Justin POV
Já fazem umas três horas que eu estou nessa porcaria de sala de espera e ninguém me da notícias da Juliet ou dos meus pais. Eu tô quase entrando a força nesse lugar. Ryan não tira o olho de mim, porque sabe que eu posso fazer alguma coisa a qualquer momento.
- Por que estão demorando tanto? - eu disse
- Você quer que cuidem dela direito ou não? - disse Ryan
- Claro que sim!
- Então espera o tempo necessário.
Olhei para Chris e ele desviou o olhar do meu. Sério que ele está puto comigo? Eu dei minha mulher de mão beijada pra ele e ainda fica de frescura? Que tome no cu. Chaz e Alfredo ficaram na casa resolvendo o que dava pra resolver por lá. Ryan se afastou pra atender um telefonema e eu sentei ao lado do Chris.
- Por que você tá com essa cara de cu pra mim? - eu perguntei e ele me olhou com cara de poucos amigos
- Porque tudo isso é culpa sua. - ele respondeu curto e grosso
- Minha?
- Sim. Sua e dessa decisão de voltar pra esse mundo.
- Quando a Juliet decidiu ficar comigo, ela já sabia onde estava se metendo.
- Você prometeu que ia parar
- Eu tentei. Você viu que eu tentei.
- Você é um idiota. Sorte que a Juliet percebeu isso a tempo e está comigo. Eu nunca a machucaria.
- Eu sei disso. - ele me olhou sem entender - por isso eu tô deixando o caminho livre.
- O que?
- Só faz o que eu não consegui fazer, ok? - naquele momento Ryan voltou pra perto e o médico veio finalmente falar com a gente.
- Acompanhante de Juliet Baker? - os meninos me olharam e eu entendi isso como uma liberação pra que eu fosse o acompanhante.
- Eu! - fiquei de pé na frente do médico - como ela está?
- O que o senhor é dela? - olhei pra Chris e novamente pro médico
- Eu sou amigo. E pai do bebê que ela está esperando. Como está minha filha?
- A bebê está bem. Por sorte - meu coração aliviou naquele momento. - a senhorita Baker por outro lado - Chris e Ryan brotaram do meu lado.
- O que tem a Juliet? O que aconteceu com ela? - perguntou Chris
- Conseguimos tirar a bala de onde estava alojada. Mas parece ter sofrido um forte impacto ao cair no chão. Ela está com um coágulo no cerebro.
- Vai precisar operar? - perguntou Ryan
- Não! Por sorte não! - respondeu o médico - mas ela está com amnésia temporária. Até o coágulo sair de onde está, ela não consegue lembrar de muita coisa.
- Memórias recentes? - eu perguntei
- Não sei! Provavelmente o senhor pode me ajudar nisso. Por ser pai do bebê que ela carrega, vocês devem ter tido uma relação de tempo. Então, poderia conversar com ela.
- Claro! Quero dizer... - olhei pro Christian - o que acha disso?
- Só vai! - ele respondeu e voltou a sentar.
O médico me levou até o quarto da Juliet e vê-la cheia de fios fez meu estômago revirar e meu coração se quebrar. O médico me deixou sozinho com ela e no momento que ele fechou a porta, ela abriu os olhos. Assim que ela me olhou, sorriu e eu me senti aliviado em ver aquele sorriso novamente.
- Oi - ela disse
- Oi. - fui até ela - como você está se sentindo?
- Minha cabeca dói um pouco, o médico disse que é culpa da pancada.
- Eu queria te pedir desculpas. Você esteve certa o tempo todo e eu fui um idiota por não ter te escutado.
- Seja lá o que eu tenha dito, você está desculpado. Mas... O que aconteceu pra você estar pedindo desculpas?
- Você não lembra de nada?
- Minha cabeça dói quando eu faço esforço tentando lembrar de algo.
- Espera... Você sabe quem eu sou?
- Um anjo!
- Tô mais pra demônio.
- Não diga isso de você.
- Você sabe meu nome?
- Anjos da guarda tem nome?
- Você acha que eu sou seu anjo da guarda?
- Meu coração me diz que você me protege e que eu posso confiar em você.
- Do que você lembra?
- Não sei.
- Sabe do Benjamin?
- Quem?
- Seu filho! - ela me olhou chocada
- Eu tenho um filho? - eu pus a mão na barriga dela.
- E está gerando uma menina.
- Eu estou grávida?
- Sim. Está!
