História The Sound Of Silence (Inacabada) - Proteja-me Se Puder

“Stiles entrou meio atordoado no hospital, olhava em volta, inquieto, procurando alguém específico. Caminhou mais um pouco até o balcão de atendimento, onde Melissa mexia em alguns papéis.
-Stiles? –ela olhou o garoto, preocupada. –Está tudo bem?
Ele tinha olheiras, sua pele pálida estava coberta por uma fina camada de suor, ele balançou a cabeça, negando.
-Acho...acho que não
Melissa foi até o garoto e suspirou, colocando a mão em seu ombro
-Está tudo bem, venha comigo.
Ela o encaminhou para um quarto, fechando a porta em seguida e fazendo-o se sentar na cama.
-O que você vem sentindo? –perguntou Melissa, com uma prancheta em mãos.
Stiles suspirou, pensando um pouco.
-Desmaios, mas não por muito tempo. Sonambulismo, igual eu tinha quando era criança. Também estou muito ansioso.
-Teve ataques de pânico? –ela perguntou, o fitando.
-Sim, dois. Ah sim, e eu também perdi a capacidade de ler por um tempo, mas talvez tenha alguma ligação com a árvore mágica gigante e a história sobre sacrifícios humanos.
Melissa riu, assentindo.
-Eu lembro vagamente de algo assim –ela sorriu, encarando a ficha –Quantas horas está dormindo?
-Oito.
-Por noite? –ela perguntou.
-Nos últimos três dias –sussurrou Stiles.
Melissa o encarou levemente assustada, ele aparentava realmente precisar de um bom descanso.
-Tem se sentido irritado? –ela caminhou até um pequeno armário, mexendo nas gavetas.
-Sim, talvez ao ponto de homicídio -comentou o garoto.
-Sonhos vívidos? Falta de concentração?
-Basicamente é “sim” para todas as perguntas. -ele murmurou
Melissa sorriu e se aproximou de Stiles com uma agulha em mãos.
-Sabe o que eu tenho? –ele perguntou, a olhando.
-Acho que sei.
Ela ergueu a blusa de Stiles, colocando a agulha em sua pele, causando um incômodo no mais novo.
-O que é isso? –ele suspirou.
-Midazolam, um sedativo –ela comentou, limpando a gota de sangue que escorreu do local.
-Por que o sedativo? –ele questionou, confuso.
-Porque você Stiles está sofrendo de insônia –disse Melissa –Precisa descansar, e precisa ser agora.
Ela o empurrou com cuidado, fazendo Stiles se deitar na cama, ele se remexeu, desconfortável, não gostava de hospitais. Ele já se sentia cansado e mole por conta do sedativo, Melissa puxou uma coberta por cima dele, que a agarrou, se enrolando na mesma.
-Obrigado mãe –ele sussurrou, antes de finalmente pegar no sono.
Melissa o olhou com pena, Stiles era como um filho e vê-lo todo frágil ali a comoveu. Ela sorriu e acariciou seus cabelos antes de sair, fechando a porta atrás de si.”


 Sophie POV
Os Argent e Isaac resolveram que falar com o ex Yakuza seria nossa melhor opção, eles tinham um plano, e nós tínhamos outro.
Quando as aulas finalmente acabaram eu saí pelo portão, olhando em volta. Stiles não tinha ido para a aula e ficar sem ele era estranho e incômodo, vi ao longe Scott subir em sua moto, acompanhado dos gêmeos, achei curioso quando ele deu a partida, mas Ethan e Aiden ficaram para trás, claramente bravos.
Me aproximei dos dois e segurei a risada ao ver que Kira havia desmontado algumas peças das motos.
-Não os culpem –comentei –Eles só não querem que nada aconteça conosco.
Eles bufaram alto, e eu fui para meu carro, abri o mesmo e entrei. Quando decidi por meu material no banco de trás, eu travei imediatamente.
Havia alguém ali.
Era ela, Katherine, a mulher que tanto me atormenta em meus sonhos. Eu abri a boca para tentar chamar por ajuda, mas nada saiu da mesma, nem mesmo um suspiro.
-Eu estou quase te achando minha querida –ela sorriu, fazendo meu corpo se arrepiar de medo –Espero que esteja preparada para morrer.
Depois de me olhar por longos segundos, ela desapareceu novamente, me deixando sozinha no carro. Eu saí do mesmo e avaliei o carro de fora a fora, ela tinha simplesmente evaporado! Eu me encostei no capô, nervosa, tentando acalmar minha respiração, quando finalmente consegui voltei para dentro do carro, acelerando para o loft de Derek.

