~Volta pra hoje.
(JungKook P.O.V)
Depois de ficar encarando o vizinho enquanto me questionava sobre minha própria sexualidade, tirei meu pé da porta devagar mas não adiantou, Yoongi forçou para fechá-la novamente e numa tentativa falha de contê-lo, coloquei minha mão esquerda, e acho que ele era bem mais forte que eu. Não consegui parar e minha mão foi bruscamente esmagada pela porta. Gritei tanto que acho que até meus pais escutaram.
-FILHO DA PUTA! - ele abriu a porta rapidamente, pegando a minha mão para olhá-la, coitado do meu dedo, parecia até estar dando seta pro lado.
-Deixa eu te levar pro hospital. - ele me olhava preocupado e eu já com lágrima nos olhos, aceitei.
Entrei em casa peguei as chaves do carro, fechei a casa e entreguei a chave do carro para Yoongi. Fomos pro elevador e descemos pro subsolo para pegar o carro. Ele dirigiu até o hospital e dessa vez quem foi sem falar nada fui eu. Ao chegar lá ele entrou comigo, cheguei no balcão e a moça me entregou uma ficha para eu poder ser atendido.
-Pode sentar e preencher e depois de pronto você me entrega.
-Obrigada. - meus olhos ainda deviam estar vermelhos pelas lágrimas.
Mas eu havia me esquecido, eu sou canhoto. "Que merda! Como eu vou escrever?". Sentei ao lado de Yoongi e pedi pra ele preecher pra mim.
-A mão machucada é a esquerda, você ainda consegue escrever.
-Eu sou canhoto. - entreguei-lhe a folha e a caneta.
Ele desaprovou, pegou ainda com cara descontente e começou a escrever o que eu respondia. Depois de tudo respondido, levantei e entreguei a ficha pra mesma moça.
-Obrigada, agora é só aguardar. - voltei pra minha cadeira e sentei.
-Você é responsável por isso, Min Yoongi.
-EU NÃO. - falou num tom alto e a moça de lá do balcão nos olhou.
-Shhhh... - voltando a mexer em seu computador. Ele se desculpou por sinais e olhou pra mim novamente.
-Eu não, você que colocou sua mão na porta.
-Você que fechou a porta nela.
-Não. Você que quis colocar a mão.
-Não importa, agora minha mão boa está machucada. Como voltarei a fazer minhas coisas?
-Eu que vou saber...
-Vai saber sim. Você vai ter que fazer algumas coisas que eu não vou conseguir fazer com um gesso na mão.
-Tipo o que? Por favor, tudo menos banho!
-NÃO! - a moça agora olhava pra mim, me desculpei e voltei a conversa.
-Não quis dizer isso. Quero dizer tipo, você sabe tocar violão?
-Sim, sei.
-Sabe cozinhar?
-Sei um pouco, um amigo me ensinou.
-Vai tocar pra eu poder cantar, vai cozinhar pra mim e para JungKyun e vai dirigir pra mim quando eu precisar.
-Tudo isso? Eu tenho coisas mais importantes pra fazer, tipo dormir!
-Pensasse nisso antes de me machucar! Quem mandou fazer besteira!?
-Vou ver o que eu posso fazer. - desviou seu olhar para outro lado e colocou o seu fone de um lado do ouvido.
Em pouco tempo meu nome foi chamado e eu entrei para fazer o raio-x. Um médico examinou e falou o que eu já esperava e até mais, estava com três dedos quebrados fazendo um diagonal pela mão. Limparam, colocaram no lugar e engessaram. Demorou no máximo duas horas todo atendimento. Era quase meio dia, já estava com fome. Sai da sala e fui pra lugar onde eu estava antes de ser atendido. Lá estava Min Yoongi, escostado na parede dormindo. Fui até uma lanchonete e comprei um café. Voltei e sentei ao lado do garoto. Aproximei o café de seu nariz e ele acordou um pouco assustado.
-Parece que seu desejo de dormir vai além do seu quarto. - ele abriu os olhos assustado. -Aceita? - ele pegou o copo da minha mão, se ajeitou na cadeira e me agradeceu.
-De nada. - ele bebeu tudo de uma vez só o café quente.