- Eu sou casada?
- Não!
- Não? Então eu sou uma descuidada. E o pai? Ele assumiu? O que ele é meu? Onde ele está?
- Sim, o pai assumiu. Ele é seu ex namorado e atualmente você o chama de anjo da guarda. É um prazer conhecer você novamente Juliet Baker. Me chamo Justin, vulgo, pai dos seus filhos.
- Você é o pai dos meus filhos?
- Longa história. Vamos ter muito tempo pra conversar e eu vou responder todas as suas perguntas. Mas agora eu preciso que você descanse. Pode ser?
- Tudo bem! - eu beijei a testa dela
- Quando sairmos daqui você vai pra minha casa e lá, terá tudo o que você precisar. Confia em mim?
- Claro que confio. Você é meu anjo da guarda - eu ri
- Sou sim! Agora descansa.
Saí do quarto depois que ela dormiu e fui andando na direção da sala de espera. Desculpe Chris, mas essa amnésia é minha chance de recuperar a mulher que eu amo. E eu farei isso.
- E...? Como ela está? - perguntou Ryan assim que eu cheguei na sala de espera.
- Bem! Sem nenhum arranhão, sorridente, simpática como sempre. Mas não lembra de mim. - eu disse
- Se ela não lembra de você. Significa que também não lembra da gente? - perguntou Christian.
- Eu sinto muito cara. - eu respondi
- Será que ela lembra da Julie? - perguntou Ryan
- Eu não sei. Ela não comentou nada sobre a irmã. Alguma notícia do meu pai e da Erin? - Ryan e Chris se olharam - o que aconteceu?
- Enquanto você estava com a Juliet. O doutor veio aqui e... - Ryan disse e pôs a mão no meu ombro. - desculpa cara. Mas, seu pai e a Erin morreram.
Meu mundo parecia ter caído naquele momento. Quão longe eu cheguei por dinheiro, mulheres e drogas? Primeiro eu perdi a Caitlin, irmã do Christian, numa troca de tiros, depois eu perdi a Juliet e agora, meu pai e uma mulher que me tratava como se eu fosse filho dela. Tudo isso por culpa dessa vida que eu escolhi. Tudo isso por culpa da minha luxúria.
- Justin? - senti uma mão no meu ombro - cara, você tá bem? - olhei pra Chris
- Me desculpa! - eu o abracei
- Desculpa pelo que?
- Sua irmã morreu por minha causa.
- O que? Não Justin. Claro que não - Ryan me fez olhar pra ele
- Você não vai agregar agora. Força Justin. - ele disse
- Primeiro Caitlin, depois Juliet, agora meu pai e Erin. E Tudo por minha culpa. MINHA. - eu disse e não consegui conter as lágrimas - me mata. - Ryan me olhou assustado. - pega a sua arma e me mata. Atira bem no meio da minha testa.
- Você tá maluco? Claro que não! - ele disse
- Eu faço então.
- Acorda Justin - Chris me deu um tapa forte na cara - você tá ficando maluco? Se você se conforta achando que tudo isso é culpa sua, beleza, resista e assuma as consequências dos seus atos.
- Ele tem razão. - disse Ryan - você tem dois filhos pra cuidar e uma ex namorada que tá mais perdida que cego em tiroteio. Essas pessoas precisam de você aqui. Nós precisamos de você aqui. - eu o olhei
- Você tem razão. Eu quero dar um funeral digno ao meu pai. E depois disso, eu vou doar 80% do meu dinheiro pra quem precisa. - eles me olharam boquiabertos - e quando a Juliet estiver bem, eu vou pra rehab.
- Você o que? - Disse Ryan - cara, você acabou de dizer que vai se tratar?
- Sim! Foi o que eu acabei de dizer. - ele me abraçou.
- É muito bom ter você de volta irmão.
[...]
1 SEMANA DEPOIS
Juliet POV
Tudo aqui na casa do Justin é muito bonito. E todos são muito simpáticos. Eu estou no jardim cuidando um pouco das flores. Minha mãe sempre me ensinou a fazer isso. Se deve cuidar delicadamente de cada uma, sem pressa, com todo o amor e carinho do mundo.
- Juliet? - me virei para quem havia me chamado e dei de cara com a minha irmã gêmea.
- Julie? - eu disse e ela abriu um sorriso enorme.
