História The Sound Of Silence (Inacabada) - Derek Is Dead

Sophie POV
Os trovões que soavam ao longe indicavam que uma chuva feia estava a caminho, eu estava deitada no banco de trás do carro de Allison enquanto ela e Lydia conversavam sobre algum assunto aleatório. Eu nem ousava abrir a boca, na verdade, desde ontem nada saía de meus lábios a não ser soluços de dor e sofrimento. As duas não tocavam no assunto, muito menos perguntavam algo, desistiram de perguntar se eu estava bem horas antes, e agora apenas me olhavam com aquele semblante de pena.
Na nossa frente um enorme ônibus amarelo se deslocava em direção da cidade próxima, os jogadores estavam em seu interior, conversando e rindo. Decidimos que deixar os meninos sozinhos depois do que aconteceu não era uma opção, e resolvemos segui-los o caminho todo até o local do jogo.
-Acho que estou perto demais –comentou Allison.
-Depende –disse Lydia–Você quer seguir o ônibus ou subir nele em algum momento?
-É, é melhor eu me afastar um pouco. –Allison desacelerou o carro.
-Também depende –disse Lydia –Quer se afastar do ônibus ou do ex-namorado?
-Depois de ontem não podemos deixá-los sozinhos –comentei, fazendo elas me olharem.
-Isso mesmo, sem contar que foi ele que veio até mim.
-Quando? –perguntou Lydia e eu a olhei, me lembrando de ontem.

Scott olhava Allison com uma flecha em mãos, eu estava sentada em uma das poltronas enquanto à olhava, curiosa.
-Encontrei isso onde Isaac fez com que Boyd e Cora parassem. –disse o Beta.
-Não é da equipe de arco e flecha? –ela disse, me olhando.
-Não temos uma equipe de arco e flecha –comentou Scott sorrindo.
-Ou –comentou Allison.
-E mesmo que tivéssemos eles não usariam pontas de lança de titânio de categoria militar –eu disse sorrindo.
Ela suspirou e se levantou.
-Bem, eu posso me cuidar sozinha. E nem me diga para ficar fora disso. –ela olhou Scott.
-Eu não vou. Mas esses caras Allison, se não reparou, são aterrorizantes –Scott a olhou –Além disso eles tem alguns atributos como força sobrenatural.
-Vocês dois tem força sobrenatural, eu sei conter vocês.
Eu sorri de lado assentindo.
-Mas eu sou mais forte, mas veloz...-comentou Scott.
Allison o atacou do nada, mas o moreno segurou seu braço, logo em seguida segurou o outro que tentou o atingir na face. Eles começaram a se atacar, até Scott a prender na parede, ela grunhiu e Scott soltou seu pulso.
-Me desculpe....
-Não se desculpe –ela comentou –Você tem razão.
Ela foi até sua cama e se sentou no chão, encostando na madeira.
-Allison, o quê os gêmeos fizeram foi para se divertirem, eu vi os outros, e não estou falando isso porque não acredito que possa me dar uma surra se quiser, estou dizendo isso porque eles me assustam. –disse Scott caminhando até a saída, eu me levantei e saí pela porta, Scott puxou a mesma e olhou Allison uma última vez –E eles deviam te assustar também.
Nós saímos do apartamento de Allison e fomos até o elevador, a porta se abriu e nós entramos.
-Descendo? –disse o homem ao nosso lado.
Eu o olhei e senti um arrepio horrível passar por meu corpo, era ele, o homem da visão. Deucalion.

Assim que voltamos para o apartamento de Derek Scott entrou olhando todos.
-Sei onde eles estão! –ele comentou.
-Nós também –disse Derek –No mesmo prédio que os Argent.
-Eu e Cora seguimos os gêmeos –comentou Boyd.
-O que é tudo isso? –fui até Derek, olhando vários papeis em cima da mesa.
-Isso é um esquema –comentou Peter –Um ataque surpresa.
-Então vamos atacar mesmo? –eu olhei Derek.
-Sim, e vocês dois vão nos ajudar –ele apontou eu e Scott.
-Estão um andar em cima, na cobertura, bem acima dos Argent. -disse Peter.
-Então o plano é matá-los primeiro? –eu perguntei.
-Nem vão nos ver chegando –comentou Boyd.
-Por quê sempre termina em assassinato? –disse Scott. –Será que alguém pelo menos uma vez pode bolar algo que não envolva matar todo mundo?
