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História The Walking Dead: O Outro - O Outro


Escrita por: Vinibrazuka98

Notas do Autor


Curtindo a história, pessoal? Espero que sim (:
Partimos agora para o nosso segundo capítulo. Vocês já devem ter percebido algumas mudanças no comportamento de Vince. Estaríamos vendo agora um novo personagem? Um que não sabe mais esconder suas inseguranças e seus medos? Só lendo para descobrir, rsrs
Enfim, boa leitura. Abração a todos!

Capítulo 2 - O Outro


Capítulo 2: O Outro

 

  Vince não tinha noção de quanto tempo passara sentado no chão frio. Prestara atenção, com o ouvido colado na porta, a todos os sons em redor. No entanto, tudo o que conseguia ouvir era o som do vento se intensificando lá fora, se chocando contra as árvores e as paredes de madeira.

  Por fim, o rapaz se convenceu de que não havia mais perigo por perto. Havia despistado fosse lá quem o estivesse seguindo. Verificou a tranca da porta e se levantou para caminhar até a cozinha. Checou a porta dos fundos e a janela, vedando qualquer possível entrada de um invasor. Apesar de seu tamanho e seu aconchego, aquele chalé era firme, quase como um forte. Jamais um zumbi ou um ser humano ousara invadir aquele lugar desde que Vince se assentara, fazia algumas semanas.

  Com a arma ainda no coldre, ele resolveu se sentar no sofá da sala. Do espaço entre uma almofada e outra, pegou um maço de cigarros que lá escondia. Graças ao antigo proprietário, que lá esquecera o pacote, Vince tinha um novo meio de relaxar. Já fazia muitos anos que não punha um cigarro entre os dentes. Em verdade, nunca gostara de fumar. Entretanto, a situação era tal que era necessária uma válvula de escape para o excesso de tédio.

  Com um isqueiro cinza que encontrara durante a travessia em direção ao norte do país, Vince acendeu o cigarro e se deitou no sofá. Encarava o teto com tamanha despretensão que mais parecia estar viajando dentro de seus próprios pensamentos do que apreciando o cigarro.

  Não houvera um dia sequer em que não pensara em Athena e James. Tentara esquecer, de início. Lutou para não lembrar durante dias. Mas sabia que aquilo nunca funcionaria. Se eles tivessem morrido ou sido capturados, seria tudo culpa sua.

  E foi com esse pensamento que ele desistiu da ideia de ficar sentado no sofá e apagou o cigarro num cinzeiro sobre uma mesinha de madeira. E então, se levantou para caminhar pela casa.

  Aquela era a segunda coisa que mais lhe distraía ao longo do dia. Sem perceber, passava horas andando de um lado para o outro, da sala para o quarto, do corredor para a cozinha e da cozinha de volta para a sala. Basicamente sua vida se resumia a isso: uma eterna caminhada, na qual ele sempre voltava para o mesmo lugar.

  Mas então, de repente um barulho se fez. Eram batidas na porta, pesadas e secas. Pegou a arma no coldre, já preparado para puxar o gatilho a qualquer momento. Com a mira travada, ele se aproximou da janela e olhou para fora. De novo, nada havia por lá, apenas o vento soprando por entre as árvores próximas.

  Mas o barulho se repetiu. Dessa vez, mais forte, como se alguém do outro lado estivesse ficando impaciente. Vince se aproximou lentamente e, após contar mentalmente até três, destrancou a porta e abriu a maçaneta.

  Subitamente, uma figura escura entrou com rapidez no chalé, pressionando contra a porta. Vince tentou impedi-la atirando com sua pistola, mas sua mão foi empurrada para o lado com tanta rapidez e força que a arma voara pelos ares e caíra com força no chão. O rapaz recuou, esperando o contra-ataque do ser que havia acabado de entrar no chalé. No entanto, nada veio.

  Ao invés disso, a alta e larga figura escura se virou e fechou a porta atrás de si, trancando-a. Por alguns segundos, Vince tentou processar o que estava vendo. Mas logo se interrompeu quando o sujeito abriu o zíper para se despir do grosso casaco que vestia. Tirou o gorro de lã que trazia em sua cabeça e deixou os dois sobre o criado-mudo ao lado da porta. Por fim, retirou do rosto os óculos escuros que usava e revelou, afinal, sua aparência, a princípio fantasmagórica.

  Era um homem. Devia ter seus quarenta e tantos anos, a despeito de sua alta estatura e seu porte atlético. Sem os óculos e o gorro, Vince pôde ver uma curta cabeleira castanho-claro e olhos cor de madeira. Suas feições eram um tanto brutas, como se pertencessem a alguém que já teve preenchida sua cota de confusões e decepções na vida. Ainda assim, o homem ostentava um olhar amigável, másculo e até mesmo um certo charme.

