História The Spectacular Now - Party.

Eu me encarava no espelho e não acreditava no que via. Eu realmente estava me arrumando para a festa do Johnson, e Samantha poderia chegar a qualquer momento. O macaquinho preto com detalhes de rosas vermelhas estava esticado em minha cama, e o barulho de passos vindo da escada indicavam que ou minha mãe ou Sam estavam em casa.

- Cheguei. - A porta abriu com um estrondo, Sam tinha tentado me assustar.

- You Failed. - Falei brincando, com voz grossa, fazendo a mesma rir.

- O que acha? - Disse, girando para me mostrar a roupa. Ela vestia uma cropped de gola alta branca, uma calça de cintura alta preta e um oxford cut out prateado.

- Eu amo as suas roupas, bicho. - Disse, e era verdade. O estilo de Samantha era único, e a forma como ela não se deixava levar pelo que os outros pensavam era de se admirar.

- O que você vai vestir? - Ela perguntou, pegando o batom vinho da bolsa. - Aquele macaquinho em cima da cama com uma sandália preta. - Respondi, enquanto terminava de passar o rímel.

- Não é nada demais lá não, né? Me recuso a usar saia preta colada ou salto alto. - Brincou Sam, enquanto acertava o batom em sua boca.

- Creio que não. - Falei, fechando a máscara de cílios. Meu telefone começou a vibrar freneticamente, indicando a chegada de jack, não é como se ele morasse longe e não pudesse esperar um minuto na garagem. Deslizei uma das mensagens e digitei um "estamos descendo", quando na verdade, Sam ainda estava deitada na cama com o telefone sobre o rosto.

- Gilisnky está nos esperando. - disse, chamando a atenção da loira, enquanto terminava de colocar a sandália preta em meus pés. - Ele pode esperar um pouquinho. - Afirmou Sam. - Isso tem haver com a sua nova tática de fazer meninos bonitos esperarem por você, para quando você chegar ter mais efeito sobre eles? - Perguntei, olhando para a mesma segurando o riso.

- É, tem. - Ela disse, já sentada, colocando os sapato.

- Me poupe, nos poupe. Vamos logo. - Terminei o diálogo, abrindo a porta e pegando minha bolsa. Eu andava em direção ao carro preto acompanhada de Samantha, e pude ver Jack apoiado sobre o mesmo de braços cruzados, enquanto uma menina com cabelos longos e escuros reclamava sobre alguma coisa, nosso atraso, talvez.

- Hey.- Disse, acenando para notifica-lo da nossa chegada. - Obrigada pela carona. - Terminei a frase, quando chegamos mais perto, e ele respondeu a mesma com um sorrisinho.

- Vocês estão bonitas. - Elogiou Jack, olhando para Sam, que mexia no telefone. - Essa é a minha namorada, Madison. - Falou, passando o braço sobre o ombro da garota que usava uma calça jeans bem rasgada, um body preto e algumas gargantilhas.

- Olá. - Ela sorriu forçada. - Podemos ir agora?

- Claro.- respondi, indiferente de sua grosseria.

Todo o caminho até a festa fora tenso e banhado com as grosserias da morena, Gilinsky tentava puxar assunto, fazer piadas, mas Madison estava sendo o cúmulo da antipatia. Eu trocava olhares com Samantha toda vez que a morena fazia algum comentário desnecessário e grosseiro, e nós duas revirávamos os olhos simultaneamente. Era como se Jack fosse seu saco de pancada particular, e pelo pouco que eu o conhecia, ele não merecia isso.

- Chegamos. - Ele disse, sorrindo pelo retrovisor. - Eu vou procurar as meninas lá dentro, tchau tchau.- Ela disse, se referindo tanto à mim e Sam, quanto a Gilinsky, no qual ele deu um rápido selinho antes de sair.

- Então - disse o moreno, olhando para trás. - Vamos para a festa?

Clichê, essa palavra tem estado muito no meu vocabulário ultimamente, mas não tinha jeito melhor de definir essa festa adolescente. Uma casa grande, com adolescentes segurando copos vermelhos com bebidas alcoólicas para todo o lado, música alta e pegação. Tenho que admitir que festas não são muito o meu estilo — eu já tenho bastante cerveja no meu dia a dia. Olhei ao meu redor e eu estava perdidinha, Samantha tinha saído para procurar Christopher e discutir mais um pouco a relação deles, e eu não fazia ideia de onde Josh e Charlie estavam. Caminhei até o frizzer onde todas as bebida destiladas estavam na esperança de achar uma água ou um refrigerante.

- Sabe, Cinderela, o barril de cerveja fica pra lá. - Disse Hamilton, o dono da voz que atrapalhara minha busca por uma coca cola.

