Taeyeon sentou no sofá e passou as mãos nos cabelos.
-Estou falando sério, Taeyeon.-Jessica pressionou e sentou na poltrona, cruzando as pernas e os braços.- Por que não disse isso?
-Como Isso saiu?
-Essa não é a pergunta Taeyeon.
A psicóloga suspirou.-Isso não é importante Jessica.-Ela levantou do sofá.
-Como não é importante?-Jessica também levantou.-Você é a responsável legal da garota que está te acusando e isso não é importante?-Jessica estava indignada.-E o pior! Eu e nem ninguém, nem sequer sabíamos disso. Woojung sabia?
-Não!-Taeyeon respondeu rápido.-Eu fiz pra ajudar, okay? Era a única forma de ela entrar numa faculdade.
Jessica suspirou.-Mas sabe o que estão falando sobre isso?-Taeyeon não disse nada e nem olhou para ela novamente. Continuou.-Que você fez isso pra ter ela sobre seu domínio. Que você colocou ela na faculdade em troca de favores sexuais.
-Isso é mentira!
-Então o que é?!-Jessica também subiu o tom.
Taeyeon exalou novamente. Não havia como fugir disso.-Porque seu pai havia desistido dela e queria que ela trabalhasse pra levar dinheiro para casa. Consegui uma bolsa para ela, disse pra ela estudar e conseguir uma boa nota na prova de admissão da faculdade. Ela sempre quis ser psicóloga, me dizia isso e eu ajudei.
Yuri voltou para a sala, assustada com a gritaria das duas.-O que é isso?
Jessica passou a mão no rosto completamente frustrada. Virou para a namorada e colocou as mãos na cintura.-Cadê os meninos?
-Vendo desenho.-Yuri respondeu.-Estão esperando a pizza.-Ela moveu os olhos para a terapeuta e Taeyeon estava muito nervosa. Podia ver pela expressão e o enrijecimento dos ombros.-O que houve aqui?
Jessica bateu as mãos na calça jeans.-Taeyeon me escondeu coisas.
Taeyeon virou em súbito.-Eu não escondi nada. Eu só achei que isso não era importante.
-Ah, não é importante ser responsável legal da garota que te acusa de assédio sexual?-Jessica ironizou.
Yuri arregalou os olhos.-O que?
Taeyeon respirou fundo.-Como isso saiu?
-É a mídia, Taeyeon.-Jessica se mudou pra cozinha e encheu um copo com água.-Se eles sentem cheiro de merda, eles vão atrás até achar tudo.
-Moscas.-Yuri concluiu.
Jessica assentiu e virou o copo na garganta.-Eles devem ter procurado tudo sobre você e ela. E basta apenas um dinheiro aqui e ali, e informações chegam.
Taeyeon levou a mão a têmpora esquerda. Sua cabeça já doendo.-Preciso descobrir porque Wendy fez isso.
Jessica assentiu e bateu o copo na pia.-Precisamos.
A campainha tocou e as três se assustaram. Yuri foi atender, era o entregador de pizza e ela se moveu para sala pra pegar o dinheiro na carteira.
As crianças apareceram na sala muito animadas com as pizzas e Jessica os conteve, pedindo pra eles pararem de gritar e irem lavar as mãos pra comer.
Yuri voltou com as pizzas na mão e levou para mesa da cozinha. Jessica e Taeyeon traziam as coisas para a mesa, os pratos, talheres, refrigerante e copos. Os dois meninos voltaram e um pediu pra Taeyeon alimentá-lo.
-------------------
Taeyeon dirigiu para a casa da irmã e não tinha nenhuma cabeça para nada mais. Estava completamente exposta na mídia.
Estacionou o carro em frente a casa da meia-irmã. Olhou brevemente para as outras casas do condomínio e pensou se seria melhor comprar outra casa; estava querendo sair daquele bairro.
Apertou a campainha e quem abriu a porta foi Hyoyeon. Ela ja estava esperando a irmã e apenas mandou Taeyeon entrar.
Taeyeon sentiu a falta de afeto. Podia ver que Hyoyeon estava chateada e magoada, até porque ela estava sabendo coisas sobre ela junto com o resto do mundo.
-Eu sinto muito.-Taeyeon cortou o silêncio e não teve coragem nem de olhar a irmã.
Hyoyeon exalou.-Por quê?
-Depende. O que?
