Dinah está apressada para voltar a sua sala, ela havia ido ao outro andar resolver algumas documentações rápidas e acabou ficando mais do que o necessário no local, pois a impressora havia travado. E isso a irritou. Na verdade, qualquer coisa que atrapalhe sua rotina milimetricamente calculada causa irritabilidade nela. Ficou bem mais irritada ao esbarrar com um dos zeladores ao sair do elevador.
– -Oh, Meu Deus. Perdoe-me, senhora Hansen.- – O homem assustou-se ao perceber em quem havia esbarrado a loira não respondeu nada, somente olhou para o rosto dele com seu o maxilar trincado e respirou fundo. – -A senhora se molhou ou sujou? -– Perguntou aparentemente preocupado. A loira balançou a cabeça negativamente e viu o homem olhar seu corpo dos pés à cabeça, inicialmente para conferir se realmente não havia nada de errado, mas depois ela viu surgir um discreto sorriso safado nos lábios dele.
Quando ele a olhou nos olhos, percebeu que ela estava de olhos cerrados pela ousadia dele de apreciá-la tão descaradamente. Ele engoliu seco e ela fez sinal para o homem passar com seu carrinho. Ele o fez de cabeça baixa e Dinah conseguiu ouvir uma voz baixa o repreendendo.
-– Olhe por onde anda, Jackson! -– Um homem disse. Provavelmente o supervisor do andar.
Então ela bufou de olhos fechado ao perceber que todos que estavam ali perto haviam parado de trabalhar e estavam espiando aquela cena, mas voltaram a trabalhar rapidamente quando ela abriu os olhos e seguiu em frente para sua sala.
– -Senhora Hansen!- – Karen a chama quando ela está chegando perto de sua porta. A loira pára onde está para ouvir o que ela tem a dizer, mas não direciona seu olhar para a garota, pois está lendo o que há nos papéis em sua mão.- – Tem um a ligação para a Senhora retornar.- – Karen diz. A loira não dá muita importância.
-– E para quem seria? -– Pergunta ainda lendo o documento.
– -Normani.- – A loira franziu o cenho achando estranho porque a morena havia ligado para o escritório e não para seu celular. Mas Karen entendeu que a loira não sabia quem era pela expressão feita pela mesma. – -Ela se identificou desse modo. Não me disse sobrenome. -– Se explicou.
– -Ok, tudo bem.- – A loira olha para a ruiva sentada. -– Eu sei quem é. Obrigada, Karen.- – Entra em sua sala e fecha a porta atrás de si.
Sentou em sua cadeira, revirou mais algumas vezes os papéis e checou seu celular, ele havia descarregado, eis o motivo de Normani tentar contato pelo telefone da empresa e num estalo lembrou-se que a morena esperava sua ligação. Sua memória estava cada dia pior. Colocou o carregador na tomada após conectá-lo ao celular e ligou para a latina.
-– Alô?- – Ouve a voz de Normani do outro lado da linha.
– -Sou eu, meu celular descarregou e eu não vi, desculpe.- – A loira fala rápido e volta a mexer em seus papéis.
–- Tudo bem.- – A morena diz. – -Só um instante.- – Pede um pouco impaciente.
–- Ok. -– Dinah espera alguns segundos antes de ouvir a voz da morena de novo.
-– Temos de conversar sobre aquilo, passo aí e vamos num restaurante, pode ser? -– A morena pergunta fazendo a loira parar e olhar o relógio onde marca 12:15hrs.
– -Nem havia percebido que as horas haviam passado assim.- – Disse surpresa.- – Está bem, pode vir.
-– Daqui há mais ou menos 15min estarei na frente do prédio, ok? -– Avisou. -– Não vou entrar, acho melhor não.- – Concluiu e a loira concordou balbuciando um “Uhum”, pois estava segurando uma caneta com a boca. -– Até daqui a pouco.
-– Certo, chegar aqui na frente me avisa e eu desço.- – Falou tirando a caneta da boca e riscando uns valores no documento. -– Tchau. -– Desligou e ligou para Karen do telefone em cima da mesa.- – Karen, venha até aqui. Por favor.- – Disse rápido ao perceber que a garota havia atendido ao telefone.
– -Sim, Senhora. -– A secretária disse rapidamente esperando a sua chefe desligar para ela entrar na sala. Então se levantou e bateu na sala antes de entrar e ao ouvir a permissão, ela entra.- – Pois não?
–- Refresque a minha memória sobre minha agenda do resto do dia. -– Ela disse deitando sua cabeça no encosto na cadeira. A ruiva abriu a agenda e olhou algumas anotações.