- Eu sei. - Disse, parando de procurar e olhando para Nash. - Mas eu não bebo. - Sua reação foi um pouco engraçada, ja que seus olhos azuis se abriram um pouco mais.

- Você é uma princesinha mesmo. - Respondeu, rindo e me tratando como se eu tivesse 14 anos e aquela fosse minha primeira festa de verdade. Como seu estivesse sendo introduzida a bebidas agora. - Não quer nem provar? - Perguntou, e agora que eu olhava diretamente pra ele, pude perceber o tremendo bafo de bebida alcoólica que saia de sua boca.

- Eu passo, não curto muito. - Sorri falsamente. - Tem como você me dizer onde tem refrigerante? - Perguntei e ele apontou para a geladeira, que estava dentro da cozinha, diferente do frizzer que se encontrava em um canto da sala. - Agradeço.

- Com prazer, princesa. - Disse, pegando o copo de cerveja que ele apoiara em cima de uma mesinha e seguindo para a pista de dança. Você deveria vir dançar qualquer hora! - Exclamou, levantando o copo enquanto andava de costas.

- Daqui a pouco eu estou aí! - gritei de volta, fechando o frizzer e indo até a cozinha, tentando desviar de todos os corpos que dançavam e se agarravam pela casa. Por incrível que parece a cozinha estava vazia, cheia de copos espalhados pela ilha, mas nenhuma alma viva. Talvez seja porque ali só tinha uma geladeira cheia de água e refrigerante, nada de interessante para meros mortais. Enchi um copo de água e passei pela porta que levava até o quintal dos fundos, onde tinha uma grande piscina iluminada por luzes coloridas e rodeada por corpos dançantes — tanto dentro quanto fora da mesma. Poucas eram as pessoas que estavam sentadas, mas eu reconheci uma delas de costas. Caminhei até o menino com uma blusa de botões verde escura e uma calça preta e sentei ao seu lado.

- Olá Peter. - Disse brincando, e bebendo um gole da minha água.

- Olá Marie. - Respondeu Shawn, entrando na brincadeira. Ele jogou um pouco dos cabelos levemente cacheados para trás e olhou em minha direção. - Curtindo a festa?

- Para falar a verdade, não. - Respondi sincera, fazendo o mesmo rir. - E você? Não tem nenhuma menininha que te atraia aqui? - Disse, levantando as sobrancelhas de um jeito brincalhão.

- Eu estou fugindo de uma a noite toda, na verdade. - Disse, me fazendo rir alto. - Você acha que eu estou brincando? - Falou, com um leve sorriso no rosto.

- Não disse isso. - Falei colocando as mãos pra cima eu forma de rendição. - Olha, não me diga que eu vou passar a noite toda me escondendo de uma menina, porque eu vou ficar aqui com você.

- Minha companhia é tão boa assim? - Perguntou rindo.

- Na verdade eu não tenho pra onde ir.

- Obrigada pela parte que me toca. - Falou, antes de virar a cabeça bruscamente para mim. - Ela tá vindo, ela tá vindo, ela tá vindo.

- Quem? - Peguntei, olhando ao redor. - A ruiva? - Recebi um aceno de cabeça como resposta. Ela era Rachel, a líder de torcida que fez Charlie de trouxa e o humilhou no primeiro ano. Ela se aproximava cada vez mais, e o olhar de desespero de Shawn ficava cada vez mais evidente.

- Você é uma boa atriz? - Ele perguntou.

- Não. - Respondi sincera.

- Pode tentar? - Pediu desesperadamente, e por um momento eu pensei que ele fosse me beijar, aqui e agora.

- Não. - Respondi rapidamente.

- Só pega na minha mão e finge um clima, vai? - Se eu não estivesse nervosa, eu com certeza teria rido do jeito que ele tinha pedido.

- Tá. - Falei, juntando minha mão com a dele e segurando seu braço com a mão livre. Aos poucos Rachel chegava, com os cabelos grandes e ruivos, mas seu olhar passou por nossas mãos e ela deu a volta. Não vou negar que um sorriso vitorioso quase surgiu em meu rosto: eu nunca fui com a cara dela.

- Graças a Deus. - Shawn disse, soltando minha mão. - Já que nenhum de nós tem pra onde ir, que tal a gente dançar um pouco?

- Não vou recusar. - Disse, me levantando e esticando uma das mãos. - Vamos?

Seguimos nosso caminho para a pista de dança, onde tocava "Despacito", o que me desanimou um pouco, já que eu estava farta daquela música. Shawn me levou para o meio da pista e juntos dançamos a noite toda. As pessoas bêbadas a nossa volta só eram um plano de fundo para ótima noite que tive ao lado de Shawn. Nenhum pingo de bebida, só eu, ele e a música, e eu percebi que por mais que eu não gostasse de festas, essa era uma boa. Pelo menos até agora.