-Por que não me disse nada? Eu pensei que falamos as coisas mais importantes uma para outra.
Taeyeon suspirou.-Eu sinto muito. De verdade. Eu queria ajudar ela e eu não pensei em falar para as pessoas. Era apenas pra ela entrar na faculdade porque alguém precisava financiar e validar a bolsa, o seu pai havia sumido e não tinha condições dele fazer qualquer coisa quando voltou.
Hyoyeon assentiu mas passou a mão no rosto.-Eu acredito em você. Sei que você não é capaz de fazer nada contra ninguém.
-Obrigada.
-Por favor, Taeng. Não esconda mais coisas de mim.
Taeyeon viu decepção nos olhos da irmã e respirou fundo. Estava prestes a chorar, odiava ver pessoas que ama chorando e é pior quando o motivo é ela.-Sinto muito hyo.
A Kim mais nova se moveu pra perto da irmã e a abraçou.-Vamos esquecer isso.Vamos falar sobre outra coisa.
Elas se sentaram no sofá. Hyoyeon tentou empurrar um jantar caseiro para ela mas Taeyeon falou das pizzas e que estava cheia.
-E você ja se decidiu?-Hyoyeon havia apagado de comer, colocou o prato na mesa de centro e permaneceu no sofá com a irmã.
Taeyeon suspirou.-Você sabe que eu sempre quis uma criança. Mas eu não vou poder fazer isso enquanto estiver envolvida nisso tudo.
Hyoyeon assentiu.-Isso é uma pena.
Taeyeon exalou.-Será que eu seria uma boa mãe?
Hyoyeon não gostou do tom e se arrastou pra perto da irmã. Tocou-lhe o ombro e afagou.-Você vai ser uma boa mãe. Que pensamento é esse?
-Não sei. Só estive pensando sobre isso.-Uma pausa.-Lidei com tantas pessoas que tiveram pais ruins…
-Mas você não será como eles.-Hyoyeon disse com firmeza.-Você é uma psicóloga, seu filho será abençoado duas vezes.
Taeyeon riu.-Obrigada.
-Não me agradeça.-Hyoyeon levantou do sofá e recolheu o prato.-Assim que você sair disso tudo. Vamos começar a procurar uma clínica, um doador ou banco de esperma.
-Eu prefiro que eu não conheça o pai.
Hyoyeon assentiu.-Então iremos a banca. E eu vou pagar pelo processo.
-O que? Você não precisa.
-Seu consultório está fechado e você foi demitida da universidade.-Hyoyeon pontuou.-Sei que você tem dinheiro guardado mas nunca se sabe.
-Eu tenho o aluguel dos dois apartamentos.-Taeyeon falou.-É um bom dinheiro. São apartamentos de luxo.
-Então prenda esse dinheiro.-Aconselhou.-Você vai gastar uma boa grana nesse processo todo.
Taeyeon suspirou. Hyoyeon não estava errada.
Ela resolveu por passar a noite ali. Recebeu mais mensagens de Tiffany a chamando para o bar mas não tinha cabeça nenhuma para nada. Apenas dormiu com a irmã durante toda a noite.
----------------
Jessica disse que queria vê-la pela parte da manhã e por isso ela dirigiu para a casa de Yuri. Elas foram para uma cafeteria desde que as crianças e Yuri estavam dormindo.
Taeyeon pediu um café com adoçante e Jessica escolheu um capuccino forte.
-Precisamos chegar a fonte disso.-Jessica quebrou o silêncio.
Taeyeon franziu o cenho e abaixou o café.
-Estou desconfiada de que as informações estão chegando pra mídia porque alguém está vazando tudo.-Jessica voltou a falar e Taeyeon suspirou.-E o delegado está muito empenhado em te desestabilizar.
-Então foi ele?
Jessica subiu os ombros.-Ele parece mais com alguém que está aproveitando a onda.
-Então é Woojung.
Jessica encolheu os ombros. Ainda era o seu irmão, no final.-Pode ser.
-Ele tem amigos na mídia.-Taeyeon pontuou.
Jessica assentiu.-Eu sei. Esse amigo é meu ex marido, mas eu não posso chamar Tyler e tentar saber de alguma coisa.
Taeyeon assentiu.-Não se aproxime dele. Yuri ficaria uma fera.
Jessica assentiu.-Mas eu vou olhar pra isso.