–- Bem... A senhora não tem nada marcado aqui. Acredito que ao terminar o que está fazendo, a senhora estará livre. -– Dinah levantou as sobrancelhas em surpresa fazendo Karen segurar um sorriso.
-– Sério?- – Ela perguntou incrédula. –- Nada? -– Karen acenou com a cabeça positivamente.- – Eu nem acredito. -– Disse com ar de riso. -– Mas como nada é perfeito, eu voltarei ainda depois do almoço, pois não conseguirei terminar isso antes de sair para almoçar.- – Suspirou.
-– Ao menos sairá mais cedo.- – Karen falou sorrindo simpática.
-– É, ao menos isso.- – Balançou a cabeça. –- Irei sair daqui há mais ou menos 10min e você poderá ir embora também.- – Avisou olhando os seus papéis.
–- Ok, Senhora Hansen. Com licença. –- Saiu pela porta atrás dela.
–x-
A loira saiu pela entrada do edifício e logo viu a imagem de uma Normani gesticulando e falando no celular. Ela estava dentro do carro e com a janela do carona aberta para que Dinah a visse de imediato já que estava logo de frente ao portão.
-– Já disse o que eu tinha para dizer sobre isso. -– A loira ouviu a morena falar ao se aproximar da janela. –- Ela é estúpida ou se faz? Está no contrato que ela só poderá receber até 20%. –- Olhou para o lado e viu Dinah parada do lado de fora. –- Só um momento, Nancy. -– Colocou o telefone encostado ao seu peito. -– Não fica aí parada, está frio!- – Fez sinal para a loira entrar e voltou a falar no celular. -– Escute-me. Se ela contestar novamente, peça que entre em contato comigo via e-mail que eu resolvo o problema, ok? -– Girou a chave do carro.- – Estou vendo as condições aqui para voltar. Mas mantenha-me informada sobre tudo como anda fazendo. -– Ela iria puxar o freio de mão, mas levou um tapinha da loira. Elas se olharam, a morena com uma sobrancelha levantada e Dinah de olhos cerrados.- – Então até mais. -– Desligou.- – Porque me bateu?- – Disse ainda olhando para a loira.
-– Porque você não iria dirigir falando no celular.- – Respondeu dando de ombros.
-– Politicamente correta.- – A morena revirou os olhos.- – Chata.- – Resmungou olhando para seu retrovisor para sair da vaga.
-– Eu ouvi isso. -– A loira disse olhando seu celular e respondendo uma mensagem de texto de sua mãe –- Então... Porque quis me encontrar agora? -– Perguntou curiosa.
-– Estava ocupada? Mas é sua hora de almoço, não? –- Perguntou franzindo o cenho enquanto revezava seu olhar entre a estrada e a loira.
–- Sim. Mas eu quis dizer que poderíamos conversar pela noite quando eu saísse em meu horário normal ou amanhã, já que é sábado.- – Explicou.
-– Ah...- – A morena parou no sinal. -– Preferência de algum restaurante? Esqueci de perguntar. Eu não conheço muita coisa por aqui. Então... -– Ela deixou que a loira escolhesse.
–- Tem um ótimo aqui perto. Quando passar esse sinal você passa para a faixa da esquerda e vira na primeira rua.- – Explicou. –- Mas me responda o motivo da pressa. – -Olhou para a morena.
-– Existe uma grande questão que não nos demos conta antes. –- Falou olhando para a loira.
-– Mais um problema para nos preocuparmos. -– Bufou.- – Que ótimo! -– Ironizou. -– Diga-me qual.- – Pediu.
-– Essa pessoa que está te ameaçando... E se não me conhecer? Não souber quem eu sou? Ou que eu exista? Entende? –- Disparou as perguntas. A loira levantou uma sobrancelha confusa.
– -Mas você está nas fotos. Não há como não saber de sua existência, Normani .- – Falou e a morena suspirou olhando para frente.
-– Lembra que eu não sou a única pessoa no mundo com essa aparência?- – Observou o sinal ficar amarelo. – -Estou falando da minha irmã, Dinah .- – Olhou rápido para a loira que parecia estar um pouco confusa, mas tentando entender. -– E se a pessoa que está te ameaçando estiver pensando que a mulher da foto com você é a Ashlee? -– Saiu com o carro olhando para frente.
A loira suspirou e olhou para frente. Mais uma vez ela havia esquecido algo tão óbvio. Elas eram gêmeas idênticas. Dinah realmente não conseguia vê-las como pessoas iguais. Mas elas não eram iguais. Elas eram completamente opostas como o positivo e o negativo e isso as fazia completamente diferente aos olhos da loira. E mais uma vez ela contestou sua própria inteligência se repreendendo mentalmente.
