Derek POV
Horas se passaram e eu estava devastado. Não pelo fato de não ter pegado e matado Jackson, mas sim por Sophie, por ela ter chorado. Ver ela daquele jeito quebrou meu coração, e saber que eu era o motivo me fazia ficar pior ainda. Todos dormiam então resolvi ir até meu “quarto”, não era lá aquelas coisas, mas eu não podia pensar em conforto agora, me joguei num sofá velho e encarei o teto, suspirando. Além de tudo isso, mais uma coisa me preocupava.
Os poderes de Sophie.
Eu nunca tinha visto uma bruxa fazer aquilo, nem sabia se era possível, e se fosse, ela era rara, e com Gerald e todos estes caçadores a nossa volta isso não era nada bom. Me levantei e olhei em volta, os livros antigos de minha mãe ainda estavam ali, peguei um deles num impulso e o abri, folheando as páginas, eram apenas alguns registros sobre as packs e outras coisas, o fechei novamente mas algo caiu dele, era uma carta. A peguei e abri com cuidado observando o remetente, era a avó de Sophie, Wanda Sparks, e a carta era para minha mãe. Suspirei e me deitei de novo lendo a carta.
“Querida Talia, sinto muito por não poder visita-la esta semana, mas minha neta acabou de nascer, ela é linda e cheia de saúde. Mas uma coisa me preocupa, ela é diferente, assim como eu.
Não que mais uma bruxa na família me preocupe, eu sabia que ela seria uma de nós, mas ela tem um aura diferente, mais poderosa que as demais.
Ela é uma Fênix.
Acho precipitado lhe dizer isso, já que ela tem apenas alguns dias de vida, mas sabe que eu e você somos ligadas e que sempre te conto tudo. Tenho medo de deixar Sophie quando for a hora, sim, o nome dela é Sophie, é um lindo nome. Foi o nome que o pequeno Derek mencionou da última vez que minha filha Anne foi até sua casa. Ela adotou a ideia e assim ficou. Acho que este é um outro assunto a ser discutido por nós, sei que também sentiu isso, que minha pequena Sophie também estará ligada a alguém de sua linhagem, no começo achei ser Laura assim como você naquela tarde de domingo, enquanto ela brincava com Peter. Mas quando ela nasceu, quando eu vi seus olhos verdes se abrirem pela primeira vez, eu tive certeza. Ela está ligada ao Derek, Talia. Eles serão uma boa dupla, disso eu tenho certeza absoluta, isso se ela não for cabeça dura como a avó, o que eu duvido um pouco.
Para finalizar esta carta, quero dizer que te espero aqui em minha casa, para você conhecer a pequena Soph, e espero que se lembre de trazer o amuleto que lhe emprestei, eu vou precisar dele num futuro próximo.
Com amor, Wanda”
Eu dobrei a carta novamente e a coloquei no meio do livro, encarava o teto totalmente perdido. Por que não me lembrava disso? Não me lembrava da avó de Sophie, nem da mãe dela... devia ser pequeno demais. Suspirei e me virei no sofá olhando o quarto, o que diabos era uma Fênix? Eu precisava descobrir, minha cabeça estava cheia demais para me deixar dormir então decidi procurar por mais, peguei todos os arquivos possíveis e não encontrei nada. Quando estava quase desistindo encontrei uma folha de papel com aparência antiga no final de uma pasta, estranhei ela, já que todas os outros papéis estavam novos, a peguei e encarei a mesma confuso, algumas coisas foram apagadas com o tempo, mas a grande maioria ainda estava legível.
“Uma Fênix se manifesta na maioria das vezes em famílias legítimas de bruxas, raramente acontece, já que a última Fênix conhecida. Katherine Frank, foi morta há mais de 500 anos. Uma bruxa legítima, quando tem uma filha com um humano, pode gerar uma Fênix. Na maioria das vezes elas crescem sem o conhecimento de seus poderes, até encontrarem seu Guardian, o lobisomem ou metamorfo à qual está ligada, a partir daí os poderes começam a se manifestar até atingir seu auge, nenhum ser sobrenatural que existiu neste mundo é tão poderoso quanto a Fênix.
Ela é a criatura mais antiga e poderosa do mundo, muitas que vieram antes de nós bruxas, foram mortas por humanos que achavam que aquilo era algo enviado por Lúcifer para destruir a Terra.