Taeyeon voltou para o café.
-Onde Woojung está ficando?
Jessica subiu a cabeça.-Eu não sei.-Deu de ombros.-Casa da minha mãe?
-E o que ele disse quando soube que você estava me defendendo?
Jessica exalou.-A gente brigou.
Taeyeon assentiu.-Eu sinto muito. Eu não quero causar problemas entre você e ele.
Jessica deu de ombros.-Isso não é culpa sua. Meu irmão acha que eu tenho que fazer tudo que eles querem, mas eu não sou assim.
Taeyeon assentiu.-Entendo. Obrigada.
-Me agradeça quando ganharmos esse caso.
Taeyeon voltou para o café.
-Como entramos em contato com a menina das fotos?
Taeyeon quase engasgou.-O que?
-Precisamos ir atrás. A polícia não vai te ajudar e nem quer.-Ela limpou a boca e se ajeitou na cadeira.-A mídia não te dar trégua. Não temos testemunhas, e o bom é que ela também não. Mas precisamos fazer o trabalho da polícia ou perdemos.
-Mas eu não posso me aproximar dela.
-Ninguém precisa saber. É isso ou a cadeia.
Taeyeon suspirou.-Eu não sei se ela mora no mesmo lugar.
-Vamos ver.
-Tenho que ver nos arquivos.
-Então vamos ver nos arquivos.
-Temos que ir no consultório.
-Termine o seu café e vamos.-Jessica sentenciou.
Taeyeon assentiu.
Elas entraram no carro de Taeyeon e dirigiram para o consultório. A psicóloga abriu o lugar para a ex-cunhada e sentaram no computador pra procurar sobre as informações, mas Taeyeon nunca fora boa com computadores e sequer sabia onde estavam as coisas. Por isso ela tinha Irene.
-Achou?-Jessica estava sentada na cadeira de espera, enquanto trocava mensagens com Yuri perguntando sobre os meninos.
-Eu não sei mexer nisso. Eu não faço ideia onde Irene guardou tudo.
Jessica suspirou.-Ligue para essa tal de Irene.
-Você tem certeza?-Taeyeon apoiou um braço na mesa.-Ela é uma suspeita.
-É melhor ainda. Se ela nos levar até a menina, podemos descartá-la disso tudo.
Taeyeon assentiu e puxou o celular do bolso, procurou pelo telefone de Irene na agenda e fez a ligação.
-Irene.
-Doutora Kim. O que foi?-Irene perguntou. E ela parecia estar em termos melhores com a psicóloga.
-Preciso da sua ajuda. Você é a única que entende esse computador do consultório.
Irene riu. Uma risada fraca e rápida.-O que você quer?
-Achar coisas sobre Kang Seulgi. Seu endereço e tudo mais.
-Hum..Eu apaguei algumas informações antigos e passei para drives móveis.
Taeyeon franziu o cenho.-O que é isso?
Irene riu novamente.-Pen drive mas não foi um pen drive. Foi um HD de memória externa.
Taeyeon suspirou.-E como eu vejo isso?
-Acredito que ele esteja na gaveta.
Taeyeon moveu as mãos para as duas gavetas na mesa e procurou por qualquer coisa. Mas se deu conta que não sabia como era a aparência dessa coisa.-Como ele é?
-Um Hd de memória externo.
-Não. Como ele é? Se ele é branco, preto, redondo, quadrado ou pequeno?
-Ah, sim. Ele é um quadrado cinza.
Taeyeon moveu as mãos empurrando papéis, grampeador e canetas. Achou um quadrado cinza meio pesado e sorriu.-Achei. Como eu ligo isso?
-Precisa de um cabo USB. Mas eu não acho que tenha aí.
Taeyeon suspirou.-Certo. Obrigada por isso.
-Sem problemas. Boa sorte.
-Obrigada.
Ela desligou a ligação e Jessica levantou da cadeira.
-Ela te disse?
Taeyeon balançou a cabeça.-Ela me disse que passou fichas de pacientes antigos pra essa coisa cinza.-Taeyeon mostrou o HD.
-Um HD externo.
Taeyeon assentiu.-Mas a gente precisa de um cabo USB para usar.
Jessica remexeu na bolsa e puxou um cabo dali de dentro.-Vê se entra aí.
-Você leva um cabo na bolsa?-Taeyeon perguntou enquanto pegava o cabo da mão da ex-cunhada.