-– Eu admito que não havia pensado dessa forma. -– Confessa passando as mãos nos cabelos.
-– Não se culpe, pois eu também não.- – A morena diz. –- Isso complica mais as coisas, porque se a pessoa conhece você como profissional, conhece a Ashlee também, porque ela é sua secretária e vai com você para todos os lugares. -– Bateu no volante com a mão fechada. -– Agora não somos somente você e eu na jogada. Temos uma terceira pessoa que pode ser prejudicada inocentemente.
-– Verdade. -– A loira suspirou.- – Entra na próxima rua à direita.- – Avisou. -– É logo de esquina. -– E elas ficaram em silêncio durante esse curto espaço de tempo. Mas suas cabeças trabalhavam a mil por hora. -– É aqui.- Dinah apontou para um restaurante ao seu lado que estava parcialmente cheio. Quando elas desceram do carro Dinah se deu conta de algo. –- Normani. Se você está aqui... Quem está com a Ashlee em casa? -– Perguntou de cenho franzido quando a morena chegou perto dela.
– -Uma vizinha e amiga dela. A mulher estava viajando, então quando voltou ficou sabendo do acidente e agora está lá com ela.- – Explicou entrando no restaurante com a loira logo atrás de si. –- Chegou em boa hora, pois tive de ir resolver algumas coisas para a empresa.- – A loira apontou uma mesa e elas caminharam até ela. -– Mas ela é teimosa e já está querendo levantar, andar, ser independente... Essas coisas. Mas a amiga dela me passou confiança parece que não vai deixar a Ashlee se aventurar pela casa. –- Sorriu fraco, acompanhada da loira.
-– Que ótimo.- – A loira disse.
Em seguida pegaram o Menu da mão do garçom e fizeram seus pedidos.
-– Como e de onde aquelas fotos foram tiradas?- – Normani pergunta intrigada. A loira pára e pensa.
Sentiu-se envergonhar um pouco, mas já era hora de parar de sentir vergonha de Normani sobre isso. Recriminou-se por estar sendo tão imatura não podendo conter sua timidez. Elas já haviam feito (e muito bem feito, por sinal) e não havia motivos que justificassem seu constrangimento em falar abertamente sobre tal assunto com a morena, afinal falar sobre isso é essencial para descobrir quem estava por trás disso. E foi o que elas combinaram de fazer nesse almoço. Limpou a garganta antes de falar.
-– Eu estava pensando nisso mais cedo e acabei chegando à conclusão mais lógica que eu vi até agora.- – Respondeu limpando o canto de sua boca com o guardanapo. A morena parou de comer para prestar atenção. -– Eu lembrei que naquela noite, quando você foi ao banheiro, eu levantei da cama, fui pegar o meu robe no chão e vi que em uma das janelas do outro lado do quarto, uma parte da cortina estava afastada porque ela havia ficado presa em alguma coisa que eu já nem lembro mais o que era. A pessoa quem fotografou estaria no prédio ao lado tirando as fotos por aquela brecha. -– A morena escutava tudo com atenção. -– É a única maneira de essas fotos terem sido tiradas.
-– Então... Quer dizer que provavelmente existem mais fotos. Fotos da nossa noite inteira. -– Normani cerrou os punhos.
-– É.- – A loira disse desanimada olhando para o seu prato. Mas então, como um filme, aquela noite inteira passou em cenas rápidas pela cabeça da loira. Teria sido excitante, se não a fizesse lembrar-se de algo importante. –- Espera aí... –- Falou levantando um dedo sutilmente e chamando a atenção de Normani.
– -O que? -– Normani perguntou já que a loira continuava estática.
– -Não. -– Respondeu ainda na mesma posição.
– -“Não” o que?- – Perguntou segurando com o polegar o indicador o dedo da loira e balançando-o.
– -Acho pouquíssimo provável que o fotógrafo tenha outras fotos. -– Olhou para a morena que agora soltou o dedo dela. -– Talvez até tenha. Mas somente desse momento na poltrona.-– A loira falava como se houvesse desvendado um enigma. Mas para elas aquilo era tão similar quanto.- – Porque quando eu vi uma parte da cortina afastada, eu fui lá e fechei. -– Concluiu sorrindo de lado, mas Normani ainda não estava achando muitos motivos para sorrir disso.
-– Mas você não disse que só fechou quando eu entrei no banheiro?- – A loira confirmou com a cabeça. -– Então ele pode ter mais fotos da gente na cama. Porque a gente saiu da poltrona e foi para a cama.- – Lembrou a ela. A loira então revirou sua bolsa e pegou uma das fotos no envelope. Olhou para um lado e para o outro verificando se havia alguém perto que pudesse olhar. Ninguém. As mesas mais próximas delas estavam vazias, só uma nas costas da morena estava ocupada.
