*Três meses depois*
Saio do aeroporto de Seattle e logo vejo o carro da minha mãe, coloco as malas no porta malas e entro correndo no carro por conta dos vários motoristas impacientes querendo estacionar.
- E então? Como foi passar três meses na casa da sua tia? – Ela pergunta rindo.
- Maravilhosamente caro, tanto é que voltei até com uma mala a mais só de compras. – Digo revirando os olhos, Califórnia é uma desgraça, só prédios e praia, não vejo a hora de sumir no meio das árvores.
- Forks não tem muitas opções mesmo, e já fazia quanto tempo que ela não te via? Três anos? – Ela fala apenas olhando pra estrada.
- Pra que existe Skype? – Olho pra janela vendo as paisagens se transformando em vulto.
- Ah querida, se não quisesse ficar tanto tempo lá então deveria ter ficado menos... – Ela diz com a voz entristecida.
- E falaria o que pra ela, mãe? “Desculpa tia Eliza, sei que a senhora não me vê há três anos, mas quero ir em bora.” – Digo olhando pra ela que me olha rapidamente e volta pra estrada.
*****
- Pelo menos se divertiu? – Ela retoma o assunto uma hora depois de ter me ignorado.
- É, foi legal. – Falo olhando pra janela.
Mais um bom tempo depois estamos chegando próximo de Forks, em meio as árvores pude ver um vulto branco passar rapidamente e logo desaparece. Provavelmente um dos vampiros ou lobos. Reviro os olhos ao lembrar da existência deles.
- Por que está tão quieta assim? – Ela pergunta.
- Nada, só estou cansada da viagem. – Falo e o silêncio se prevalece novamente.
*Alguns dias depois*
Entro na escola e assim que coloco o pé lá dentro o sinal toca, pego meu material rapidamente no armário e vou até a sala.
- Está atrasada senhorita Fray. – Diz o professor.
- Desculpa. – Falo olhando pra baixo.
- Entre logo. – Ele diz e entro indo ao único lugar vago. Esses primeiros dias de aula estão sendo um saco, a avó da Alison teve um infarto recentemente e ela foi morar com ela por um tempo, então estou sozinha.
No intervalo pego apenas uma fruta e sento em uma mesa vazia, como nos outros dias sinto o olhar dos Cullens em minhas costas.
- Já disse, não sou uma ameaça pra vocês, não precisam me fuzilar. – Sussurro e sei muito bem que eles escutaram. – Obrigada. – Termino de comer e vou direto pra sala de aula.
O dia passou bem lentamente, era tudo um tédio, enfim a noite chegou e esperei meus pais dormirem, pulo a janela no maior silêncio possível e ando um pouco em meio as árvores, tiro a roupa pendurando em um galho e me transformo no tigre. Sem nem pensar duas vezes começo a correr em meio a mata sentindo o vento gélido da madrugada atingir meus pelos.
Uma meia hora depois vejo um vulto passar por mim e sumir, alguns segundos depois faz a mesma coisa do outro lado. Um dos Cullens, talvez? Paro de correr e fico procurando, quando encontro vejo um vampiro de olhos vermelhos com a boca toda ensanguentada. Oh merda, não é um Cullen.
Ele se prepara e corre em minha direção, não há como correr ou esconder, ele é um vampiro, e eu apenas um tigre. Rosno numa maneira inútil de tentar amedrontá-lo (uma vez funcionou, mas eram pessoas normais) e um vulto branco gigante voa pra cima do vampiro, eles rolam alguns metros e então o vampiro foge. O lobo rosna se preparando pra ir atrás, mas exita e se vira pra mim caminhando em minha direção. Jace, que caralhos que esse garoto quer que fica me seguindo pra onde vou? Rosno pra ele e viro as costas correndo de volta pra casa podendo ouvi-lo me seguindo no caminho, mas apenas o ignoro.
Ao chegar me transformo novamente, pego minha roupa no galho e escalo até a janela do meu quarto, entro e vou até a minha cama me jogando nela. Ouço um barulho na parede do lado de fora e quando olho Jace tinha voado pra dentro da janela, usando apenas tênis e shorts, quando ele vai aprender a usar uma camiseta também?
- Você tá doida? Ele podia ter te matado! – Ele diz baixo, mas em tom de xilique.
- Pensei que vampiros só bebiam sangue de pessoas, e que por aqui os que tinham eram só os Cullens, mas eles bebem sangue de animais e me conhecem, então não achei que tivesse problema. – Falo olhando pro teto.
- É claro que tem problema! Mesmo na forma felina você tem cheiro de humana, ou seja, seu sangue vai ser delicioso pra eles não importa em que forma está. – Ele reclama e se aproxima. – Clary, não sei como sobreviveu até hoje desde que se mudou, mas você não pode simplesmente sair correndo no meio da madrugada. Eu não vou poder te proteger toda hora. – Ele diz e sento na cama o encarando.
