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História The Twin Sister- Norminah - (Cap. 31) Correspondência


Escrita por: wtfuckDaddy

Notas do Autor


acho que voltei

Capítulo 31 - (Cap. 31) Correspondência


O Sonata vermelho praticamente voava sobre o asfalto devido à velocidade altíssima que estava alcançando. A loira além de estar com o psicológico alterado, estava com o celular no ouvido praguejando mentalmente, pela que parecia ser a milésima vez, céus e terra por não estar sendo atendida. Nada conseguia fazê-la parar ou ir mais devagar. Naquele momento não havia sinais vermelhos ou regras de trânsito, ela estava pouco ligando, para ser sincera. Chegou ao prédio e subiu, se pudesse se teletransportar para chegar mais rápido, ela havia feito. Tocou a campainha e esperou. Ela não podia se desesperar, ela tinha de manter o controle de suas emoções e da situação também.

– -Dinah?- Normani franze o cenho estranhando a ida da loira sem aviso prévio. -– Entra.- – Dá passagem e a loira entra rapidamente. Mas vira-se e fica parada no meio da sala. -– O que aconteceu?- – Fecha a porta atrás de si.- – Está tensa e pálida.- – Dá dois passos para mais perto. -– Olha os seus lábios, eles estão perdendo a cor. Você vai desmaiar? –- Segurou o braço da loira que respirou fundo. -– Dinah, fala comigo. Eu estou ficando preocupada.- – Aperta seu braço para tentar obter alguma reação dela.

– -Onde está a Ashlee? –- Saiu em uma voz baixa. Normani estranhou o tom de voz.

–- Está no quarto. -– Respondeu e ouviu um “Shiu!” saindo dos lábios da loira seguido pelo seu dedo indicador encostando-se a seus próprios lábios. –- Ela caiu no sono depois do almoço. Me diz o que aconteceu. – -Estava preocupada. Dinah  engoliu seco.

– -Por precaução... Vamos até a cozinha que é mais afastada do quarto dela.- – A loira puxou o braço de Normani e a guiou até lá.

-– Ok, estamos aqui. -– Normani parou em frente a ela.- – Agora me diz logo.- – Estava começando a ficar inquieta.

-– É melhor você sentar. –- Recomendou.

–- Estou bem de pé.- – Falou rápido. -– Para de me enrolar e conta logo!- – Aproximou-se falando entre os dentes agoniada.

-– Ok. Você quem sabe.- – Falou a loira enquanto afastava o vaso de cima da mesa e colocava-o no canto esquerdo. Limpa a garganta e Normani percebe que ela vai começar a revelar o que está lhe deixando daquele jeito. –- Há alguns dias eu recebi uma correspondência em minha casa, mas eu nem dei muita importância, pois Ashlee havia se acidentado e eu estava cheia de um dia longo de trabalho também. – -Sua voz estava baixa e trêmula. Abriu sua bolsa e a morena  observou ela retirar um envelope grande e marrom que já havia sido aberto. -– Ontem me lembrei de colocar na bolsa e verificar hoje no trabalho junto com as outras. Mas...- – Observou o envelope em suas mãos.

– -Mas... -– Normani aproximou-se dela.

–- Quando eu abri, havia isso aqui.- – Jogou o conteúdo por cima da mesa e espalhou.

Normani estremeceu ao ver o que a loira acabara de mostrar. Seu corpo ficou tenso e ela olhou para Dinah que estava olhando para ela esperando alguma reação. Ela aproximou-se e observou cada foto que havia ali. Na primeira foto ela estava de corpete vermelho de couro e observava a loira que retirava o seu robe preto, na segunda ela estava atrás da loira colocando uma coleira de couro nela enquanto a própria segurava os seus cabelos para frente, na terceira ela pondo as algemas, na próxima ela estava sentada na poltrona com o corpo inclinado para frente segurando a coleira da loira que estava no meio de suas pernas, outra com a loira com as mãos apoiadas no sofá enquanto a latina segurava um chicote e depois outra da morena  com a boca no sexo da loira e a última foto com as duas, uma de frente para a outra, Normani agora de cabelos soltos e vestindo um Strap On. Dinah continuava encarando a latina esperando alguma reação dela, mas Normani continuava olhando as fotos boquiaberta.