Os poderes de uma Fênix podem ser contidos pelo amuleto Verbom, se o mesmo for quebrado o poder se expandirá imediatamente, permitindo que a pessoa tenha controle sobre ele, mesmo com o amuleto alguns poderes como Telecinésia podem ser características de uma Fênix.”
Havia mais uma coisa escrita, mas eu não conseguia ler, guardei o papel junto com a carta e decidi que iria mostrar tudo a Sophie assim que pudesse, não me interessava se ela não confiava mais em mim, se ela me odiava, se ela me espancaria, se ela me xingaria, eu vou protegê-la custe o que custar.
1 anos atrás, Santa Mônica.
Sophie POV
Subi as escadas correndo até o quarto de minha mãe, ela estava sentada, meio cabisbaixa em sua cama, ela me olhou e sorriu de lado.
-Sophie, você chegou. Como foi o acampamento?
Eu a olhei e adentrei o quarto, suspirando.
-Mãe, eu não quero falar sobre isso, eu quero saber da vovó. Como ela tá?
Minha mãe abaixou a cabeça de novo.
-Nada bem meu amor, ela piorou.
Senti meu coração apertar, minha avó era uma ótima mulher, ela sempre me contava histórias maravilhosas sobre sua vida, eu a amava tanto...mas quando ela começou a ficar doente eu senti que ia perde-la, ela já tinha vivido 80 anos.
-Eu quero vê-la mamãe. Eu preciso.
Minha mãe assentiu.
-Precisa sim minha filha, eu vou ligar para o hospital e dizer que vai ir para lá.
-Tudo bem.
Abracei minha mãe e desci até a garagem, dirigi o mais rápido que pude até o hospital, não sabia dizer porque meu coração estava tão angustiado hoje. Estacionei e passei pela recepção sem dar atenção a ninguém, andei pelos corredores e parei em frente ao quarto número 59, suspirei e enxuguei minhas mãos na calça, elas estavam suando por causa do meu nervosismo. Abri a porta lentamente e olhei a cama, minha avó estava deitada e encarava a janela.
-Eles não estão cantando hoje. -ela disse.
Caminhei até sua cama e me sentei na poltrona ao seu lado.
-Eles quem vovó?
-Os pássaros –ela se virou para mim –eles estão tristes.
Eu abri a boca, mas nada saiu, eu não sabia nem o porquê de estar lá, mas eu precisava vê-la.
-Eu sei que está confusa meu amor, isso tudo vai passar daqui algum tempo, só precisa achar o seu caminho.
-Como vou achar meu caminho sem a senhora? –eu mordi os lábios para evitar o choro –Você sempre me guiou, em tudo, e eu não sei se vou conseguir.
Ela segurou minha mão e sorriu, o brilho em seus olhos era tão lindo, mesmo em um momento como este, eles continuavam com aquele brilho alegre.
-Minha pequena Sophie, eu amo você. Mas eu não posso guiar você para sempre, eu sei que você vai encontrar alguém que a guie assim como eu fiz –ela suspirou –alguém que a guarde. Pode ser difícil no começo, mas você vai conseguir, você é corajosa, é uma guerreira da vida, assim como eu. Aqui –ela me estendeu uma pasta preta –leve isto com você, vai ser útil, e diga a sua mãe que lhe dê meu presente de aniversário adiantado.
As lágrimas finalmente escorreram, eu não queria perde-la, eu peguei a pasta e sorri beijando sua testa.
-Eu te amo vovó.
-Eu também meu amor, sempre vou amar.
Eu me levantei e saí do quarto, me sentei em uma das cadeiras e guardei a pasta em minha bolsa, encarando a parede branca e sem graça à minha frente. Alguns segundos depois vi algumas enfermeiras correrem até o quarto de minha avó, meu coração falhou, minhas pernas bambearam, eu me levantei e também corri, ou tentei correr, até seu quarto, assim que entrei ouvi a máquina ligada fazendo um barulho incessável, os médicos tentando reanima-la. Fui puxada para fora e a porta foi fechada, o barulho continuou, e uma voz alta disse.
-Hora da morte, 14:27.
