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História The Walking Dead: O Outro - Uma Nova Face


Escrita por: Vinibrazuka98

Notas do Autor


Fala, pessoal! Eu sei que eu demorei de novo pra postar, mas dessa vez trago boas notícias: já estou de férias, portanto, terei mais tempo para escrever e conseguirei postar os capítulos com mais frequência.
Obrigado pela paciência de vocês. Um grande abraço!

Capítulo 8 - Uma Nova Face


Capítulo 8: Uma nova face

 

  Vince encarava o buraco no chão com certa curiosidade. Não imaginava que fosse algo demais, talvez só um antigo porão onde o dono guardava suas tralhas. Ainda assim, aquela entrada era peculiar demais. Era estreita, discreta e ficava no meio do chão da cozinha. Não fazia o menor sentido.

  -Afinal, qual o motivo desse show todo? É só um porão. – Vince questionava o irmão.

  -Show? Só um porão? Tá de sacanagem? Essa porra é muito bizarra. Tava escondida no meio da cozinha!

  Vince apenas suspirou, enquanto ouvia seu irmão se gabando da descoberta. Foi até um armarinho e de lá tirou uma lanterna alaranjada. Deu uns tapas na parte de baixo do objeto para fazê-lo funcionar e se dirigiu de volta à entrada do buraco.

  -Bem, só tem um jeito de descobrir o que tem lá embaixo. – Disse.

  O mais novo se sentou à beira da abertura, depois deixando o corpo cair. Aterrissou na escuridão, a menos de dois metros de profundidade. Jake fez o mesmo logo em seguida.

  Lá embaixo, a escuridão era densa, quase total. Uma fresta de luz vinha da abertura no piso da cozinha. O resto provinha apenas da lanterna que Vince segurava.

  Os irmãos analisaram o local. Parecia não passar de um porão comum; várias caixas de madeira, vigas embalsamadas de teias de aranha e tralhas, dos mais diversos tipos, cobertas por panos encardidos compunham aquele ambiente abafado e claustrofóbico.

  -Por que um cara iria querer esconder um porão normal? – Jake questionou. – Vai por mim, isso é muito estranho.

  -Eu não tô vendo nada de estranho aqui – Vince respondeu, enquanto caminhava pelo local, lançando o feixe da lanterna sobre os objetos.

  -E aquilo ali? – O mais velho apontou para o que parecia ser uma mesa de madeira, sobre a qual Vince lançara seu feixe brevemente.

  Aproximaram-se do que imaginaram ser uma mesa de trabalho. Havia ferramentas tradicionais, como chaves de fenda, um esquadro e um martelo espalhados sobre sua superfície. No entanto, o que causava um estranhamento era...

  - Mas o que que é isso? – Vince deixou escapar.

  Mais para o canto, havia uma toalha de rosto branca estendida sobre a mesa. Sobre ela, meia dúzia de pequenos instrumentos metálicos: tesoura, bisturi, faca. Era como se aquilo tudo houvesse sido roubado da pasta de um médico. Prestando mais atenção, Vince pôde ver que a toalha possuía algumas machas vermelhas em certos pontos.

  -Sangue. – Concluiu – E não parece tão antigo.

  Sem dizer nada, Jake estendeu a mão para pegar um objeto no canto oposto da mesa. Vince jogou o feixe sobre suas mãos e constatou que o irmão segurava um pequeno porta-retratos.

  Na foto havia um homem. Não dava para ver o fundo e nem o resto do corpo; o ângulo e a distância permitiram apenas o vislumbre do rosto do sujeito. Seus cabelos escuros pareciam ser longos, se estendendo por trás da cabeça, suas feições eram brutas, não muito amigáveis. Não era jovem, porém não devia passar dos quarenta anos. Seu sorriso forçado por baixo dos largos óculos não deixava dúvidas de que aquele homem não podia ser simpático.

  Jake virou o porta-retratos e abriu a parte de trás, tirando a foto. Virando a foto, pôde ver algumas letras e números escritos na parte branca e encardida do papel:

  -“Edgar J. Holland, vinte e um de julho de 1998”. – Leu em voz alta – Tem mais aqui.

  Jake deixou a foto na mesa e esticou o braço à esquerda. Tateou uma superfície escura e metálica, mais ou menos à altura do seu ombro, até encontrar outro porta-retratos. Mas antes que pudesse olhar bem para a foto, Vince perguntou:

  -Ei, o que é isso?

  Vince andou até onde Jake encontrara a segunda foto. Com a luz da lanterna, viu uma espécie de máquina cinzenta e metálica. Tinha uma abertura na frente e canos que davam para cima sobre sua superfície.