–- Sim. Mas olhe bem. –- Tirou a foto da bolsa e estendeu para a morena que olhou para os lados também. -– Todas as fotos são tiradas deste mesmo ângulo. -– Apontou para a foto. -– A brecha da cortina era pequena. Obviamente para tirar essas fotos foi dado o Zoom por causa da distância entre os prédios. Então a pessoa quem fotografou não teve muitas opções para mudar de posição. Ou não teve nenhuma opção, só essa. Já que as fotos que estão aqui foram tiradas da mesma direção.- – Explicava tudo com calma e detalhadamente para Normani que acabara de coçar a nuca tentando acompanhar o raciocínio.- – Vamos lá. -– levantou as duas mãos para a morena em sinal de ‘espere’. -– Não existe lógica em dizer que uma pessoa que estaria há metros de distância conseguiria fotografar o meu quarto inteiro por uma brecha de... Não sei... –- Pensou. -– Uns 30cm. Porque não há posição para isso lá de onde ele estava. Os apartamentos desse prédio só têm uma janela virada na direção do meu e ela não é tão grande assim. Então não tinha para onde correr, teriam de ser tiradas dali.- – Normani acena com a cabeça afirmando que está entendendo.- – Mas... Mesmo que ele mudasse a posição de sua câmera, não conseguiria pegar a cama, pois o ângulo é inexistente. A cabeceira cama é encostada na parede e tem mais de dois metros de distância da poltrona. Seria impossível conseguir o ângulo para conseguir nos fotografar em cima da cama. -– Esclareceu tudo entusiasmada por sua sacada de mestre e a morena olhava para ela com o cenho franzido.- – É Física!- – Ela disse sorrindo e Normani abriu sua boca deixando escapar um “Oh...”.
-– Nunca fui muito boa em Física na escola.- – Admitiu. -– Mas eu entendi o que quis dizer. É porque você tem, na sua cabeça, a composição do seu quarto exatamente como ele é, no entanto eu não prestei atenção em seus detalhes nas oportunidades que tive de entrar nele. Só que... –- Levantou os olhos pensando.- – Depois que eu saí do banheiro nós duas voltamos para a poltrona.- – Olhou para a loira novamente.
-– Exato. Mas eu fechei quando você entrou no banheiro, lembra?- – Explicou. A morena pensou um pouco mais.
-– Ok, mas algumas luzes estavam acesas. Ele pode ter pegado nossas sombras, não pode? As cortinas eram claras. Eu sei que sombra não pode comprovar que somos nós duas. Mas sei lá... -– Falou gesticulando e Dinah se encostou a cadeira.- – Olha, não estou querendo complicar nada, só estou pensando em todas as possibilidades. –- Falou rápido.
-– Não, não. Eu entendo.- – Falou balançando sua mão. -– Está certíssima em questionar tudo isso. -– Mordeu seu lábio pensando mais um pouco, só que dessa vez a morena quem se lembrou de algo importante.
-– Não, seja quem for que tenha fotografado, não teria mais fotos que pudessem valer alguma coisa. -– A loira a olhou com curiosidade.- – Quando eu saí do banheiro o tempo estava ruim, lembra? Chuva grossa, neblina, trovões...- – Apontava. -– Por isso não fui para casa. E com o tempo daquele jeito não conseguiria tirar fotos, pois não dava nem para enxergar o outro prédio com precisão.- – Concluiu e a loira concordou com a cabeça. –- Talvez com isso fiquemos aliviadas em relação a mais fotos surpresas.- – A loira concordou com a cabeça novamente indo pegar o seu celular que acabara de anunciar uma nova mensagem.
Então o garçom chegou, elas pediram a conta e afastaram seus corpos da mesa para que ele pudesse retirar os pratos, porém o homem paralisou durante poucos segundos chamando atenção da morena que olhou para ele e para a mesa vendo que a foto delas estava em cima da mesa exposta. A morena rapidamente pegou a foto e a colocou-a virada para baixo em cima de suas pernas direcionando um olhar cerrado ao homem, Dinah levantou o olhar para a morena e franziu o cenho em confusão, pois não havia entendido o que estava acontecendo ali. O garçom não olhou para a morena, se manteve neutro, simplesmente disfarçou que não havia visto nada e se retirou com os pratos.
-– O que foi isso?- – Dinah pergunta ainda olhando por cima do celular para a morena.
-– Ele viu a foto.- – Normani diz colocando rapidamente a foto dentro de sua bolsa.
