História The Sound Of Silence (Inacabada) - Halloween

Sophie POV
-Mexa sua bunda para cá agora Sophie, temos trabalho a fazer.
Eu bufei e me remexi no sofá.
-Stiles, não! Eu estou em casa e está frio, me deixe em paz!
-Claro que não, vem logo pra cá!
Eu desliguei o telefone e puxei meu moletom, Derek havia dormido à horas na cama de meu quarto e eu assistia um filme na sala, Stiles tinha que inventar! Peguei as chaves do carro e deixei um bilhete para Derek, o avisando que tinha saído.
Estacionei na escola e corri pelos fundos até o vestiário do time de Lacrosse.
-Stiles? –eu olhei em volta, tudo estava escuro.
-Aqui!
Uma lanterna passou pelos meus olhos e eu os fechei.
-Tira isso da minha cara! –eu puxei a lanterna de sua mão. –Temos mesmo que fazer isso?
-Sim, precisamos fazer isso, você é minha melhor amiga e quero que participe disso com a gente.
-A gente? –eu o olhei.
-É, era pra Scott estar aqui também.
Ele agarrou o celular e ligou para o moreno, colocando no viva-voz.
-Venha pra cá Scott.
-Não cara, já estou deitado, e você não está meio velho pra isso?
-Fazemos isso pelo treinador. –comentou Stiles.
-Achei que faziam isso com o treinador –respondi.
-Você arrastou Sophie pra isso também?
-Claro que sim! Olha, ninguém mandou o treinador fazer aniversário no Halloween, é tipo uma tradição pregar peças nele, então venha logo para cá! Se não estiver aqui em cinco segundos, eu vou destruir você, estou falando literalmente, cinco, quatro, três, dois...
-Um –disse uma voz atrás de nós.
Pulei de susto e agarrei em um armário, Stiles gritou e caiu no chão.
-Odeio você –dissemos eu e Stiles juntos, fazendo Scott sorrir.

Depois de planejarmos tudo eu voltei para casa, era quase duas da manhã e podia ouvir a TV ligada, entrei e vi Derek deitado no sofá, ele provavelmente tinha tentado me esperar, mas o sono o venceu e ele dormiu. Eu segurei o riso ao vê-lo todo torto e com a boca aberta, desliguei a TV, tirei o moletom e me enfiei debaixo de seus braços, que automaticamente me abraçaram, ele enterrou seu rosto em meus cabelos e continuou dormindo, sua respiração pesada fazia minha nuca se arrepiar.
Eu entrelacei sua mão na minha e suspirei, meus olhos chegavam a fechar sozinhos de sono, acabei dormindo minutos depois.

“O calor à minha volta era terrível, chegava a machucar a minha pele. Eu ouvia ao fundo gritos agoniantes de pessoas, mas não conseguia discernir quem era, ou o que diziam. Me aproximei mais do som, com cuidado, desviando dos lugares onde o fogo era mais crepitante, abri uma porta que dava num suposto quarto, as vozes pararam imediatamente. Olhei em volta, as pessoas que gritavam estavam caídas no chão, seus corpos praticamente carbonizados, tampei a boca em desespero ao ver meu pai, minha mãe, Derek e todos os meus amigos ali. Tentei correr pra longe daquele cenário de terror, mas algo fez a porta se fechar. Todas as vezes meu sonho acabava aí, com as chamas me engolindo numa mistura de laranja e vermelho, mas desta vez foi diferente. Uma voz chamou pelo meu nome, ela parecia vir de todos os lugares, olhei em volta confusa até notar uma outra pessoa no cômodo, sentada em uma cama. Era uma mulher de cabelos loiros, totalmente suja de sangue. Ela me encarou e seus olhos brilhavam em roxo, eu me afastei dela vagarosamente.
-Não tenha medo Sophie –ela sorriu –Nunca machucaria uma de nós.
-Nós? –eu a olhei assustada.
-Sim, uma Fênix –ela sorriu –É um prazer conhecê-la, sou Katherine Frank.
Eu a olhei novamente, ainda confusa, ela era a última Fênix registrada, mas havia morrido há 500 anos.
-Você deve estar percebendo como seu poder tem aumentado, não vem? Sente a alma das pessoas à sua volta, sua força, sua agilidade. Eu também sentia isso Sophie, mas diferente de você, eu não os controlei. Eu deixei que meus poderes me guiassem, e eu fiquei incrivelmente forte. Sabe o quê uma Fênix faz quando está prestes a morrer?
-Ela queima. –eu murmurei.
-Exato –ela se levantou e caminhou na minha direção, e por mais que quisesse sair dali, meu corpo não se mexia. –Eu facilitei as coisas para você minha querida, eles estavam prestes a morrer –ela apontou todos caídos no chão –Então, eles queimaram. E você vai ficar bem mais forte sem eles, e vai renascer das cinzas com todo o seu poder.
Uma lágrima escorreu por minha bochecha.
-Eu nunca faria isso. –respondi.
-Ah minha querida, você fala como se tivesse alguma escolha. Você vai ceder, e vai queimar, queimar à todos.
Ela agarrou a lateral de minha cabeça e várias imagens passaram por meus olhos, Katherine presa à uma fogueira, uma casa simples de campo que ardia em chamas, seus gritos que faziam meus ouvidos zunirem e um homem que nunca havia visto na vida, com olhos vermelhos como os de Scott.

