História The three mermaids - Só EU posso ser o centro das atenções!

Amara_

A gente não pode se envolver com essa menina, ela é muito estranha!
Subo de volta para tentar falar com as duas, mas elas estão um pouco longe daqui, então desço e me deito. Esses lençóis tem cheiro de maconha!

***

Acordo com a Lívia me chamando, não lembro de ter dormido.

    ㅡ Amara, você já acordou? ㅡ ela me perguntou já que meus olhos são bem orientais e às vezes não sabemos se estão fechados ou abertos.

    ㅡ Aham, não é óbvio?  ㅡ disse e ela me ignorou, finalmente me levantei ㅡ Que horas são?

    ㅡ Umas 13:30, você dormiu durante umas duas horas.

    ㅡ Cadê a Morgana?

    ㅡ Ta lá encima ㅡ ela diz, se virando e eu saio deixando ela no vácuo ㅡ Porque?

    Cheguei ㅡ Achei você, a gente tem que sair daqui o mais rápido possível! ㅡ digo pegando a bolsa da Morgana e guardando todas as nossas coisas.

    ㅡ Claro, a gente já chegou, só estávamos esperando você.ㅡ Ela diz mostrando que já estamos na praia ㅡ Mas porque você está tão apressada?

    ㅡ Você já desceu? Você já foi lá embaixo? ㅡ digo apontando para a entrada da cabine.

    ㅡ Não, por quê?

    ㅡ Aquele lugar é pura maconha, a Lívia é uma maconheira!

    ㅡ Você pirou de vez? Deixa a menina em paz, ela foi super gentil em nos levar pra passear, agora ficar acusando ela é muita infantilidade. ㅡ ela disse torcendo o cabelo pra tirar o excesso de água, não suporto quando ela faz isso.

    ㅡ Mas eu to falando a verdade! Quando eu fui lá, nem tava com sono, mas o ar me deu sonolência e eu dormi durante DUAS HORAS, sendo que eu tinha acabado de acordar! ㅡ eu disse rápido e intensificando.

    ㅡ Pra falar a verdade, você não tinha acabado de acordar não. ㅡ ela pegou a bolsa da minha mão e pegou os brincos em formato de conchinhas. Ele é tão lindo, é uma pequena concha branca na cor de uma pérola, tem um minúsculo cristal dourado. Morro de inveja em desse brinco. Uma vez, quando éramos um pouco mais novas, eu roubei ele. Ela ficou tão desesperada, tive que ajudar ela a procurar praticamente em toda a cidade, ela não imaginava que estava na minha caixinha de jóias. Quando ela descobriu ficou puta da vida. A gente tava tirando fotos na minha casa e eu simplesmente deixei ela mecher na caixinha de jóias. Ela falou tanta coisa, ficou vermelha de raiva, até xingou ㅡ que era bem incômodo, tínhamos apenas 12 anos ㅡ e ficou uma semana me ignorando, ou melhor, tentando me ignorar, no final de tudo acabou me perdoando, mas às vezes sempre lembra desse "acontecimento histórico" para me provocar. ㅡ Já fazia umas horinhas.

    ㅡ Que seja! A questão não é essa... ㅡ fui interrompida por uma voz doce e suave de uma maconheira.

    ㅡ Ué, você me deixou no vácuo.

    Revirei os olhos, e me virei em direção a ela ㅡ Não escutei você falar nada.

    ㅡ Tudo bem ㅡ ela disse semicerrando os olhos, como se estivesse me analisando.

    ㅡ Lívia, nós temos que ir agora, até mais tarde ㅡ Morgana disse, elas se abraçaram tão apertado e demorado, como se fossem amigas há anos e não há duas horas. Sai do barco - que estava encostado a beira do cás - e fui andando, ignorando as duas.

    Morgana correu para me alcançar ㅡ Por que você não me esperou? E por que diabos você não falou nem um "tchau" para a Lívia?

    ㅡ Ela também não falou nada, eu não fui com a cara dela, e ela com certeza não foi com a minha.

    ㅡ Lógico que... Ela é super legal, mas você tava com cara fechada, se você tivesse nadando com a gente iria gostar dela.

    ㅡ Eu tava com dor de cabeça e barco me deixa assim, além do mais, eu não iria banhar de calcinha e sutiã.

    Ela ficou em silêncio.

    ㅡ E como assim "até mais tarde"?

    ㅡ Ahh, lembrei. Ela me contou que é nova na cidade, por isso eu convidei ela pra ir no café ㅡ o Liquori Caffè Gourmet, mais conhecido como Rikki's ou apenas café, é uma cafeteria que também serve como restaurante, eu e a Morgana amamos esse lugar desde crianças por que é tão simples e acolhedor. Então sempre tomamos café da manhã lá, e a noite tem música ao vivo, muitos conhecidos também vão lá.

    Revirei os olhos ㅡ Ótimo, agora eu vou ficar em casa enquanto tá tudo mundo no café.

    ㅡ Claro que não, você vai vim também ㅡ ela disse sorrindo. Andamos até alguns táxis.