– -Mas que merda é essa, Dinah? –- Normani pergunta ainda sem olhar para a loira.

-– Eu me fiz a mesma pergunta quando vi. –- Respondeu rápido encarando-a. Normani a olhou e franziu o cenho.

-– Porque está me olhando assim?- – Perguntou na defensiva. -– Eu não tenho nada a ver com isso! – -Apontou para as fotos na mesa. -– Eu não fiz isso! –- Fala entre dentes.

-– Eu não disse que havia feito. -– Dinah diz. Suspira. -– Eu só não sei o que fazer. -– Passa a mão nos cabelos. –- Eu vim aqui para que você me ajude a pensar no que fazer. Eu...

-– Fique calma. –- Normani interrompe. Respira fundo e pega o envelope da mão dela abrindo-o em seguida e olhando dentro. Não encontra nada e começa a revirar as fotos.

–- O que está procurando?- – Dinah pergunta. Mas Normani não responde e continua procurando até que encontra, atrás de uma das fotos, algo escrito.

-– Isso aqui. –- Fala olhando para o que está escrito. Dinah se aproxima e também começa a ler.

“Uma respeitada e imponente profissional cujas pessoas temem, deixando-se dominar completamente pela luxúria. Seria um escândalo se todos soubessem. Eu vou acabar com sua carreira, Dinah Jane Hansen.”

-– Não... –- Dinah balbuciou enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro freneticamente.

O silêncio se instalou ali durante alguns segundos. Dinah estava entrando em desespero quando leu o que havia escrito. É óbvio que ela sabia, desde o começo, que quem fizera aquilo queria, de algum modo, prejudicá-la. Mas a sua ficha só caiu realmente quando ela leu aquelas palavras.

Ela estava com medo.

Sentiu o suor frio fazer uma camada fina em sua testa e sua visão embaçar. Ela engoliu seco e fechou os olhos. Milésimos de segundos depois ela sentiu o braço de Normani rodear a sua cintura e se pôr sentada na cadeira, em seguida soltando-a.

– -Fala comigo, Dinah. -– A voz de Normani estava ressoando. – -Dinah? -– A loira abriu os olhos e viu o rosto de Normani bem perto do seu, a morena estava segurando o seu rosto com uma mão e com a outra um copo com água. -– Segura e bebe um pouco de água. -– Entregou o copo na mão da loira. –- Consegue segurar só?- – A loira afirma com a cabeça positivamente.- – Ok, então bebe.- – A loira bebe alguns goles e entregou o copo para a morena.

–- Já passou. -– Limpou a garganta. -– Foi só uma tontura. –- Normani continuou observando-a preocupada. – -É sério. Está tudo bem agora. -– Junta seus cabelos com as mãos e os jogou para trás. Normani bufa longamente e senta numa cadeira na frente de Dinah olhando para as fotos em cima da mesa.

–- Alguma suspeita?- – Olha para as letras atrás da foto.

–- Não. – -Fala cansada. –- Eu não estou raciocinando direito. -– Fecha os olhos e engole seco.

–- Você tem que ficar calma, ok?- – Normani toca a mão dela.- – Vamos descobrir quem fez isso.

-– Calma? –- Disparou um pouco mais alto do que deveria. As duas olharam e direção ao quarto de Ashlee o silencio continuou. -– Não tem como eu ficar calma, Normani. – -Fala nervosa. –- Eu estou sendo ameaçada e posso perder o meu cargo se isso for exposto. Minha imagem vai ficar desvalorizada e eu vou...

-– Fica calma!- – Normani pede.

-– Para de me pedir para ficar calma! -– Cravou suas unhas na mão de Normani que estava sobre a sua. A morena fez uma expressão de dor e elas soltaram suas mãos. -– Desculpa, não era a intenção machucar você. – -Disse rapidamente. –- Mas pare de me pedir calma. É a minha vida, o meu trabalho e minha reputação em jogo. –- Apontou para o próprio peito.- – Você não tem idéia do que eu estou sentindo. -– Cerrou os punhos. Normani  puxou o ar com a boca e sorriu ironicamente.