“Melissa passou mais uma vez pelo quarto de Stiles antes de continuar seu plantão, ela folheou a ficha do garoto e observou os tópicos, ela estranhou reconhecer a maioria deles de algum lugar específico. Sem que ninguém percebesse a Sra. McCall entrou em uma sala menor e observou os arquivos colocados nas estantes, folheou alguns até achar o que procurava, o abriu e comparou os sintomas de Stiles com os que ocupavam aquela ficha.
Após acabar, ela fechou a ficha com pesar e observou sua capa, na mesma se encontrava a data do óbito do paciente, 2004, e logo acima o nome da mesma.
Claudia Stilinski

Quando finalmente acabei de subir as gigantescas escadas até  loft, abri o portão do local e olhei em volta, Derek estava sentado no seu sofá e me fitou com um sorriso no rosto.
-Oi meu amor –eu comentei, sentando em seu colo.
Ele abraçou minha cintura e se deitou em meu peito, sorrindo.
-Como foi a aula?
Eu suspirei, tentando esconder ao máximo o leve nervosismo que ainda me incomodava.
-Um tédio, como sempre.
Ele riu, dando um beijo na minha bochecha.
-Eu imagino que seja super difícil uma bruxa incrivelmente poderosa ter que passar horas aprendendo sobre os componentes químicos.
Eu dei uma gargalhada, confirmando com a cabeça. De repente eu parei, olhei em volta curiosa, havia algo de errado.
-Sophie? –Derek me olhou curioso.
-Tem algo errado com Scott –eu sussurrei.
-Como sabe? –ele balançou a cabeça –Deixa, eu sei, você não sabe explicar.
Ele me segurou pela cintura e prendeu minhas pernas em volta dele.
-Eu levo você, essas escadas são um horror.
Eu sorri, lhe dando um selinho, ele abriu a pesada porta e fomos para a casa de Scott.
Quando chegamos ouvi barulhos dentro da casa, olhei Derek preocupada, desci rapidamente do carro e parei na porta, Derek apontou a janela e a quebrou, já transformado.
Eu chutei a porta com força, fazendo a mesma se desprender da parede, lá dentro consegui ver o Sr. McCall caído no chão, ele sangrava e Melissa tentava ajuda-lo, Scott e Kira estavam lá, assim como os gêmeos, os lobisomens lutavam bravamente contra aqueles ninjas. Eu segurei Kira pelos ombros, impedindo a mesma de ser acertada pela criatura, me abaixei e acertei um chute no inimigo, mas não surgiu nenhum efeito.
-SOPH, AS CINZAS! –gritou Scott.
Atravessei a sala e agarrei um pote com as cinzas de tramazeira, Derek arremessou um dos ninjas pra fora, e Scott jogou o outro na janela, destroçando a mesma. Peguei o pote e o joguei no chão, formando uma linha protetora na porta, fechei meus olhos e me concentrei, fazendo o mesmo acontecer nas janelas e outras portas da casa.
Derek se aproximou de mim, assim como Scott.
-Os rodapés são de madeira de freixo? –Derek olhou Scott, que assentiu.
-Ideia do Deaton e da Soph. –ele comentou, sorrindo pra mim. –E de onde vocês surgiram?
-Eu senti que tinha algo errado –comentei, olhando Derek.
-Ah sim, os poderes sensitivos –disse Scott, suspirando.
-SCOTT! –gritou Melissa, nos alertando.
Acompanhei o Alpha até o andar de cima, onde sua mãe tentava parar o sangramento presente no braço esquerdo do Sr. McCall.
=É muito ruim? –perguntei, a olhando.
-Muito, ele perdeu sangue demais, a rotação do braço está acabada e o pulmão pode parar a qualquer momento.
Mordi os lábios, nervosa, era bem mais sério do que eu imaginava.
-Essas coisas não vão nos deixar em paz até o amanhecer. –disse Scott.
-Ele precisa ir pro hospital, não posso fazer nada aqui –disse Melissa, totalmente frustrada com a situação.
A ajudei, tirando um pouco da dor do mais velho, ele estava muito pálido e gelado. Desci novamente as escadas e vi Derek me observando.
-Como ele está?
-Mal –suspirei, me encostando na parede –Precisamos dar um jeito nisso, e logo.
Encarei a porta, conseguia ver aquelas criaturas lá, nos observando, num silêncio perturbador.

