História The stylist - Jung Hoseok (J-hope) - BTS - Capítulo VINTE E NOVE

- Não! – Taehyung foi o primeiro a se pronunciar.

- O que? – Jimin o seguiu e logo todos da cozinha já estavam fazendo barulho com perguntas, menos Hoseok.

Finalmente o olhei em meio àquela bagunça de vozes e ele já estava me encarando.

FLASHBACK ON

Enviada às 23:15, 26 de dezembro de 2016

 

Caro, senhor Kim Sejin, desculpe o horário incômodo da mensagem, mas é preciso que lhe fale agora. Infelizmente, surgiu um grande imprevisto pessoal no Brasil, e não posso em hipótese nenhuma deixar de voltar o mais rápido possível. Já estou com a passagem comprada e viajo no dia 31 de dezembro. Lhe aviso nesta hora, pois foi agora que soube que teria que voltar. Queria muito poder continuar na família Bangtan Boys, mas realmente não terei como. Não se preocupe, pois há muitos modelos novos de roupas que os rapazes não usaram, e também muitos desenhos feitos. Imagino que o senhor não terá problemas com roupas até encontrar uma nova estilista.

 

Atenciosamente, (S/N).

Havia mandado uma mensagem para o manager naquela noite em que todos descobriram meu amor por Hoseok, foi a segunda coisa que fiz após comprar minha passagem de volta. (M/A) estava online e chamou para uma conversa de vídeo no Skype, mas não atendi. Não queria lhe contar tudo e ouvir um sermão. Já seria difícil dormir naquela noite com tudo que tinha acontecido mesmo, tudo o que não precisava era de um sermão... Me doía também ter que deixar o Bangtan Boys, mas a vida não é feita só de coisas boas.

Estava sentindo como se alguém estivesse esmagando meu coração com as próprias mãos. Por que estava sentindo uma dor forte naquele músculo pulsante? Não é o cérebro que toma de conta de todo o nosso corpo? Por que sinto meu coração tão maltratado?

Filofobia: A palavra se origina do grego “filos”, que significa “amar ou amado”. Os indivíduos que sofrem desta fobia têm medo do amor romântico ou de formar laços emocionais, de qualquer tipo.

Uma semana. Uma semana eu teria que esperar para ir embora para sempre da vida de Jung Hoseok.

Imagino o que (M/A) me falaria numa hora dessas: “Você não pensa em relaxar esse facho, garota?”, “Não é possível viver a vida inteira sem alguém ao seu lado.”

Tentei afastar aqueles pensamentos de minha cabeça e me focar em vencer uma semana sem fraquejar, sem me declarar e sem agarrá-lo.

FLASHBACK OFF

Hoseok se levantou e saiu da cozinha. Os meninos ainda estavam falando impedindo que minha voz fosse ouvida.

- Meninos... – Era em vão. – Meninos! – Finalmente pararam quando me ouviram um pouco mais alto. – A passagem já está comprada. É uma emergência.

- Que emergência?

- É, nos conte o que houve?

- (S/N), você não pode simplesmente ir.

- Você vai esquecer da gente. – Jin estava com uma cara triste.

- Não. É impossível que me esqueça de vocês. Vocês são o BTS, eu ainda vou ouvir muito de vocês. Nem que eu quisesse, poderia esquecê-los. – Forcei um sorriso, mas o semblante do resto dos presentes era triste.

- Quando você vai? – V cortou o silêncio estranho.

- Neste sábado.

- No ano novo?

- Sim. Eu teria comprado pra hoje, mas não tinha, então...

- Vou achar sua passagem e picotar. – Jimin brincou.

- Eu posso comprar outra.

- Eu corto seu passaporte.

- Jimin... – Pausei encarando seus rostos. – Vamos terminar de comer, meninos!

Eles recomeçaram a falácia, mas eu os repreendi e logo comemos.

O resto do dia foi muito estranho, assim como o resto da semana. Evitava ficar no mesmo cômodo que J-hope. Em muitos momentos nossos olhares se encontraram cheios de saudade, mas logo eu desviava, porém, ele não, eu sempre continuava a senti-lo em mim, a senti-lo me fitando. O que fazia meus batimentos cardíacos aumentarem.