-Será que você não se cansa de ser tão moralista? –disse Peter. –Não que eu discorde dele.
-Eu discordo –disse Cora –Por que este garoto tem que vir conosco?
-Este garoto ajudou a salvar a sua vida –disse Derek –E você sabe que não podemos sentar e esperar que façam algo.
-Não podemos derrotar uma Alpha pack –disse Scott.
-É por isso que vamos atrás de Deucalion, só ele. –disse Cora.
-Se arrancar a cabeça da cobra, o corpo morre –comentou Boyd.
-Mas isso não é uma Cobra, é uma Hidra –eu comentei –E como Scott disse, são todos Alphas.
-Mas Deucalion ainda é o líder –disse Derek.
-Eu espero que seja –comentou Peter –Sabe o que houve com Hércules quando ele arrancou uma das cabeças da Hidra?
-Duas outras cresceram no lugar –eu disse, suspirando.
-Alguém anda fazendo as leituras da aula de história –disse Peter sorrindo para mim.


 Depois de algum tempo na estrada meu tédio estava aumentando, observava com Lydia um livro sobre Assimetria Termodinâmica do Tempo, o que eu realmente não fazia ideia do que era.
-Este papo de ficar de olho neles o tempo todo é sério mesmo? –eu olhei Allison.
-Sim, por que?
-Estamos ficando sem combustível –apontei o ponteiro no vermelho e Allison bufou –E o ônibus com certeza tem mais combustível que nós.
-Podemos parar –comentou Lydia –Sabemos para onde eles vão.
-Não vou sair de perto deles –comentou Allison.
-Nem eu –suspirei –Você não viu o quê nós vimos.
-Mas sem quem começou. –ela comentou.
-Aiden te disse isso? –comentou Allison.
-Aiden? Não... –ela nos olhou espantada –Espere um segundo, é por isso que me convidaram para esta viagem super emocionante, estão de olho neles e em mim.
Eu suspirei e olhei Allison.
-Então não está rolando nada entre vocês? –eu perguntei para a ruiva.
-Estou chocada com essa insinuação –ela comentou.
-Nada? -disse Allison sorrindo de canto.
-Nada –disse Lydia.
O carro parou abruptamente e eu fui para frente, batendo meu braço já dolorido.
-Ai –eu resmunguei.
-Sinto muito –disse Allison –o trânsito parou.
-É um trator há alguns quilômetros –comentou Lydia olhando seu celular.
Me encostei no vidro e olhei o céu, ele estava escuro e triste, assim como eu. A imagem de Derek morto não saía da minha cabeça, ela sempre voltava e voltava e aquilo me matava também, de pouco em pouco.
Ouvimos um barulho e olhei meu celular, abri a boca e olhei as duas.
-Oi Stiles! É estávamos pensando em ver um filme, com pipoca e....
-Sabemos que estão atrás de nós, coloque no viva-voz.
Eu suspirei e coloquei o celular no meio de nós três.
-Escutem, Scott não está curando –comentou Stiles.
-Como assim? –disse Allison.
-Está pior, e está sangrando preto.
-O que há de errado com ele? –disse Lydia.
-O quê há de errado? Sou doutor em licantropia? Como é que eu vou saber?
-Precisamos tirá-lo do ônibus –eu comentei.
-E depois? –Lydia me olhou.
-Se ele estiver morrendo, não interessa se for um hospital, precisamos fazer algo –disse Allison.
-Stiles tem uma parada em um quilômetro, diga para o treinador parar. -comentei
-Eu já pedi, e ele me ouviu? Claro que não!
-Converse com ele –sugeriu Allison.
-Conversar? Deus, você conhece esse homem?!
-Só tente algo ok? –eu suspirei e desliguei o telefone.

Alguns minutos depois todos desceram do ônibus, eu, Allison e Lydia encostamos o carro e fomos até Scott para ajudá-lo. Fomos até um banheiro mais ao canto do local e entramos, fechando a porta. Allison o encostou na parede e levantou a blusa. Sangue negro escorria do machucado aberto, que aliás era enorme.
-Meu Deus, por que não nos disse? –perguntei.
-Desculpe –ele sorriu de leve para mim.
-Tá tudo bem, só nos dê um segundo por favor –eu fui até Stiles e Lydia e Allison se juntou a nós.
