História The Way You Look Tonight - Ain't No Mountain High Enough

Ain't no mountain high enough

Ain't no valley low enough

Ain't no river wide enough

To keep me from getting to you, baby

Ain't No Mountain High Enough - Marvin Gaye

1 de Fevereiro de 2017

-Eu estava querendo conhecer o Nick Carter.

-Quem? –Perguntei para Martin depois da fala de sua irmã.

-Um dos integrantes do Backstreet Boys. –Gargalhei.

-Se for assim, quero conhecer Leonardo Dicaprio.

-Mas ele não está em Londres! –Meg falou.

-E pelo o que eu saiba, backstreet boys é uma banda americana. –Disse.

-É, eles são. Mas estão fazendo uma turnê. –Assenti.

 -Estou morrendo de sono. –Meg bufou.

-Olha o exagero. –Disse rindo.

-MEGARA! Olha a sujeira que você está fazendo no banco! –Martin parecia um cachorrinho rosnando para o dono.

-Me deixa. –A morena falou para o irmão enquanto mordia mais um pedaço de seu biscoito. -É que eu estou nervosa.

-Aquieta o facho, Megara. –Martin empurrou a irmã pelo ombro.

-Nervosa para o que? –Perguntei enquanto me concentrava na estrada. Queria ver se o GPS estava realmente certo.

-Quero conhecer seu namorado, idiota. –Meg riu e um pedaço de biscoito de chocolate caiu de sua boca.

-MEGARA! –Martin berrou. –Nunca mais ajudo vocês duas.

-Na próxima eu dirijo. –A irmã deu língua para o menino revoltado por causa da sujeira.

-Você é mais nova que eu, Meg. –Revirei os olhos.

-Ninguém se importa com isso às onze da noite, Cath!

-Eu me importo. –Martin repreendeu a irmã e eu ri. –A gente te espera aqui? –Perguntou-me quando chegamos ao destino.

-Vocês acham que eu pretendo ficar quanto tempo?

-É, M, em 20 minutos ela faz uma rapidinha com o menino lá. –Meg disse e Martin arregalou seus olhos.

-Megara! Cala a sua boca antes que eu te jogue pela janela.

-EU NÃO TENHO NADA COM ELE! –Berrei.

-Mas poderia ter. –A morena disse em um tom mais baixo que o normal, como se fosse um segredo.

-Ele é cinco anos mais velho que eu!

-Isso não impede de nada, Cath. –Martin disse. –Minha ex era seis anos mais velha. –Falou naturalmente e eu fiz cara de nojo.

-Ela era uma víbora.

-Só você não gostava dela. –Os irmãos se olharam e eu ri.

-Obrigada pela carona, M. Não vão sem mim. –Falei e sai do carro antes que eles me enchessem de perguntas e comentários sem sentido algum.

Caminhei até o enorme portão de madeira e encarei a campainha. Não queria toca-la, era para ser uma surpresa, mas também não poderia pular o muro. Além de ser quase impossível por causa da altura, tinha todo um sistema de segurança que não valia apena meu esforço.

Toquei a campainha e logo uma voz surgiu.

-Casa do Senhor Styles. –Ouvi a voz de Lisa, a empregada de Harry e suspirei aliviada.

-Lisa, aqui é a Catharina. –Disse.

-Catharina?

-Sim, eu estava com Harry mais cedo.

-Ah sim. Pode entrar. –Falou e a porta fez um barulho como se tivesse sido destrancada. Dei um empurrãozinho para frente e consegui abri-la.

-Obrigada, Lisa.

Fechei a porta que logo se trancou. Fui até a porta principal aonde a senhora de cabelos loiros me esperava com um enorme sorriso.

-Harry não me falou nada que a senhora vinha. –Disse. –Desculpe-me.

-Está tudo bem, Lisa, e sem senhora, por favor. –Sorri e ela assentiu. –É uma surpresa. –Falei e apontei para o bolo que eu segurava em minhas mãos.

-Ele vai ficar bem animado quando ver, mas você vai ter a difícil missão de acorda-lo. Harry foi direto para o escritório assim que você foi embora, todavia não aguentou muito tempo e acabou indo para a cama mais cedo.

-Espero que não seja tão difícil acorda-lo.

-Depende do que você considera como difícil. –Rimos.