-– O que? – -Dinah se espanta e Normani a repreende com o olhar pelo alarme da loira. – -Que vergonha.- – Põe a mão esquerda na testa.
Volta a olhar seu celular respondendo a mensagem de Allan que perguntava como ela estava. O garçom voltou com a conta e a loira ficou tensa olhando para Normani . O homem ficou um pouco confuso a quem entregar a conta, então a colocou em cima da mesa, mas dessa vez a loira foi mais rápida e pegou. Pois Normani tinha a mania de não querer dividir a conta, então dessa vez ela decidiu que quem pagaria será ela. Normani cruzou os braços quando percebeu o que a loira havia feito. A loira pega o dinheiro em sua bolsa com uma mão só, segurando a sobrecarta para que a morena não a pegasse.
-– Vamos dividir.- – Normani sentenciou. Mas a loira deu atenção e colocou o dinheiro dentro. – -Quanto é a minha parte?- – Perguntou à loira.
-– Não iremos dividir. Você pagou das outras vezes e o justo é que eu pague agora. -– Disse convicta. A morena abriu a boca e a loira a interrompeu. – -Nem tente! –- Entregou ao homem de pé que olhava para frente em direção a janela para não encará-las. Normani bufou e encostou ao acento. O homem deu um passo para trás para se retirar, mas Normani o impediu.
-– Espere. -– Ela disse e ele a olhou para certificar-se de que ela estaria falando com ele. A morena o olhou rapidamente confirmando a sua dúvida e ele voltou a olhar para o horizonte. Então ele viu, por sua visão periférica, ela mexendo em sua carteira retirando uma nota e levantando-se. Ele deu um passo para trás para respeitar o espaço pessoal da cliente e viu que ela pôs a nota dentro do bolso de sua camisa. –- Você não viu nada. -– Deu dois tapinhas amigáveis no local onde ela havia posto o dinheiro e ele a olhou.
-– Não se preocupe, pois nós garçons não vemos, não falamos e não ouvimos o que não nos diz respeito, senhorita. Mesmo assim fico grato pela generosidade.- – Ele fala educadamente e a morena sorri de lado acenando com a cabeça. Então ele sorri de volta para as duas e se retira.
-– Eu já havia feito isso, porque troco já seria dele. –- Dinah diz sorrindo levantando-se. -– Mas você foi mais descarada. -– A morena a olha com um sorriso de lado.
-– Garantia nunca é demais. -– Respondeu seguindo para a porta seguida pela loira.
–- Vou sair mais cedo da empresa hoje e passo lá para ver como a Ashlee está.- – A loira fala parando no meio da calçada e terminando de digitar sua mensagem de texto. Normani entra no carro.
– -A senhora quer, por favor, entrar no carro? –- A morena abre a porta do carona e fica olhando para a loira do lado de fora. – -Politicamente correta. Não entra no carro de ninguém sem que a pessoa olhe para ela e autorize formalmente. –- Resmungou a morena enquanto a loira entrava no carro.
-– Nem é para tanto, Normani .- – Fechou a porta do carro. -– Eu simplesmente não sabia que você iria me dar carona novamente ou eu iria pegar um táxi.- – Colocou o cinto e viu a morena olhando para ela de braços cruzados.- – O que? -– Perguntou.
-–Eu te trouxe e eu te levo. Óbvio. -– Gesticulou com as mãos. A loira olhou para frente e ignorou a morena ao seu lado. Normani revira os olhos e liga o carro saindo da vaga em seguida. Um silêncio agradável se instalou no local enquanto a loira olhava a rua pela janela. – -Você soltou as cortinas naquela noite?- – Normani pergunta de repente e a loira fica um pouco confusa sobre o que a morena estava falando, pois seu pensamento estava longe dali, mas logo se situou.
-– Não sei, eu não me lembro. -– Franziu o cenho para a latina.- – Por quê?- – A morena a olha rapidamente voltando a olhar para a estrada.
-– Porque essa brecha da cortina é o que determinou com que as fotos fossem tiradas. -– Jogou seus cabelos para trás ao parar num cruzamento e olhar para os lados. -– Afinal, como que a pessoa que tirou as fotos iria adivinhar que você iria, sem querer, deixar a cortina um pouco aberta?- – A loira mordeu o seu dedo pensativa. Fazia todo sentido ou não fazia nenhum. Ela apertou os olhos tentou achar uma resposta para aquela pergunta, mas não conseguiu. – Muitas perguntas devem ainda ser respondidas para que nós cheguemos a quem está fazendo isso.
-– É...- – A loira disse remexendo em sua bolsa. –- Você está certa. Vamos lá.- – Pegou uma caneta e o envelope das fotos.