Todos os outros meninos foram tão gentis comigo durante a semana, principalmente V e Jimin; aqueles dois passaram grande parte dos seguintes dias colados em mim, me pedindo para ficar, falando palavras de gentileza e afins. Me sentia tão amada por eles.

- Você disse que não iria adiantar... – Tae entrou no ateliê. Eu estava lá para arrumar algumas coisas pendentes antes de deixar para a nova estilista. O olhei desentendida. – Disse que iria continuar a amar Hoseok sobre todas as circunstâncias, não importando onde ele estiver ou...

- E é verdade. – Tirei meus óculos, os quais usava para trabalhar. – Precisarei de muito tempo pra me tornar a (S/N) que eu era quando cheguei aqui.

- Eu prefiro você assim. Apaixonada.

- Com licença. O manager tá aí e quer falar com você, (S/N). – Jin nos avisava. Eu e Tae o seguimos.

(...)

- Minha querida (S/N)! – O manager do BTS se levantou do sofá e veio ao meu encontro com os braços abertos. Me deu um forte abraço. – Tem certeza que não há nada que eu possa fazer pra você ficar? – Neguei com a cabeça. – Você nos fez tanto bem. Foi incrível para o BTS num sentido profissional, mas também num sentido social, você sabe, querida, você é parte de nós.

- Eu sei. – Sorri tímida. Os meninos se encontravam na sala, sentados no sofá. Hoseok assistia a cena bufando de raiva. Eu me sentei na poltrona e o manager sentou-se de volta em seu local, nós conversamos sobre os motivos pelos quais estava voltando para o Brasil, tudo mentira, óbvio.

- Não poderei vir aqui amanhã para me despedir uma última vez, mas espero que faça uma boa viagem! – Se curvou e depois me deu um abraço. – Esse seu costume de abraçar vai ficar aqui com a gente, não é meninos? – O manager nos fez rir com aquela pergunta.

Após sua saída, fui para meu quarto arrumar minha mala, afinal, a viagem já era amanhã.

Ao anoitecer, Namjoon veio até mim me chamar para uma última sessão de filme juntos. Senti a falta de Hoseok, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Todos sabiam de tudo, era um clima estranho, pois mesmo sabendo de tudo, ninguém ousava opinar em nada, nem mesmo Tae que se mostrava tão satisfeito com a ideia de mim e Hoseok juntos. De certa forma, estavam sendo respeitosos.

- Eu vou falar! – Suga entrou em meu quarto logo após o filme ter terminado. Ele falou assim que viu que eu ia abrir a boca para dizer algo. – Não viaje! – Balancei a cabeça fraco em negação. – Não me venha com desculpas de que tem medo de se apaixonar e todo esse bla bla bla. – De doce, Yoongi só tinha o apelido. – Você pode sim. Você deve e você merece. – Me abraçou e logo saiu de meu quarto, me deixando com um nó no cérebro.

Obrigada por tirar o meu sono, Min Yoongi. Suas palavras ecoavam em minha mente enquanto estava deitada, estava cansada, mas era difícil me concentrar mais do que 20 segundos de olhos fechados.

“Você pode sim. Você deve e você merece.”

(...)

O despertador tocou, mas não me levantei de imediato, como iria viajar só no voo de 19:00 p.m, queria prolongar minha estadia naquela cama, evitando os olhares de todos os meninos e seus pedidos para que eu ficasse.

Seria impossível. Ouvi batidas na porta e disse que entrasse.

- Hoje é o seu último dia e você está deitada? Vamos pelo menos aproveitar juntos.

- Vamos! – Jimin gritou de fora do quarto.

- Ok, ok. Posso ao menos tomar um banho? – Tae assentiu e saiu de meu quarto.

(...)

Quando desci para a sala, os meninos estavam assistindo um clipe musical do Mamonas Assassina, menos ele, mais uma vez, ele não estava lá.

- O que é isso? – Perguntei me sentindo nostálgica ao ouvir a música animada.

- Você pode ter o Brasil aqui mesmo na Coreia. – Park dançava de forma engraçada ao ouvir a música. Ri com aquilo, sentindo-me feliz, eles realmente me queriam bem e perto deles.

- Temos algo mais calmo... – Taehyung mudou para o próximo clipe, pondo em uma música do Los Hermanos, O vento. Céus, como amava aquela música.