-Isso não está certo –comentou a caçadora –Já o vi se curando de coisas piores.
-O quê fazemos então, chamamos uma ambulância? –indagou Stiles.
-E se não ajudar? E se for tarde demais –comentei.
-Temos que fazer algo –disse Stiles.
-Pode ser psicológico –comentou Lydia.
Nós a olhamos curiosos.
-Como assim, tipo psicossomático?  -disse Stiles.
-Não, Somatoforme –eu comentei e todos me olharam –Uma doença física de causa psicogênica.
Stiles continuou me encarando.
-Está na cabeça dele –disse Lydia.
-Tudo na cabeça dele, por causa do –eu parei e abri a boca suspirando.
-Derek –disse Stiles me olhando cabisbaixo.
-Então o quê fazemos? –disse Allison.
Lydia remexeu sua bolsa e tirou duas caixinhas de lá.
-O costuramos –ela comentou –Talvez tudo que ele precise é acreditar que está se curando.
Allison assentiu e se abaixou, pegando a agulha e a linha enquanto eu e Stiles tentávamos atrasar o treinador, enquanto sentei e torci para tudo dar certo, minha cabeça voltou novamente para o dia anterior, fazendo meus olhos marejarem.

-Derek, temos que ir logo –eu suspirei, pegando as facas e as colocando em minha cintura.
-Estou indo –ele fechou o mapa do prédio conferindo novamente o lugar e suspirou –Tem certeza que você vai?
Eu o olhei e sorri andando na sua direção.
-Claro que tenho –dei um selinho nele e sorri –Quem te protegeria se eu não estiver lá?
Ele riu e segurou minha mão entrelaçando nossos dedos.
-Vamos –ele disse.
Assim que chegamos no prédio Isaac e Scott estavam com Deucalion, o Alpha disse algo e Derek se aproximou, saindo das sombras, minhas facas já estavam em mãos, prontas para serem usadas.
-Você sabia que eu tentaria convencê-lo não é? -Disse Scott olhando Derek –Por favor, não. Se mais alguém morrer...
-Ele –apontou Derek –Só Deucalion vai morrer hoje.
-Eu? –disse Deucalion sorrindo –Como um cego encontra este lugar? Sozinho?
Das sombras começaram a sair um por um dos Alphas, Ennis, Kali, os gêmeos, todos prontos para atacar e nos olhando mortalmente. Apertei a base das facas nervosa e bufei girando os pulsos, isso seria bem mais difícil do que havia imaginado.


Meus pensamentos voltaram ao ouvir o apito do treinador e Scott saindo com Allison do banheiro, ele estava com uma aparência melhor, eu sorri de canto e agarrei minha bolsa.
-Vamos com eles? –olhei Allison.
-Sim, vamos deixar o carro.
Eu assenti e fui atrás deles até a entrada do ônibus. Mas uma multidão impediu que continuássemos.
-O que houve? –perguntou Scott.
-Eu disse o que estava acontecendo com você e ele o atacou. -comentou Stiles.
-Quem? Boyd? –eu perguntei indo até o aglomerado de pessoas.
Bem no centro estava Ethan, caído no chão e sendo socado várias vezes seguidas por Isaac.
-Isaac! –ele continuava batendo sem ao menos piscar –ISAAC!
O loiro olhou para mim confuso, ele encarou à todos atordoado.
-Vamos sair logo daqui, pelo amor de Deus, adolescentes me irritam! –comentou o treinador.
Eu subi no ônibus acompanhada de Isaac, eu suspirei e segurei seu braço.
-Precisa se controlar –eu disse.
-Como você consegue? –ele me olhou –Quer dizer, ele era seu...como consegue se controlar?
Eu encarei Ethan no fundo do ônibus, Danny o ajudava com os ferimentos.
-Eu não sei, acho que estou triste demais para reagir há algo neste momento.
Isaac me olhou triste e me abraçou pelos ombros, eu retribui e suspirei.

Derek observou tudo à sua volta e depois atacou Deucalion, antes de chegar à ele Kali o chutou, fazendo o moreno voar para longe. Atrás de nós, com um estrondo, os gêmeos se juntaram e formaram um enorme Alpha, eu os olhei, e depois olhei Scott e Isaac, eles assentiram e se transformaram, eu segurei as facas e eles foram para cima dele, Ennis lutava com Cora e Boyd enquanto Derek lutava com Kali. Deucalion assistia à tudo com um sorriso no rosto, ele era patético, eu trinquei o maxilar para espantar a raiva e ergui minhas mãos, fazendo Deucalion voar para trás, ele se levantou e me olhou assustado.
