? – Sorri de canto. – Pode me dizer que é?
- Acho que seria mais fácil mostrar. – Sugeriu, virando-se em minha direção.
- Então mostre.
Sem esperar por um segundo pedido, Namjoon levou sua mão até minha nuca, enroscando seus dedos em me cabelo enquanto levava minha boca até a sua. Meu corpo inteiro parecia ter sido feito com algum material semelhante a gelatina naquele instante. Quando seus lábios quentes finalmente tocaram os meus, não esperei nem um minuto sequer para abrir passagem para sua língua que lenta e intensamente passou a explorar cada cantinho de minha boca. A sensação de beijá-lo era incrível.
E eu poderia ter continuado aquele beijo por um tempo indeterminado, mas infelizmente, ainda éramos obrigados a respirar. Namjoon parou o beijo relutante, dando um leve selar na ponta de meu nariz antes de encostar sua testa na minha.
- Acho que isso responde a sua pergunta. – Sussurrou ofegante.
- É, essa é uma boa resposta. – Concluí, lhe dando um rápido selinho. – Ou melhor, é uma ótima resposta.
(Pov. Emilly Sales OFF)
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(Pov. Anna Clara Hwang ON)
Apesar de minha visão embaçada eu conseguia descrever perfeitamente cada uma das fotos no pequeno álbum diante de mim; cada uma delas fora tirada por Yoongi em diferentes momentos que havíamos divididos juntos. As vezes aquelas fotos pareciam ser a única coisa que ainda me ligavam a ele de alguma forma. Nossas lembranças eram a única coisa que ainda compartilhávamos. Ou, ao menos era disso que eu tentava me convencer, pois não seria surpresa nenhuma descobrir que ele nem sequer se lembrava do dia em que me pedira em casamento.
- Flashback ON -
- Você não acha que seria melhor chamarmos uma equipe de pintores profissionais para fazerem isso? – Indaguei inquieta, observando Yoongi entrar em nosso recém adquirido apartamento com duas latas de tinta e uma quantidade absurda de pincéis em mãos.
- E qual seria a graça disso, amor? – O Min riu, colocando as latas de tinta junto a uma grande pilha delas que já estavam no canto de onde seria a nossa sala. – É a nossa primeira casa. Nada mais justo do que fazermos as honras.
Coloquei as mãos na cintura, não contendo um sorriso.
- Você diz “primeira” como se planejasse ter mais casas.
- E eu planejo. Esse apartamento não é grande o suficiente para abrigar nós dois e os cinco filhos que vamos ter. – Yoongi me dirigiu uma piscadela enquanto falava.
- Cinco? – O encarei boquiaberta. – Pretende ter mais mulheres ou o que? Eu não vou dar conta de cinco crianças.
- Ah, droga! Cinco era só o começo. – Comentou em meio a uma risada.
- Idiota. – Balancei a cabeça, revirando os olhos teatralmente.
Yoongi veio em minha direção, puxando-me para um abraço apertado. Nossas risadas ecoaram pelo cômodo praticamente vazio quando ele tirou meus pés do chão, girando-me no ar como se fosse uma boneca, e, quando me soltou, não e deu nem sequer tempo o suficiente para me recuperar da tontura antes de encher meu rosto de beijos.
- Acho melhor começarmos a fazer a primeira criança agora se quiser ter todos esses filhos. – Brinquei, apertando a ponta de seu nariz.
- Não comece a me dar essas ideias não. Eu poderia realmente fazer isso agora mesmo.
- Yah! Eu estava só brincando! Nós nem nos casamos ainda! – Resmunguei, franzindo o nariz. – Sua mãe ficaria uma fera se descobrisse que estou gravida antes de nos casarmos. E a minha eu não quero nem pensar em como iria reagir.
- Bem, se é esse o problema, eu já tenho a solução.
O espaço de tempo que levei para entender o que Yoongi quis dizer com aquilo, foi o mesmo necessário para que o garoto se ajoelhasse diante de mim, da forma mais formal possível e tirasse uma caixinha de veludo azul escuro de dentro do bolso de seu velho e puído macacão jeans, já manchado com a tinta que havíamos usado para pintar nosso quarto.
O ar pareceu sumir de meus pulmões quando ele abriu a pequena caixinha revelando um par de alianças.
- Anna Clara Hwang, você aceita casar comigo?
Não consegui abrir minha boca para dizer um “sim” então simplesmente assenti freneticamente antes de me ajoelhar diante de si, deixando-o colocar o anel em meu dedo, assim como fiz consigo, para só então me atirar em seus braços, sem conseguir sentir nada além da mais pura e extrema sensação de felicidade.
Naquele instante, eu senti como se o mundo inteiro pudesse desabar e eu nem sequer perceberia, porque eu simplesmente era amada.
- Flashback OFF -
Apertei o álbum de fotos contra o peito, olhando para a sala em volta como se aquela fosse a última vez que eu a veria como sendo minha. Respirei fundo ao ouvir a porta ser aberta por Yoongi, que entrou em silêncio.
Ele pareceu quase assustado quando notou minha presença na sala precariamente iluminada por um único abajur, o que eu esperei que ocultasse as lágrimas em meu rosto.
- Ainda acordada? – Perguntou indiferente, sem nem sequer se aproximar para me cumprimentar.
- Não consegui dormir. – Respondi, sem virar meu rosto para encara-lo.
- Ah. Certo então. Eu já vou deitar... – Comentou enquanto terminava de tirar sua camisa.
Cerrei meus punhos com força, levantando-me do sofá em um movimento rápido antes que minha coragem fosse pelo ralo como nas últimas vezes.
- Não, Yoongi, vocês não vai dormir agora. – Aquilo soou quase como uma ordem. – Já chega de fingir que não tem nada de errado acontecendo. Nós dois precisamos conversar.
(Pov. Anna Clara Hwang OFF)
“Tropeçando em nossas memórias, uma por uma
Agora eu não quero dizer adeus
Sinto sua falta
Você me preenche
Sinto sua falta
Mais rápido do que posso esquecer
Sinto sua falta
Coração partido”
- Miss You – Standing Egg
(N/A: Ouçam essa música, sério, ela é maravilhosa)
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