"Meu Deus! Deve ter queimado toda garganta do menino!". Ele levantou da cadeira e pegou meu outro braço.
-Vamos?! - ele puxou fraco e eu levantei.
Saímos daquele lugar direto pro carro, voltamos pro prédio ainda calados e entramos. Subimos pelo elevador e ele devolveu minhas chaves, entrei na minha casa e ele foi em direção a dele. Virei pra trás e perguntei.
-Ei, onde você vai almoçar?
-Não sei, por que?
-Eu vou no restaurante da rua de baixo. Você não quer ir junto?
-Vou ver, preciso trocar minhas roupas, estão com cheiro de bebida e hospital.
-Também vou me trocar, se quiser vir comigo, me chame.
-Ta. - entrei em casa e tranquei a porta.
(Yoongi P.O.V)
Entrei naquela bagunça que era minha casa e fechei a porta. Tirei minha roupa e joguei no chão, entrei no banheiro e tomei banho. Depois fui na frente do espelho e fiquei me encarando. "Seu bosta, faz nada certo na vida". Desci meu olhar pro meu corpo com a parte inferior já coberta pela toalha e observei meu abdômen, acho que por uma questão genética, definido. Até porque eu sou rapper e não fisiculturista. Sai do banheiro molhando todo piso do quarto. Calcei meu chinelo e peguei roupas novas no monte, novas na minha concepção. Vesti-me peguei meu celular e a carteira que estavam jogados no colchão. Abri a porta e sai, fui até a porta de JungKook e bati, demorou um pouco e ele apareceu secando o cabelo com uma toalha.
-Você vai comigo?
-Sim.
-Eu vou só acabar de secar meu cabelo e pegar minhas coisas. - ele abriu mais a porta. -Tire os sapatos e entre, senta ai no sofá pra esperar.
-Não.
-Bom, a porta está aberta. - ele entrou por uma porta e a fechou.
Fiquei parado alí no mesmo lugar. Depois de pouco tempo, entrei. O apartamento de JunKook ocupava o espaço equivalente a dois do meu. Provavelmente seus pais compraram os dois espaços e juntaram. "Deve ser riquinho". Sentei no sofá e observei a estante que estava na mina frente. Haviam 3 fotos, em todas elas estavam uma criança, comum a todos porta-retratos. "Deve ser JungKook, essas fotos parecem antigas, é deve ser ele". Ao lado dessas fotos estava outro porta-retrato com uma foto mais recente. "Deve ser aquele menino que estava do lado dele aquele dia do elevador". Mais para cima havia uma foto de família, um homem, uma mulher, um menino mais velho e outro mais novo. "Devem ser os pais dele". Levantei do sofá e comecei a andar pela sala, era bem espaçosa e haviam espelhos nos cantos, uma mesa de jantar com um lustre e um quadro com uma pintura abstrata estranha. A mesma porta que JungKook havia entrado se abriu e ele saiu lá de dentro já pronto. O garoto parecia um anjo, a sua pele era branquinha e lisa, seu sorriso era tímido e seu cabelo estava pentiado de um jeito despojado e estiloso, suas mãos eram tão delicadas quanto as mãos de uma moça, seus olhos escondiam um brilho que a muito tempo não era mostrado.
-Vamos?
-Sim. - andei em direção a porta, abri e fui pra fora.
Ele veio atrás de mim e a trancou. Descemos pelo elevador e saímos do prédio. Andamos até a rua de baixo, entramos no restaurante e fomos nos servir. Eu tive que servir para JungKook por causa de seu braço imabilizado. Comemos e até repetimos o prato, sim eu e ele estávamos morrendo de fome. Levantei da mesa, paguei e voltei, ao acabar sua refeição, JungKook levantou para pagar.
-Eu já paguei.
-Mas, por quê? - ele me olhou desconfiado.
-Porque sim. Relaxa, vamos pra casa.
Voltamos cada um pra sua casa. Entrei, deitei no colchão e fui escrever um pouco pra passar o tempo.