Acordei gritando à plenos pulmões, me debatendo no sofá, Derek pulou assustado e agarrou minha cintura, evitando que eu saísse de lá.
-SOPHIE, SOPHIE!
As coisas à nossa volta flutuavam no ar, mas eu não conseguia me acalmar, era perturbador ter aquela mulher em minha cabeça.
-EI, OLHA PRA MIM, OLHA PRA MIM! –Derek virou meu rosto para o dele, eu ofegava e respirava fundo, suando frio e chorando –Sua âncora lembra? Eu to aqui Sophie, to aqui...
Eu focalizei em Derek, seus olhos verdes brilhando de preocupação, sua barba perfeitamente alinhada, sua boca...Parei de chorar e respirei fundo, agarrando Derek. As coisas caíram no chão, causando um barulho alto.
-O que aconteceu meu amor? –ele passava suas mãos por minhas costas –O que você viu?
Eu me levantei no mesmo segundo, me lembrando das coisas que  Katherine havia dito.
-Sophie? –ele me olhava confuso.
-Me desculpe Derek, eu só... –suspirei e fechei os olhos –Não quero machucá-lo.
-Você nunca faria isso. –ele respondeu sério.
-Como sabe? –eu o olhei –Derek desde aquele dia meus poderes nunca mais se estabilizaram, eu não tenho nenhum controle sobre eles, e se de repente eu quebrar seu pescoço com minha telesinésia? Você nem pode imaginar pelo que eu estou passando! -eu chorava e encarava o chão -Se eu fechar meus olhos e me concentrar vou ver tudo aquilo de novo...
-Aquilo o que Sophie? -ele disse caminhando até mim e me abraçando forte.
-A dor, a angústia, a morte...e o fogo, há fogo por todos os lados.
-Fogo? –ele me olhou confuso.
Me virei para ele e deitei em seu ombro.
-Eu sonhei com isso por semanas, mas não mencionei, não achei importante. Mas agora piorou, eu...eu posso machucar você, e eu nunca me perdoaria se algo acontecesse com você por minha causa.
-Pare com isso, você nunca machucaria ninguém que ama, mesmo sem controle total de seus poderes. –ele encarou meus olhos –Tem algo a mais, não tem?
Eu encarei aquela imensidão verde, e por mais que ele soubesse que eu estava mentindo, eu suspirei e neguei com a cabeça.
-Não.
Ele me encarou por mais longos segundos antes de eu ir lentamente para a cozinha, já era quase de manhã e eu precisava ir para a aula. Derek continuou ali parado me observando, mas eu não ia contar à ele sobre ela, sobre o que ela havia me dito.