-Vou lá em cima então. –Assentiu e eu fui em direção as escadas.

Passei por todo o corredor e subi mais um lance de escadas. Aquela casa era enorme e eu poderia me perder facilmente. Parei em frente à porta de Harry e acendi as velinhas de número 23. Era meio brega, mas eu adorava essas coisas.

Quando abri a porta, Haz estava de costas para mim. Deixei o bolo na mesa em sua frente e cutuquei seu braço. Nada. Harry não fez nem uma menção de movimento. Suspirei frustrada e o balancei novamente. Nada. Lembrei-me do dia do casamento de Anne, foi a mesma coisa, por isso que não nos despedimos. Preferi continuar com a minha missão e quase pulei em cima do garoto para que ele acordasse. Nada.

-HARRY! –Berrei.

Ganhei de presente um simples suspiro da parte de Haz. Tirei meu tênis e subi em sua cama. Comecei a pular como uma criança pularia se estivesse em um pula-pula.

-Ai caralho. –Os olhos claros se encontraram em minha visão e eu me joguei em cima de Harry.

-MEIA NOITE E UM! –Gritei. –PARABÉNS HARRY! –Levantei e peguei o bolo. –Assopra as velinhas. –Disse e ele riu. Assoprou então o número dois e depois o três.

-C, o que acabou de acontecer?

-Você me falou que queria que eu estivesse no seu aniversário de 23, e eu estou! –Sorri alegremente e ele me abraçou assim que coloquei o bolo no chão.

-Muito obrigado, C! Você foi a melhor pessoa que eu pude conhecer em 2016! –Falou e eu revirei os olhos de brincadeira.

-Melhor pessoa que você pode conhecer em 2016? –Me fingi de indignada. –Como assim?

-Ah Cath. –Riu junto a mim.

-Só digo o mesmo porque como eu disse, Bono Vox ainda não apareceu em minha frente. –Disse e ele gargalhou esfregando os olhos. –Desculpa, você deve estar morrendo de cansaço e ainda tem reunião hoje.

-Liga não Cath. –Sorriu. –Vai ficar aqui comigo hoje? –Perguntou e eu neguei. –Por que?

-Meg e Martin estão me esperando lá fora.

-Fala pra eles que eu te deixo na casa deles. –Neguei novamente.

-Eu tenho que ir. Só vim trazer o bolo e te dar parabéns pessoalmente. Ser a primeira a te desejar feliz aniversário é tudo pra mim. –Gargalhei e ele sorriu.

-C, fica aqui. Eu vou passar meu aniversário vendo coisa da banda. Fica por mim. –Seus olhos brilhavam. –Pelo meu aniversário. –Não tinha como negar.

-Vou ligar para Meg. –Sorri.

Peguei meu celular no bolso da calça e fiquei batucando Let’s Dance do David Bowie na perna enquanto Megara não atendia.

-Não me manda embora com o Martin. –Não pude falar nada que ela já saiu atropelando tudo. –Acredita que ele me fez sair do carro para terminar de comer o Oreo? –Gargalhei.

-Para de frescura, menina. –Bufou. –Olha, só estou te ligando. –Me cortou.

-Para avisar que você vai ficar aí no Harry e é para a gente ir embora.

-Como? –Ri.

-Como eu sei?

-Sim.

-É meio previsível né Catharina. –Gargalhou e eu revirei os olhos. –Inclusive, já estamos até chegando em casa.

-Vocês iam me deixar aqui? –Falei indignada.

-Sem frescura, Cath. Você ia ficar aí mesmo, a gente só adiantou o serviço e decidiu ir embora antes de você avisar que iria ficar. –Pude ouvir a risada de Martin no fundo.

-Obrigada Martin. –Disse. –Não imaginava isso de você.

-Anjinha, sou um amor. –Gargalhei com seu comentário e decidi desligar na cara dos dois.

Olhei para minha frente assim que guardei o celular e me deparei com a cara sonolenta de Harry me encarando. Sorri e o entreguei o bolo.

-Se eu vou ficar, espero receber pelo menos um pedaço de bolo. –Ri fraco e ele assentiu.

-Se você ficar, vai receber muito mais que isso. –Piscou.

