História The Story of Us (Nian) - Baby, death and love

Acordei mais cedo que o habitual, na verdade, nem sei se consegui dormir. Eu não conseguia parar de pensar em Austin. Não quero enganá-lo. Não o amo.

Tomo um banho longo e demorado, na espera que ele lave minha alma e me dê um rumo sobre o que fazer. Poderia eu simplesmente falar à Austin que eu não queria nada? Será que eu realmente não quero? De qualquer maneira, eu não sou corajosa o suficiente para ferir os sentimentos dele.

Só depois que eu servi meu café que fui lembrar que hoje é meu último dia de gravações. Me pergunto se os fãs ficarão desapontados com minha participação tão curta. Mas pelo eu apareci.

Caminhei até a janela da sala e olhei para a rua, na verdade, olhei para a casa de Ian. Fiquei encarando a casa por alguns segundos até que a porta se abre e vejo a figura de uma mulher saindo de lá. Ela arrumava o cabelo e as roupas amassadas. Logo reconheci, era a mulher que Ian estava beijando no dia que o flagrei traindo Nikki! Como ele pode ainda ficar com ela depois disso tudo?

A mulher olha para os lados e saí andando até um carro preto, logo depois, ela vai embora.

Sinto uma pontada de raiva, será que ele não vê o que está fazendo? Provavelmente não, então só basta a mim avisar.

Saio de casa e bato na porta de Ian. Não demora muito até ele atender.

- Mas o que foi que você esqueceu... – ele fala antes de me ver. Ele arregala os olhos.

- O que você pensa que está fazendo? – pergunto, cruzando os braços.

- Como assim? – ele cruza os braços também. Só então percebo que ele está sem camisa e perco o foco por um segundo. Só por um segundo.

Passo por ele e entro na casa. Ele fecha a porta.

- Você perdeu seu casamento por causa daquela mulher! – eu digo.

- Que mulher?

Ótimo, agora está se fazendo de desentendido também. Suspiro.

- Aquela que acabou de sair por sua porta. – indago.

Foi a vez dele suspirar.

- Bom, eu já não sou mais casado! Posso fazer o que eu bem entender. – ele se defende.

- Só estou fazendo meu papel de amiga e lhe avisando que ela não é uma boa parceira.

- Ah é? E por que não? – ele arqueia as sobrancelhas.

- Que mulher digna sairia às seis horas da manhã da casa de seu parceiro em um carro preto pra lá de estranho? Aliás, como você a conheceu?

- Você está certa. – ele diz. – É só que, estou cansado de menininhas. Ela é rebelde e não quer compromisso, e isso é exatamente o que eu quero no momento.

- Você já passou da adolescência Ian, aja como um adulto! – digo.

- Ah, como se eu fosse o único agindo como adolescente. Austin também agiu como um ontem quando te beijou.

Ele quer falar sobre Austin agora? Argh, às vezes sinto vontade de enforcá-lo.

- Isso não é sobre Austin. Não há nada errado com ele.

- Ele te beijou tão delicadamente, tão adolescente!

Reviro os olhos. Ele só está atacando de volta.

- Sabe... – ele caminha até mim. – Aquela garota simplesmente não conseguiu resistir ao meu charme.

Ele coloca uma mecha do meu cabelo para trás.

- Você está falando como Damon! – falei, indignada.

- Aprendi algumas coisas com ele. – ele disse.

Só então percebi que ele estava bêbado. Como não percebi antes? Será que estava focada demais no fato de ele estar sem camisa?

- Você está bêbado! – digo. Ele apenas continua sorrindo. Sinto o cheiro de whisky.

Empurro ele até o banheiro mais próximo. Demoro um tempo para achá-lo e Ian não queria me dizer onde ficava.

Ligo o chuveiro.

- Nós vamos tomar banho juntos, baby? – ele me olha de um jeito malicioso.

Reviro os olhos. Ele fica incrivelmente estúpido quando está bêbado.

- Não. Você vai. – digo.

Coloco Ian embaixo do chuveiro com água gelada, nem me preocupo em tirar suas roupas.

Ele sorri enquanto a água preenche todo seu corpo. Depois olha para mim.

- Nina, você está tão bonita.

- Obrigada, Ian. Mas fique quietinho. – digo. Odeio bêbados.

- Você é muito bonita. Você é minha namorada favorita.

- Não sou sua namorada.

Ele faz um biquinho.

- Então você é minha ex-namorada favorita, ok?

- Ok, Ian. Ok.

Ele ficou quieto, com os olhos fechados. Depois de alguns minutos desligo o chuveiro e ele abre os olhos.

Pego uma toalha e envolvo em seus braços, só então percebo que ele está tremendo.

- Ian, onde ficam suas roupas? – pergunto.

- Se-segunda porta depois desse banheiro.

Entrei no quarto, a cama estava desarrumada, mas o resto continuava impecável. Vou até o closet e pego algumas roupas aleatórias. Volto até o banheiro.

- Você consegue se vestir? – pergunto. Ele assente.

Saio do banheiro fechando a porta e espero. Algum tempo depois, Ian aparece.

Ian sai caminhando e eu o sigo, ele parece triste. Entramos na cozinha e ele pega uma xícara, logo depois, ele tenta pegar a cafeteira cheia de café. Mas ele está tremendo, e dessa vez não é de frio.

- Deixa que eu pego. – falo, tirando a cafeteira de suas mãos e colocando na xícara. Estendo a xícara para ele, que logo começa a dar pequenos goles.

Fico alguns minutos em silêncio, esperando ele falar algo. Mas ele simplesmente não diz nada.

- Ian. O que aconteceu? Por que está com essa cara? – pergunto.

Por um momento acho que ele ainda está bêbado. Só então ele começa a chorar e me abraça.

- Calma. Calma. O que houve? – passo mão em seus cabelos molhados.

Ele me solta e segura meus ombros.

- Ela...

- O que?

- Ela... está...

- O que foi, Ian? Quem?

- Nikki... ela está grávida! – ele explode.

Essas palavras foram piores do que um soco. Nikki grávida? Como isso foi acontecer?

Mesmo assim, tudo isso não explica o motivo de ele estar chorando tanto.

- Isso não é o pior...

Ele parece estar sofrendo tanto.

- Como eu pude? Eu estava bebendo esse tempo todo ao invés de fazer algo! – ele grita.

- Conte o resto, Ian.

As lágrimas não paravam de sair de seus olhos.

- Ela veio aqui noite passada. Me contou que está grávida e ela disse que... que se eu não voltar com ela e fingir que está tudo bem de novo ela vai... ela vai... ma-matar você.

Sinto um arrepio em todo o meu corpo.

- O que? Mas isso não faz o menor sentido, foi ela quem terminou com você! – digo. Ela não seria capaz disso.

- Eu sei, eu sei. Nikki disse que o divórcio fez a vida dela um inferno. E ela sabe exatamente meu ponto mais fraco: você.

Ele chora ainda mais. Eu o abraço.

- Calma. Ela não vai fazer isso. Vamos dar um jeito!

- Nina, por favor. Você não pode ficar sozinha em casa, você precisa vir para cá, por favor. – ele implora.

Diante de tudo isso, como eu poderia dizer não?

- Sim, não se preocupe. Vou ficar perto de você.

- Eu não posso te perder, eu te amo. – ele diz. Arregalo os olhos. – Eu nunca parei de te amar.

Ele beija minha testa e me abraça forte. Não sou capaz de dizer algo, estou apavorada demais.

Só fico aninhada em seu abraço. Pensando em como eu vou lidar com uma ameaça de morte, uma declaração de amor e um bebê.