“Sophie apanhou sua coisas no quarto e desceu já pronta, com um sorriso fraco mais verdadeiro em seu rosto, ela beijou Derek, que retribuiu. A morena saiu para a garagem e em segundos dirigia para a escola, mas Derek continuou encarando a janela mesmo depois da namorada ter partido, ele estava preocupado, assustado e não sabia mais o que fazer para ajudar sua amada, ela estava escondendo algo dele, mas para isso acontecer devia ser algo no mínimo horrível.
Seu coração se apertava cada vez mais quando via Sophie sofrer daquele jeito, ele queria que ela fosse feliz, ao seu lado, mesmo com todas as dificuldades pelas quais eles passaram, mas algo dizia à ele que muitas coisas ainda estavam por vir, e não seriam nada fáceis.”

Sophie POV
Cheguei na escola e antes de descer do carro observei meu reflexo no retrovisor, parecia acabada e totalmente cansada, que era exatamente como me sentia naquele momento. Respirei fundo e peguei minha bolsa, fechando o carro e caminhando até a aula, abri meu melhor sorriso quando avistei Scott descendo de sua moto, e ao seu lado para minha surpresa, os gêmeos desciam de suas próprias motos, caminhei até ele e observei os ex Alphas.
-Voltaram para a escola? –perguntei.
-Não, só queremos conversar –respondeu Ethan.
-Ah, essa é uma mudança pra vocês –disse Stiles que passou sua mão sob meu ombro – Na maoria das vezes só estão machucando, mutilando, matando.
-Precisamos de uma pack –disse Ethan –Precisamos de um Alpha.
-É, com certeza não –disse Stiles –Mas é hilário.
-Vocês que vieram procurar ajuda –disse Aiden.
-E vocês quase transformaram a cara de Scott em purê –comentou Stiles
-Por que eu diria sim? –Scott os olhou.
-Porque adicionaríamos força, nós o faríamos mais poderoso. Não tem razões para negar –disse Aiden.
-Na verdade eu tenho uma, como vocês segurando as garras de Derek enquanto Kali empalava Boyd –disse Isaac, que se aproximou de nós. –Não sei porque não estamos o empalando agora mesmo.
Olhei em volta nervosa, não queria estar naquela discussão nesse momento.
Aiden mostrou suas presas e os olhos brilhantes para Isaac.
-Quer tentar?
O loiro se aproximou do garoto mas eu segurei seu braço, ele me olhou e eu neguei levemente com a cabeça, ele voltou para onde estava.
-Me desculpem, mas eles não confiam em vocês. E nem eu. -comentou Scott
Ele saiu e os garotos o seguiram, deixando os gêmeos para trás. Eu suspirei e os encarei.
-Eu não disse que não confiava em vocês, mas depois de tudo o que houve precisam se esforçar mais para fazer eles finalmente entenderem que querem entrar para a pack.
-Acha mesmo que funcionaria? –Ethan me olhou.
-Acho. E se contarem à eles que eu disse isso eu jogo os dois em uma piscina de Wolfsbane e assisto vocês morrerem afogados enquanto como um balde de pipoca. –Eu sorri e saí andando até meus amigos.
Abrimos a portão de ferro e um papel higiênico bateu na cabeça de Stiles.
-Ei, essa é minha cabeça! E boa escolha amigão, uma boa decisão de Alpha, não é Soph?
Eu os encarei e assenti.
-Claro, ótima escolha.
-Espero que sim –suspirou Scott.
-Você sabe que foi. -Stiles sorriu
Eu tentava acompanhá-los desviando dos rolos de papel no chão. Scott encostou em meu ombro e ficou observando o corredor, me virei e vi Kira guardando as coisas em seu armário, sorri de canto e empurrei Scott.
-Gosta dela, não gosta?
-O quê? –ele me olhou assustado.
-Kira.
-Ahn, não. Quer dizer, talvez, ela é legal e é nova.
-Então a chame para sair –eu disse.
-O que? Agora? –exclamou Scott.
-Sim, agora –disse Stiles –Scott, não sei se entendeu ainda, mas você é o Alpha, o principal predador, todos te querem, você é a garota gostosa que todos querem!
-Eu sou a garota gostosa? -ele me olhou.
-Sim, você é a garota gostosa –disse Stiles.
Isaac se aproximou de nós e Scott o olhou.
-Eu sou a garota gostosa.
O loiro me encarou e eu dei de ombros, segurando o riso.
-Sim, você é. –ele respondeu, fazendo Scott abrir um enorme sorriso e sair para sua aula.
-Ele tá bem? –perguntou Isaac.
-Possivelmente não –eu disse sorrindo e puxando a manga de seu casaco –Vamos, a primeira aula é do treinador.
Adentramos a sala e nos sentamos, Stiles estava do meu lado e encarava a porta nervoso, um barulho bem alto foi ouvido e um grito.
-FILHO DA PUTA!
A sala caiu na gargalhada e nós também, eu fiz um high-five com Stiles que ria como louco.
-Halloween –disse o treinador, que abriu a porta com raiva –Noite do diabo, das travessuras, não me interessa como chamam, esses pivetes são do diabo. Vocês acham engraçado jogar ovo na minha casa todo Halloween?! A casa de um homem devia ser seu castelo –ele bateu na mesa de Scott que pulou de susto –A minha é um maldito omelete.
Ele pegou uma caixa em cima da mesa e a observou.
-Vamos fazer isso de novo? Acho que não.
Ele jogou o embrulho no chão e o pisoteou, um barulho de cacos de vidro nos alertou e o treinador abaixou, olhando a caixa, dentro havia uma caneca, agora quebrada. Nela as palavras “Treinador #1” estavam estampadas em azul. Ele agarrou a carta e a leu envergonhado.
-“Parabéns, com amor, Greemberg.”
Ele olhou a sala e suspirou.
Lydia estava ao meu lado e começou a balançar sua mão.
-Ei, o que foi? –eu perguntei.
-Uma mosca –ela disse.
Olhei ao redor de sua cabeça mas não enxerguei nenhum inseto, franzi a testa, mas me virei novamente para a lousa.