“Allison, Isaac e Chris estavam sentados à mesa, juntamente com o ex Yakuza, que os rodeava enquanto falava. Ele havia explicado que o símbolo presente atrás da orelha de Isaac era uma letra japonesa, o jiko, que significava “eu”, mostrando assim que a pessoa ainda era ela mesma, e não estava sendo possuída por algo, a modificando. Os Oni’s eram aquelas criaturas, criadas para caçarem esses espíritos malignos.
-Como assim possuídas? –perguntou Allison, confusa.
O senhor suspirou, se virando para eles.
-Existem treze tipos de Kitsune. Celestial, selvagem, oceano, trovão, entre outras. Mas existe um tipo, um Kitsune sombrio. É chamado de Void, ou Nogitsune
-Um Kumicho –comentou Chris, ao se lembrar da noite que enfrentou os Oni’s.
-Isso mesmo, ele foi possuído por um Nogitsune. Um Nogitsune acumula força vinda de dor e tragédia, conflito e caos. Ele é a destruição da pessoa que o carrega, e de todos à sua volta. –disse o senhor, encarando os olhos claros do Sr. Argent.”

-Não pode ser Kira, de jeito nenhum –disse Scott, nos olhando.
Eu enrolava distraidamente meus cabelos no dedo indicador, pensando.
-Eu acho que talvez teria sentido se fosse ela –comentei –Eu sinto os lobisomens, e sinto algo em Kira, mas nada sombrio, como em Jennifer.
-Mas é isso, Kitsunes são conhecidos por serem espíritos traiçoeiros, ele tenta te enganar. Como sabem que eu não sou a pessoa má? –disse Kira, cabisbaixa.
-Porque já vimos muitas pessoas más, e definitivamente você não é um deles –a olhei, acariciando seu ombro.
Observei a porta mais uma vez, meus olhos sempre voltavam até as órbitas vazias daquelas coisas lá fora, eles me causavam arrepios involuntários na espinha.
-Devíamos fazer algo –disse Aiden, se referindo à Kira.
-Não, nem pensar –disse Derek, sério.
-Acha que estamos aqui pra que Derek? Grupo de estudos? Viemos para proteger Scott.
-Estamos lutando por ele –disse Ethan.
Derek suspirou, deixando um mínimo sorriso aparecer em seus lábios.
-Tenho certeza que estão –ele se virou para os gêmeos – Tenho certeza que matariam por ele, mas estão dispostos a morrer por ele?
Os dois se calaram, abaixando levemente a cabeça. Derek tinha razão, todos nós faríamos o possível para nos protegermos, inclusive morrer um pelo outro. Se ambos queriam entrar na pack de Scott, precisamos ser leais à ele em todos os aspectos.
Um alto barulho me fez pular, assustada. Olhei pela porta e vi uma das criaturas bater na barreira, fazendo meus ouvidos zunirem. Me aproximei de Derek, que enlaçou minha cintura com os braços, me protegendo.
-O que eles estão fazendo? –perguntou Scott.
-Testando as fraquezas –disse Derek.
Eles começaram a bater mais forte, os pratos e quadros da casa caindo no chão, se estraçalhando em mil pedaços. Com as espadas, ele tentaram perfurar a barreira invisível, e infelizmente, pareciam estar tendo sucesso.
-Gente? –sussurrei, olhando a porta –Temos um problema.
A mão de um deles atravessou a luz azul, que indicava a proteção, senti meu corpo se esquentar com a adrenalina, pronto para enfrenta-los. Ouvi meu celular tocar, o agarrei assustada ao ver o número de Allison.
-Me diga que descobriu algo –comentei.
-São demônios japoneses, Oni’s. Estão atrás de alguém possuído, alguém com um espírito maligno.
-Um Nogitsune -sussurrei.
-Eles não vão machucar ninguém, só querem confirmar se o espírito não está em você, eles só estão procurando o Nogitsune.
Ouvi o celular desligar e olhei em volta, todos pareciam ter ouvido, pois encaravam Kira. A barreira foi rompida, os Oni’s adentraram a sala e nos posicionamos na frente dos dois, os protegendo.
-Não façam nada –disse Scott.
Nós o olhamos, confusos.
-Sério? –o encarei, vendo os Oni se aproximarem cada vez mais.
-Sim, se afastem.
Eu suspirei pesadamente, mas me movi para o lado. Os gêmeos e Derek fizeram o mesmo, deixando o caminho livre até o Alpha. Kira segurou a mão de Scott e os dois se aproximaram, parando na frente dos Oni’s.
Um deles segurou Scott, o outro Kira. Ambos caíram de joelhos e me lembrei da sensação horrível que aquilo causava. Os olhos amarelos preencheram o ambiente, tudo ficou silencioso. Eles soltaram os dois, fazendo-os cair no chão, quase inconscientes. Os Oni nos observaram e sumiram em seguida. Suspirei pesadamente e me abaixei, ajudando Kira, estava tudo bem, eles estavam bem.