-Você... –ele murmurou.
Ouvi algo atrás de mim e Kali tentou me acertar, mas eu fui mais rápida e desviei de suas garras, passando a lâmina fina em seu braço. Ela urrou e tentou outro golpe, que foi impedido por Derek que a jogou para longe. Ouvi alguém rugir e Cora caiu no chão com cortes profundos nas costas, eu fui até Ennis e pulei em suas costas, entrelaçando minhas pernas em seu pescoço e o jogando no chão com um giro, ele caiu e rugiu me encarando com raiva, fui até Cora e ajudei a mesma a se levantar.
-Obrigada –ela suspirou.
Algo me agarrou pela cintura, era Ennis.
-Quer lutar bonitinha? Então vamos lutar.
Ele cravou suas garras em minha pele e eu gritei, ele me jogou no chão e eu bati as costas com força, o ar saiu de meus pulmões, olhei em volta atordoada, todos estavam caídos, indefesos, Ennis me levantou e colocou suas garras em minha garganta, eu engoli em seco e olhei Derek, que me encarava assustado.
-Mate-o –disse Deucalion –Mate ele e todos podem ir.
Derek encarou Boyd que o olhava igualmente em desespero.
-O quê? Este garoto? –disse Kali olhando Derek –Ele é um Alpha? De quem? Um bando de adolescentes?
-Alguns tem mais talentos que outros –disse Deucalion me olhando.
-Vamos lá Hale, escolha –disse Kali –A pack –ela apontou Boyd caído no chão –Ou a família?
Ela apertou o pescoço de Cora com os pés e Derek bufou, ele olhou Boyd, depois Cora, depois Deucalion. Ele estava perdido, tinha que escolher algum.
Foi quando um som agudo cortou o ar e uma luz ofuscante explodiu, Os Alphas cobriram os olhos em desespero, eu consegui me soltar de Ennis e finquei minhas facas em seu peito.
-Achei que íamos lutar –eu sorri de lado.
O joguei para frente, onde estava Scott, o Beta correu até nós e atacou Ennis, mas ele jogou Scott para longe, ele se segurou com as garras raspando o chão e ergueu a cabeça nos olhando.
Seus olhos brilhavam em vermelho.
Eu o olhei certamente espantada, mas então ele piscou e o vermelho foi novamente substituído pelo amarelo, ignorei o fato e me concentrei agora nos gêmeos que corriam na minha direção. Eu bufei e usei minhas mãos para me jogar por cima deles, caindo em pé do lado oposto, eles se viraram e rugiram.
-Vocês me irritam, em dose dupla, para piorar.
Eu fui para cima deles que tentaram, em vão, me acertar com as garras e punhos, eu desviava facilmente, como se fizesse isso há anos. Mudar deste jeito era bom.
Cravei uma das facas no ombro do grande Alpha e a puxei para baixo, abrindo um ferimento gigantesco em seu ombro.
Mas quando voltei para um segundo ataque ele me acertou e eu voei longe, batendo na parede, meio atordoada olhei em volta, todos ainda estavam se recuperando da rajada de flechas de Allison, com certeza era ela. Ao canto estava Derek, ele lutava incansavelmente com Ennis, o atacava sem dó. Ele foi andando e lutando, Ennis tentou atacá-lo, Scott tentou ajudar Derek arranhando os tornozelos de Ennis, o único problema? Eles estavam na beirada da falha da construção. O Alpha agarrou Derek conforme caía, eu estendi meus braços mas a fraqueza não deixou meus poderes funcionarem. Derek me encarou, seus olhos vermelhos me estudaram nos últimos segundos antes que ele caísse junto com Ennis.
-DEREK!
Eu me arrastei com dificuldade até a borda, lá em baixo estavam os corpos dos dois. O s olhos de Derek estavam abertos, sem brilho algum, encarando o nada, e seu corpo totalmente imóvel. Meu coração parecia querer parar de bater, a dor em meu peito era tão grande que cogitei a possibilidade de pular ali.
-SOPHIE, PRECISAMOS SAIR DAQUI!
Scott me puxava, mas eu não saía do lugar.
-NÃO, NÃO PODEMOS DEIXÁ-LO AQUI!