Paralisei, assim como ontem à tarde. Era a segunda vez desde que eu tinha chegado que Harry ficava mais próximo de mim e, apesar de todo aquele charme ser engraçado, eu gostava. Não. Eu amava. Aquilo me dava medo, pavor, sem saber ao menos o por quê. Ele tinha mudado desde a última vez que nos vimos. Quando nos conhecemos. Harry estava como meu melhor amigo naquela época, o cara que eu admirava e tinha uma imensa compaixão junto à empatia. Mas agora não, agora Haz era o cara... O cara que me fazia suspirar. Isso me parece tão errado!

-C? –Harry me balançou e eu o olhei. Perto demais.

Levantei da cama e coloquei meu tênis. Haz me encarava confuso, mas oras, eu era a confusa daquela situação toda, não ele!

-Vou...Vou... –Balancei as pontas do meu cabelo recém cortados. –Vou pegar uma faca.

-Faca? –Gargalhou. –Vai me matar?

-Faca... Para... Para... CORTAR O BOLO! –Berrei o final e ele me encarou assustado. Ai deus, eu estava fazendo uma bagunça só. –Isso, cortar o bolo. –Falei apressada e corri em direção à cozinha.

Respira Catharina. Por que esse surto repentino? Encarei meu reflexo no espelho da sala e suspirei frustrada. Apertei a faca em minha mão e subi novamente as escadas indo em direção ao quarto de Harry.

Entrei e o mesmo olhava para a janela rindo.

-Se isso tudo for por minha causa, posso dizer que é porque não durmo a mais de 24 horas. –Dei língua para Haz e ele sorriu. –Toma sua faca.

-Você só trouxe a faca? –Gargalhou e eu assenti. –Você quer que eu corte e coloque aonde?

-Ah! –Revirei os olhos enquanto o mesmo ainda ria. –Pega papel higiênico no banheiro. –Pisquei e ele se jogou na cama enquanto tinha uma crise. Ah! Aquela risada.

-Papel higiênico, Catharina? –Assenti.

-Se vira, Harry. –Disse e me joguei em sua cama. –Vou dormir.

-Não mesmo. Você vai pegar papel higiênico agora. –Gargalhei depois que percebi como eu estava leiga. Era o sono, ou não, mas preferia acreditar que era.

-Hazzinha, meu ursinho de algodão-doce, vai você. –Fechei os olhos com a intenção de dormir, todavia, uma almofada voou em minha direção antes que eu pudesse “descansar as vistas”.

-Ursinho de algodão-doce? –Revirei os olhos enquanto o mesmo começava a chorar de rir. –Cara, o que fizeram com você desde o momento em que eu te deixei na casa da Megara? Antes você tava toda filosófica, citando Pequeno Príncipe, até Dante! –Apertou a barriga como se estivesse doendo de tanta risada, e devia estar mesmo.

-Dante não, não sei nada. –Ri fraco. –A Meg deve ter colocado alguma coisa na água que eu tomei enquanto vinha pra cá. –Sorri. –Mas eu gosto da ideia de ser o sono consumindo a minha alma até ela ser deteriorada. –Gargalhou. –Seu escândalo não vai acabar não?

-Escândalo me lembra scandal, que me lembra que eu vi How I Met Your Mother e já estou na última temporada. –Disse enquanto cortava um pedaço do bolo e colocava em um prato.

-Que orgulho de você. –Bati palmas e ele me deu o bolo. –Da onde você tirou esse prato?

-Da minha mesa. –Sorriu e eu o olhei desconfiava. –É seguro Cath, é só um prato.

-Ah, sei-lá né. –Comi um pedaço do bolo que eu tinha comprado na padaria da rua de Meg. Gostaria de ser prodígio ao nível de fazer um bom doce como aquele. –Mas está gostando?

-Prefiro Friends. –O olhei indignada e o mesmo riu.

-Ok, vou superar essa só porque acho que todo relacionamento deve ter um equilíbrio de gostos. –Gargalhei. –Nada nessa vida da para ser perfeito mesmo. –Dei de ombros.

-Claro que dá! Olha pra mim!

-Deixa de se achar.

Falei e olhei para o teto do quarto de Harry, isso acontecia normalmente, eu costumava procurar os pontinhos brancos na imensidão azul dos tetos, eu só esquecia que o meu era assim, não o dele.