-É do meu carregador de celular.
Taeyeon não disse mais nada e encaixou o cabo.-Foi.
Jessica sorriu.-Ótimo. Agora encaixe no computador.
Taeyeon assentiu e procurou uma entrada. Achou uma na ponta do gabinete e encaixou o USB ali. Cliques aqui e ali, e ela ja estava no HD de Irene.
-Oh, essa menina é bem organizada.-Jessica comentou enquanto estava atrás de Taeyeon olhando a tela.
Taeyeon tinha que concordar. As pastas estavam divididas por anos, até mesmo anos em que Irene sequer trabalhava ali. Taeyeon exercia a profissão a mais de 10 anos e estava tudo ali.
Taeyeon clicou na pasta de 2011 porque esse fora o tempo em que Seulgi foi sua paciente. Algumas pastas nomes foram jogadas na sua frente mas ela logo achou Kang Seulgi e clicou.
Jessica anotou o endereço de Seulgi no celular. Taeyeon desconectou o Hd do computador, devolveu o cabo a Jessica mas guardou o Hd no bolso. Alguma coisa dizia para ela que era mais seguro levá-lo para casa do que deixar ele ali. Eram informações de pessoas, afinal de contas.
Elas saíram do consultório. Taeyeon trancou tudo e desceu os andares com a advogada.
-Nós vamos agora?
-O quanto antes melhor. E eu tenho que voltar para casa e ajudar Yuri com os meninos.
Taeyeon assentiu.
Elas entraram no carro. Jessica disse o endereço alto e Taeyeon digitou no GPS pra elas não se perderem no caminho.
As ruas foram ficando mais estreitas e as casas mais coladas. Prédios eram poucos e baixos. Ali era o subúrbio que Taeyeon nunca tinha ido e Jessica muito menos. As pessoas eram estranhas, encaravam o carro de luxo delas e Jessica verificou se a porta estava realmente trancada diversas vezes. Elas nem sequer abriram o vidro mas agradeceram que eles eram escuros.
O GPS disse que elas haviam chegado. Taeyeon parou o carro e as duas hesitaram antes de descer do veículo. Taeyeon verificou três vezes se o carro estava realmente trancado, antes de sair de perto dele pra tentar entrar na casa que mais parecia uma kitnet.
Meio nervosas, as duas atravessaram a rua e pararam em frente a kitnet de dois andares.
-Como ela pagou suas consultas?
Taeyeon olhou para a advogada.-Eu fiz uns trabalhos com o posto de saúde. Recebi pessoas sem que elas me pagassem.
Jessica assentiu.
Taeyeon foi quem tocou a campainha e seu coração estava batendo como um louco.
Um rapaz de cabelos espetados foi quem abriu a porta.
-Vocês são da polícia?
Jessica franziu o cenho.-Não. Nós só estamos procurando por Kang Seulgi.
-Kang Seulgi?-Ele se encostou no batente da porta e cruzou os braços.-Essa ingrata recebeu uma grana e partiu daqui.
Jessica e Taeyeon se entreolharam.
-Como assim?-Jessica perguntou.
O menino subiu uma sobrancelha.-Vocês são canas, ou não são? Estão parecendo.
Jessica exalou.
-Garoto. Eu estou estampando todos os jornais acusada de um crime que eu não cometi. Você acha que eu sou da polícia?-Taeyeon perdeu a paciência.
O garoto estreitou os olhos para Taeyeon e depois subiu as sobrancelhas.-Pode crer! Bem que eu te achei familiar.
Jessica estalou a língua, também perdendo a paciência com esse diálogo sem fundamento.-Sabe onde podemos encontrá-la?
Ele balançou a cabeça.-Não. Ela deixou a gente. Recebeu a grana e foi embora.
-A gente?-Taeyeon perguntou.-O que você é dela?
-Irmão.-Ele respondeu e desgrudou as costas do batente da porta.-E vocês, o que são dela?
Taeyeon cerrou os punhos. Esse era o menino que abusou de Seulgi, o meio-irmão que ela tanto falou no consultório. Taeyeon tentou falar com a mãe de Seulgi sobre isso, mas a mulher não deu ouvidos pois não queria perder o novo marido.
-Conhecidas.-Jessica respondeu.
Ele subiu a sobrancelha meio desconfiado.-Ela não mora mais aqui e eu não faço ideia de onde esteja.-Deu de ombros.