Ele me pegou pelos braços e saiu me arrastando até a saída do prédio, eu chorava e gritava desesperada.
-SCOTT, VOLTA, VOLTA AGORA! AGORA!
Ele me abraçou apertado e eu fechei meus olhos chorando mais ainda.
-Eu não posso, prometi para ele que ia te proteger. –ele comentou baixo.
-Mas eu não posso deixá-lo lá!
-Ele está morto Soph –ele suspirou e senti suas lágrimas também caindo e molhando meus cabelos –Derek está morto, e não podemos fazer nada agora.
Ouvia os outros correndo para fora, eles também choravam, mas baixo, diferente de mim, eu precisava tirar aquele peso, aquela dor. Então os meus gritos podiam ser ouvidos por toda a cidade.
Ele estava morto. e junto com ele, meu coração também havia morrido.

-Ei, Sophie, Sophie!
Olhei para meu lado e Stiles me olhava curioso.
-Você está bem?
-Estou só...estava pensando em algumas coisas.
Ele suspirou e assentiu.
-Ok, vamos repassar. São os sacrifícios certo? Tem tudo a ver com eles ou alguém que acha que é um Druida sombrio ou algo assim.
-Ou um Druida sombrio de verdade -eu suspirei.
 -Um Darach –disse Stiles.
Nós suspiramos e eu olhei para frente.
-Sabe, algumas culturas antigas sacrificavam pessoas em preparação para batalhas.
Stiles levantou a sobrancelha e suspirou.
-Então temos uma Alpha pack contra um Druida sombrio.
-É –eu suspirei.

Entrei em meu carro com algumas compras, coloquei as sacolas no banco do passageiro e fechei a porta pronto para dar a partida, foi quando algo se chocou contra meu vidro e me assustei ao ver uma mão totalmente ensanguentada marcar o local. Abri a porta e me agachei ao lado da pessoa.
-Derek! –eu o olhei –DEREK!
-C...Chris –ele suspirou, e apagou em seguida.

Sophie POV
O ônibus andou mais algumas horas até pararmos em um motel, olhei ele e suspirei descendo devagar.
-Já vi piores –comentou Scott.
-Onde? –eu o olhei.
-Certo, certo, me escutem! –disse o treinador –O torneio ficou para amanhã. Este é o hotel mais próximo com vagas suficientes e menos juízo por aceitar um bando de degenerados como vocês. Formem duplas, pensem com sensatez. –cada um de nós pegou uma chave e saímos andando –E não vou aceitar perversões sexuais de vocês, seus tarados!
Por sorte consegui um quarto só para mim, me aliviei em poder ficar um pouco sozinha. Decidi tomar um banho e tranquei a porta tirando a roupa e entrando no chuveiro, observei as minhas costelas e suspirei, as marcas de garras ainda estavam ali, elas manchavam minha pele clara assim como os hematomas nas costas e pernas. Eu em sentei na banheira e abracei minhas pernas enquanto a água caía sobre minha cabeça. Com relutância deixei algumas lágrimas escorrerem por meu rosto, a imagem de Derek caído naquela imensidão de destroços passava pela minha mente, e sempre que eu tentava esquecê-la, ela voltava, e voltava cada vez mais nítida. Ouvi um barulho em meu quarto, enrolei rapidamente uma toalha em meu corpo e saí do banheiro, parado na frente da minha cama estava Deucalion, ele sorriu para mim e encarou o chão, aos seus pés uma poça imensa de sangue manchava o carpete, quando cheguei mais perto observei o corpo de Derek, seus olhos estavam abertos, sua boca também, dela, escorria sangue. Seus membros pareciam ter sido tirados e recolocados no lugar em posições impossíveis, estavam tortos e moídos, eu corri para o banheiro e tranquei a porta, mais sangue começou a manchar o piso  branco do banheiro, ele saía da pia, do chuveiro, dos encanamentos, me deixando completamente ensopada. Eu tampei os ouvidos e fechei os olhos com força, eu gritei com toda a força de meus pulmões para espantar aquilo.
-SOPHIE!
Abri os olhos e percebi que ainda estava no chuveiro, a porta trancada chacoalhava enquanto alguém a forçava, os objetos do banheiro estavam todos quebrados, os espelhos, os vidros da janela, os vidros de perfume. Eu me levantei e enfiei o roupão abrindo a porta, Stiles me olhou assustado e segurou meus ombros.