Deixei o prato na mesinha de Harry, perto da luminária. Olhei para o mesmo que agora encarava o teto. Era estranho pensar que meses atrás a gente se conheceu, meses atrás eu nunca mais iria vê-lo, meses atrás a gente se falava por mensagem, hoje eu estou deitada com ele na sua cama observando o teto de seu quarto.

-Na cama com Harry Styles. –Sussurrou e eu o encarei.

-Você lembra disso? –Perguntei espantada.

-Óbvio! To querendo até vender a ideia pro E!. –Ri fraco.

-Você vai levar quem para cama? –Gargalhou.

-Achei muito pesada essa pergunta. –Rimos.

Harry estava muito quieto, na dele, era como se ele não me quisesse ali. Não fazia muito sentido ele ter me chamado então. Preferi ficar em silêncio enquanto tirava meu esmalte da unha. Agora que a situação estava um pouco tensa, minha maior vontade era pegar o celular e ligar para Meg, ou talvez sair correndo dali e procurar um taxi, não sei.

Peguei meu fone no bolso da minha calça e coloquei no celular. A primeira música foi Cold Cold Man, eu era apaixonada naquela música. Harry me encarou confuso e eu tirei o fone.

-Posso? –Apontou para um dos fones e eu dei de ombro o entregando. –É de quem a música?

-Saint Motel. –Falei e fechei meus olhos, mas logo os abri quando percebi que a música tinha parado.

-Tá tudo bem, C? –Assenti. –Não parece. –Ri fraco.

-Eu só estou cansada, Harry.

-Então não vamos poder repetir a noite do casamento de minha mãe?

-Naquela noite eu também estava com sono, mas isso não me impediu. –Riu.

-Realmente. –Sorriu fraco. –Quer descer?

Eu poderia falar sim, poderia encarar mais uma aventura com Harry, passar mais um madrugada conversando com ele, eu não me importaria se o clima não estivesse bizarro. Há meses Harry era um incrível amigo, há dias meu melhor amigo, há horas a pessoa que eu sentia uma pequena atração, há minutos o cara que tentou flertar comigo e agora, o menino não quer nem falar comigo direito.

-Prefiro dormir mesmo. –Assentiu.

-Quer uma roupa emprestada?

-Você tem alguma?

-Te dou uma camisa. –Sussurrei um “Aham” e caminhei até seu closet junto a ele. A situação não estava nenhum pouco agradável. –Vou pedir para Lisa preparar um quarto para você. –Assenti e Harry foi saindo de seu quarto.

-Harry. –O chamei e ele virou para me encarar. –Obrigada.

-Eu que agradeço pelo bolo. –Sorriu fraco, eu podia enxergar a frustração em seu olhar.

-Parabéns. –Sorriu sem mostrar os dentes e se retirou. –É Catharina, sua vida está cada vez mais difícil.

[...]

Quando estava deitada no quarto ao lado do de Harry só conseguia pensar no que ele estaria fazendo. Talvez dormindo, comendo bolo, não sei, mas a maior hipótese na minha cabeça era que ele estava se remoendo de raiva em sua cama enquanto girava de um lado para o outro. Isso seria muito egocentrismo de minha parte. Imaginar que uma pessoa não consegue dormir por causa de suas ações sobre mim.

Decidi que teria que dormir. Apesar de não dormir a dias, eu não conseguia pregar o olho, pensava em Harry do outro lado, queria conseguir saber o que ele estaria fazendo. 

Resmunguei qualquer coisa e quando finalmente achei que fosse sonhar com qualquer famoso me pedindo em casamento, a porta fora aberta.

-Cath, não queria te acordar, mas eu tenho a reunião agora e se você quiser uma carona.

Harry falou e a única coisa que vinha em minha cabeça era que faziam três noites que eu não dormia. Isso quer dizer que em breve eu terei um surto de sono, algo como um coma.

Levantei-me da cama e coloquei minha calça. Não pretendia tirar a blusa de Harry, apenas coloquei meu casaco por cima, eu estava mais do que engraçada.

Escutei a risada de Harry na porta e eu o encarei com raiva, com aquele típico olhar mortal.

-Desculpa pela noite passada. –Falou quando estávamos um de frente para o outro.

-Tudo bem. –Acariciei sua bochecha levemente. -Vamos?