-– Olha para as fotos novamente, Dinah.- Normani  fala seriamente. Ela estava com o maxilar trincado e olhando duro para a loira. Aquilo não parecia ser um pedido.

–- O que?- – Dinah fica confusa.

-– Você ouviu. Olhe para as fotos novamente. -– Repetiu com a mesma expressão, só que agora de braços cruzados na frente do peito. A loira olhou em direção as fotos. -– Olhe cada uma delas.- – Dinah move o seu olhar rapidamente das fotos para a morena e da morena para as fotos. Ela realmente não estava entendendo.- – Agora olhe para mim. -– A loira olhou imediatamente.

-– O que está querendo me dizer? –- Perguntou com o cenho franzido.

-– O que há nas fotografias? –- Normani ignorou a pergunta.

-– O que? Como assim? – -Ela estava cada vez mais confusa.- – Você sabe o que há.

– -Descreva para mim o que há nelas. Do que se trata? -– Dinah passou a mão na testa e olhou novamente para as malditas fotos.

-– Nós duas fazendo sexo no meu quarto. –- Disse um pouco insegura e baixo para que, de modo algum, as paredes ouvissem. Ela não sabia se era isso que a morena  estava questionando. –- É isso que quer que eu diga?- – Olhou para a morena .

-– Exatamente.- – Curvou o corpo para frente e se aproximou da loira. -– Mas disso que você me disse eu só quero chamar a atenção para uma palavra. “Nós”. “Nós” quer dizer: Você e eu.- – Explicou como se a loira fosse uma criança aprendendo algo novo na escola.

-– Eu sei disso.- – Deu de ombros. -– Não sou retardada. O que está querendo me dizer?- – Ainda não havia entendido de fato.

-– Estou querendo dizer que você não está sozinha aqui, Dinah. – -Esticou o dedo indicador e bateu em cima de uma das fotos. -– Eu posso não estar sendo ameaçada diretamente como você está.- – Tirou o dedo de cima da foto e apontou para si mesma.- – Mas a minha vida, minha imagem e minha carreira também estão em risco. Por isso não venha me dizer que eu não faço idéia. -– Seu olhar ainda estava duro para cima da loira. Dinah pensou e logo os argumentos chegaram.

- – Eu sei que você acha desnecessário ficar divulgando sua sexualidade por aí, até concordo. Mas você não tem porque temer tanto se quando as pessoas perguntam você não fica escondida dentro do armário. – -Desviou o olhar. – -Não seria um choque tão grande assim para as pessoas que te conhecem.- – Cruzou os braços finalizando seu pensamento.

–- Não me faça questionar a sua inteligência ou fazer piadas sarcásticas sobre loiras, Dinah.- – A loira olhou rapidamente para a morena franzindo o cenho. –- Isso tudo não se trata de sexualidade, e sim, de intimidade. O que se faz entre quatro paredes não é da conta de ninguém, seja gay ou seja hétero. -– A loira ouve com atenção movendo o seu maxilar para a esquerda. –- Ou você acha mesmo que se fosse você e um homem aqui nessas fotos o escândalo não aconteceria? –- A loira parou para pensar.

-– Mas sendo outra mulher o escândalo é em dobro. Não acha?- – Questionou engolindo seco. A morena fechou os olhos e ficou em silêncio por um tempo. Ela estava tentando se manter calma.

-– Existem fotos suas, onde claramente aparece o seu rosto e o seu corpo. -– Aponta para a loira com o dedo indicador esquerdo esticado. –- Fotos essas que você está em um momento íntimo onde está presa por uma coleira e uma algema, num fetiche de ser submissa, nas preliminares de uma noite de sexo e o que mais te preocupa é o fato de você estar com outra mulher? Isso é sério, Dinah?- – A morena olha para ela incrédula.

