1. Spirit Fanfics >
  2. The True Story Of Nat >
  3. Acerto de contas.

História The True Story Of Nat - Acerto de contas.


Escrita por: flowerstarks

Notas do Autor


Espero que gostem.

Capítulo 9 - Acerto de contas.


Os olhos de Gael estavam pulando das órbitas e suas têmporas tremiam. O seu ódio era palpável e confesso que aquilo me divertia.

— Precisamos conversar, Gael. — disse lhe dando o meu melhor sorriso pra deixá-lo ainda mais irritado.

—Eu não tenho nada pra falar com você, maldito! — Gael se aproximou pondo as mãos em mim já me empurrando.

Nem sequer me  movi. Iria falar com ele querendo ou não.

—Então eu falo aqui mesmo. — disse tirando as mãos dele de cima de mim. — Você se lembra quando eu era o seu segundo nas competições de Muay Thai? eu era bem dedicado, né?

— Pra que falar disso? Aquele Lobão que era meu amigo, o meu segundo, já morreu.

— Morreu mesmo.Você o matou! Por que não conta ao seus alunos o motivo que me levaram a ser assim?

—Psicopata? Por que é isso que você é! — esbravejou Nat.

Escutar a voz dela a essa altura do campeonato me deixou desestabilizado. Eu ainda a amava muito.

—Exatamente, Meu Anjo. Um verdadeiro psicopata!

—Não me chama desse jeito! Eu não sou seu anjo e nunca vou ser.

—Fora daqui, Lobão! Ninguém te quer aqui! — Cobra disse já tentando me por pra fora.

— Já disse que não saio daqui enquanto não me acertar com o Gael.

—Então fala o que você quer! — Gael já estava no limite e era assim que eu o queria : Completamente insano!

—Meados de Goiânia. Foi aonde nós dois nascemos. Gael era filho da empregada da minha casa. Eles eram muito pobres e a minha família muito rica. Apesar da diferença social, fomos criados como irmãos.

— A gente não quer saber da história de vocês Lobão! Vai embora! — reparei os olhos de Karina enquanto ela gritava. Era os mesmos que o do pai.

—Crescemos feito dois trouxas achando que o mundo era cor de rosa! — disse a ignorando. — Até que eu vi um cartaz falando de uma arte marcial: o Muay Thai. Na época as lutas eram diferentes, não tinha muitas regras, aliás a única regra era derrubar o adversário.

Gael zanzava pela academia bufando de ódio, se controlando muito pra não me quebrar ao meio.

—Então eu mostrei pra o Gael e a gente decidiu se mandar pra cá e viver disso, um ajudando o outro, e isso funcionou bem durante três anos.

—Até eu decidir ter a minha própria vida e você surtou!

—Não, Gael! Você sabe por que eu surtei! Eu só tinha você! Meu pai falou que se eu saísse por aquela porta que eu não voltasse nunca mais e mesmo assim eu saí! Fui porque você precisava de dinheiro pra tirar a sua mãe daquela vida desgraçada.

—Não ponhe minha mãe no meio! —ele esbravejava. — deixe ela descansar em paz!

— A minha mãe também descansou em paz mas sem me ver uma última vez, ao contrário de você que pode chorar a morte da sua!

Respirei fundo.Aquele não era o foco. A minha mãe foi só um dos meus sofrimentos. A idéia ali era magoar o Gael e não eu sair magoado.

—Então, nós fomos a uma festa e lá ele conheceu a Ana, até aí beleza. Ela era bonita e parecia ser legal, só parecia.

—Não fala mal da minha mãe, seu bandido! — Bianca gritou. — Você não tem direito.

—Haha! — ri irônico. — Olhando pra você me lembrei da sua mãe. Bonita, manipuladora e sem escrúpulos. Não foi você que pagou um namorado de aluguel pra sua própria irmã?

Bingo! A cara de Bianca murchou na hora. Tive o prazer de ver a castanha perder o rebolado.

—Papai conheceu mamãe e eu feito besta fiquei feliz com a relação, até sacar que a Ana me detestava e fazia de tudo pra arrancar o Gael dos treinos.

—Não é verdade! A gente treinava sempre que dava.

—Com ela te ligando a cada cinco segundos e fazendo barraco quando uma mulher chegava na academia. A Ana sentia ciumes até da própria sombra e achava que eu levava você pra gandaia.

—Ela não confiava em você e estava certa de não confiar! — os olhos de Gael brilhavam de rancor.

—Foi quando vocês decidiram casar. E eu fiquei tão feliz por você ter uma família Gael mas tão feliz que parecia até que eu estava casando.

Estava perdendo as forças. Por mais que eu tentasse manter a calma, falar dos meus sentimentos guardados a sete chaves me doía demais. Mas eu precisava falar, talvez aquela fosse a minha última oportunidade.

—Mas você se casou e não me chamou para o seu casamento, não foi?

—Como é que é!? É claro que eu chamei! Eu mandei o convite e  fui na sua academia atrás de você e nada!

—Como você é cara de pau! Bancando o bom moço na frente dos seus alunos não, é? Eu fui enterrar a minha mãe. Escutar meu pai me culpando por eu ter ido embora! E você aonde estava? Casando com aquela vadia manipuladora dos infernos.

—Eu nem sabia que a sua mãe tinha morrido! E eu mandei a droga do convite!

—Então me fala... — disse perdendo a cabeça e o agarrando pela camisa — Aonde foi parar esse convite!?—gritei.