- Você lembra de mim? - eu fiquei de pé e ela me abraçou. - se você não lembrasse de mim, eu ia bater sua cabeça contra a parede até você lembrar. Dividimos o mesmo útero por nove meses, você não seria tão filha da puta a ponto de me esquecer. - eu ri
- Você está em todas as memórias existentes na minha cabeça. Mas... Quando seus lábios incharam tanto?
- Fala baixo. Ninguém precisa saber que eu fiz umas plásticas pequenas. - nós rimos juntas - o que está fazendo?
- Cuidando das flores como a mamãe ensinou, lembra?
- Claro que lembro. Ajudávamos ela todo fim de semana.
- As pessoas daqui estão sendo muito legais comigo. Então, quis retribuir de alguma maneira.
- Alguém já conversou sobre o que aconteceu depois que você perdeu a memória?
- Quando eu estava no hospital, o loirinho dos olhos bonitos me disse algumas coisas.
- Você tá falando do Justin?
- Esse mesmo. Mas desde que eu voltei, ele está muito ocupado com o funeral do pai e o pedido de guarda dos irmãos.
- Você sabe que tem um filho?
- Sim. Sei também que estou grávida de uma menina.
- Bom, eu estava com seu filho no Brasil. Longa história. Depois te conto. O ponto é, agora que estou aqui. Ele também está.
- Meu filho está aqui?
- Sim! E ele sabe que você perdeu a memória. Ele é um menino adorável e super compreensivo. Vai ser amor a primeira vista. Tenho certeza.
- Qual o nome dele mesmo?
- Benjamin
- Eu me sinto tão mal por não saber do meu próprio filho.
- Não se sinta. A culpa disso não é sua. E o médico disse que era temporário. Agora vamos. Ele está louco pra te ver.
Ela foi me puxando pra dentro de cada e cada passo que eu dava, meu coração batia mais forte. Vou conhecer meu filho. Bom, conhecer novamente. Mas mesmo assim estou muito anciosa. Assim que entramos na casa, o garotinho veio correndo até onde eu estava e me abraçou como se fosse o último abraço que ele daria na vida.
- Oi mamãe. - ele me olhou todo sorridente e eu me abaixei na altura dele.
- Oi! - sorri de volta - como você está?
- Bem! A tia Julie disse que seus parafusos estão frouxos e que você não sabe nem quanto são dois mais dois. - eu ri
- É verdade.
- Então, eu vou te ajudar em tudo.
- Jura?
- Hum rum. Eu tenho quase 5 anos, tenho muita experiência.
- Já é um rapazinho.
- Sou mesmo.
[...]
Eu estava olhando um álbum um de fotografias que a Julie havia me dado. Tinham fotos minhas com o Benjamin, Justin, a Liz filha da Julie, Ryan, enfim, muitas fotos. Mas nada adiantava. Escutei batidas na porta e logo depois o Justin entrou no quarto com uma bandeja.
- Oi! - ele disse fechando a porta e se aproximando - te trouxe um lanche.
- Obrigada - respondi pondo o álbum de lado.
- Você deve ter perguntas à fazer e eu estou disposto a respondê-las. - ele disse sentando na cama de frente pra mim e pondo a bandeja na cômoda do lado.
- Como nós nos conhecemos?
- Numa boate.
- Sério?
- Sim. Você me deu um beijo maravilhoso e acho que foi naquele momento que eu me amarrei em você.
- Como foi esse beijo?
- Foi... Incrível. Mas eu fiz muito cu doce pra você. Demoramos mais de 2 anos pra ficarmos juntos. E você não desistiu de mim nem por um segundo.
- Eu realmente devia te amar.
- Você ainda ama. - ele disse e eu baixei a cabeça envergonhada - só precisa lembrar disso.
- Por que não estamos mais juntos?
- Porque eu fui um idiota. Eu menti pra você da pior maneira possível. Eu fiz muita coisa errada com você. - eu o abracei
- Não consigo imaginar você fazendo coisas ruins. - ele retirbuiu o abraço.
- Eu te disse que tô mais pra demônio. - eu o olhei
- Você nunca vai parecer um demônio pra mim - passei a mão no rosto dele
- Não fica tão perto. Eu vou querer te beijar e você pode não gostar disso.
- Não vou impedir você.
Ele me olhou por uns segundos e me beijou. Meu coração saltou de alegria, como se eu tivesse reencontrado o meu lugar, a minha felicidade. É um sentimento tão bom, não quero que pare, estou gostando do que estou sentindo.
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