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História The True Story Of Nat - O dia que não termina.


Escrita por: flowerstarks

Notas do Autor


Espero que gostem.

Capítulo 33 - O dia que não termina.


Já estava exausto de ficar no carro esperando Gael resolver viajar. Enquanto caminhava até a casa dele para apressa-lo, pude sentir os olhos de Dona Dalva queimando minhas costas.

— Já vai arranjar confusão? — a velha não resistiu em me provocar.

— Depende! Quer entrar em uma comigo? — respondi com ar de ameaça mas com o sorriso estampado na face.

— E se eu quiser? Vai arranjar confusão comigo?

A velhota era audaciosa! Sabia que eu era perigoso mas não arrendava o pé. Ia responder, quando o mané do Duca apareceu.

— Deixa minha avó em paz. Lugar de bandido é na cadeia e eu te faço voltar pra lá está me ouvindo? — ele disse já me medindo.

— Quem começou foi a velha. Aliás dona Dalva, —  disse olhando diretamente pra ela, que por sua vez fechou a cara. — Cuida do gênio do seu neto. A senhora já enterrou um e não vai querer jogar terra no outro.

Saí sem ouvir resposta. Por dentro uma lembrança terrível de um dos meus maiores arrependimentos: ter feito aquela maldade com o Alan. Se ele estivesse vivo, com certeza faria Nat feliz depois que eu morresse.

Toquei a campainha com raiva. Oito e meia e o filho da mãe ainda estava enrolando.

Dandara abriu a porta e rapidamente, como eu previ, desmanchou o belo sorriso.

— Não precisa fazer essa cara. Eu não vou te atacar... ainda. — sussurrei a última palavra, vendo o terror da mulher do meu inimigo.

— Gael! A sua visita chegou!

Dandara partiu para dentro do quarto, evitando qualquer contato comigo.

Fiquei mais um cinco minutos jogado naquele maldito sofá até que Nat resolveu aparecer. Estava péssima e havia chorado e muito.

— Que porcaria é essa? — disse lhe depositando um beijo.

— O Gael veio perguntar sobre Macaé. — a voz de Nat saía baixa e incerta.

— Você contou tudo pra ele? — perguntei já sabendo a resposta.

— Nunca! Promete pra mim que se ele perguntar você não conta?

— Nat, porque você não desembucha logo. Sei que você sofreu mas guardar isso é pior.

— Tenho vergonha. Sinto ódio de mim e não quero que ninguém saiba. Se você não estivesse lá nem saberia.

— Não foi sua culpa e você sabe que não!

Nat sacudia a cabeça negativamente. Ela se culpava. Vi lágrimas se formarem em seus olhos e eu comecei a enxuga-las prontamente.

— Se você quiser eu adio essa viagem. Saímos nós dois daqui e eu até topo aquela maldita conchinha.

Pela primeira vez naquela noite, Nat me lançou um sorriso fraco.

Nem pensei que alguém apareceria. Beijei- a com vontade e Nat também  retribuiu. Já estava esquecendo da onde estávamos quando ouvimos passos e vozes de Gael com o pentelho.

— O que vocês estão fazendo aqui sozinhos? — Gael estava com uma cara péssima.

— Nos beijando até você atrapalhar. — Nat me deu um tapa e me olhou com raiva.

— A gente só estava se despedindo. Já podem viajar e não voltem até resolver.

Nat estava mais determinada a descobrir tudo do que eu e Gael juntos.

— Você está melhor, filha?

— Estou bem. Só não quero mais falar nisso, esquece Macaé!

— Por hora, sim! Mas não pense que eu não vou fazer uma visitinha a sua mãe. Esconder você de mim? Ah! Ela vai ver que eu não sou tão idiota quanto ela pensa.

Pude sentir que Nat tremia com as palavras do Gael. O infeliz não desistiria. Maria Inês arranjou um inimigo persistente.

— Deixa minha mãe em paz! — Nat tentava bancar a durona mas a sua voz a traía.

— Ela devia ter pensado nisso antes de mexer comigo! Mas uma coisa de cada vez. Primeiro vou provar pra esse aí que eu não menti.

— Isso eu estou pagando pra ver e por falar nisso vamos ou não?

Levantei rápido demais. Uma ânsia de vômito e uma tontura terrível me fez perder o equilíbrio.

Sentei com mais força do que havia levantado. Tudo girava. Senti Nat e Gael correrem para me apoiar. Não queria ele perto de mim mas se eu falasse colocaria tudo para fora.

— Lobão! O que foi? — Nat estava preocupada.

Tentei responder mas estava com falta de ar. Parecia que ia morrer.

— Vou ligar para aquele médico que cuidou de você filha. É o seu medico também Lobão, não é? — Gael saiu afoito atrás do número.