A incredulidade de Normani só aumentou quando ela viu a loira corar e desviar o olhar para algum ponto em específico no chão. Ela estava envergonhada? Sim. Ela estava. Pois ouvir Normani falar tão diretamente sobre o que houve naquela noite, e como a loira se sentiu veemente excitada com o fato de ter Normani fazendo com ela o que bem queria estava lhe deixando constrangida. Não que ela fizesse de conta que aquela noite havia se apagado da memória delas duas. É claro que não. Até porque uma noite como aquelas, venhamos e convenhamos, não seria tão fácil de esquecer. Mas elas duas nunca conversaram sobre isso fora de um ambiente onde elas estariam se envolvendo sexualmente e isso causou impacto na loira. Ao mesmo tempo, ela estava se insultando mentalmente por estar envergonhada e Normani ter notado. Isso prova, tanto para ela quanto para a latina, mais uma vez que sua liberdade sexual não era algo que Dinah dominava. Mas resolveu não pensar nisso agora. Limpou a garganta e resolveu voltar sua atenção para Normani eu continuava a lhe encarar incredulamente. Os olhos se encontraram e elas ficaram se olhando durante algum tempo em silêncio.

E respondendo a pergunta da Morena : Não. Não era isso que a preocupava mais, o seu emprego e sua reputação, sim. Afinal, ela era uma respeitada (e temida, pode ser afirmado) profissional. Ser vista sendo deixada dominar completamente por alguém, ao ponto de usar uma coleira, iria acabar com todo o respeito que havia a ela. Mas ela não podia negar que o fato de ser outra mulher junto com ela a preocupava também. Ela estava no pico de um conflito interno nesse momento. Não era a hora melhor para as pessoas ficarem sabendo de tudo. Até porque ela não é gay, certo? Bem... Isso ainda não tinha sido definido pela mesma, ela não havia encontrado a coragem para se interrogar a respeito desse assunto.

-– Olha, Normani...

-– Escuta. –- Normani interrompeu, fechou os olhos e tentou se acalmar mais uma vez. -– Não quero ter que entrar nos seus assuntos psicologicamente íntimos ou tentar quebrar suas barreiras, pois isso só você conseguirá resolver. A única coisa que eu posso fazer é tentar lhe ajudar lhe ouvindo, dando conselhos ou um simples empurrãozinho. Só que, infelizmente, não temos tempo para isso agora.- – Suspirou. –- Deixe sua incerteza sexual de lado e mantenha o foco no grande problema de verdade que é a ameaça. –- A loira fechou os olhos e respirou fundo mais uma vez.

-– Ok. –- Massageou suas têmporas. –- Me desculpe. Você está certa. Eu só...- –Abaixou a cabeça e entrelaçou seus dedos aos fios loiros. -– Eu só não estou raciocinando direito como falei antes. -– Permaneceu com a cabeça baixa. Normani levantou-se e pegou as mãos dela fazendo-a levantar-se também.

–- Vem cá.- – Puxou-a para um abraço. -– Vai ficar tudo bem. –- Passou os seus braços ao redor do corpo da loira que retribuiu o abraço da morena encostando o seu queixo no ombro dela.- – Vamos resolver isso juntas sem que ninguém mais fique sabendo. Se essa pessoa quisesse mesmo que todo mundo soubesse, já teria espalhado as fotos há muito tempo, então deve estar bem insegura do que está fazendo. Iremos descobrir quem fez isso, porque está te ameaçando, dar uns belos sopapos na criatura e mandá-la para o inferno com alguns ossos quebrados. -– Sentiu o corpo da loira balançar. Ela estava sorrindo. Afastaram seus corpos e Dinah  continuou sorrindo balançando a cabeça para um lado e para o outro. -– O que foi?- – Levantou uma sobrancelha com um sorriso de lado.

-– Só você mesmo para me fazer rir agora. –- Deu um tapinha no braço da morena.

-– Estou falando sério.- – Olhou as fotos e seu sorriso murchou.- – Faço questão de quebrar a cara desse voyeur filho da puta.

-– Maps? –- A voz sonolenta de Ashlee ecoa pelo apartamento e Dinah se assusta se afastando de Normani e olhando em direção ao quarto.