Jessica assentiu.-Tudo bem. Obrigada.-
Ela já estava puxando o braço de Taeyeon para voltar para o carro; até que Taeyeon interrompeu.
-Podemos ver o quarto dela?
Jessica parou no lugar.-Taeyeon..-Ela disse baixo a repreendendo.
Taeyeon saiu do aperto da advogada.-Por favor. Eu te dou ₩ 14.285,000.
O menino arregalou os olhos.-Claro!-Ele deu espaço para as duas entrarem.
Ele guiou as duas para o estreito corredor. A casa era até que bem arrumada e limpa. Ele abriu a porta do quarto de Seulgi e deixou as duas lá dentro.
-Por que você pediu para entrar?-Jessica perguntou em um tom baixo.
Taeyeon não disse nada. Ela se moveu para a escrivania da garota e começou a remexer nas coisas.
-O que você está procurando?-Jessica voltou a perguntar.
Taeyeon abriu a gaveta e puxou um folheto colorido.-Aqui.-Ela estendeu a Jessica.
Jessica pegou o folheto e leu.-Festival de fotografia amadora em Busan.-Jessica leu o folheto.-É amanhã.
Taeyeon assentiu.-E precisa de ₩228.570,00 pra participar.-Taeyeon pontuou.
Jessica assentiu e tirou uma foto do folheto com todas as informações.-Pegamos a garota. Vamos embora agora.-Ela devolveu o folheto a Taeyeon.
A psicóloga enfiou o folheto de volta no lugar e saiu do quarto junto com Jessica.
-Ei! O meu dinheiro!-O garoto chamou a atenção.
Taeyeon suspirou exasperada e tirou a carteira do bolso. Ela pegou as notas e deu ao garoto.
-Querem deixar contato? Eu posso ligar se ela voltar ou entrar em contato. Claro que vai custar um preço.
Jessica olhou para Taeyeon, abriu a boca pra responder mas Taeyeon tocou seu ombro a parando.
-Não. Obrigada.-Taeyeon cortou.
Elas giraram nos calcanhares e saíram da casa. Praticamente correram para o carro e Taeyeon deu partida imediatamente.
-Por que você parece tão nervosa?-Jessica perguntou. Estava de cinto de segurança mas não se sentia totalmente segura. Até porque Taeyeon estava afundando o pé no acelerador.
-Aquele garoto.-Taeyeon parou num sinal vermelho e abaixou o vidro do seu lado, sentindo a corrente de ar e tentando se acalmar.-Ele abusou dela.
Jessica não disse mais nada. Apenas se ajeitou no banco do carona e encarou a estrada.
Elas voltaram para a casa de Yuri até porque Jessica precisava ajudar Yuri com as crianças e Taeyeon não tinha nada pra fazer.
Elas entraram no apartamento e os dois meninos estavam no sofá assistindo desenho. O mais novo tomando mamadeira e o mais velho com um toddynho na mão. Eles tinham acabado de acordar porque os seus rostos inchados denunciavam isso e o cabelo desgrenhado também.
Jessica deixou um beijo na cabeça dos dois e seguiu pra cozinha pra cumprimentar e ajudar a namorada com o almoço.
Taeyeon se sentou na sala com os meninos e as duas crianças estavam ainda tão sonolentas que nem sequer deram atenção para ela.
-Meninos.-Jessica chamou por eles e os dois olharam para mãe.-Acabaram o café?
Os dois assentiram e Taeyeon pegou a mamadeira vazia do pequenininho.
-Vamos tomar banho.-Jessica chamou com as mãos e Taeyeon aproveitou pra pegar a caixa de toddynho no estofado antes que sujasse alguma coisa.-Depois vocês assistem mais desenho.
Os dois seguiram para a mãe. Deram as mãos a Jessica e partiram para o corredor.
Taeyeon levantou do sofá e seguiu pra cozinha pra descartar a caixa de achocolatado e lavar a mamadeira do menor.
-Como que foi lá?-Yuri perguntou enquanto roubava uma salsicha.
-Ela não estava lá, mas eu e Jessica sabemos onde ela vai estar amanhã.
Yuri assentiu.-Boa sorte. Essa coisa toda vai passar.
Taeyeon suspirou.
Jeccia voltou com as crianças devidamente uniformizadas, exceto para a blusa que ela deixou pra colocar depois que eles almoçassem.