-O quê houve? Ouvi você gritar, aconteceu alguma coisa?
Eu saí desesperada do quarto e fui até onde o corpo de Derek estava, mas não havia nada lá.
-Eu..Eu vi, eu... –nenhuma frase completa saía da minha boca.
-Ei, calma ok?
Lydia e Allison entraram no quarto e me olharam assustadas.
-O quê fez no banheiro? –perguntou a ruiva.
-Não faço a mínima ideia –eu olhei para o local e suspirei.
-Tem algo errado com vocês –disse Allison –quer dizer, com os seres sobrenaturais deste lugar.
-Então precisamos achar os outros não é? –olhei eles.
-Vai ir de roupão? –indagou Stiles.
-Claro que não –eu sorri de lado –Vou me trocar, sai daqui.
Ele bufou e saiu fechando a porta, Lydia e Allison continuaram ali, não havia problema em me trocar na frente das minhas melhores amigas. Peguei uma troca de roupa e a coloquei.
-Soph, por que você...você gritou? –disse Allison.
Me sentei na cama e suspirei olhando em volta.
-Vi Deucalion no meu quarto, e aos pés dele estava... –eu suspirei –O corpo de Derek.
Elas me olharam com pena e Lydia veio até mim me abraçando.
-Estamos aqui com você.
Eu sorri em agradecimento, Stiles bateu na porta e nós saímos.
-Ok, precisamos achar os outros. -ele comentou.
Saímos caminhando pelos corredores até pararmos e ouvirmos um barulho parecido com o de um serrote, olhei os outros assustada, a porta de onde saía o barulho estava trancada, Stiles tentou arrombá-la mas não conseguiu, eu bufei e a empurrei com meus poderes, fazendo ela finalmente se abrir.
Lá dentro, Ethan segurava um serrote elétrico perto de seu corpo, ele iria se partir ao meio. Corri até ele e puxei o serrote de sua mão com a telesinésia, ele me olhou furioso e deixou suas garras à mostra, as posicionou no abdômen e tentou novamente se despedaçar.
-Não, não, não, EI! –segurei suas mãos e ele fincou suas garras em meu braço, continuei segurando-os até ele tentar me empurrar e trombar em um lampião à gás. Ele gritou e segurou o pulso olhando em volta assustado.
-O quê aconteceu? –ele nos olhou e bufou saindo do quarto.
-Ei, Ethan, espere!
Fomos atrás dele que desceu as escadas rapidamente colocando sua blusa de volta.
-Não sei como fui parar lá nem o que estava fazendo –ele disse.
-Poderia ser mais útil –comentou Stiles –acabamos de salvar sua vida.
-Talvez não deveriam ter feito isso. –ele comentou, voltando pra seu quarto.
Eu bufei e olhei os três.
-E agora?! –perguntei.
-Eu vou atrás do Scott –comentou Allison –Vocês vão atrás de Boyd e Isaac, o melhor a se fazer é tirá-los deste lugar.
Nós assentimos e saímos de lá, Lydia caminhava na frente quando parou abruptamente e se abaixou.
-Lydia, o que foi? –perguntou Stiles.
Ela fez uma cara de pensativa.
-Barulho de água corrente.
-No chão?
Ela continuou ali, eu encarei Stiles e ela se levantou novamente.
-Alguém está se afogando!
Nós olhamos uns aos outros assustados e corremos até o quarto de Boyd e Isaac, assim que entramos olhei o banheiro e corri até ele, Boyd estava na banheira com um cofre em cima do peito, Stiles se abaixou e tentou tirar o tampão.
-Ele bloqueou, não consigo tirar!
-O que fazemos? –perguntei aflita.
-Me ajudem!
Nós três tentamos puxar o cofre, mas era pesado demais, sentei arfando no chão e olhei em volta.
-Vão trás de Isaac, eu cuido disso.
-O quê? –Stiles me olhou –Está louca?
-Confie em mim, por favor. Há sinalizadores no ônibus, o fogo os acorda, pegue-os e salve Isaac e Scott
Ele me encarou confuso, mas saiu em seguida junto com Lydia, eu olhei o cofre assustada. Derek nunca deixaria um de seus Betas morrerem, e eu também não deixaria.