  -Um aquecedor, talvez? – Jake sugeriu.

  -Não, isso parece mais um forno.

  -Por que diabos alguém colocaria um forno aqui embaixo?

  -Eu não faço ideia. – Vince respondeu, sem tirar os olhos do objeto – O que tem nessa foto?

  Os dois olharam para o objeto nas mãos de Jake com atenção. Na foto, podiam ver seis homens vestindo uniformes amarelados, óculos e capacetes, todos abraçados, apoiando-se um no ombro do outro. Pareciam ter a mesma idade. Todos estavam sorrindo, aparentemente orgulhosos. No meio deles, estava o homem da outra foto, o único que vestia uma roupa levemente diferente – o mesmo uniforme, porém de uma cor azulada, mais escura. Foi quando Vince se perguntou o porquê daquilo que percebeu o plano de fundo da foto:

  -É a estação de energia! – Exclamou – O cara trabalhava aqui.  

  Jake apertou os olhos para enxergar melhor e concordou:

  -É, é sim. – E retirou a foto do porta-retratos – Vamos ver o que essa foto tem a nos dizer sobre isso.

  Na parte traseira da foto, o nome de cada um dos integrantes estava escrito na ordem de aparição:

  -“Albert Lambert, Chris Stone... Edgar J. Holland.” – Jake leu – É o nosso cara, o de uniforme azul! “Vinte e um de julho de 1998”.

  -As duas fotos foram tiradas no mesmo dia?

  -Aparentemente sim. Deve ter sido um dia importante pra ele.

  -Inauguração da estação? – Vince sugeriu.

  -Talvez. Só sei que esse cara é muito esquisito. E ele...

  Mas Jake se interrompeu ao ouvir um barulho. Parecia o som de algo caindo no chão, um baque surdo, a poucos metros dos dois. Vince sentiu um calafrio percorrer a espinha ao perceber que estava desarmado. Instintivamente ergueu a lanterna na direção de onde o som viera, mas não encontrou nada.

  -Tá vendo alguma coisa!? – Vince perguntou

  -Não... merda! – Jake retrucou

  Vince se concentrou, moveu o feixe de luz da lanterna, suas mãos tremendo, até encontrar uma silhueta, seguido de uma voz aguda:

 -Não!

  E Vince hesitou:

  -Não sou um deles!

  Os dois irmãos baixaram a guarda quando perceberam que era Victoria que se aproximava. A bela e misteriosa mulher de cabelos loiros mal podia ser vista em meio àquela escuridão quase completa. Tinha a mão direita erguida, num sinal de rendição.

  -Como... como você chegou até aqui? – Vince perguntou, mais confuso do que cauteloso.

  -Eu... meio que forcei a porta. A fechadura tá quebrada. Eu ouvi alguém gritando, então, eu pensei que pudessem estar precisando de ajuda.

  Os irmãos se encararam e Jake deu de ombros. Aquela era uma situação bastante curiosa.

  -O que foi? – Victoria questionou – Você tá bem?

  -Tô. – Vince respondeu – Há quanto tempo você tá por aqui? O que você sabe sobre esse lugar?

  Victoria hesitou um tanto antes de responder. Não entendia direito como aquilo poderia ser relevante.

  - Eu encontrei esse lugar ontem. Tentei chegar até aqui no chalé, mas a colina tava cheia daqueles monstros. Não consegui passar. Então resolvi me abrigar naquela estação de energia perto da ponte. De noite, eu tava morrendo de fome e saí pra procurar comida. Eu não tinha nada além de um facão e uma garrafa de água quase vazia. Foi quando eu encontrei, por acaso, aquela caverna onde vocês me acharam.

  -Então você não tem ideia de quem costumava morar nesse lugar?

  -E isso faz diferença? – Ela perguntou, mas, vendo a seriedade no rosto de Vince, prosseguiu – Eu não tinha muito o que fazer lá na estação, então, revirei as gavetas do lugar procurando algo pra ler. Achei umas fotos e umas cartas antigas. Aparentemente, o sujeito que morava aqui era funcionário da usina. Pelo menos, era o que dizia uma das cartas.

  Vince encarou Jake outra vez para ver o que o irmão achava daquilo tudo. Seu rosto, entretanto, era inexpressivo, mas parecia atento às palavras da moça.

  -Tem umas coisas bem bizarras aqui embaixo. – O mais novo disse, olhando em volta – Por que não... ei, essa porta estava aqui?

