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História The Voice Of Innocence. - Acerto de Contas.


Escrita por: LicksChay

Notas do Autor


OLHA QUEM VOLTOU! Eu demorei, eu sei, desculpa. Está aí outra oneshot, é baseada em uma história de terror mas acho que não ficou tão terror assim, de qualquer forma eu espero que gostem. Me falem o que acharam nos comentários e tchau.

Capítulo 1 - Acerto de Contas.


Fanfic / Fanfiction The Voice Of Innocence. - Acerto de Contas.

-Boa noite, amor.

-Boa noite.

O homem novo, na casa dos 30 anos, cabelos negros um pouco longos e brilho nos olhos, selou os lábios com o da sua mulher em um casto selinho apaixonado antes de virar pro lado e fechar as pálpebras, adormecendo quase instantaneamente por conta do cansaço do dia de trabalhando, como é de costume.

A casa de Calum era simples, mas aos seus olhos rica de sentimento bons. Bem, aos seus olhos. Ela possui apenas um andar, do lado de fora tem uma cor de amarelo queimado, mas que com o tempo se parece mais com marrom do que qualquer outra coisa. Já dentro as paredes são claras, dando a impressão de um lugar cheio de luz (como eu disse, impressão). O casal não tem filhos, então apenas um quarto basta, a sala é ligada a cozinha e um banheiro para as necessidades.

E mesmo assim ele era feliz.

Pro jovem rapaz uma casinha com sua mulher bastava, um trabalho cansativo, mas com bons colegas, colegas esses que ele saia as vezes pra tomar um shoppe antes de retornar para o lar. Não tinha herdeiros (o que eles herdariam?) mas se contentava a assistir o jogo de basquete ou futebol no domingo com uma, ou algumas, garrafa de cerveja na mão. Ele sentia que a vida estava completa, que não precisava de mais nada, afinal de contas, dinheiro não compra tudo, não é mesmo?

Errado.

Kath. Uma bela mulher, tem apenas 26 anos de idade, cabelos loiros que vão até a metade das suas costas e olhos penetrantes e misteriosos. Foi isso que chamou atenção em Calum, seus olhos, toda vez que a olhava, mesmo depois de tanto tempo juntos (eles se conheceram no colegial), ele ainda sentia que aqueles olhos escondiam mistérios, e ele sabia que sempre se sentiria assim olhando pra eles, mas gostava de acreditar que desvendaria cada um.

Pobre coitado, sua inocência acabou o cegando.

Ele tinha razão, a mulher realmente tinha mistérios, segredos, pensamentos secretos jamais revelados pra ninguém. Pensamentos secretos que se tornariam ações. Ações aterrorizantes, horripilantes, que se alguém chegasse pra te contar você não acreditaria, ficaria chocado(a), mas é a realidade, e a realidade é dura.

No pensamento de Kath, a realidade pode ser dura, mas você pode  mudá-la se for mais dura do que ela.

Particularmente, eu acho a mente humana incrível, a forma como com o tempo vamos evoluindo e aprendendo coisas novas, criamos nossa própria personalidade, ou copiamos a dos outros, acho incrível até mesmo a psicopatia e sociopatia, não me julgue, eu só adoro a forma como a mente humana funciona.

Você nunca conheceu ninguém que era uma pessoa maravilhosa, parecia ser o melhor ser humano do mundo, mas com o tempo mudou e fez escolhas que você nunca imaginou, teve atitudes que te machucou e fez você se afastar mesmo prometendo que isso nunca aconteceria?

É claro que isso já aconteceu, ou pelo menos algo parecido. Se não aconteceu, me desculpe pelo atrevimento, também não aconteceu com o Calum, ele sempre teve sorte de encontrar as melhores pessoas, teve amigos fieis e uma família presente.

Mas o que acontece é que são essas pessoas “maravilhosas” que te ajudam a criar sua personalidade e te tornam mais fortes, talvez seja por isso que o nosso garoto não previu o que aconteceria, a maldade da vida se esqueceu dele e não o ensinou a se proteger.

Kath realmente era uma pessoa legal, ela também tinha o brilho nos olhos como seu marido. Mas isso foi quando ela era adolescente, quando as oportunidades batiam em sua porta e ela nem precisava correr atrás, quando lhe diziam que apenas com o seu sorriso poderia derrubar um exercito e realizar seus sonhos sem nenhuma dificuldade.

Era isso que ela era, uma sonhadora. Sonhava em um dia estrelar na tela do cinema, em usar vestidos elegantes, saltos altos, ser cegada pelos flashes e ter a agenda lotada, com os maiores programas de TV brigando pra poder ter nem que fosse apenas um minuto com a celebridade.

Mas o seu brilho durou menos do que esperava.

Se casou cedo e teve o que, um tempo depois, chamou de “vida medíocre”. Ela era apenas mais uma dona de casa, apenas mais uma mulher que tirava a poeira dos móveis enquanto esperava o marido chegar e depois o satisfazia como era da sua preferência.