Segurei os dois lados do cofre, meus dedos escorregavam, eu o puxei uma vez, duas vezes, cinco vezes e nada. Meus braços doíam, mas eu não ia desistir, eu era um ser sobrenatural, devia ter alguma coisa que ajudasse nesse momento. Tentei uma sexta vez, arregacei as mangas do moletom e segurei o cofre com firmeza, o puxei para cima, trinquei os dentes com o esforço e bufei. O cofre se levantou e eu o tirei de cima de Boyd, assim que o coloquei no chão Stiles entrou pela porta e enfiou um dos sinalizadores na água, Boyd se levantou e rugiu alto, ele se levantou e nos olhou um pouco perdido, peguei o segundo sinalizador e olhei em volta, ouvindo algo debaixo da cama. Me abaixei e lá, encolhido, estava Isaac.
-Ei, tenho algo pra você. –coloquei o sinalizador ao seu lado e ele saiu rapidamente de lá, nos olhando e suando frio.

-Não acho Scott –comentou Allison.
Descíamos as escadas apressadamente até o estacionamento.
-Não tinham três sinalizadores no ônibus? –perguntei.
-Sim –comentou Stiles –Vou pegá-lo.
Assim que ele se virou paramos e observamos o local. Scott estava com o sinalizador em mãos, estava ensopado com um líquido e ao seu lado estava um galão vazio de gasolina. Fomos caminhando devagar até ele.
-Scott? –Allison o chamou –Scott?
Ele continuava parado encarando o chão.
-Não existe esperança –ele disse nos olhando finalmente.
-Como assim Scott? –eu o olhei com os olhos marejados –Sempre há esperança.
-Não para mim, nem para o Derek.
Meu coração se apertou e lágrimas escorreram silenciosas pela minha face.
-O que aconteceu com ele não foi sua culpa –comentou Allison –Sabe que não foi.
-Sempre que eu tento lutar as coisas pioram –comentou o Beta –As pessoas ficam se machucando. Pessoas são mortas.
-Scott, me escute, você não é assim –comentou Stiles se aproximando dele –Tem uma coisa na sua cabeça mandando você fazer isso certo? Agora...
-E se não tiver? –ele olhou Stiles –E se for somente eu? E se for em frente for o melhor a se fazer por todos nós?
Coloquei a mão na boca para evitar que o soluço saísse.
-Tudo começou quando eu fui mordido –disse Scott –Lembra-se como era antes disso? Eu e você?-ele olhou Stiles - Nós não éramos nada. Não éramos populares, nem éramos bons em Lacrosse. –ele suspirou –Não éramos importantes. Não éramos ninguém, e talvez seja hora de eu ser ninguém novamente.
Ele ergueu o sinalizador na sua direção.
-Scott, me escute ok? –disse Stiles –Você é alguém, você é uma pessoa, você...-ele deixou as lágrimas escorrerem por seu rosto –Scott você é meu melhor amigo, e eu preciso de você ok? Você é meu irmão. Então... –ele pisou na poça de gasolina caminhando devagar até Scott –Se vai fazer isso, vai ter que me levar junto com você.
Stiles segurou o sinalizador e puxou lentamente da mão de Scott, que chorava. Ele o arremessou no chão longe dos dois e eu suspirei aliviada, olhei o chão e o sinalizador começou a voltar, ele relou na poça de gasolina e eu arregalei os olhos.
-NÃO!
Empurrei todos para trás com meus poderes, ouve uma explosão pequena e uma nuvem de fogo subiu ardendo, eu a olhei assustada, e bem atrás, como um observador, estava uma pessoa. Mas não parecia bem uma pessoa, o rosto era deformado e horrível, a coisa gritou, um grito agudo e cheio de lamento, e depois desapareceu em meio a fumaça. Todos se levantaram e nos olhamos assustados, sorrimos nervosos e nos abraços, os cinco, com força.

Acordei no dia seguinte com o ferro do banco machucando meu pescoço, me levantei e olhei em volta, nós havíamos dormido no ônibus. Me levantei devagar para não acordar Isaac que estava ao meu lado. A porta se abriu e o treinador nos encarou.
-Eu não quero saber, realmente não quero saber. Mas se perderam o anúncio o jogo foi cancelado e estamos indo para casa. Façam as malas, AS MALAS!
Ele saiu do ônibus e eu suspirei me levantando, mas antes de sair Ethan se sentou ao meu lado e suspirou.
-Não sei o que aconteceu ontem, mas sei que salvou minha vida. Então vou te dar uma coisa.