— Eu não sei! Já te disse que não sei! Eu mandei, não tenho culpa que você não recebeu! — Gael disse também  gritando.

—Você não me mandou nada! E está bancando a vítima! Minha mãe morta e eu sofrendo sozinho! Eu fiquei do seu lado quando a tia Ruth faleceu! Dei todo o apoio e aguentei o seu luto. E quando foi a minha vez, seu desgraçado, você estava brindando com a sua mulher!

— Pelo amor de Deus, eu não sabia! Não soube que sua mãe havia morrido! Por que você não me ligou?

Aquela foi demais, perdendo o pingo de juízo que me restava, eu lhe soquei a cara. Cobra, Duca e Nat me seguraram, enquanto Karina e Bianca corriam pra socorrer Gael.

—Eu não te liguei!? — gritei insano. — Eu morri ligando e você nunca retornou! Nem pra desejar os pêsames, maldito!

Gael se levantara me encarando.Não tive certeza se a expressão dele era de dor pelo soco ou pelo peso das minhas palavras.

— Passado um ano, — disse tentando me acalmar. — Eu teria meu exame de Mestre. Estava muito empolgado mas na época uma das regras era que não podia competir sem um segundo e como eu não confiava em mais ninguém resolvi contar com você, achando que o que aconteceu no passado tinha perdão. Porque eu tentei, meu Deus como eu tentei te perdoar e eu consegui! Engoli minha dor e fui atrás de você.

—Como!? Você nunca mais me procurou, a última vez que eu te vi...

—Foi nos jornais? — olhei pra ele com irônia.

—Quê!? Que jornais!? — A última vez que eu te vi foi no meu exame de grau no qual você fez um escândalo. Não falava coisa com coisa!

—Hahaha! Mas você devia dar aula na Ribalta mas olha que excelente ator! Eu fui atrás de você. A Ana já estava gravida da Bianca e eu vim te chamar pra ser o meu segundo! Eu avisei não só a Ana mas a sua nova academia que eu te queria do meu lado!

—Você está louco! Eu nunca...

—Se você falar que não sabia de nada eu esqueço aonde a gente está e te mato aqui mesmo.

—Eu fiquei esperando você! — a essa altura minha voz já falhava. — Todo mundo fez o exame e eu fiquei sentado no vestiário escutando piadinhas e humilhação enquanto esperava o  meu segundo chegar! 
E você nunca chegou! Eu perdi o meu exame que eu passei um ano me matando pra ficar pronto e competir!

Pude ver os olhos de Gael marejarem de lágrimas mas a primeira a cair foi a minha. Foi como se um filme passasse pela minha cabeça e eu estivesse vivendo de novo aquele inferno.

— No outro dia — disse secando as lágrimas que teimavam em cair. — A notícia na capa do jornal era: A espera de um milagre! Aluno de renomada academia de Muay Thai espera o seu parceiro de luta para importante exame enquanto a minha cara estava  estampada no noticiário!

Gael se aproximou enquanto relutava entre me tocar ou não.

—Depois daquele dia, eu nunca mais consegui subir em um ringue! Toda vez que eu era colocava as ataduras a dor da morte subia no meu peito! E pela primeira vez na vida, eu senti ódio de você!

Aquela foi a deixa para Gael começar a chorar e cada vez que eu via suas lágrimas, uma força descomunal me puxava para matá-lo.

—E aquele ódio foi crescendo e me possuindo. Quando eu soube que você fez seu exame e daria uma festa pra comemorar, ah! Aquilo foi demais pra minha cabeça!

—Foi assim que você invadiu a festa e fez aquele escândalo. Até a pobre Ana passou mal.

—EU É QUE ESTAVA PASSANDO MAL!—gritei. — EU ME SENTI ENJOADO!

—Você é doente, isso sim! — Duca me encarava com asco.

—Eu sou! E a culpa é toda dele! —esbravejei. —Quatro anos se passaram e eu consegui me reerguer. As regras do Muay Thai mudaram e eu fiz o meu exame sem precisar de ninguém. Passei e abri a Khan com o dinheiro da herança dos meus pais. E a partir da ali, eu fiz de tudo pra acabar com a sua raça! E eu nem precisei muito, o primeiro golpe a vida já te deu. A Ana morreu no parto da sua segunda filha. —vi quando Karina desviou o olhar. Aquilo ainda mexia com ela.

E você sofreu! Mas não era o suficiente! Eu queria mais. E eu consegui!

— Lobão, eu jamais te deixaria sozinho...

—Você deixou! E se hoje eu sou esse bicho a culpa é sua e toda a desgraça pra você é pouco!

— Eu não posso acreditar que você seja mal, Mestre! — Cléo disse afagando o meu braço. — Você só está magoado.

—Eu sou o mal em pessoa, Cléo! Você que é boa demais pra ver. — Eu vou embora, o que eu tinha pra falar eu já falei.

—Lobão, por favor! — Gael suplicava.

—Eu só quero que você queime no inferno, Gael!

Saí  da academia dele, enfiei a mão no bolso pegando as chaves do carro e saí  dirigindo a toda velocidade.

Eu precisava respirar!Enquanto dirigia, as lágrimas que eu tentei conter já não tinha mais controle e eu me permiti chorar. Sofrer como um fraco, pois era isso que eu era!Aquela dor dos infernos me invadia a alma e arruinava meu coração!Como doía! E aquela dor jamais teria remédio!Eu jamais o perdoaria ...


Notas Finais


Se gostaram do capítulo, comentem por favor


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...