  -Ei, você tá maluco? – O sujeito perguntou, ajeitando as roupas no móvel – O primeiro ser humano que aparece aqui na sua casa em dias e você trata ele assim, quase o matando?

  -Primeiro humano? – Vince indagou – Quem é você e o que você quer? – Ele manteve-se firme, pegando a pistola de volta no chão e a erguendo.

  -Eu quero muitas coisas nessa vida. – O sujeito disse e começou a andar despretensiosamente de um lado para o outro, a despeito da arma de apontada. – E também já fui muitas coisas enquanto vivo. Pode me chamar de Jake.

  -Jake... – Vince murmurou, perdido em pensamentos por alguns segundos

  -Algo de errado, mano?

  -Não, é só que eu conhecia alguém com esse... – E se recompôs, sacudindo a cabeça – Me responde agora ou eu estouro a sua cabeça! O que você veio fazer aqui? Tem mais alguém aqui com você?

  - Ora essa é a primeira casa que eu vejo em quilômetros. Busco o mesmo que qualquer sobrevivente deseja: água potável, comida, um lugar seguro para passar a noite.

  -É, mas esse lugar aqui já tem dono! Então é melhor você sair daqui agora.

  -É, isso eu já percebi, grandalhão. - Jake disse caminhando sala adentro – Quer parar de apontar essa porra pra mim?

  Mas Vince não hesitou ao continuar com a arma erguida, o que fez Jake suspirar. Aquela situação era estranha demais. De onde aquele sujeito havia surgido? Como o havia encontrado?

  -É melhor você economizar na munição. – O estranho disse após suspirar – Você tem usado bastante ultimamente.

  -Você estava me espionando? – Vince elevou o tom de voz, se aproximando com a arma ainda erguida

  -Ei, ei, ei! – Jake protestou com as mãos erguidas no ar – “Espionar” é um termo muito forte. Mas sim, eu estava por perto e sim, eu tenho visto você andando por aí de vez em quando.

  -Foi você quem fez aquela fogueira com os corpos?

  -Espera aí, fogueira? Corpos? Do que você tá...

  -Foi você ou não? – Vince o interrompeu – Responde!

  -Olha, eu não sei do que você tá falando, mas uma fogueira seria realmente uma ótima ideia agora. Eu tô congelando. Você tem lenha aí?

  -Você não vai ficar! Sai daqui agora antes que eu atire na sua cabeça.

  -Puxa, mas eu acabei de chegar! Eu disse alguma coisa que eu não devia?

  -Só sai daqui... agora!

  -Jesus, que mal-humorado você, hein. – Jake disse, caminhando em direção ao criado-mudo onde deixara seus pertences – Você devia ser mais amigável com os visitantes que te pedem ajuda; conselho de brother, viu?

  Mas Vince não respondeu. Manteve-se firme com a expressão intimidadora no rosto e a pistola erguida enquanto Jake vestia seu casaco e saía pela porta.

  Sozinho no chalé outra vez, o rapaz levou alguns segundos até processar tudo o que havia acabado de ver e relaxar os membros.

  “Mas que merda acabou de acontecer?”

  Jake havia sido o primeiro humano que Vince vira em semanas, talvez até mesmo meses. Para tornar ainda mais estranha a situação, o sujeito ainda carregava o mesmo nome de seu falecido irmão mais velho. Por um breve instante chegou a pensar: será que poderia ser ele? A semelhança é enorme. O Jake que conhecia tinha o mesmo tom de cabelos e olhos e sempre fora alto. Será que durante todos aqueles anos ele estava vivo? Mas a realidade veio à tona:

  “Não! Pare com essa merda, Vince! Jake está morto há mais de vinte anos. O seu irmão já se foi faz muito tempo.”

  Ainda assim, parte de Vince queria acreditar que aquele homem poderia ser, de alguma forma, parte do verdadeiro Jake, talvez até mesmo uma mensagem ou um sinal espiritual. Ele estaria mesmo em algum lugar dos céus, cuidando de seu irmão mais novo?

  Mas Vince sabia que aquilo não passava de uma infeliz coincidência. O mundo em que passara a viver fizera com que ele acreditasse apenas no que ele podia ver. Zumbis eram uma ideia absurda de cinema até as pessoas começarem a devorar umas às outras.

  Não havia motivo para acreditar em algo tão místico. A realidade era muito mais crua e muito mais sádica do que o reino da loucura.



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