Eu caí sentada no chão e chorei, gritei, fiz de tudo, como se isso fosse trazer ela de volta. Eu sabia que não ia, sabia que tinha perdido ela, mas pelo menos isso fazia a dor diminuir.
Meus pais chegaram minutos depois, minha mãe me abraçou e chorou baixo junto comigo, depois decidiu que me levar para casa seria o melhor a se fazer, não queria passar por tudo aquilo.
Quando cheguei subi as escadas e me joguei na cama, chorei mais e mais, e parecia que não ia conseguir parar. Quando finalmente parei, encarei o chão do quarto, a pasta que minha avó tinha dado havia caído da bolsa. Peguei a mesma do chão e a encarei, abrindo-a. Nela estavam várias fotos que eu tinha tirado com minha avó ao longo dos anos, desde quando era criança até alguns meses atrás, em seu aniversário. Eu sorri ao ver cada uma das fotos, meus olhos eram verdes iguais aos dela, talvez o brilho fosse o mesmo também, eu desejava que fosse, era um brilho de felicidade fantástico. Peguei uma pequena caixa em meu guarda-roupa e fui até um mural em minha parede, ele estava vazio há anos e eu não sabia o que colocar ali. Peguei um alfinete e a primeira foto, encaixando-a no começo do painel, fui colocando todas as outras até a última, foi quando olhei novamente a pasta e percebi um pedaço de papel no fundo, o peguei e vi uma lista.
Lugares que gosto de visitar.
*A praia (no inverno)
*A casa da minha neta
*O restaurante japonês da esquina
*A floricultura
*Beacon Hills
Estranhei o último tópico, sabia de todos os gostos de minha avó, mas ela nunca havia mencionado este lugar. Abri meu notebook e pesquisei tal nome, era uma cidade na Califórnia, tinha poucos habitantes, mas um ótimo ensino médio. Analisei novamente a lista e suspirei, minha avó tinha dito que precisava achar meu caminho, peguei uma caneta vermelha, circulei o último tópico e o coloquei ao lado de uma das fotos, era lá que meu caminho ia começar de novo, onde eu ia me encontrar novamente.
Dias atuais, Beacon Hills
Sophie POV
Encarava meu mural com um sorriso nos lábios, relembrar sobre minha avó tinha sido bom, ela sempre me deixava bem. Depois de ter acordado com uma dor horrível na cabeça, decidi ficar em casa, assim que me levantei olhei o grande painel de madeira na minha frente e o estranhei, ele ainda estava incompleto, me levantei e peguei algumas fotografias e mais alfinetes.
A primeira foto que coloquei foi uma com Stiles, ela tinha tudo para ser boa, se ele não tivesse tropeçado e me derrubado no chão junto com ele, no final a foto saiu com nós dois chorando de rir jogados um em cima do outro.
A outra era com Allison, havia tirado no dia da festa, antes de Peter me levar, ela fez um bico e ficou vesga, eu saí com a língua de fora, fazendo uma cara de louca, rimos por horas depois de vermos o resultado .
A outra era com Scott, ele sorria com os olhos fechados, e eu o imitei, parecíamos dois loucos, mas eu amava aquela foto.
A penúltima era com Lydia, uma das mais normais que consegui, ela sorria abertamente assim como eu, ambas felizes.
A última eu segurei em minhas mãos e exitei, era uma com Derek, talvez a única foto que alguém tinha tirado com ele, que fazia sua típica cara de bravo para mim, que sorria. Tirei aquela foto antes de tudo virar uma bagunça, antes de ele fazer tudo que estava fazendo. Peguei o alfinete e coloquei a foto no último canto disponível do painel, me afastei dele e sorri, agora sim ele estava completo, todos aqueles que eu amava estavam lá. Minha avó, meus pais, meus amigos. Eles eram a razão de eu continuar sorrindo e seguindo meu caminho. Aliás, como sempre, foi minha avó que havia me guiado até aqui, se não fosse por ela eu nunca teria conhecido Stiles, Scott, Lydia, Allison, Derek... Ela me guiou até o meu caminho, e agora eu mesma tinha que me guiar e tomar minhas próprias decisões. Proteger meus amigos, controlar meus poderes, deixar minha avó orgulhosa.
Me joguei novamente na cama, mas desta vez eu sorria, conseguia ouvir os pássaros cantando do lado de fora, eles estavam alegres, assim como eu.
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