-Hye Un disse que levaria eles pra escola hoje. Parece que o filho dela melhorou do resfriado.-Yuri comentou enquanto limpava a boca do menor.
-Santa HyeUn!-Jessica rogou e colocou a blusa no filho mais velho.-Peguem suas coisas e vamos para o apartamento de HyeUn.
Os meninos correram para o quarto e voltaram com a mochila nas costas e lancheiras. Eles deixaram beijos na bochecha de Yuri e Taeyeon antes de acompanhar a mãe pra fora do apartamento.
-Uma família hein.-Taeyeon comentou assim que a porta fechou.
Yuri sorriu enquanto levava os pratos sujos para a pia.-Nunca pensei que teria duas crianças tão cedo.
-É assustador?
Yuri encolheu os ombros enquanto limpava os pratos.-É um pouco estranho mas não é ruim. Eu gosto muito deles e eles de mim.
Taeyeon sorriu.-Isso é ótimo Yul.-Ela tocou o ombro da amiga.
Yuri sorriu de volta.
Jessica voltou sozinha e se escorou no balcão da cozinha pra participar da conversa.
-Nós vamos precisar de você, amor.-Jessica anunciou.
Tanto Taeyeon como Yuri subiram as sobrancelhas.
-Você vai precisar falar com aquela sua amiga fotógrafa. Nós precisamos entrar num evento de fotografia.
Yuri terminou de lavar os pratos e virou para a namorada.-Yoona?
Jessica assentiu.-Ela com certeza conseguiria nos colocar para dentro.
-Eu posso falar com ela. É para quando?
-Amanhã.
Yuri respirou fundo.-Eu acho melhor falar com ela agora.-Disse enquanto fazia caminho para o telefone na estante da sala. Pegou o aparelho e andou para o outro lado da sala.
Taeyeon tirou os olhos de Yuri e mudou para Jessica que agora roubava uma uva da fruteira.-Você acha que vamos conseguir?-Perguntou.
Jessica subiu o olhar.-Temos que tentar. Se Yoona aceitar em nos ajudar, vamos conseguir entrar porque ela é uma fotógrafa conhecida. Fez as fotos para o livro de Yuri, tem exposições e ja apareceu em revistas.
Taeyeon assentiu.-E o que vamos fazer lá?
-Falar com Kang Seulgi. Ela precisa dizer quem deu o dinheiro a ela.
Taeyeon suspirou.
Yuri voltou para a cozinha e com o telefone ja preso no ganho.-Yoona aceitou. Ela disse que esse evento é de um amigo dela, que ela tinha sido convidada mas não quis ir. Mas vai conseguir colocar nós três lá dentro.
-Três?-Jessica perguntou.
Yuri sorriu.-Eu também vou. Vocês acham que vão me deixar de fora?
-Eu acho que é melhor desse jeito.-Jessica falou.-Já que Yuri quer ir, vamos eu e ela. Taeyeon fica aqui.
Taeyeon subiu as sobrancelhas.-Como assim?
-Você está exposta na TV, alguém pode te perceber e fazer um escândalo. Sem contar que podemos fazer qualquer disfarce porque ninguém nos conhece.-Jessica explicou.
Taeyeon avaliou a ideia. Era realmente um ponto.
Yuri apoiou no balcão.-Essa menina já cometeu algum crime?
-Ela me perseguiu e eu consegui uma ordem de restrição contra ela.-Taeyeon respondeu.
Yuri sorriu sem mostrar os dentes.-Esse é o nosso disfarce.-Ela olhou para Jessica que olhou de volta.-Nós somos agentes do governo e fomos acionados porque ela burlou a ordem de restrição.
Jessica sorriu orgulhosa da namorada.-É uma boa.
-Vamos pressionar ela pra saber sobre seus últimos passos.
Jessica subiu as sobrancelhas surpresa.-Oh, minha namorada é uma verdadeira mestre dos disfarces.
Yuri riu.-Eu sou uma escritora querida. Eu posso fazer o que eu quiser.
Até mesmo Taeyeon riu
-----------------
Taeyeon pensou que ela cuidaria das crianças enquanto Jessica e Yuri fossem pra Busan, para o festival de fotografia. Mas Jessica disse que os meninos iriam sair com Hye Un, a vizinha que tinha um garoto que era muito amigo dos dois. Ela iria levar eles para o parque aquático e eles iriam dormir na casa dela, porque é aniversário do filho de HyeUn.