-– Vai fazer o que?- – A morena perguntou curiosa vendo aquela movimentação.
–- Anotar as perguntas para que nada passe despercebido ou fique sem resposta. -– Disse dando um clique em sua caneta e fazendo uma bolinha para o primeiro tópico.
-– Ok.- – Normani achou a idéia boa levando em consideração que a loira já havia dado indícios o suficiente de que sua memória não é boa. –- Anote então. -– Pensou um pouco. –- Temos de descobrir como a cortina ficou afastada e como o fotógrafo sabia que ela estaria afastada? –- A loira anotou.- – Como a pessoa ficou sabendo que eu estaria em sua casa aquela noite?- – A loira anotou novamente e a morena parou para pensar.
-– Quem estava hospedado naquele quarto aquela noite?- – A loira pontua notando.
-– Espera... Como assim “Hospedado”? –- Olhou para Dinah. -– É um hotel? – -Perguntou surpresa.
-– Eu não havia dito isso antes?- – Dinah mordeu o lábio inferior e Normani suspirou negando. –- Desculpa. -– Pediu.
-– Eles não podem disponibilizar o nome dos clientes. É contra a lei da privacidade e direitos do consumidor.- – Fala desanimada. -– Mas não custa tentar.- – Dá de ombros.- – “Quem teria motivos para fazer isso com você?” também é bom se perguntar. -– Ela diz um pouco impaciente e aloira percebe o sarcasmo na voz dela.
-– Olha, Normani...- – A loira começa a falar. -– Eu não estou te escondendo nada. Tudo o que eu penso ou eu lembro, eu venho e te falo. Só que tem muita coisa na minha cabeça e eu nunca fui muito boa para me lembrar de tudo. Na verdade, sempre tive de anotar as coisas, se não eu esquecia. Comecei a não me importar muito em anotar quando a sua irmã entrou na minha vida e começou a ser minha agenda ambulante. -– Falou começando a se irritar e a morena só levantou a sobrancelha e ficou algum tempo em silêncio.
– -Eu só estou tentando dizer que se você focar em resolver isso tudo logo, nós temos a uma boa probabilidade de descobrir e resolver tudo isso antes que essa pessoa cumpra o que prometeu.- – Pontua calmamente quebrando o silêncio e encostando o carro.
-– Ok. Conversaremos mais tarde sobre isso. -– Retirou o cinto colocou tudo dentro de sua bolsa de volta. -– Agora eu tenho que trabalhar de cabeça fria.- – Falou secamente sem olhar para a morena. Normani suspirou e segurou o antebraço da loira.
-– Sério, não fica chateada. Desculpa se eu fui grossa. -– Dinah levou seu olhar para a mão da morena e em seguida para frente.- – Olha para mim.- – Pediu retirando a mão do braço da loira para o maxilar dela virando-o em sua direção. A loira teve uma sensação estranha pelo toque da morena, mas não quis dar muita importância a isso. Então, simplesmente, retirou a mão dela e deu um leve apertão junto com um sorriso de lado.
– -Tudo bem.- – Falou e abriu a porta.- – Nos vemos mais tarde. -– Desceu do carro. –- Até mais. -– Acenou com a mão, virou de costas e saiu andando rápido para terminar o seu trabalho. E também porque o tempo estava bem frio.
–x-
-– Porque você está me escondendo isso?- – Ashlee pergunta à Normani que está sentada no fim da cama.
-– O que? -– Normani pergunta com uma sobrancelha levantada.
– -O que está te preocupando e te deixando irritada.- – Ela responde e a sua irmã a olha rapidamente.
-– Não há nada.- – Normani responde olhando para algo em sua unha.
–- Te conheço.- – Ashlee fala séria. -– Sei que tem alguma coisa.- – Espera, mas Normani não fala nada. -– Enfim... Se não quer me dizer, não diga. Só não se meta em problemas. -– Pede e Normani ri pelo nariz.
-– Não sou criança para me meter em problemas, Maps. -– Responde olhando para Ashlee.
–- Não precisa ser criança para se meter em problemas. –- Rebate.- – E não há comparação entre um problema de criança com um problema de adulto. – -Fala bocejando. -– Você deveria se divertir hoje.- – Normani balança a cabeça de um lado para o outro e olha para a televisão. -– Porque não?
-– Porque não.- – Ela responde. -– Você não vai ficar sozinha para traquinar pela casa, mocinha.- – Fala apontando o dedo para a irmã.
– -Não quero ser um peso para você. –- Ashlee disse com o rosto virado para a parede. Normani franze o cenho imediatamente.