(JungKook P.O.V)
Entrei em casa e fiquei parado na porta não sei o porquê, parecia que meu cerebro tinha desligado. Entrei pro quarto e peguei meu celular pra escutar algumas músicas. Depois de um tempo a música foi interrompida por uma ligação, olhei para tela e era minha mãe. Atendi apressado e animado.
-Omma!!
-Olá Jeon JungKook! Tudo bem com você e seu irmão?
-Sim, Omma. E a senhora?
-Tudo bem. Eu vim lhe dizer que estamos no Japão e não poderemos ir para Seul esse final de ano. Desculpe-me.
-T-tudo bem. - minha voz que antes estava energética, agora estava desanimada.
-Que bom que entendeu, Jeon. Estou pensando ir em fevereiro. O que acha?
-Ta...Legal. - minha tristeza era totalmente aparente em cada palavra.
-Que bom. Mande lembranças para JungKyun.
-Pode deixar.
-Até mais filho.
-Até, Omma. - desliguei o celular e me joguei na cama.
Eu até queria dormir uns minutos, mas aquela notícia havia me deixado com náusea, um aperto no coração e um nó na garganta. "E como vou falar isso pra JungKyun? Será que ele estava esperançoso com a vinda dos nossos pais?"
-Aigoo! - eu chorava, em silêncio, mas as lágrimas não desciam, tristeza se misturava com raiva e eu não me controlava.
Travesseiro agora era saco de pancada e alí descontava todos meus péssimos sentimentos.
(Violet P.O.V)
Queria poder falar mais com meu filho, estou muito distante e a saudade aperta tanto que as palavras acabam não saindo. Ser mãe de Jeon JungKook e Jeon JungKyun é um orgulho. Os dois desde muito pequenos aprenderam as coisas muito rápido, inclusive saberem pensar por eles mesmos. Eu e Pablo, o pai deles, tivemos que os deixar quando JungKook tinha 18 e JungKyun tinha 3, agora ambos estão com três anos a mais. Nesses três anos, conseguimos ir 2 vezes à Seul para visitá-los. Eu realmente amo os meus filhos. Lembro até hoje do amiguinho antigo do JungKook, ele se chamava TaeHyung, Kim TaeHyung. Ele era uma criança agitada e ao lado do JungKook,
levava seu sorriso contagiante por onde passava. Todos os dias, os dois iam pra escola juntos, comiam juntos, voltavam juntos, faziam tarefa juntos, enfim, eles realmente faziam a maioria das coisas juntos. Quando eles crescerem e continuaram fazendo isso eu desconfiei que eles fossem homossexuais, mas acho que não. Até hoje não tenho certeza, sobre Kim TaeHyung, claro. Quando JungKook teve a primeira namorada, TaeHyung ficou muito triste e até se afastou por conta própria do amigo. Depois que o namoro acabou aprecia que TaeHyung havia ganhado na loteria. Hoje eles se falam raramente por causa dos estudos de TaeHyung, ele está em Daegu e não vai muito a Seul. "Pensando agora, já que eu não poderei ir, bem que ele poderia ir visitar JungKook esse final de ano!". Peguei meu celular que tinha acabado de colocar ma bolsa e procurei o número do menino, achei o de sua mãe. Liguei, pedi o número de TaeHyung e anotei, ela perguntou para o que era, mas encurtei conversa e nada foi revelado. Liguei para TaeHyung uma, duas, três vezes e nada de ele atender.
-Vamos! Atenda o celular, garotinho. - falava sozinha.
Liguei de novo depois de um tempo ele atendeu, e eu já fui logo falando.
-Kim TaeHyung?
-Ne?
-Tudo bem?
-Sim. Quem é que está falando?
-Violet, mãe do JungKook.
-Ajumma Violet!! - o menino falou empolgado -Como JungKook-ah está?
-Ele está bem. Estamos sentindo sua falta. Há muito tempo que não nos vemos, não é mesmo?
-Sim, muito tempo.
-Então, como vão as aulas?
-Eu estou agora na escola, Ajumma. Elas acabam três semanas antes do final do ano. Por quê?
-Eu estava pensando em você e meu filho se encontraren esse final de ano, pois eu não vou poder ir à Seul e ele ficará sozinho. Você gostaria?
-E-eu , Ajumma? Eu não sei...
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