-– Oi, estou indo.- – Normani responde. –- Fica tranquila, ela não consegue levantar sozinha ainda.

– -Quem está aí?- – Ela pergunta. -– Está conversando com alguém? – -Normani e Dinah  se encararam novamente. Não havia porque esconder que a loira estava ali, Dinah vinha acompanhando a recuperação de Ashlee, afinal.

-– Sou eu, dinah.- – A loira falou mais alto.- – Só um segundo. –- A loira respirou fundo tentando disfarçar a expressão de tensa.

-– Eu vou indo na frente, tente disfarçar sua preocupação e entre no quarto. Vou dizer que você foi ao banheiro. -– Dinah acena com a cabeça. – --Qualquer coisa você diz que é preocupação de trabalho.- – A loira acena novamente.

-– Onde é o banheiro?- – Pergunta quando vê Normani dar alguns passos em direção ao quarto. A morena aponta para o fim do corredor e ela segue.

-– As fotos! -– Normani lembra sussurrando. A loira volta e guarda as fotos no envelope e coloca dentro de sua bolsa novamente.

– x –

Aquela música instrumental tediosa que tocava sempre naquele elevador estava irritando Dinah . Ela estava uma pilha de nervos por causa da ameaça que recebera. Não conseguiu dormir direito durante a noite, mesmo depois da conversa que teve com Normani  pelo celular tarde da noite onde elas tentavam ter alguma idéia de como agir sem envolver a polícia ou algum advogado. Essa história não poderia vazar de jeito nenhum. Elas haviam de resolver isso. E logo.

-– Bom dia, Senhora Hansen. -– A loira estava com a cabeça longe e andando no automático até sua sala, então levou um pequeno susto quando foi abordada por uma ruiva baixinha e sorridente lhe recepcionando.

-– Bom dia.- – Ela respondeu franzindo o cenho para a menina de cabelos cor de laranja, lábios grossos e olhos castanho-esverdados. Não que ela quisesse intimidá-la, mas é que aquilo era estanho, pois geralmente as pessoas têm medo de falar com ela ali.

–- Meu nome é Karen Becker. Sou a estagiária que vai ficar no lugar da sua secretária enquanto ela está se recuperando. –- Dinah havia mesmo solicitado uma substituta uma semana atrás.

-– Ah, sim. Claro. -– Sorriu gentil.- – Seja bem vinda, Becker. – -A menina lhe abriu um enorme sorriso e a loira voltou a andar com ela logo atrás de si. Viu a menina apressar o passo, pois a porta de sua sala estava fechada. Ela sempre está aberta quando ela chega, isso era estranho. Mas então ela lembrou que a sua nova secretária pode ter entrado e fechado por isso que havia passado em sua frente e aberto a porta para ela entrar. Sorriu agradecida. –- Não precisava. Mesmo assim, obrigada. -– A menina sorriu novamente e acenou com a cabeça. Ela parecia ser legal, era sorridente, jovem e aparentemente esforçada, afinal estagiários sempre são, pois querem continuar na empresa depois do estágio. Ela lembrou que estava fazendo um exercício de mudança e resolveu tentar iniciar uma conversa agradável. – Já havia desistido da idéia de uma secretária substituta. – Sorriu pelo nariz enquanto colocava suas coisas em seus devidos lugares. -– Talvez não tenha essa informação, mas sabe dizer porque demorou tanto tempo para vir? –- A garota murchou um pouco de seu sorriso e engoliu seco tentando disfarçar. A loira percebeu que talvez tenha se expressado mal. -– Oh, não. -– Esticou a mão a garota. -– Eu não quis ser rude, me desculpe. Só perguntei porque pedi há uma semana atrás.- – Tentou se explicar. Definitivamente ela era péssima com pessoas.

-– É que... -– Limpou a garganta. -– Eu precisava concluir a carga horária no setor em que eu estava. Tiveram de esperar uma semana, pois eu era a que iria mudar de setor mais rápido. Pensei que a senhora tivesse sido avisada, desculpe-me.- – Ela agora estava um pouco tensa. Provavelmente conhecia a fama nociva da loira e isso preocupou Dinah um pouco. E ela não precisava de mais uma pessoa achando que ela era uma cobra venenosa e também não precisava de mais uma preocupação.