-Não quer tomar café? –Neguei. –Mas Cath...

-Se eu tomar café eu não vou dormir, e eu estou precisando. –Disse enquanto descíamos as escadas.

-Pelo visto você também teve uma noite difícil.

-Sim. –Suspirei.

-Não quer comer? –Neguei. –Catharina.

-Eu como quando chegar na Meg, ou quando eu acordar, gosto bastante dessa ideia. –Riu fraco e acabou concordando.

Fomos até a garagem e Harry apontou para um carro, entrei e liguei o rádio. Não conhecia aquela música, mas preferi deixar naquela estação mesmo. Encarei Haz e ele sorriu, seu humor havia mudado do dia para a noite, de certo modo, aquilo me deixava nos nervosos.

-Amo essa música. –Falou e eu percebi que Ruby tinha acabado de começar.

-Meu maior vício era toca-la no Guitar Hero. –Gargalhou. –O que foi? Nunca jogou?

-Claro que já! Só faz tempo. –Sorri e comecei a observar o caminho até a casa de Meg.

Minha memória fotográfica estava ótima, afinal, conseguia lembrar de todo o caminho sem me esquecer de um detalhe. 

-Chegamos. –O encarei.

-Nos vemos por aí? –Perguntei e ele gargalhou.

-Eu te ligo. –Assenti e saí do carro. –Parabéns, Haz!

-Não está se esquecendo de nada não?! –Neguei.

-Tchau Harry! –Berrei.

-Meu beijo, idiota. –Vire-me e mandei um beijo para o mesmo que riu.

Fui caminhando até a porta do prédio de Megara, o porteiro nunca havia me visto, mas depois de uns minutos de espera, Henry apareceu no meu lado e disse que estava comigo.

-Não sabia que você tinha chegado hoje. –Falou enquanto esperávamos o elevador.

-Tem escada? –Assentiu. –Então vamos por lá. E eu não cheguei hoje, cheguei ontem. –Sorri.

-Tem medo de elevador, Catharina? –Neguei. –Então não precisamos subir 16 andares.

-Precisamos sim! O fato de eu não ter medo, não quer dizer que não queira evitar qualquer acontecimento ruim. –Gargalhou com minha fala e eu revirei os olhos.

-Se você diz.

Fomos em direção às escadas e eu quase me arrependi de não ter ido de elevador, mas depois de 10 andares, preferi subir mais seis com Henry do meu lado xingando tudo e todos por estar cansado.

-Nunca mais subo isso tudo de escada. –Reclamou para Meg enquanto entrávamos no apartamento. –Bom dia, tia. –Falou para a mãe dos meninos.

-Bom dia, Suzy. –Sorri.

-Bom dia, crianças. –Acenou enquanto ia em direção ao seu quarto e saia com uma bolsa. –Vou ao shopping, não destruam tudo.

Comecei a subir as escadas indo em direção ao quarto que estava preparado para mim. Ele era grande, assim como o resto da casa, então eu podia fazer a minha pequena bagunça ali dentro que não iria parecer muito amontoado. Antes de terminar o lance de escadas, Meg me berrou.

-Vamos fazer ensaio lá em cima hoje, quer assistir? –Neguei.

-Eu adoraria, mas estou morrendo de sono. –Assentiu.

[...]

Senti alguém me cutucando tão pesadamente que parecia que a vida dela dependia daquilo. Manter-me acordada.

-O que é? –Resmunguei.

-Você está dormindo de oito da manhã até quatro da tarde, C. Achei que tivesse morrido. –Meg disse.

Olhei em minha volta e todos os meninos da banda estavam ali, provavelmente segurando o riso pela minha cara estar deplorável. Sentei-me na cama e encarei todos, acabei soltando um riso.

-Como foi o ensaio? –Perguntei.

-Foi ótimo. Amanhã faremos um show de especial ao The Pretty Reckless, acho que você podia ir com a gente e assistir. –John sorriu.

-Adoraria. Amo as músicas deles.

-Vai ser naquele pub que nós fomos da outra vez que você estava aqui. –Martin disse.

-Você pode ser nossa fotógrafa oficial, já que aquela bandinha está desperdiçando um talento como você. –Henry comentou e eu gargalhei.

