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História The Walking Dead: O Outro - A Página Virada


Escrita por: Vinibrazuka98

Notas do Autor


Fala, pessoal! Imagino que vocês tenham ficado curiosos em relação ao novo personagem Jake. Realmente, ele acabou por ser introduzido como um sujeito bastante misterioso. Será que saberemos mais sobre quem ele é, de onde ele vem e quais são suas intenções?
Abração!

Capítulo 3 - A Página Virada


Capítulo 3: A Página Virada

 

  A noite passou num piscar de olhos. Vince sentia um cansaço paralisante. Seu corpo mal tinha forças para se mexer quando adormecera e, após acordar, as coisas não mudaram tanto.

  Tudo parecia distante de Vince; a mesa de madeira, as cadeiras, os troféus de caça nas paredes da sala. O rapaz permaneceu observando o teto iluminado apenas pelos primeiros raios de Sol do dia, que entravam pelas janelas manchadas de neve.

  Vince não sentia ânimo, o que era estranho demais. Pensou que poderia estar doente, mas não se sentia febril, não espirrava e nem tossia. Havia apenas aquele cansaço inexplicável que havia se espalhado pelo corpo todo. Era como se ele houvesse corrido uma maratona depois de carregar sacos de cimento nos ombros durante horas.

  Depois de mais alguns minutos de reflexões não muito profundas enquanto encarava o teto, ele decidiu, por fim, se levantar. Caminhou, arrastando os pés, até a cozinha, onde pegou uma garrafa metálica sobre a mesa e tomou alguns goles da água que se encontrava dentro dela. Sentia fome, mas não apetite. Podia ouvir seu estômago se revirando, implorando por alimento, enquanto sua mente respondia que simplesmente não queria. No entanto, o rapaz resolveu comer um pacote de biscoitos da dispensa sem se importar com a validade já vencida fazia algumas semanas.

  Com o seu organismo despertando aos poucos com a ingestão do alimento, Vince começou a pôr em ordem seus pensamentos, que sempre se direcionavam a uma única pessoa:

  “Jake... aquilo foi tão estranho. Há quanto tempo ele está por aqui? Como eu nunca o tinha visto antes? Pra onde será que ele foi?”

  O rapaz sabia que teria um dia cheio pela frente. Devido ao encontro inesperado, sequer conseguira caçar no dia anterior. Precisava recuperar o tempo perdido com aquela idiotice.

  “Você precisa se recompor, ou vai acabar morrendo de fome.”

  Reuniu suas coisas, pegou seu machado, vestiu seu agasalho e saiu porta afora. Fazia muito mais frio do que na última vez em que saíra. Algumas nuvens bloqueavam a luz do Sol no céu. Vince deduziu que uma tempestade estava para vir. Toda aquela aparente paz que se encontrava ao seu redor nada mais era que um prelúdio, a calmaria que precede o dilúvio. E ele só podia torcer para que as paredes daquele chalé fossem realmente firmes.

  Vince seguiu o caminho colina abaixo. Mantinha os olhos bem abertos, preparados para o menor sinal de movimento, fosse de animal, de infectado ou de humano. Mantinha sua pistola erguida à altura do peito enquanto olhava para todos as direções, prestando atenção aos sons redor. Não havia pássaros cantando, nem coelhos e esquilos correndo. A tarde estava morta.

  Percebeu que estava se aproximando novamente da clareira onde encontrara a pilha de corpos no dia anterior e resolveu reduzir o passo e se abaixar para se camuflar entre as árvores. Se recostou contra um dos troncos e olhou para frente, para a clareira à menos de três metros de seus olhos.

  -Mas o que?! – Ele exclamou

  Vince não conseguia acreditar no que via. Todos aqueles corpos incinerados, aquele cheiro podre, o sangue na neve; tudo havia desaparecido. Era como se nunca houvesse estado lá.

  Surpreso, ele ignorou a cautela e seguiu até o meio da clareira. Analisou o chão e cheirou a terra. Ainda podia sentir o cheiro da decomposição dos corpos e do fogo que os queimara. A morte, afinal, havia deixado um rastro para trás.

  Rastro tal que Vince pôs-se a seguir. Ainda agachado, procurando manter o cheiro próximo às narinas, seguiu a trilha odorosa em direção Leste. Passou pelas primeiras árvores, por alguns arbustos e, então, o cheiro subitamente se intensificou. Tinha de estar perto. Alguém tinha carregado aqueles corpos e Vince precisava saber quem...

  -Aaah!