—Nat! — disse em um fio de voz. — Não deixa ele ligar. Ele vai descobrir.

Uma agonia terrível me dominou. E se Gael descobrisse que eu estava morrendo? Como ele reagiria? Nat não se movia, talvez ela não quisesse me deixar só para impedir Gael.

De repente foi passando. Consegui aos poucos tomar a água que Nat pedira a Dandara para trazer. A professora me olhava estranho. Parecia que se importava.

— Obrigado Dr.Mauro. Pedirei a ele e sim, vou avisar tudo durante toda a viagem, abraços!

— O que ele te disse? — perguntei afoito.

— Ele disse que você pode viajar  desde que beba todos os remédios e se alimente com comidas leves acompanhados de exercícios  e principalmente : qualquer coisa, um passamento que seja, você telefona pra ele imediatamente.

Respirei aliviado! Mauro mantivera o segredo mas eu entendi a indireta. Quando ele disse pra eu comer comidas leves é pra evitar emoções fortes e se exercitar é pra fazer a quimioterapia. Mal sabia ele o quanto eu desobedeceria.

— Então vamos embora! São nove da noite! Vamos ter que parar pra dormir, satisfeito? — disse irado com a demora.

— Estou. Já pensou se você dar esse chilique dirigindo?

Gael saiu puxando Dandara para o quarto, provavelmente pra pegar a mala e se despedir mais intimamente da esposa. Nat segurava o pentelho que brincava com a sua pulseira.

— Têm noção do susto que eu tomei? — ela sussurrava. — Se você parasse no hospital já era.

— Psiu! Nem fala isso! Mauro quer que eu faça a quimioterapia mas não posso. Você já viu o lixo que eu fico? Gael ia sacar na hora.

— O quê? Você vai parar a quimioterapia? Enlouqueceu? E se você piora? Você vai fazer está me ouvindo?

— Tá bem! Eu vou dar um jeito. Tenho dinheiro. Vou fazer de madrugada quando o imbecil do seu pai estiver dormindo. Essa viagem vai sair cara. É hotel, propina e remédios. Vou morrer na pobreza. Desse jeito não sobra nada pra você.

— Esquece! Eu não quero o seu dinheiro. Eu quero...

Nat me deu as costas. Tentava encontrar palavras para me dizer que se importava.

— Vou fazer o que me pediu. Contar a ele. Eu não tenho nada a perder. Já tenho tudo o que eu queria: passar o resto dos meus dias com você.

Abracei ela calorosamente. Ficamos assim por alguns segundos, até que percebi que alguém agarrou as minhas chaves.

— Me devolve! — arranquei de suas mãos do capetinha com mais força do que gostaria. O moleque começou a chorar.

— Não acredito, olha o que você fez! Toma. Pode fazer ele parar de chorar antes que a Dandara venha aqui e mate você.

Nat me deu o menino que fazia questão de gritar a pleno pulmões.

Balancei ele pra todo lado e nada. Com ela me olhando não conseguia e fazê-lo parar.

Saí do seu campo de visão indo para a cozinha. Comecei a conversar com ele, mostrar as chaves e o sacudi para fazê- lo sorrir. Entre um bico e outro ele foi se soltando até que se esqueceu de chorar mas ele já não queria mais a chave e sim o meu relógio.

— Vamos logo, Lobão. Já me despedi da minha esposa... Cadê o Miguel?

— Está aqui.

Voltei para a sala com  a cara queimando de vergonha. Estava novamente com o pentelho no colo,  fazendo ele calar a boca. Dandara me olhava surpresa, enquanto Nat tentava conter uma gargalhada.

— Você quer ficar e abrir uma creche? — Gael ria zombeteiro.

— Quero ir logo! Só pra ver até onde vai sua mentira!

Fui até Dandara e passei o fedelho para seu colo. Ele instantâneamente começou a chorar como se estivéssemos batendo nele e gritava enquanto se esticava para eu segura-lo. Arranquei o meu relógio e dei para ele na esperança de que se calasse. Achei que daria certo mas não! Mesmo segurando o relógio ele queria vir para mim.

Beijei Nat e sem dizer palavra fui até o carro pra me recompor da vergonha.

Pelo vidro pude ver Gael beijar a esposa e o filho que ainda chorava. Disse algo para Nat que eu não pude ouvir mas assim que ele deu as costas ela sorriu timidamente.

— Deixou meu filho aos prantos. Que espécie de babá é você?

Gael sorria enquanto deixavamos a praça José Wilker para atrás. Olhei para ele discretamente enquanto uma sensação de dor e alegria me invadiam o íntimo.

A alegria de lembrar da primeira vez que viajamos juntos rumo a felicidade e a dor de que aquela nossa viagem seria a última.


Notas Finais


Estou com medo da reação do Gael ao descobrir tudo.


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