  Vince lançou o feixe da lanterna em direção a uma discreta porta cinzenta na parede à sua esquerda. Aproximou-se lentamente dela e tentou girar a maçaneta. Sequer se surpreendeu ao perceber que estava trancada. No entanto, olhou para baixo e viu que, no buraco da fechadura, estava pendurada uma chave, que por sua vez estava presa pequeno chaveiro de mais três outras chaves.

  Ele girou lentamente a chave no buraco e ouviu a trava se movendo do lado dentro. Com um leve empurrão, abriu a porta sem dificuldades.

  -Parece que alguém teve de sair na pressa. – Vince comentou – Vamos nessa?

  Jake e Victoria assentiram em silêncio e se juntaram a ele. A porta dava numa espécie de corredor subterrâneo, como numa mina de ouro, semelhante àquele em que encontraram a moça desacordada.

  A menos de cinco passos, havia, encostada na parede, uma espécie de bacia de ferro, semelhante a uma churrasqueira antiga. Sobre ela, havia alguns pedaços de madeira com formato ligeiramente cilíndrico e também um pacote de fósforos fechado.

  -Que conveniente. – Vince murmurou e acendeu um pedaço de madeira com um dos fósforos, iluminando o local com sua nova tocha. – Você. Fica perto de mim, que eu tô de olho.

  Victoria não gostou em nada de ficar sob a observação de um sujeito marrento que sequer conhecia, mas resolveu não pestanejar para não arranjar problemas. Em poucos passos, o caminho plano logo virava uma escada que parecia descer infinitamente à escuridão.

  -Isso é tão... macabro. – Victoria sussurrou.

  Porém, Vince apenas prosseguiu, sem dizer palavra alguma.

         ...

  -Isso vai dar em algum lugar? – Jake, já cansado, resmungava.

  Já caminhavam sem parar naquele corredor escuro e úmido fazia mais de quinze minutos. Depois daquela longa escadaria de pedra, voltaram ao chão plano.

  O ar era pesado, difícil de respirar, o que dificultava ainda mais a caminhada. Vince mantinha os ouvidos atentos a qualquer barulho à frente, mas sempre prestando atenção em Victoria, afinal, ainda não podia saber se ela era confiável.

  -Só espero que esse corredor acabe logo. – Vince retrucou

  -Eu também. – Victoria comentou, mais atrás.

  E, enfim, chegaram a algum lugar. O caminho se interrompeu, dando lugar a uma outra porta metálica que, sem surpreender a ninguém, estava trancada também.

  -Por que não tenta uma das chaves? – Jake sugeriu

  Vince assentiu com a cabeça. Pegou o chaveiro que havia encontrado pendurado na fechadura da porta anterior e pôs-se a testar as chaves. Logo na primeira tentativa, fez a trava se retrair e destrancou a porta. Ele então fez um gesto com a mão, indicando que Jake fosse na frente, porém foi Victoria quem se aproximou, tomando a dianteira.

  -Ei, não era pra você! – Vince repreendeu-a, sussurrando.

  Victoria, envergonhada, recuou alguns passos. Jake foi na frente, seguido por Vince e pela moça. Pareciam ter entrado numa sala mais ampla, mas, ainda assim, era difícil perceber os detalhes em meio à escuridão.

  -O que que é isso aqui? – Victoria perguntou

  Vince se virou para ver o que a moça mostrava, mas no mesmo instante algo aconteceu.

  -Ai, porra! – Reclamou

  O lugar subitamente se iluminou por completo. Os três cobriram os olhos com as costas da mão, ofuscados pela claridade.

  -Victoria, o que você fez?! – Vince exclamou

  -Eu só... puxei esse treco! – Ela respondeu

  Recuperando-se do choque, Vince apertou os olhos e enxergou, ao lado da moça, uma espécie de mecanismo preso à parede, semelhante a uma alavanca. Já se acostumando com a claridade, os três se puseram a observar melhor o lugar em volta.

  A iluminação conferia ao local um tom levemente esverdeado. As paredes eram pintadas de branco, porém encardidas. Havia nelas algumas pichações, semelhantes às que haviam visto na estação e na caverna. A sala não era larga, mas era extensa, de dimensões semelhantes à sala de estar do chalé. Do lado esquerdo, não havia nada além de uma porta. À frente, também outra porta e mais algumas pichações.

  O cenário começava a se tornar bizarro pelo lado direito. Ao invés de uma parede pichada, havia um conjunto de celas (quatro, para ser mais exato), distribuídas uma ao lado da outra. Estavam completamente na penumbra, mas aparentavam estar vazias.

