A imagem que enchia seus olhos era sublime e um pouco curiosa para Stuart.Veja, ele pensou, todos eles compartilham das mesmas doutrinas e concordam entre si, talvez fosse.Seus pais nunca o obrigavam a nada.Todos os domingos lustrava os sapatos e empapava o cabelo azul, costeletas atrás das orelhas e franja bem repartidas.Ele não odiava frequentar o lugar nem ouvir algumas palavras diariamente, palavras gratas e sadias, mas recentemente começara a estudar em sua escola coisas como protestantismo no Tempo Moderno, Calvino e todas aquelas teses.O lugar era tão lindo, florões, brasões, arcos, túnicas, folhagens, tudo adornado com ouro e capricho, adorava ouvir também as histórias dos beatos que deixaram a riqueza para cuidar apenas de uma pastagem em que as nuvens se debruçassem e as pelagens se confundissem com elas.
Detalhava cada uma, rajadas, pardas, negras, brancas, orgânicas, soberbas, ainda assim sendo controladas e domadas em espacinhos reclusos.A santa que era ostentada na parede esquerda possuía uma estria úmida e bruta que cruzava a face redonda e angulada, seios matriarcais e delicados, um capuz posto como um pêndulo sobreposto e um ar europeu inconfundível.O santo do lado direito tinha um cabelo ralo no topo da cabeça e uma túnica mais escura e surrada.Na oratória mais bem pavoneada, ficava um Cristo.Magro, bonito, de cabelos sedosos, pavorosamente mutilado e crucificado.Ofereceram ao pequeno Pot uma hóstia, pequena circunferência com um relevo em latim ou algo que o valha, não podia entender o que dizia.Compreendeu a simbologia e aceitou o "pecado" imposto nele por ser humano e desfez na língua a massa, parecia uma ideia meio estranha.
Mas haviam duas coisas que ele rejeitava do fundo de suas entranhas, a primeira era o dízimo.O padre era um homem espirituoso na igreja, das bochechas quase pavimentadas num sorriso que nunca se apagava, a menos que lhe viessem implorar os mendigos.De mãozinhas tímidas e enrugadas, elas se estendiam ao traje negro luxurioso do homem lhe pedindo algo e eram deixadas de lado.A segunda era a rejeição.Mocinhas e prostitutas não entravam obstinadas em suas blusas no templo.A fé julgava tudo com olhos de águia e negava a natureza mais carnal e feliz das pessoas.
-Mamãe, estou cansado. - Disse ele pressionando o antebraço de sua mãe.-.
-Falta um pouco só.Quer uma caneta?Risque um guardanapo...-Sussurrou ela reticente enquanto apanhava os objetos de uma bolsa rosa um tanto grande.Ele desenhou uma banana.-.
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Stu apanhou sua escaleta e mordiscou o bocal enquanto se espremia no canto do parapeito, na varanda de sua casa.Começou a dedilhar as teclas brancas sem saber ao certo o que estava fazendo, seguindo sua intuição.O som não era nada excepcional, mas era atraente, as notas batiam na encosta de sua face e como um espelho refrator se lançavam escada a baixo, dançando, encantando os outros dois, como um sonar.Meia dúzia de palavras melancólicas vieram à sua cabeça, correu e as escreveu numa folha de caderno, fina que nem papel manteiga, a caneta esferográfica.Cantou em seguida no mesmo timbre que saía de seu instrumento, com a voz embargada, grave, se sentindo acalentado pela calmaria do momento, deixou-se ficar ali durante bastante tempo, tomava fôlego antes de voltar a soprar e falar em ritmo.Ficou ali por bastante tempo.
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