   ㅡ Aham, pra ficar lá com a drogada? ㅡ eu disse irônica ㅡ Prefiro fazer maratona de série.

    ㅡ Primeiro: para de chamar ela assim, segundo: você vai e ponto final! ㅡ chegamos no posto de táxi e Morgana fez um sinal para um dos taxistas.

    ㅡ Nossa, falou igualzinho a mim
ㅡ eu disse entrando no carro, Morgana veio logo atrás.

    ㅡ Tive que fazer esse sacrifício.  ㅡ ela colocou a mão na testa como se estivesse cansada.

    ㅡ Agora já ta debochando, e tá feio.

   Ela me encarou no cara de tédio ㅡ Que? Já sei que sou linda, não precisa ficar encarando.

    ㅡ Convencida.

***

Eu estava pronta, coloquei um vestido florido um pouco acima do joelho, um salto (ADORO SALTOS) meia pata preto, decidi deixar meu cabelo solto já que estava longo e super liso. Desci até a sala onde meu irmão estava ㅡ Luke tem vinte e dois anos, ou seja, cinco anos a mais que eu. Temos uma relação estranha, nos amamos MUITO, mas vivemos enchendo a paciência um do outro, amo essa nossa relação. ㅡ ele se virou pra mim e me olhou de cima a baixo, depois me olhou e fez um sinal de reprovação.

    ㅡ Aonde a minha irmãzinha pensa que vai com essa roupa?

    ㅡ Pro café, né, pra onde mais seria? E o que tem de errado com a minha roupa?

    ㅡ Você ta ficando louca? Eu tô vendo tua calcinha! ㅡ nessa hora não sabia se ria ou chorava, mas acabei chorando de rir.

    ㅡ Mas o vestido vai até o joelho seu demente! ㅡ parei de rir um pouco.

    ㅡ Pelo menos eu não chamo isso de joelho.

    ㅡ Além do mais, você não tem nada haver com isso.

    ㅡ Tenho sim, pode dar meia volta e colocar alguma coisa maior!

    Mamãe apareceu na sala ㅡ falando no celular, mas conta ㅡ naquele momento.

    ㅡ Mamãe, o que você acha do meu vestido? ㅡ perguntei, eu e Luke sabíamos que se ela aprovasse, era vitória minha.

    Ela parou de falar no telefone por pouco tempo para me responder ㅡ Adorei! ㅡ depois ela voltou com a ligação e se sentou no sofá.

    ㅡ Xeque mate ㅡ eu disse provocando meu irmão, ele apenas bufou.

    ㅡ Eu também vou para o café, quer carona? ㅡ ele me perguntou.

    ㅡ Claro, eu ia de táxi com a Morgana mas prefiro gastar o dinheiro com outras coisas.

    ㅡ Tipo me pagando por que eu não sou motorista de patricinha não.

    ㅡ Ué, não foi você que me convidou?

    ㅡ Aham, ninguém quer me dar dinheiro. Bora logo, já ta pronta ou ainda vai pintar o rosto?

    ㅡ Não é "pintar o rosto", é maquiar. E eu já tô pronta.

    ㅡ Então bora! ㅡ ele me apressou

    ㅡ Calma, to indo, não precisa ser assim não. ㅡ eu disse meio ofendida. Segurei (lê-se abracei) o braço de Luke e fomos até a garagem onde o carro dele estava. Não conseguimos conversar durante o caminho já que moramos muito perto do café (o café fica na praia, e a minha casa também) e passamos todo o percurso discutindo qual música escutariamos, como sempre, eu ganhei.
Entramos no café e estava cheio, mas a minha mesa e da Morgana tem praticamente um selo, quase ninguém senta lá.
Fiquei conversando com o Luke até a Morgana chegar, a Lívia também tava. Assim que a Lívia passou pelas cordinhas de miçangas da entrada, pelo menos a metade das pessoas que estavam lá olharam para ela. Ela usava uma saia longa estampada com diversas coisas, um blusa branca solta e de manhã comprida. O cabelo estava solto, ele era muito longo, loiro do tipo bem clarinho, e levemente ondulado. Os olhos verdes pareciam azuis por causa da iluminação. Ela não estava usando nem um pouco de maquiagem. Lívia chamou atenção, não sei o que viram nela, mas ela chamou atenção. Olhei para meu irmão, e ele estava babando por ela.

    ㅡ Quem é essa menina com a Morgana? Ela é tão linda!

    ㅡ É uma drogada que a gente achou por aí. O que ela tem de bonita?

    ㅡ Você ainda pergunta? Ela é tão natural, nunca vi uma menina se vestir tão natural assim.

    Morgana nos viu e elas vieram até a gente. Luke não tirava os olhos da Lívia, mesmo com os amigos dele, ele se virava e olhava para nossa mesa, tenho certeza que não era pra mim. Toda essa atenção pra ela já estava me deixando irritada. Só EU posso ser o centro das atenções.
(leia as notas finais)