“Stiles despertou e olhou em volta, confuso. Já era noite.
Ele se livrou das cobertas e enfiou seus sapatos, saindo do pequeno quarto. O local parecia estar vazio, assim como o corredor bem iluminado. O moreno fechou a porta atrás de si e saiu, caminhando decidido até uma segunda sala.
Ele empurrou a porta, entrando no local. Estava escuro e frio, algumas macas espalhadas aleatoriamente denunciava que era uma sala desativada. O garoto sentiu algo atrás de si, o observando, se virou rapidamente e viu dois Oni’s, o encarando.
Stiles tentou correr, mas foi barrado por um terceiro, que o olhava com as órbitas vazias e escuras. O espírito estendeu sua mão na direção da orelha do garoto, ele arfava, nervoso.
Quando os dedos do Oni iriam tocá-lo, Stiles agarrou seu braço, o entortando. Os olhos amarelos o analisavam procurando algo. Com um movimento rápido, Stiles atingiu o peito do demônio, uma luz amarela saiu do local, e o Oni se dissolveu assim que a mão foi retirada. Stiles abriu sua mão, revelando um pequeno vagalume na mesma. O garoto o encarou, com um sorriso aterrorizante nos lábios, e o olhar frio. Se virou então para os outros Oni’s, que o atacaram.

Sophie caminhava pelo corredor, procurando o quarto onde o amigo estava, Melissa havia dito que era o quarto 126, mas ele estava vazio.
A garota andou mais um pouco, a esmo, até ouvir um barulho estranho em uma sala no final do corredor. Ela olhou pela porta de vidro e se assustou ao ver Stiles, parado, encarando a parede. Ela se aproximou cuidadosamente e suspirou.
-Stiles? Está tudo bem?
O garoto se virou lentamente, abriu um sorriso e assentiu.
-Claro, tudo bem. O que andou fazendo?
Soph sorriu, puxando o amigo para o corredor e começando a contar sobre tudo que havia acontecido na ausência dele.
Assim que a porta se fechou, a escuridão voltou a reinar na sala abandonada, a única coisa que era vista ali, era uma luz bem fraca no chão, na verdade, três luzes.
Três vagalumes, morrendo.”