  Vince deixou escapar a exclamação no momento em que caíra para trás após um infectado surgir subitamente à sua frente. O homem, que tinha as roupas quase completamente rasgadas e a pele escurecida pelos anos de decomposição, ergueu os braços, voraz, e por pouco não encontrara o rosto de Vince.

  Prevendo o segundo ataque, o rapaz foi rápido ao erguer o machado e cortar a mão da aberração no exato momento em que ela se aproximara. O infectado hesitou por alguns segundos, o suficiente para que Vince rolasse para trás e se levantasse. Já estava se preparando para terminar o trabalho quando, com o canto do olho, percebeu a situação era mais complicada do que parecia.

  Outro infectado surgira da direção da clareira e já se aproximava perigosamente. Concentrando sua audição, percebeu também que mais passos se aproximavam pelos lados. Se não se movesse rápido, acabaria cercado. Desviou do ataque do infectado às suas costas e, com um rápido movimento, fincou o machado em sua cabeça. Retirou-o da carcaça morta tomando impulso com o pé. Esperou o monstro que havia acabado de perder a mão se aproximar e desferiu nele o golpe fatal.

  Seu rosto já estava coberto de sangue escuro e fedido, mas não tinha tempo para se preocupar com isso. Correu de volta para a clareira, mas seu coração, então, disparou outra vez.

  -Só pode tá de brincadeira! – Exclamou

  E aquela calma clareira, onde nada havia além de neve e um leve cheiro ruim, havia sido invadida por um pequeno grupo de infectados que bloqueava o caminho de Vince de volta para o chalé.

  Sem hesitar, Vince sacou sua pistola. Mirou no monstro que estava mais próximo, apoiando a arma sobre a mão que segurava o pequeno machado. Disparou, mas errou a cabeça por pouco. A bala perfurou o pescoço e saiu pelo outro lado sem encontrar resistência. Mirou mais em cima dessa vez. E quando puxou o gatilho...

  Click click

  O som que ninguém naquele novo mundo gostaria de ouvir enquanto enfrenta infectados famintos.

  -Esse dia tá ficando cada vez melhor...

  Sem munição, Vince repôs a pistola no coldre e segurou o machado com as duas mãos. Não seria fácil, mas poderia abrir caminho para voltar ao chalé se pelo menos conseguisse eliminar alguns daqueles monstros. Ergueu a lâmina em suas mãos e se preparou para partir para o ataque quando uma voz o interrompeu:

  -Vince!

  E o rapaz olhou para a sua direita. Viu o mesmo homem misterioso que aparecera no chalé na noite anterior. Lá estava ele, acenando, exaltado, chamando-o.

  -Jake... – O rapaz murmurou.

  Pegou-se preso em pensamentos por alguns breves instantes, mas retomou a consciência quando um dos monstros se debruçara sobre ele. Vince desviou do ataque, fincando o machado em sua nuca em seguida. Retirando a lâmina, se pôs a correr na direção de Jake sem pensar duas vezes.

  Quando começaram a atravessar o espaço por entre as árvores, Vince se deixou levar pela adrenalina do momento e sequer olhou para trás. Deixava os troncos passarem pelos cantos dos seus olhos como se olhasse para a paisagem através da janela de um trem em movimento. Sua mente agitada só conseguia se concentrar na neve do chão à frente, que mais parecia um mar congelado infinito.

  Só pararam de correr quando as árvores enfim ficaram para trás. Estavam de frente para a estação elétrica abandonada. O lugar estava completamente depredado e vazio. Sem dúvidas, uma visão extremamente desoladora.

  -Uau, você corre rápido demais! – Jake disse, ainda ofegante – Não acho que aqueles monstrengos vão alcançar a...

  Mas Vince subitamente o interrompeu com um forte soco no rosto. Jake caiu, surpreso, no chão esbranquiçado e mal conseguiu reagir quando o outro rapaz se pôs sobre ele.

  -Mas o que... – Ele tentou protestar

  -O nome! – Vince berrou, acertando outro soco no rosto do estranho, que já começava a ficar inchado.

  -Eu não sei do que...

  -O nome, porra! – E sacudiu a cabeça do homem pela gola do agasalho – Você me chamou de Vince! Como você sabe o meu nome?!  

  -Eu... posso... explicar – Jake tentou dizer, a despeito da dor e do sufoco.

  Vince pegou o machado que havia largado no chão e o posicionou bem próximo do pescoço de Jake, que respirou fundo e disse:

  -Ei, eu vou ser sincero. Não era sim que eu esperava o nosso reencontro.

  O sangue de Vince gelara. Não podia ser...

  -Do que você tá... – Tentou dizer.

  -O que você acha de não tentar mais matar o seu irmão?

  E o mundo subitamente parou de girar.



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