  -Isso é muito macabro. – Jake comentou – Você já viu alguma coisa assim antes?

  -A prisão em que me jogaram quando eu fiz vinte anos parecia mais confortável do que isso. – Vince respondeu.

  -É um grande alívio saber que eu estou no subterrâneo com um cara que já foi preso. – Victoria comentou mais atrás.

  -Um cara que já foi preso e que salvou sua vida também. – Ele retrucou, seco.

  Victoria se calou outra vez. Começava a pensar que talvez fosse melhor ficar de boca fechada, afinal.

  -Olha aquilo ali. – Jake chamou

  O mais velho estava apontando para uma pichação na parede à frente, ao lado direito da porta no extremo oposto ao lugar por onde vieram. Estava escrita em vermelho, numa caligrafia bastante rústica e apressada.

  -“Sorry”. – Jake leu – Isso não parece muito uma pichação.

  -Você acha que é... – Vince ia dizendo.

  -Sangue? – O mais velho interrompeu – Assustador, mas possível.

  -E pelo que essa pessoa está pedindo desculpas?

  -Eu não faço ideia. – Jake se aproximou da cela ao seu lado – Talvez possamos perguntar ao...

  E, no mesmo instante, algo interrompeu a fala de Jake. Subitamente, um estrondo se formou ao seu lado, vindo da cela. Algo havia se chocado com força contra as barras de metal. Quando os irmãos se recompuseram do susto, viram do que se tratava.

  Dois infectados, homens, com aparência completamente apodrecida, tentavam em vão esticar os braços para fora da cela, tentando agarrar qualquer coisa feita de carne da qual pudessem se alimentar. Os irmãos assistiam, de coração ainda acelerado e respiração ofegante, a cena deplorável, quando notaram algo:

  -Jake, as roupas! – Vince exclamou.

  -O que?

  -São uniformes! Esses são os homens da foto!

  Jake apertou os olhos para observar melhor. De fato, aqueles monstros usavam o mesmo uniforme amarelado dos homens na foto que haviam encontrado no porão. Os dois, então, andaram até a cela ao lado, onde foram recebidos por outro infectado.

  -Esse também tem. – Jake afirmou.

  E foram para a seguinte, e depois para a última. Nas duas o resultado foi o mesmo; o infectado dentro de cada uma usava o uniforme dos funcionários da estação de energia.

  -Isso tá ficando cada vez mais esquisito. – Vince concluiu.

  Vince sabia que talvez não devesse estar mexendo com aquilo. Não importava mais quem costumava morar ali. Seria muito mais fácil dar as costas a tudo e fingir que nada daquilo aconteceu.

  Tudo parecia bem mais simples quando chegara àquele lugar e se apoderara do chalé. Ele tinha uma rotina, tinha água e comida todos os dias, não precisava lidar com mais ninguém naquele recanto pacífico.

  Mas as coisas começaram a mudar com a aparição de Jake e, posteriormente, com a chegada de Victoria. Sentia que tudo estava indo pelos ares, toda a tranquilidade que buscara, por semanas, meses, desde que escapara de Atlanta havia sido arruinada.

  Enquanto os irmãos faziam as suas macabras descobertas, Victoria zanzava de um lado para o outro, explorando aquele recinto claustrofóbico e assustador. Lia as mensagens espalhadas pelas paredes com grande atenção: “que Deus nos salve”, “ele vem”, “perdão”... Todas escritas de forma horripilantemente desesperada.

  Chegou à porta situada na parede esquerda. Tentou abri-la, mas estava trancada. Estranhou o fato de que não havia nenhum tipo de buraco na porta que servisse como fechadura. Ainda assim, notou um pequenino console preso à parede, do lado da maçaneta. Era basicamente um retângulo, semelhante a um controle remoto, e sobre ele, havia um largo botão preto.

  Olhou em volta, pensando que talvez devesse comunicar a Vince antes de fazer qualquer coisa. Mas então pensou:

  “Não preciso que alguém me diga o que fazer”.

  E, mesmo hesitando um pouco, apertou o botão. Nos primeiros segundos, nada aconteceu. No entanto, logo depois, a iluminação da sala subitamente mudou. Estava mais fraca, mais escura, como se alguma lâmpada houvesse queimado, e a coloração mudou para um tom mais avermelhado.

  Logo em seguida, um som alto e irritante irrompeu de algum lugar daquela sala. Era uma sirene de alerta, como a de um bombeiro. Mas a questão era: sobre o que aquilo estava alertando?