-– Pode ir tirando essa idéia de sua cabeça. Você nunca será um peso. Você é minha irmã e eu vou cuidar de você, sempre que precisar, até o dia em que eu morrer. -– Falou se aproximando de sua irmã e lhe dando um beijo na testa.- – Nunca mais repita isso. -– Passou o dedo na ponta do nariz dela.
-– Mas eu continuo achando que você deve ir se distrair um pouco. -– Falou olhando para a sua irmã que estava com o rosto próximo ao dela.
-– Nada feito.- – Normani disse decidida.
–x-
Dinah toca a campainha e aguarda ser atendida. A porta se abre e uma mulher baixinha, de meia idade e cabelos castanhos claros aparece na porta.
-– Olá.- – Ela diz ao ver a bela loira de cabelos soltos, alta e bem vestida. Com uma bolsa aparentemente cara em um braço e no outro uma sacola ecológica de supermercado.
-– Olá, boa tarde. -– Dinah diz sorrindo levemente. -– Eu vim ver a Ashlee.- – Avisa. A mulher a olha um pouco desconfiada e sorri sem jeito.
-– Me desculpe, não nos conhecemos. Você é...?- – A mulher pergunta.
– -Dinah!- – Normani diz ao aparecer na porta com uma xícara na mão. A loira sorri para a mulher em sua frente que agora um pouco sem graça.
-– Eu sinto muito, mas nunca a vi por aqui e uma estranha tentando entrar na...
-– Ok, ok. Não precisa se explicar.- – A loira interrompe a mulher. -– Eu entendo perfeitamente. -– Sorri. -– Sou Dinah Jane Hansen. Muito prazer.- – Diz enquanto entra depois que a mulher lhe deu passagem para entrar.
– -Oh, Céus! Hansen?- – A mulher se surpreende e fecha a porta.- – A senhora é a chefe da Ashlee? -– Encara a loira com surpresa.
–- Sim, eu sou.- – Responde de imediato.- – Mas também sou amiga da Ashlee.- – Limpa a garganta ao olhar para Normani. –- Eu acho. -– Diz mais baixo.
-– É claro que é! Não fala bobagem. -– Aproxima-se da loira com um pouco de receio, pois lembra-se bem que a loira ficou chateada com ela mais cedo. Mas Dinah sorriu para ela e então percebeu que havia passado.- – Coloca sua sacola aqui em cima da mesa. -– Normani faz sinal para a loira ir junto com ela até a cozinha.
-– Deixe-me segurar a sua bolsa. Isso tudo parece pesado.- – A mulher disse se aproximando e Normani lhe entregando sua bolsa. -– Ah, meu nome é Bette Campbell, prazer. -– A loira acenou com a cabeça sorrindo e seguiu para a cozinha.
– -Na verdade, essa sacola de compras não é minha. -– Dinah diz enquanto entra na cozinha.
-– Anda roubando velhinhas por aí, Dinah? -– Normani da e a loira ri pelo nariz.
-– Só quando não tenho nada para fazer.- – A loira responde no mesmo tom e ouve uma risada de Normani.
– -Wow! Talvez ela não seja tão politicamente correta assim.- – Levantou as duas mãos em rendição. A loira deu de ombros sorrindo.
-– São de vocês.- – Dinah diz e Normani franze o cenho.
-– O que é nosso?- – Normani pergunta.
– -As compras.- – Apontou para a sacola. –- São de vocês.- – Normani se aproxima da sacola e espia o que há dentro da sacola completa de coisas.
-– Não. Não são. –- Normani olha para a loira. -– Eu não comprei isso. -– Diz e a loira revira os olhos.
-– Mas são suas.- – Deu dois passos para trás e apontou para a sacola novamente com um sorriso discreto no rosto. Então Normani entendeu.
-– Você comprou?- – Perguntou apontando para a sacola e olhando para a loira ao seu lado. Dinah sorriu de lado e acenou positivamente com a cabeça. Normani franze o cenho.- – Você foi ao supermercado e comprou isso para a gente? –- Normani pergunta incrédula.
-– Sim. -– A loira responde com a sobrancelha levantada. -– Porque a surpresa?- – Espera a resposta da morena.
– --Eu não acredito, Dinah.- – Normani continua alternando o seu olhar entre a sacola e a loira.
– -É perceptível que você não esteja acreditando.- – A loira fala franzindo o cenho. Bette chega à cozinha e para na porta.
– -Você tem sua vida, seus problemas, suas contas a pagar. Não acredito que você...
–- Ih, nem vem, Normani.- – A loira sacode as mãos em direção a morena. –- Pode parar. A Ashlee é minha amiga e eu estou ajudando-a faz tempo.
– -Mas não desse jeito. Não era necessário, Dinah.- – Normani bronqueou, mas a loira cruzou os braços dando dois passos para perto da morena.