–- Não se preocupe. Eu entendo. –- Sorriu tentando deixá-la mais à vontade. A garota devolveu um sorriso torto. -– Só perguntei por curiosidade mesmo. – -Digitou algumas coisas em seu notebook que acabara de ligar. Seu celular anunciou uma nova mensagem e ela viu que era de Normani , apressou-se em ler.

“Lembre-se de prestar atenção nas pessoas ao seu redor. Temos de ter pistas para poder juntar o quebra-cabeças.”

–- Deseja alguma coisa, Senhora Hansen?- – Ouviu a ruiva falar. Ela olhou para a menina e olhou novamente para o celular. Ela realmente tinha de se precaver e observar as pessoas que possivelmente queiram lhe fazer mal. Desconfiou da sua nova secretária. Na verdade, ela estava desconfiando de todo mundo agora.

-– No momento, não.- – Respondeu olhando para a tela de seu computador. Mas pensou novamente e mudou de idéia. –- Quer dizer, sim.- – A menina deu um clique em sua caneta se preparando para escrever o pedido da sua nova chefe. A loira reparou que a agenda que a menina segurava era a agenda que Ashlee  costumava usar e que estava em cima de sua mesa anteriormente, pois estava se guiando por ela. Ficou um pouco receosa com aquilo, lá havia muitas informações sobre ela, mas decidiu ir devagar para não assustá-la, até porque ela não tinha certeza de que sua nova assistente era culpada de alguma coisa. –-Gosto de conhecer com quem estou trabalhando, então só para não perder o costume, me envie o seu currículo via e-mail.- – Falou enquanto digitava algumas coisas.

-– Ok. Só isso? -– A ruiva perguntou.

– -Sim. Minha manhã provavelmente será um pouco mais tranquila que a tarde, que é quando eu terei duas reuniões, se não me engano. -– Procurou algo em cima de sua mesa que pudesse confirmar isso que acabara de falar. Não confirmar para a ruiva, mas para ela mesma que era péssima de memória.

-– Sim, uma às 14:30hrs e outra às 17:00hrs. -– Respondeu sorridente de imediato. A loira não sabia se ficava feliz pela eficiência dela de decorar os horários do dia da sua chefe dela ou se ficava com medo por ela já ter lido a agenda. Mas ela parecia estar tentando impressionar tentando ser perfeita e não receber reclamações. Não era difícil de imaginar o que ela havia ouvido sobre a rigidez de Dinah.

-– Exato. -– A loira respondeu com um sorriso. –- Então, como eu estava dizendo, à tarde estarei um pouco mais ocupada e precisarei de você, mas agora de manhã eu só preciso analisar alguns papéis e fazer algumas ligações depois. Mas eu preciso que não me incomode com ligações. Nenhuma delas. Só anote os recados e me dê quando eu tiver a oportunidade de entrar na sala. –- A menina acenou com a cabeça.- – Se alguém quiser me ver, peça permissão por telefone para mim. -– A garota assentiu mais uma vez processando todas as instruções.

– -É... –- Limpou a garganta. -– Infelizmente eu não poderei estar aqui no turno da tarde.- – Avisou temerosa. A loira levantou uma sobrancelha.

-– Por quê? –- Perguntou. Viu a respiração da menina se alterar um pouco. -– Fique calma, não mordo. -– Tentou fazer uma piada, mas a menina estava tensa e não entendeu como uma, mas sim, como uma repreensão.

-– É que... – -A voz dela falhou e ela limpou a garganta mais uma vez.- – É que eu sou estagiária. -– Respondeu. Mas a loira ficou esperando um complemento.

-“Sim... E?” -Ela pensou em dizer. Porém resolveu não fazer a menina ficar mais tensa com uma “pseudo grosseria”.

-– Certo. Continue.- – Saiu ainda um pouco indelicado pelo seu tom de voz e sua sobrancelha arqueada, mas foi o melhor que ela conseguiu.

