História The Stripper. - Capítulo três: Novo Trabalho.

O clube em si não era lá essas coisas. Você imagina um local luxuoso, cheio de pessoas bonitas, comprando bebida cara. Mas essa é uma visão muito americana, e é claro que eu já trabalhei em lugares melhores.

Lucas me acompanhou até o quarto onde Bruna estava. Ela ficou animada em me ver e disse:

- Você andou sumida.

- Estou tentando não manter o contato com o clube. Você sabe, o meu contrato já acabou, eu só vim aqui por sua causa.

- Você é uma fofa. Haha

Bruna é definitivamente uma garota muito linda. Seus cabelos em um tom avermelhados davam um ar de beleza a seus olhos super azuis.

Fiquei abraçada a ela um bom tempo até ela dizer que estava sufocando.

- Desculpe ter feito você voltar aqui. Eu sabia que você tava evitando esse lugar...

- Não se desculpe, ok? Eu só preciso arranjar um trampo novo pra esquecer um pouco esse lugar.

Ela sorri. Claramente já estávamos super cansadas devido a fumaça de maconha que vinha do lado de fora.

- Posso dormir no seu apê hoje? - ela pergunta.

- Claro. - respondo.

- Aliás, se você quer se livrar do clube, eu sei um lugar que você pode trabalhar se quiser.

- Tô aceitando tudo que seja fora desse padrão.

Ela ri e continua:

- Tem uma colega minha na zona oeste que ta morando com o namorado. A casa é cheia daqueles caras que ficam fazendo vídeo pro Youtube. Ela disse que eles estão precisando de uma empregada. O pagamento é justo.

- Trabalho com fatos, Bruna.

- 2.500 em dinheiro vivo. É mais do que você consegue numa noite nessa merda, Luna.

Penso, e ela realmente está dizendo a verdade. As pessoas aqui já me conhecem e tudo se tornou muito violento nesse ramo. Garotas são violentadas toda hora em bares e ruas aleatórias.

Você não precisa ser prostituta pra ser estuprada. Ser prostituta é só um pretexto pra não denunciar um cara, afinal, você vive disso.

Arranjar um trabalho aleatório que me distraía dessa zona só vai ser melhorar minha vida, ou pelo menos eu quero achar que sim.

Bruna ficou animada em me ver querendo ajeitar minha vida. Ela não estava pronta ainda, era uma garota de festas e clubes. Eu me preocupo com ela, é claro, e tento aconselhar em tudo que posso mas ela é muito teimosa.

- Você vai ter que me apresentar a essa sua amiga, ok? - pergunto.

Ela sorri e saímos do clube. O cheiro de ar fresco preenche minhas narinas e logo eu sinto frio. São paulo é muito fria nessa época.

Ao chegar no prédio, Bruna logo sobe as escadas e apostamos uma corrida pra ver quem chega primeiro no meu apartamento. Ela ganhou e nós rimos muito.

- Vou ligar pra Marina e dizer que amanhã vamos na casa dela. - ela diz se esticando no sofá.

Ela liga pra tal Marina enquanto eu esquento a janta. Faço chá e nós comemos juntas, nos deitando logo em seguida.

Eu gostaria de poder ter uma vida normal, num trabalho normal. Ter novos amigos e apoio nos dias difíceis. Espero que possa encontrar nesse novo trabalho.

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- Acorda sua dorminhoca! - Já falava Bruna tentando me acordar.

Com muito esforço consegui sair da cama e tomar um banho gelado. Era de costume que a ducha do apartamento vivesse quebrada e ninguém realmente viesse conserta-la, mas enfim, eu não ligo pra isso.

Bruna havia preparado o café e como recompensa tive que aturar toda conversa de que eu tinha que me comportar no novo trabalho, e que era a minha única oportunidade de crescer na vida.

Ela estava certa. Por dezenove anos eu aguentei a prostituição e ninguém me ofereceu uma oferta tão boa quanto dois mil e quinhentos reais para trabalhar em uma casa.

Quero muito que tudo isso dê certo.

Saímos do apartamento e dona Ana já entrava no dela.

- Oi Isabel, como você está? - ela fala animada.

- Estou bem, e a senhora? Vou pra um novo trabalho hoje.

- Mais que ótima notícia! Boa sorte minha querida!

Ela me dá um abraço e vamos embora. Bruna ri da minha expressão de nervosismo quando pegamos um táxi para zona oeste. Meu coração batia acelerado e eu mal esperava pra chegar lá.