– -Não faça desfeita a uma amiga, pare de orgulho e fique calada.- – Exigiu. –- Eu te ajudo a guardar. Vamos. –- Começou a tirar as compras da sacola. Normani continuou a encarar a loira e revirou os olhos.
-– Nunca mais faça isso.- – Mandou apontando o dedo para a loira. -– Nós não estávamos precisando.
-– Não quero saber. Vou ajudar do mesmo jeito.- – Dinah disse fazendo Normani se surpreender mais e Bette segurar uma risada. Mas então a morena se calou com um sorriso pequeno no rosto, balançando a cabeça de um lado para o outro e ajudando-a a retirar tudo. Dinah olha para Normani e começa a falar. -– Isso não é nada demais, Normani. São só algumas frutas e verduras que eu pesquisei que ajudam com a cicatrização, alguns chás, cereal do tipo tradicional, pão de caixa, leite e queijo. – -Retirou tudo enquanto falava. -– Eu pensei em trazer carne branca, já que é mais saudável e outras coisas também, mas não sei ao certo o que vocês comem e o que não comem. –- Frisou os lábios e pôs as mãos na cintura. Normani abriu a boca, provavelmente para protestar outra vez, mas a loira não deixou.- – Não reclame novamente.- – Disse séria e suspirou. –- Eu só quero ajudar, ok?
Dinah se sentia culpada pelo acidente e isso, inicialmente, a motivou a se aproximar de Ashlee para acompanhar a sua recuperação, mas agora, não. Agora a loira parecia diferente. Ela parecia que realmente se preocupara como uma amiga. Ashlee era importante para ela e estava tentando aproximar-se cada dia mais de sua mais nova amiga que se conhecem há tanto tempo, mas só agora estão iniciando uma amizade. Normani compreendia isso tudo e, de maneira alguma, iria de contra.
-– Tudo bem.- – A morena disse sorrindo compreensiva. – -Obrigada, Dinah. –- A loira sorriu.
– Não foi nada. – Virou-se saindo da cozinha. – E se você ficou surpresa com isso, acho que vai morrer do coração da próxima vez. – Falou sorrindo.
– Próxima vez? – Perguntou surpresa. – O que vai fazer? – A loira não respondeu. – Você não precisa...
– Ah, Normani. Cala a boca e me deixa ver sua irmã. – A loira falou com um dedo levantado parada na frente da morena.
– Não me manda calar a boca! Você não manda em mim. – Normani disse de olhos cerrados e a loira deu de ombros.
– Com licença, se não vai me levar, sei o caminho. – Virou-se e bateu na porta do quarto, entrando em seguida.
–x-
As quatro mulheres estavam conversando e rindo no quarto quando a loira pegou o celular e suspirou ao ver mais uma ligação de Allan.
– Não vai atender? – Normani pergunta – Terceira vez que encara a tela e não atende. – Dinah ri pelo nariz.
– É um amigo. Ele quer que eu saia com ele para se divertir hoje. – Explica.
– Não quer ir? – Ashlee pergunta.
– Não estou muito no clima. Estou cansada também. – Fala olhando para Ashlee.
– A mesma desculpa que Normani me dá. – Revira os olhos. – Vocês parecem estressadas. Precisam se divertir. – Ela diz.
– Aceita o convite e a Normani aproveita vai também. – Bette sugere.
– Não vou deixar você só durante a noite inteira. – Apontou para a sua irmã. – E também não sou intrusa. – Normani diz revirando os olhos.
– Como assim “Intrusa”? – Dinah pergunta.
– Não vou me meter na sua diversão. – Diz obviamente. Dinah franze o cenho.
– Isso não tem nada a ver. – A loira diz. – Diversão é diversão! – Bette concorda com a cabeça. – Mas é verdade que hoje você está estressada mesmo. – Afirma. – Pois nós duas vamos sair hoje. Precisamos. – Diz e Normani franze o cenho. Mas pelo olhar da loira para ela, percebeu que não havia escapatória. – Bette, tem problema de passar a noite aqui?
– Claro que não. Podem ir tranqüilas. – A mulher afirma.
– Ótimo! – Dinah diz. – Vou ligar para ele e confirmar nossa saída hoje. Com licença. – A loira pega o celular e sai do quarto.
– Eu não tenho opinião mesmo, não é? – Normani cruza os braços para a sua irmã.
– Você precisa e quer se divertir. – Ashlee diz. – Então não precisa opinar. Eu vou ficar bem. Vá se divertir. – Sorriu para a sua irmã. A morena olhou para sua irmã e para Bette. Suspirou.
– Ok. Eu vou com a Dinah.
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