E ela odiava isso, odiava ser dependente, odiava não ser feliz.

Se lembra quando eu disse da sua crença? “A realidade pode ser dura, mas você pode mudá-la se for mais dura do que ela.” E foi isso que ela fez, foi mais dura do que a realidade, muito mais.

Calum adormeceu rapidamente mas ela esperou a madrugada chegar. Uma coruja amarronzada pousou no galho da árvore que tinha ao lado da sua casa e os seus grandes olhos observaram o quarto através da janela, me pergunto se ela estava aguardando o momento macabro.

Kath jogou o lençol pro lado e se levantou da cama, não havia pregado o olho em nenhum momento desde que deitara, não estava com sono, mas também não estava indecisa. Seus pés descalços tocaram o chão frio e ela continuou o caminho sem se importar. Do lado de fora da casa caia uma forte tempestade, com direito a trovões e relâmpagos, parecia que o tempo refletia o clima do que estava prestes a acontecer.

Seus pés desceram as escadas normalmente, sabia que o homem tinha sono pesado, seus olhos quase não piscavam, ela nem pensava, agia como um robô sem sentimentos. Nesse ponto acho que não é apenas aparência, há tempos não sentia nada.

Ela pegou o que queria e voltou pro quarto, amarrou as mãos do marido na cabeceira da cama de uma maneira que ele não teria nenhuma chance de se soltar, sentou em cima da sua cintura e se inclinou sobre seu corpo, deu um beijo molhado em seu pescoço e fez uma trilha até sua boca. Nessa hora Calum já estava acordado, e apenas notou que estava preso quando tentou segurar nos cabelos loiros mas foi impedido.

Kath se afastou e ele sorriu malicioso, mas ela não demonstrou nenhuma reação.

-Nossa, Kath.

Calum falou surpreso, sua mulher nunca havia feito isso, mas ele tinha gostado da atitude dela.

Até que ela levantou a mão mostrando uma faca, não era grande coisa, apenas uma faca de cortar carne que pegou na cozinha, uma coisa simples que pode fazer grandes estragos.

Calum arregalou os olhos e ia perguntar o que ela estava fazendo se sua “querida” esposa não tivesse o impedido com uma fita adesiva. Ela passou a faca levemente pelo seu corpo, do ombro até o cós da bermuda, o rapaz estava sem blusa então uma fina linha de sangue se formou onde havia sido tocado.

Em um gesto involuntário arqueou as costas, péssima escolha sistema nervoso, a faca penetrou sua cintura e passou bem perto de um osso, quase perfurando alguma veia, ou artéria, ou seja lá o que tenha naquela região, não sou boa em biologia e nem me interessa.

O que me interessa é o mistério que era tão apaixonante nos olhos dela.

Parece que o Calum não se enganou apenas com a personalidade da sua amada, seus olhos não eram mais misteriosos, não faria sentido se ainda fossem, ela estava mostrando sua verdadeira eu.

O ambiente estava silencioso, quase nada podia ser ouvido. O barulho da chuva se desmanchando nos obstáculos impostos pela natureza (ou pelo homem) funcionava como plano de fundo, quase como se os anjos chorassem pela alma pura que seria ceifada em breve. A coruja ainda observava a cena, impassível, uma telespectadora paciente aproveitando o espetáculo.

O único som que era ouvido além do da natureza eram os gritos abafados de Calum. A noite, ou melhor, a madrugada foi longa, Kath “descontou” cada sentimento ruim que ele fez ela sentir, cada sonho destruído, cada frustração, tudo aquilo que ele amava era o que ela odiava. A simplicidade, ela queria mais, merecia mais e conseguiria mais.

Seu corpo foi perfurado, cortado, ele foi enforcado, perdeu membros do corpo, a tortura foi muito além do que, até mesmo eu, achei que seria possível. Calum realmente era uma pessoa forte, suportou por muito tempo, seu corpo sangrava cada vez mais, mas o sangue não acabava, ele continuava caindo como a tempestade do lado de fora, desesperada e angustiante. Ele só queria que aquilo acabasse.

Quando o sol nasceu seu pedido finalmente foi concebido, ele tinha hemorragia interna e tantos outros problemas que eu nem saberia identificar (já disse que não entendo de biologia, e também não sou médica), mas ele morreu entalado com o próprio sangue, quando seu coração clamava por ar e não conseguia mais bombear. Ele morreu dolorosamente e belamente, assim como viveu, mesmo que não soubesse da parte “dolorosa”.

A cabeça de Calum tombou pro lado e eu permiti que ele visse o nascer do sol uma última vez, as cores entre laranja e amarelo misturadas, as cores que dão impressão de vida (irônico pra alguém que estava morrendo).

Me abaixei ao seu lado e encostei nossas bocas, acabando com seu sofrimento e sua vida.



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