Eu o olhei curiosa.
-O quê é?
-Temos certeza que Derek está vivo. –eu arregalei os olhos e o olhei pasma –Mas ele matou um dos nossos, isso quer dizer que duas coisas podem acontecer. Ou ele entra em nossa pack e mata um de vocês, ou Kali vai atrás dele, e nós o matamos. É assim que funciona.
Eu o encarei e antes que saísse eu suspirei.
-Obrigada –eu o olhei.
Ele saiu e eu me encostei no banco observando Scott e os outros, eles me olhavam com a mesma surpresa. Eu me virei para frente e bati o olho no treinador, ele andava gritando com os alunos, e sua camiseta branca estava marcada com algo roxo. Eu me levantei e fui até ele puxando seu apito do pescoço.
-Ei, eu...me devolva depois, eu vou precisar!
Ele saiu andando pelo ônibus e eu fui até os outros, tampei o buraco do apito e o assoprei, assim que tirei minha mão de lá, um pó lilás ficou grudado nela.
-Wolfsbane –comentou Lydia.
Todos nos olhamos e Stiles puxou o apito de minha mão, abriu a janela e o jogou para fora enquanto o ônibus entrava em movimento.
-Ei, EI STILINSKI, O QUE VOCÊ FEZ?! –perguntou o treinador.

Horas depois, perto do almoço, chegamos em Beacon Hills, Allison pegou seu celular que tocava pela quinta vez e o atendeu.
-Pai, calma, nós já chegamos e... –ela parou e abriu a boca –tudo bem, eu...eu aviso ela.
Ela desligou o celular e me olhou assustada.
-O quê foi? –eu a olhei.
-Meu pai, ele está no loft do Derek.
Eu suspirei nervosa e puxei as chaves do carro de Allison.
-Eu te devolvo depois, prometo!
Entrei no mesmo e o acelerei o máximo que pude, pareceram horas que se passaram até eu chegar ao prédio. Desci afobada e subi as escadas correndo, cada degrau era uma batida mais rápida em meu coração. Abri finalmente a grande porta de metal e a puxei com força.
Chris estava sentado em uma cadeira, ele me olhou aliviado e em seguida olhou para o sofá, lá, deitado e desacordado, estava Derek. Eu corri até ele e me abaixei ao seu lado.
-Derek? Derek!
Ele abriu lentamente os olhos e sorriu para mim.
-Soph...
Eu suspirei e sorri, chorando. Eu o abracei evitando os machucados ainda abertos, ele encaixou seu rosto em meu ombro e suspirou.
-Senti falta desse cheiro –eu o beijei –E deste gosto.
Chris caminhou até nós e observou a cena com um sorriso nos lábios.
-Vou ver como Allison está, se não se importam.
-Pode ir –eu disse sorrindo –Obrigada Sr. Argent.
Ele assentiu e encarou Derek.
-Obrigado –sussurrou o Alpha, ainda fraco.
Chris saiu e fechou o portão, eu me levantei e fui revirar algumas das muitas gavetas do armário da cozinha do lugar, de lá tirei alguns algodões e também peguei um pano molhado.
-Consegue sentar? –Derek assentiu e se sentou –ótimo, vou limpar um pouco disso.
Peguei o pano e passei lentamente pelos ferimentos, ele grunhiu com a dor, mas logo ficou calado, assim que o olhei percebi que tinha ficado quieto porque me olhava.
-O quê foi?
Ele tirou minha mão de seu abdômen e me puxou lentamente para cima sorrindo.
-Achei que nunca mais ia ver esses seus olhos –ele suspirou –Não poderia partir sem admirá-los uma última vez.
Eu sorri e o beijei, segurando seus cabelos, suas mãos seguravam minha cintura, o beijo foi longo e delicado, como se precisássemos daquilo para vivermos, para respirarmos, precisávamos um do outro.
Assim que nos separamos observei os ferimentos, eles estavam se fechando por completo, eu sorri e olhei Derek que sorriu também.
-Acho que era disso que eu precisava.
Eu sentei ao seu lado e o abracei forte, como se soltá-lo fosse uma coisa impossível, e ali ficamos até a chuva pesada cair lá fora, e por mais que o céu estivesse triste e sombrio, agora meu coração estava alegre e quente, ele queimava com a felicidade e o amor, ele queimava por ter Derek ao meu lado.