  Vince e Jake se aproximaram correndo da mulher:

  -O que você fez?! – O primeiro disse

  -Eu... eu... eu só apertei um botão. Pensei que ia destrancar a porta!

  Subitamente, houve um estalo metálico do outro lado da sala. Os três se viraram, temerosos, para ver o que estava acontecendo, e se desesperaram ao perceber o que era.

  Lentamente, as grades que prendiam os infectados nas celas iam se movendo para o lado, se abrindo. Em poucos segundos, os monstros já estavam livres, fora de suas celas, prontos para atacar os sobreviventes.

  -Merda, merda, merda.... – Jake murmurou – E agora? Estamos sem armas!

  - Fiquem aqui, eu vou conferir a porta! – Vince bradou e pôs-se a correr.

  Desviou sem dificuldade de um dos monstros e chegou à porta por onde haviam entrado na sala. Xingou mentalmente ao constatar que estava trancada. Fez sinal para que Jake checasse a porta do canto oposto. Com sua força, o irmão empurrou dois infectados e fez um sinal negativo ao tentar abrir a porta.

  Os dois voltaram à posição de Victoria, se reagrupando para pensar.

  -Como é que a gente sai daqui? – Vince questionou

  -Você quer perguntar pra mim? – Victoria retrucou

  -Você que apertou o botão! Agora tira a gente daqui!

  Os monstros se aproximavam. Vince investiu contra o mais próximo e o golpeou-o na cabeça com a tocha, que havia apagado quando entraram naquela sala. O infectado recuou, mas ainda não estava morto. Não demorou até voltar a cambalear na direção dos sobreviventes.

  Victoria tentava se concentrar. Precisava pensar em um jeito de escapar com vida. Lutava contra o medo daqueles monstros. A simples visão daquelas criaturas asquerosas quase a fazia paralisar de medo.

  Ainda assim, observou com atenção todos os detalhes da porta. Os cantos, o eixo, a maçaneta, em busca de uma ideia. Até que, por fim, a encontrou.

  -Ali, no console!

  No pequeno console que abrigava o botão que iniciara todo aquele caos, havia, em sua parte de baixo, um buraco metálico prateado. Era estreito e tinha o formato ideal para abrigar uma chave.

  -Me dá as chaves! – Victoria gritou para Vince

  O rapaz buscou-as no bolso e entregou o chaveiro a ela. A moça, tremendo de nervosismo, e com dificuldade por ter apenas uma mão, tentou encaixá-las na fechadura.

  -Anda logo com isso aí! – Vince exclamou enquanto se concentrava num infectado à frente para acertá-lo com a tocha.

  Os monstros já estavam perto demais, praticamente os cercando. Jake podia sentir o bafo que vinha daquelas bocas apodrecidas.

  -Anda! – Os irmãos repetiram.

  -Quase lá! – A moça retrucou.

  E no momento certo, a última chave finalmente girou dentro da fechadura e ouviu-se um estalo vindo de dentro da porta.

  -Consegui! – Victoria exclamou.

  Vince empurrou um infectado para trás e logo correu para a porta, que fora aberta por Victoria. Os três saltaram para o outro lado, escapando por pouco de um golpe desesperado dos monstros. Por fim, Vince fechou a porta com um chute.

  Respirando ofegantes, com o corpo pleno de adrenalina pulsando a cada fôlego, os três enfim perceberam que estavam a salvos.

  -Estamos... todos bem? – Vince perguntou, se levantando com dificuldade do chão.

  Mas os outros não responderam. Ainda estavam tentando recuperar o fôlego depois daquela situação na sala anterior.

  -Eu já vi esse lugar. – Vince comentou, aéreo

  Estavam num local estreito e escuro, de frente para uma escadaria de madeira que subia até uma porta aberta no topo. Sem dizer mais nada, Vince pôs-se a subir as escadas até chegar no fim.

  -Venham ver isso! – Ele chamou lá do topo.

  Os dois se levantaram com dificuldade e subiram as escadas.

 Estavam de volta à sala de comando da estação de energia. A porta que Jake e Vince não haviam conseguido arrombar mais cedo era a porta pela qual haviam acabado de entrar.

  -Meu Deus do Céu, isso não faz o menor sentido. – Jake disse – Uma passagem ligando o chalé à estação? Uma prisão subterrânea?!

  -Eu nunca ia imaginar uma coisa dessas. – Victoria comentou – Quem será que fez isso tudo? E quem eram aquelas pessoas lá embaixo?

 -Eu não sei. – Vince respondeu – Mas acho que esse lugar tem mais segredos do que a gente imagina.  



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