-– O meu contrato de estagiária está das 08:00hrs até às 13:00hrs. – -Pontuou respeitosamente.- Falando nisso a senhora precisa assinar o meu documento, mas eu deixarei aqui em sua mesa antes de sair.

-– Que documento?- – Frisou os lábios.

-– O que deve ser assinado por todos os supervisores. Sempre que eu mudo de setor, tenho de ter alguém para me supervisionar. -– Explicou gesticulando. A loira fechou os olhos por alguns instantes e respirou.

-– No caso, a supervisora sou eu? –- Perguntou, mas já sabia a resposta. A menina confirmou com a cabeça. “Que ótimo, Ashlee era minha babá e agora quem será babá sou eu.” Pensou. – -Tudo bem, Karen. Depois você me traz então. Eu posso lhe chamar de Karen, não posso? -– Perguntou duvidosa.

-– Como desejar. -– Respondeu a menina espevitada. A loira sorriu de volta era engraçada como ela parecia ser inquieta, era jovem e provavelmente havia muita energia correndo em suas veias.

– -Agora eu preciso trabalhar. -– Deu sua deixa.

–- Ah, sim. Claro. -– Falou rapidamente virando-se de costas.- – Com licença, senhora Hansen.- – Saiu pela porta e a fechou.

–x-

-– Karen, por favor, me liga com o Rogers.- – Dinah pede a sua secretária bebericando sua xícara quando passa por ela voltando da sala do café.

-– Pode deixar. –- Agiu prontamente. Mas sempre sorridente, claro. Dinah  viu e sorriu balançando a cabeça de um lado para o outro entrando em sua sala. Ao menos ela era divertida.

Mexeu em alguns papéis e coçou a testa. Ela achava que havia algo errado com aqueles documentos, estava faltando alguma coisa que ela não estava lembrando o que era. Por isso resolveu tirar o peso de sua consciência perguntando a quem redigiu. O seu telefone toca e ela atende.

–- Pronto.- – Prende o aparelho entre o ombro e o ouvido.

–- Ele não atende ao telefone, Senhora.- – Karen fala do outro lado da linha.

– -Tente novamente.- – Falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

-– Liguei duas vezes. –- Disse. Dinah bufou. -Ok, então vá até lá e diga a ele que me ligue.- – Parou e pensou um pouco. Ouve a voz de Karen que iria começar a falar e a interrompe.- – Ou melhor, pede a alguém para ir lá dar o recado, porque se eu precisar de você, você estará aqui.- – Concluiu.

–- Está certo, senhora Hansen .- – Ouve a loira desligar. Ela observa o outro estagiário do setor que está sentado sem fazer nada e faz sinal para ele ir até ela. Então ele pede que ele faça o favor e ele faz voltando depois de pouco tempo. Ela recebe o recado dele e liga de volta.

–- Sim? –- Dinah atende rapidamente.

-– Senhor Rogers não veio hoje.- – Avisou e ouviu a loira bufar.

-– Sabe o porquê? -– Pergunta irritada.

-– Sim. Foi informado que ele está no hospital com a filha doente. -– Respondeu com exatidão.

-– Ok. Tudo bem. –- Se deu por vencida. –- Obrigada, Karen.

–- Não por isso. -– Respondeu. A loira poderia até ver o sorriso enorme no rosto da menina só pelo tom de sua voz.

–x-

O dia passou e a loira não conseguiu enxergar pista alguma para que alguém quisesse lhe ameaçar. Leu todo o currículo de Karen e não viu nada de suspeito, muito pelo contrário, o currículo dela era muito bom para uma jovem de 20 anos. Muitos cursos e experiência em várias áreas, como estagiária, óbvio. Ao menos agora ela tinha informações sobre a garota e se algum dia fosse necessário, estavam ali.

Estava se sentindo uma paranóica. Mas não era para menos, pois sua vida profissional, quiçá pessoal, estava sob aviso de perigo. E ter a sensação de que vai perder tudo o que tem não era um dos ânimos da vida. Pode ter certeza que não.
 



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