Por causa disso, Taeyeon foi para casa pela parte da manhã e viu que o churrasco do vizinho era naquele dia. Lembrou-se que havia prometido levar o bolo de carne, que era uma das coisas mais fáceis da lista e começou a fazer.
Ela não tinha os ingredientes, não ficava em casa a dias e ja tinha coisas estragadas na geladeira. Jogou todas as coisas fedorentos da geladeira no lixo e depois levou o mesmo para o latão da rua. Aproveitou que estava do lado de fora da casa e andou até a mercearia afim de comprar os ingredientes para o bolo de carne e mantimentos para passar a semana.
Voltou para a casa cheia de bolsas nas mãos e seguiu pra guardas as coisas que não eram para o bolo de carne em seus devidos lugares na cozinha.
O churrasco era pela parte da noite, em torno das sete horas mas ela tinha um bolo de carne pra fazer e queria limpar a casa. Começou pelo bolo porque era algo com prazo, ela não queria ir no churrasco mas havia se comprometido e sabia que todas as comidas faziam a diferença para alimentar aquele condomínio.
Ela aceitou ir naquele churrasco porque o homem a pegou num momento errado. Ela queria entrar em casa e despejar tudo na cara de Woojung, terminar tudo de uma vez e ela não teve saco pra dizer não e ainda se explicar. Pra acabar logo com aquela lenga-lenga do vizinho, ela aceitou levar o bolo de carne e findou a conversa de uma vez por todas.
E agora ela tinha tarefas para fazer e promessas pra cumprir. Diante de um verdadeiro pesadelo, ela estava dosando sal e pimenta pra fazer um maldito bolo de carne.
Colocou o maldito bolo no forno e começou a faxina. Queria limpar todo o rastro de Woojung daquela casa.Demorou mais tempo no quarto e recolheu todas as roupas de cama para jogar fora. Não queria nada que Woojung tivesse tocado naquele quarto. Usou tanto os produtos de limpeza que tirou todo o resquício do cheiro de perfume Dolce & Gabanna que Woojung pulverizava demais no corpo.
Tomou um banho pra limpar o suor da faxina e depois descer pra pelo menos entregar o bolo de carne. Não iria ficar muito seu plano era entregar a comida, parabenizar o vizinho e sair.
Vestiu uma roupa casual. Calça jeans claras, uma camisa de mangas com estampa de flores e um sapato sem salto nos pés. Resolveu prender o cabelo num coque porque não estava com paciência pra arrumá-lo pra deixá-lo solto. Pegou o bolo de carne que estava esfriando em cima da ilha na cozinha e seguiu para fora de casa. Da garagem da sua casa, ja podia ouvir a música e o falatório a duas casas ao lado da sua.
Fez o caminho lentamente querendo adiar o máximo que podia o encontro com a vizinhança. Chegou em frente ao portão de madeira escura aberto e respirou fundo, seu aperto no tabuleiro dobrou e ela moveu os pés pra passar o portão.
Assim que colocou os pés para dentro da casa; parecia que a festa toda tinha parado pra vê-la.
Taeyeon sentiu olhos por todos os lados. As pessoas estavam a encarando e cochichando. Foi como voltar para o colegial quando ela teve que se apresentar para turma e enrolou as palavras; suas mãos tremeram e ela quase deixou o maldito bolo de carne escorregar.
-Taeyeon.-O dono da casa veio para perto dela tentando afastar a tensão, tocou no seu ombro e sorriu.-Você trouxe o seu famoso bolo de carne.
Taeyeon respirou fundo e deixou que o vizinho tentasse ajudá-la.-Feliz aniversário Kwang Soo.
Ele sorriu agradecido.
-O que ela está fazendo aqui? Ela é uma pedófila. Ela não é bem vinda aqui!
Taeyeon virou para a pessoa e seus olhos faiscaram de raiva.
A senhora Wang estava ali, com um pratinho de carne na mão e a fuzilando com o olhar.-Como você tem coragem de sair de casa?-A mulher continuou a falar.
Taeyeon percebeu que as pessoas continuavam falando entre si e torcendo o nariz para ela.
-Você nos envergonhou.-Uma outra mulher também se pronunciou.-Aquela viatura aqui, agora todos estão falando que aqui não é seguro.