Derek POV
Adentrei o loft e vi Peter jogado no sofá, em suas mãos estava uma caixa cilíndrica que eu já havia visto, eu abri a boca espantado e fui até ele, agarrando a mesma.
-Ei, educação! –disse Peter.
-Cale a boca, onde achou isso?!
-Eu não achei –ele suspirou –Nos devolveram.
-Quem?
-Deucalion.
Eu ergui a sobrancelha confuso.
-E por que não abriu ainda? –me sentei ao seu lado.
-Porque não sei como isso abre –ele sorriu cínico.
Eu bufei e girei a tampa três vezes para a esquerda, depois três vezes para a direita, e a puxei. Peter me olhou curioso e eu joguei o conteúdo na mesa. Quatro garras caíram à minha frente.
-Foi tudo que restou dela depois do incêndio –suspirei.
-Talia –disse Peter –Não sei dizer se isso é tocante ou mórbido. Mas o que planeja fazer com isso? Guardar?
-Não –eu suspirei –Preciso perguntar algo para ela. E é a única maneira.
Encarei Peter e ele revirou os olhos.
-Só pode ser brincadeira. -ele bufou. –O que quer com ela afinal?!
-Perguntar como nosso ancestral Victor Hale, aprisionou a última Fênix.
-Aprisionou? –Peter me olhou curioso –Achei que estava...
-Morta. Mas não está, descobri isso nos registros de nossa família à alguns minutos atrás, e agora tenho quase certeza que os pesadelos de Sophie tem a ver com ela, preciso de respostas, e você vai me ajudar.
-Não, não vou.
-Eu não pedi –eu sorri.
-Odeio tanto você –ele bufou.

“Os alunos saíam de suas respectivas aulas, Sophie conversava animada com Stiles quando sentiu algo diferente, ela olhou em volta confusa.
-Soph? –o moreno olhou a amiga preocupado.
-Aconteceu algo –ela comentou –Os policiais estão vindo para cá, estão atrás de alguém.
Stiles a encarou confuso, mas logo ouviu as sirenes conhecidas do carro de seu pai, ele mordeu os lábios nervoso e puxou Sophie pelo braço, indo até a saída.”