-Melhor pra gente. –Meg sorriu mostrando bem seus dentes brancos. –Mas a gente te acordou para saber se você quer ir ao shopping com a gente. Na verdade, comigo e com o Henry, o resto é fresco e vai ficar aqui jogando.

-Vocês são os mais novos, vocês vão fazer passeio de criança. –John disse.

-Shopping não é passeio de criança. –Dei língua para eles que riram.

-Falou a terceira mais nova. –Revirei os olhos.

-Vou com vocês. Só saiam daqui porque preciso trocar de roupa. –Falei e eles saíram como cãezinhos.

Fui andando até a televisão para desliga-la enquanto tirava a roupa, era uma mania antiga de fazer as coisas enquanto me trocava, ajudava tanto que em cinco minutos eu já estava pronta e de cara com a porta que dava para as escadas.

-Eu me recuso a ir por elas. –Henry falou.

-Descer não é a mesma coisa que subir. –Ri.

-Vamos logo. –Meg nos empurrou em direção ao elevador e enquanto o mesmo descia eu virei até religiosa de tanto que rezava.

-Graças a Deus. –Disse quando saímos do elevador.

[...]

Andava do lado de Henry o tempo todo, seguíamos Meg e a tia Suzy que não paravam de fazer compras. Quando eu era mais nova e tinha a idade de Meg, 15 anos, eu também saia comprando tudo que eu via pela minha frente quando eu estava com minha avó, então não pude reclamar muito. Diferentemente de Henry que não calava a boca.

-Preferia ter visto um filme.

-Mas a gente viu. –Falei enquanto esperávamos as duas do lado de fora do provador.

-A gente podia estar vendo outro. –Revirou os olhos e eu gargalhei.

-Sing foi só amor. –Comentei sobre o filme.

-Concordo, mas nada supera a Meg chorando quando fomos assistir Cegonhas. –Ri alto, como alguém chorava em um filme como aquele?

-Aposto que ela chorou vendo Sing. –Assentiu e tia Suzy saiu do provador.

-Nada daqui prestou. –Revirou os olhos. –Vamos só esperar a Meg e iremos para outra loja.

Encarei Henry como se tivesse pedindo ajuda e, de certo modo, eu estava. O mesmo só deu de ombros e levantou fazendo uma cara que dizia “só aceita”. E foi isso, eu só aceitei.

-Vou comprar um MilkShake. –Disse para tia Suzy. –Encontro vocês aonde?

-Na Forever 21. –Assenti e puxei Henry.

-De nada. –Falei e ele riu.

-Eu conseguiria ficar um dia inteiro com aquelas duas. –Neguei.

-Nem elas estão se aturando mais. –Disse e fui até a sorveteria que tinha na frente da loja que nos encontrávamos. Sorri para o atendente e falei. –Milkshake de nutella e... ? –Encarei Henry.

-Chocolate. –Paguei e Henry me olhou como se eu fosse um monstro por isso. Era só um milkshake, que mal faria? –Quanto foi?

-Não importa. –Dei língua e ele gargalhou enquanto ia pegar nossos pedidos.

Começamos a andar até a Forever 21 e, de todas as lojas de roupa que entramos, aquela era a que tinha mais a minha cara. Alcancei Meg e tia Suzy que olhavam a mesma blusa e discutiam sobre quem iria levar, afinal, para elas, ou uma usa, ou a outra. Megara pegou meu milkshake e ficou tomando até chegar na metade. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela saiu correndo até os provadores com a mãe atrás.

Aproveitei a oportunidade de estar em uma das lojas que eu mais gosto e comecei a procurar alguma roupa para o show dos meninos amanhã, apesar de que uma calça e uma blusa seriam mais do que o ideal.

-Preciso arranjar uma roupa legal. –Falei para Henry que revirou os olhos.

-Você também vai fazer isso comigo? –Assenti e o puxei até uns cabides. –Essa sua roupa é legal. –Gargalhei e olhei para a minha roupa. Calça, blusa e casaco.

-Me deixa comprar alguma roupa, credo. –Gargalhei.

Peguei algumas blusas, saias e meias, adorava aquela combinação, principalmente se eu pudesse usar um tênis junto. Fiz alguns conjuntos e fingi que entendia de moda quando sai do provador e encarei Henry.

-Posso ser estilista agora. –Falei e dei um giro.