-Você nos enganou!-Um homem tomou a voz.-Confiamos em você e te deixamos entrar na nossa casa.
Taeyeon respirou fundo.
-Você deveria apenas apodrecer na cadeia.-Senhora Wang sentenciou.
Taeyeon soltou o bolo de carne que foi direto pro gramado verde. As pessoas se assustaram e ela cerrou os punhos.-Então é isso que vocês pensam de mim?!-Ela passou o olhar pelos vizinhos e viu que era exatamente aquilo. Ela era uma pedófila agora mesmo que nem a justiça tivesse determinado isso ainda. Sorriu amargamente.-Ótimo. Vocês querem dar diagnósticos de comportamento mental? Eu posso fazer isso.
As pessoas ficaram paradas e chocadas com a cena.
-Saia logo daqui!-Senhora Wang gritou.
Taeyeon olhou para a mulher sorrindo.-Vou começar com você, senhora Wang. Você que está viciada em remédios para dormir. Você que está se drogando pra se manter feliz com a sua família caindo aos pedaços.
A senhor Wang arregalou os olhos.-Cale a sua boca!
-Taeyeon. Só vai embora.-Um homem tentou apaziguar a situação.
Taeyeon virou para ele.-Olá, senhor Lee. Por que não falamos do mal hábito de mentir que o senhor criou na sua filha?-Ela viu a menina se encolhendo num canto mas pouco se importou.-Ela viu o senhor se agarrando com a amante, e o senhor a subornou pra não dizer nada.
A mulher do homem virou o pescoço chocada e desferiu tapas nos seus ombros, enquanto a menina tentava parar a mãe.
-Vocês destruíram os seus filhos com tanta mentira e falta de atenção. Eles estão viciados em drogas, depressivos, ansiosos; uma verdadeira bomba relógio prestes a explodir.-Ela olhou para a cara de cada um daqueles hipócritas.-Vocês são hipócritas pra caralho.Querem me julgar enquanto escondem suas merdas pra debaixo do tapete.
-Cale a boca!
Taeyeon riu.-Eu tive sessões com todas essas crianças, e fiz isso pra ajudar e ser uma boa vizinha.-Uma pausa.-E tá aqui o diagnóstico: Hyejin é viciada em drogas mas vocês não podem julgar senhor e senhora Wang, porque você é uma viciada em remédio senhora Wang.-Ela olhou para mulher que faiscava raiva.-Jooheon é um garoto ansioso porque não sabe quando o pai vai beber e se transformar num monstro em casa.-Ela encarou o homem robusto na churrasqueira.-Somin e Jihyo são depressivas porque seus pais não dão atenção. Estão tão focados na sua vida acadêmica que esquecem que elas são um ser humano e não um boletim.-Uma pausa e ela viu que seus vizinhos estavam borbulhando de raiva mas engolindo verdades.-Vocês enfiaram problemas nos seus filhos, foderam com a mente deles e vocês saberiam disso tudo se não fossem pais de merda!-Concluiu e saiu da festa.
Estava com o corpo quente da adrenalina de jogar tudo para o ar. Aquela vizinhança iria pra casa cheirando a merda que tanto tentou esconder no tapete.
Estava cansada de tanta hipocrisia e entendeu todo a teoria de sociedade da ex-prostituta. Ja haviam dado para ela uma roupa de presidiária, um tempo de cela e o juiz não havia nem sequer batido o martelo ainda.
Foi direto para carro, ligou o mesmo e deu partida sem se importar que aquele lugar não autorizasse a alta velocidade. Enterrou o pé no acelerador, pulou sinais vermelhos mas chegou no prédio de sabe-se lá quantos andares mas sabia exatamente pra qual seguir.
Estacionou o carro no acostamento e entrou no prédio, não havia um porteiro e o sistema era de botões para interfone nas paredes. Seguiu direto para o elevador, apertou no andar e esperou o mesmo subir; seu pé direito bateu no chão incessantes vezes enquanto esperava o elevador subir.
Assim que ouviu a porta abrir, saiu da mesma e fez caminho para a porta no final do corredor. Bateu os pés no tapete de boas vindas que parecia novo e enterrou o dedo na campainha.
Não demorou muito pra mulher aparecer com o cabelo preso num coque frouxo e as roupas de verão.
-Doutora Kim!
A terapeuta sorriu.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.