- Meninos, a viagem é daqui há nove horas. – Falei olhando em meu relógio.

- É. Melhor deixar que ela vá de uma vez por todas. – Sua voz grossa se pronunciou e ele estava sério na porta da cozinha bebendo algo em uma xícara.

- Hope... – Jin tentou argumentar. Ele revirou os olhos e subiu as escadas.

Me sentei no sofá ao lado de Namjoon e Jungkook e apenas aproveitei aquela saudade do Brasil. Os meninos me divertiam ao tentar cantar a música, tentavam dançar a mesma coreografia das músicas de funk ou mesmo, inventavam novas.

O dia foi incrivelmente maravilhoso, apesar de que no fundo sentia-me incomodada. Mas era melhor assim, era melhor que J-hope sentisse raiva de mim.

(...)

- Deus da destruição! – O abracei. – Obrigada por tudo, e principalmente pelas conversas de moda que tivemos. Você tem talento! – Nós rimos.

- Jin, um dia ainda quero que me diga pra onde vai toda a comida que você come. – Bati em sua barriga, arrancando risos de todos. Lhe abracei e ele retribuiu.

- E pensar que quando cheguei não sabia o que maknae significava. – Passei a mão em seu cabelo o bagunçando. – E hoje, conheço um maknae de ouro! – Dei um abraço em Jungkook.

- Jimin! – Fui logo lhe abraçando. – Como gosto de você. – Ele beijou minha bochecha, sorrindo com seus olhinhos apertados.

- Tae Tae. Nunca se esqueça que você fica bem com qualquer cor nesse seu cabelo. Só tenha cuidado para não chegar aos 30 careca. – O garoto fofo riu e me apertou forte num abraço carinhoso.

- Espero que não faça piada com minha cor. – Suga falou rouco e me puxou para um abraço. – Está cometendo um erro. – Sussurrou em meu ouvido.

- Também vou sentir saudades, Yoongi, que de Suga não tem nada. – Todos riram novamente da minha análise. Jin estava chorando e Namjoon passou seu braço pelo ombro do amigo. – Então, é isso garotos... Foi uma experiência e tanto. – Peguei minhas malas e as puxei até a porta. – Espero vê-los no Brasil e não esqueçam: o Brasil não é só Rio ou São Paulo, tentem botar isso na cabeça dos empresários da Big Hit. – Abri a porta e acenei para todos. Jungkook agora, também estava de olhos marejados.

- Você não vai se despedir do J-hope? – V perguntou.

- Melhor assim, V. – Acenei uma última vez e fui embora.

(...)

Com a cabeça pesada no aeroporto. Vendo famílias indo receber seus parentes que chegavam para a virada de ano, botei a música para tocar, estava no aleatório e pude ouvir sua voz forte e marcante alcançar dentro da minha cabeça de maneira profunda. Até aqui J-hope estava presente. Olhei o visor do celular e sorri com aquilo. Qual a probabilidade disso acontecer?

Peguei minhas malas e corri, corri e corri...

Corri em direção à saída daquele lugar lotado. Peguei o primeiro táxi que vi, adentrando no mesmo. Ainda escutava MAMA com uma ansiedade imensa gritando dentro de mim.

- Tenha uma boa passagem de ano! – O taxista me disse assim que parou em frente ao meu destino. Estava de noite e nevando fraco.

- Eu terei! E espero que o senhor também. – O paguei e corri para entrar, com minhas malas.

(...)

- Shhh! – Pus um dedo na boca quando entrei no apartamento e percebi que Jungkook ia gritar ao me ver. Pude ouvir vozes vindo da cozinha, eles estavam comendo para saírem. Iam virar o ano em outro canto, provavelmente, alguma festa proporcionada pela empresa.

Não consegui. Não pude. Não me permiti fazer aquela burrada. Voltei para o lugar a qual eu pertenço.

Andei em passos leves até onde os garotos estavam e todos ficaram em silêncio quando me viram. Hoseok me olhou e engoliu seco.

- Garotos, eu...

- Claro! – Tae saiu depressa da cozinha, puxando o resto com ele.

- Eu sou tão estúpida. – Comecei a falar, estava pronta para botar tudo para fora.