Passamos por muitas casas, Bruna foi o caminho todo escutando música alta nos seus fones, de vez em quando perguntando se eu estava bem.

Eu não sei se me vesti apropriadamente para a ocasião, mas levando em consideração que basicamente vou ser uma empregada então não tenho com que me preocupar no momento.

Ao chegarmos na residência, percebi que a casa é consideravelmente grande e tinha dois espaços.

Bruna pulou do carro e minhas pernas ficaram bambas. Se fosse pra transar com um cara 30 anos mais velho eu não ficaria com tanto medo assim do jeito que estou.

Quando ela ia bater na porta, perguntou:

- Está preparada?

- Não muito.

Ela ri e bate na porta. Quase imediatamente uma garota fala de longe e logo abre a porta. Ela é linda e parece com Bruna, com exceção da voz ligeiramente fina.

A garota se apresenta como Marina, e ela foi muito gentil. Nos abraçamos e ela se surpreendeu ao saber que o contato que Bruna tinha era na verdade a minha pessoa.

- Vai ser estranho ver uma pessoa da minha idade trabalhando aqui. - ela ri. - Os garotos vão gostar de te conhecer.

Garotos.

- Quantas pessoas moram aqui atualmente? - pergunto.

- Seis, contando comigo. A mãe de Coelho dorme aqui às vezes, mas é raro. Você vai gostar daqui, vou te mostrar seu quarto.

- Vocês tem um quarto pra empregada? - Bruna pergunta. - Essa casa te custou quanto?!

Marina ri e responde:

- Bastante. Mas nós dividimos todos os custos direitinho.

Acompanhamos ela e conversamos bastante. Ela me parece uma ótima pessoa e posso dizer que já gostei dela logo de cara.

Infelizmente, Bruna teve que sair pra resolver suas coisas e me deixou com Marina.

- Eu sei a saída, fiquem bem ok?

Ela me abraça e sorri irônica do meu nervosismo. Eu praticamente implorei com os olhos pra que ela não me deixasse, mas ela teve que ir. Marina e eu ficamos sozinhas e ela disse:

- Vem conhecer o pessoal!

Ela pegou na minha mão e continuou:

- Eu não esperava que você fosse tão nova, os meninos com certeza vão adorar você, mas não deixe eles passarem a mão na sua bunda ta?

Fico corada um pouco. Que ironia.

Marina me guia até a sala e de repente some dali, voltando com dois garotos. Eles se apresentam como Lucas e Gabriel. Lucas é mais cheinho e anda meio desengonçado, já Gabriel é menos desajeitado.

- Somos donos do canal 7 Minutoz, já viu algum rap nosso? - perguntou Lucas gentilmente.

- Ah... não. Desculpa.

- Haha. Tudo bem, mas quem você acompanha no Youtube?

Fico sem saber o que responder, afinal eu mal usava o YouTube.

- Eu não acompanho ninguém.

Os dois parecem meio desanimados mas Lucas passa o braço pelo meu ombro e fala:

- Nem se preocupa, a gente vai te mostrar tudo, você vai gostar.

Sorrio pra ele. Ele é um cara legal e divertido.

Logo depois, Coelho e Caneda vieram se apresentar também e percebi que Coelho realmente ama muito a Marina pois ele não desgrudava dela de jeito nenhum. Caneda é mais quieto e só apertou a minha mão. Comecei a me sentir meio mal pois eu nunca tinha interagido tanto assim com outras pessoas como estou interagindo agora.

Nos sentamos e conversamos sobre o meu trabalho na casa. Todos eles disseram que arrumavam o quarto e que eu só precisava fazer as comidas e ficar na cozinha. Na verdade, eles precisavam mais de uma cozinheira do que de uma empregada.

- A gente come muito fast food sabe? - Coelho disse. - Queremos ficar mais saudáveis, eu tô fazendo academia e a Marina sempre reclamou que tava ficando com celulite! - brincou ele.

- Nada disso!! - ela fala dando um leve tapinha nele.

Todos rimos, até um cara passar apressado pra porta da frente.

- Ei Polado! - diz Coelho. - Você não vai cumprimentar a Luna?

O tal Polado se virou rapidamente e disse:

- Oi. - e foi embora.

Todos ficaram meio desconfortáveis mas Lucas resolveu falar:

- Não liga não. Ele é o mais ocupado daqui! Haha

A descontração funcionou e todos rimos.

Eu só queria que tudo isso desse certo.