-Menos, Catharina. –Sorriu. –Você está linda. –Minhas bochechas começaram a ficar vermelhas, tentei dar o meu melhor sorriso para fingir que não estava envergonhada.

-Obrigada!

-Mas eu duvido que você saiba o nome de tudo o que está usando. –O encarei confusa. –Tudo na moda tem um nome, não é?!

-Você está sabendo demais para o meu gosto. –Ri. –Mas olha, isso é uma meia 7/8. Uma saia preta e uma blusa curta. –Falei naturalmente e ele gargalhou.

-Blusa curta? –Assenti. –Isso parece um top.

-É, tem um nome direito, mas eu esqueci. –Dei língua e ri.

-Super estilista você vai ser hein. –Assenti.

-A melhor de todas. –Rimos. –Vou pesquisar o nome, pera.

Peguei meu celular e percebi que ele estava desligado desde ontem, quando terminei a ligação com a Meg. Liguei e quase tive um infarto com a quantidade de mensagens e de chamadas que foram perdidas. Antes que eu pudesse descobrir quem era para depois pesquisar sobre a blusa, meu celular começou a tocar, era uma ligação do Harry.

-Haz. –Falei.

-Catharina! Finalmente. –Suspirou. –Estou desde cedo tentando falar com você.

-Por que? Aconteceu alguma coisa?

-Não. –Riu. –Sabe a reunião? –Assenti, mas me toquei que ele não podia ver.

-Sim.

-Não era uma reunião. ERA UMA FESTA SURPRESA! –Falou todo empolgado, só pude rir.

-Ai Harry, que bom! –Sorri, estava feliz pela felicidade dele.

-Minha irmã e minha mãe estavam aqui!

-Ai meu deus! Que saudade delas! –Disse mais para mim mesma do que para Harry.

-Elas queriam muito te ver, aí eu te liguei, mas você não atendeu. Queria que você viesse. –Senti seu tom triste para sua fala.

-Desculpa, Haz. Acabou que eu dormi assim que cheguei na casa de Meg, e agora estamos no shopping.

-Tudo bem. Mas você teria amado conhecer o pessoal da produção! E bom, rever minha família.

-Ah! Eu amaria. –Suspirei frustrada por não ter ido. –Mas eu precisava dormir. Porém, agora estou preparada para passar uma noite acordada conversando com você, como no casamento de Anne.

-A gente pode fazer isso amanhã. Porque como você já deve imaginar, com a gente da banda a festa nunca para. –Gargalhei com sua fala. –Nós vamos a uma balada, queria saber se você quer ir junto.

- Eu até gostaria ir, mas eu não posso.

-Por favorzinho. –Ri.

-Não tem como.

-Por que não?

-Eu sou menor de idade em Londres, idiota. Nem beber eu posso, imagina entrar em uma balada. –Bufou.

-Por que você tem que ser tão nova? –Perguntou grosso e eu segurei um riso pela sua raiva. –Desculpa. –Sussurrou, mas pude escutar.

-Olha, culpa a minha mãe. –Ri. –Mas a gente pode se ver amanhã. To querendo ficar mais alguns dias. –Sorri com a minha decisão.

-Não! –Falou rispidamente. –Eu vou dar o meu jeito, você vai com a gente. É só beber aguinha. –Brincou e eu gargalhei.

-Isso não vai dar certo.

-Claro que vai! –Riu. -Vamos?

-Se você me buscar.

Eu sabia que era uma péssima ideia, mas eu queria arriscar. É o aniversário do meu melhor amigo, o máximo que pode acontecer é eu ser presa. Ok! Não estou em sã consciência. Nunca que eu viria para Londres para ser presa, querendo ou não.

-Mudei de ideia. –Falei rapidamente e ele riu.

-Já era. Passo as oito na sua casa. –E então desligou sem que eu pudesse falar algo.

Olhei para Henry que me encarava um tanto quanto curioso. Desisti de pesquisar sobre o nome daquela blusa e sorri para o garoto em minha frente. Não sei se eu tinha um sorriso diabólico em meu rosto, mas que o coitado parecia assustado ele parecia.

-Temos mais uma missão. –Disse.

-Qual? –Perguntou de forma cansada, como se não aguentasse mais.

-Procurar mais um conjunto! –Gargalhei enquanto ele revirava seus olhos.