- Mas acontece que eu não pedi que você me protegesse. Se alguém me matar, ótimo, se não, volto pra casa como sempre fiz. Agora sai daqui antes que meus pais acordem. – Falo apontando pra janela, ele abre a boca pra retrucar, mas fecha e vai até a janela a pulando como se fosse apenas meio metro de altura. Lobisomem idiota.
Volto a deitar na cama e fecho os olhos caindo no sono. Acordo novamente alguns minutos depois e vejo a garotinha no canto do quarto sorrindo pra mim.
- Você não me da mais medo. – Digo pra ela e sorrio de volta.
- Aé? Então por que você não consegue dormir há semanas? – Ela diz e começa a dar uma gargalhada que ecoa por toda minha mente, fecho os olhos respirando fundo e ao abrir ela não está mais lá.
Levanto indo ate a poltrona e a puxo até a janela, sento colocando os pés na mesma e fico o resto das horas lendo um livro que peguei na biblioteca da escola. Levanto quando vejo o dia começar a clarear sentindo o corpo um pouco dolorido por ficar tantas horas imóvel. Vou até o banheiro, tomo um banho rápido e me visto pra ir pra escola, desço indo até a cozinha e coloco a cafeteira pra funcionar quando ouço os passos do meu pai adentrarem o local.
- Acordou cedo de novo? – Ele pergunta e faço que sim com a cabeça, pego duas xícaras e encho uma até o topo e outra até a metade, dou a segunda pra ele. – Quer carona pra escola? – Ele pergunta e tomo um pouco do meu café.
- Quero. – Digo e ele sorri.
- Tá indo pra escola tão cedo por quê? Conheceu algum garoto lá? – Ele pergunta e quase engasgo com o café.
- Óbvio que não, é que eu to passando na biblioteca pra pegar uns livros. – Digo tomando toda xícara.
- Todos os dias? – Ele pergunta erguendo uma sobrancelha.
- Leio rápido. – Falo lavando a xícara e depois vou até meu quarto pegando minha mochila, volto e o encontro na garagem.
- Vê se dorme direito amanhã, você está com umas olheiras horríveis, nem sei como sua mãe não deu xilique ainda. – Ele diz quando entramos no carro e reviro os olhos.
- É, vou tentar. – Digo olhando pela janela ao sair da garagem.
*****
Saio do carro e entro na escola indo até a biblioteca, devolvo o livro que havia pego ontem e procuro outro próximo. Pego um sobre relatos antigos sobre lobisomens e vampiros, umas 480 páginas, da pra ler tudo até segunda numa boa, assino um papel lá e guardo na bolsa indo de volta ao corredor. Paro em frente ao meu armário e fico uns segundos o encarando até lembrar a combinação, abro e dou de cara com uma garota horrível descabelada, boca ressecada e olhos fundos com olheiras gigantes no espelho. Pego uma bolsinha de maquiagem que havia lá dentro e fecho, vou até o banheiro, coloco as coisas na bancada da a pia em frente ao espelho, passo uma base leve próximo aos meus olhos, rímel, lápis, batom vermelho sangue e escovo meu cabelo. Ao terminar vejo a garotinha apoiada em uma das portas dos sanitários me encarando.
- É incrível como um pouco de maquiagem pode mudar a aparência de uma pessoa. – Ela diz sorrindo. – Você realmente estava horrorosa, Clary. – Mostro o dedo do meio pra ela pelo espelho e guardo as coisas de volta no estojo.
Vou até o armário novamente e guardo tudo, poucos minutos depois os corredores começam a se encherem com os alunos, pego meu caderno e estojo, fecho o armário e dou de cara com a Alice em minha frente.
- Batom vermelho caiu bem em você. Se bem que o vinho que usou na festa também estava bonito... – Ela começa a dizer e reviro os olhos.
- Que memória de elefante, nem lembro o que eu jantei ontem. – Comento e encosto no armário. – O que você quer?
- Que grosseria, o que houve com você? – Ela pergunta e não respondo. – Bom, você não pode sair hoje a tarde. – Ela diz e bufo.
- Por quê? – Pergunto e começo a andar.
- Alguns dos Cullens tem... vamos dizer que são dons, e o meu são visões do futuro. Em uma delas aquele vampiro aparece de novo atrás de você e o Jace não chega a tempo. – Ela diz e sosorrio.
- Ótimo. – Falo ao ouvir o som do sinal, mando beijinho e pisco um olho pra ela entrando em minha sala apenas sentindo o olhar furioso dela em minhas costas.
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