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História The Way You Look Tonight - Feeling Good


Escrita por: dreamsofpanda

Capítulo 2 - Feeling Good


It's a new dawn, it's a new day, it's a new life for me
And I'm feeling good

Feeling Good - Nina Simone

16 de Julho de 2016

Poderia estar pensando em milhares de coisas naquele momento, mas nada vinha em minha mente. Era engraçado estar ali. De cabeça para baixo na rede enquanto mexia no cabelo. Harry estava ao meu lado, mas em uma cadeira. Os convidados já tinham ido embora, Gemma estava tirando a maquiagem de seu rosto, os faxineiros limpavam tudo tão bem que de longe você iria imaginar a bagunça de mais cedo. Os noivos e seus filhos iriam passar a noite ali. Estava tudo sendo arrumado de uma maneira incrível.

-Olha só, moreno do cabelo enroladinho. Vê se olha com carinho pro nosso amor. –Cantarolei uma das minhas músicas favoritas da Mallu Magalhães e Harry fez careta.

-Eu não sei se é a sua voz ou português é uma língua muito bizarra. –Falou gargalhando e eu me virei.

-HARRY! –Elevei a minha voz. –Obrigada pela parte que me toca. –Coloquei minha mão no peito e rimos.

O silêncio voltou a reinar enquanto ele ainda mexia na minha câmera.

-Tenho saudades de tirar foto. –O olhei e ele sorria.

-Por que parou?

-Eu não tinha mais tempo e agora menos ainda. –O olhei confusa.

-Umas meninas que eu estudei são suas fãs. Elas chegaram um dia chorando falando que o Zayn tinha saído da banda. No outro a banda teria acabado. No outro você tava fazendo um filme. –Ele riu. –Era pra ser confuso assim mesmo?

-Algumas coisas aconteceram nesse tempo. Mas vamos voltar, por isso à falta de tempo. –Suspirou.

-Você não parece feliz com isso.

-Eu estou, e muito. Mas ainda é complicado voltar aquela rotina. Eu amava.

-E Zayn? –Ele me olhou confuso. –A banda vai voltar completa?

-Infelizmente não. –Suspirou e encostou na rede.

-Ah... –Suspirei. –É que eu o vi hoje e achei que... Sei-lá.

-Minha mãe considera muito os meninos, era obvio que ela iria convida-lo. Quando ele soube da surpresa com a música, ele logo topou e pronto. Estava aqui. –Balançou a cabeça. Ele não estava 100% feliz com toda aquela situação. –Eu tava com muitas saudades do grupo completo tocando junto. Hoje foi um dia de fortes emoções. –Tentou fazer graça no final, mas não deu muito certo.

-Para todo mundo. –Completei e ele finalmente me olhou, sorrindo.

O silêncio que eu tanto odiava voltou. Felizmente, dessa vez não parecia tão constrangedor como antes. Infelizmente, ninguém parecia ter coragem o suficiente para quebrar toda aquela situação.

-Falando em surpresa de música. Você não me contou exatamente o motivo da sua felicidade. –Sorri de lado. –Vamos lá, eu passei umas três horas falando sobre assuntos aleatórios.

-Só se depois você me contar sobre você também. –Ri.

-Você pode me achar no Google. É só colocar “Harry da One Direction” lá que pronto!

-Eu posso achar o “Harry da One Direction” lá, mas não é ele que eu quero conhecer.

-E quem você quer conhecer, Catharina? –Me desafiou.

-O Harry Styles, filho da Anne Cox.

-É o mesmo que o Google pode te apresentar. –Gargalhou.

-Você me entendeu. –Empurrei de leve seu ombro. –Não critica.

-Me fala sobre a felicidade. –Revirei os olhos. –Por favor, Catharina.

-Cath, por favor. –Odiava como meu nome soava “pesado” para alguém como eu. Preferia o apelido.

-Cat. Como gato. –Ri.

-Harry, por favor.

-Eu sempre quis criar apelido para alguém. Cat é bom, mas parece Cath. Cat, me lembra Kit-Kat. –Gargalhei. –C.

-H. –Pisquei.

-A felicidade então, C. –Sorriu.

-É uma história muito maior do que você possa imaginar.

-Temos tempo. –Piscou e ri fraco.

-A felicidade foi mais por uma nostalgia. Quando eu fiz 15 anos, eu entrei no palco pela última vez.

-VOCÊ ATUA? –Berrou me impedindo de continuar.

-Eu dançava. –Suspirou. –Nem vem, é tão maravilhoso quanto. –Riu e eu decidi continuar. –Eu dancei por 9 anos seguidos, Jazz e Ballet. Depois de um ano cheio de confusões, eu decidi que a apresentação de final de ano seria a minha última. Me doeu muito, mas acho que foi a melhor escolha a se fazer. –Ele sorria abertamente, aquilo me confortava.

-Você parece amar ainda.

-E amo. Eu queria isso para a minha vida, mas não tinha como.

-Por que não?

-Porque a dança é muito mais competição e pressão do que alguém de fora pode imaginar, e bom, eu precisava de um tempo.

-Você pretende voltar?

-Não mais. Quando eu sai do palco pela última vez, eu chorava litros. Eu pensava que não seria o fim, mas mesmo assim. Acreditava que fosse apenas uma pausa. –Suspirei com lágrimas nos olhos. –Nem sei o motivo mais de estar te falando isso.

-Eu só quero saber da felicidade de alguém. –Riu fraco.

-Bom. Dois meses depois das férias eu já queria voltar.

-E cadê a dançarina em minha frente?

-Ela se foi junto com o meu atropelamento. –Uma lágrima escorreu nos meus olhos.

-OI? –Ficou assustado. –Como assim, o que aconteceu? –Ri fraco, essa era a menor das reações.

-Eu pretendia voltar. No mesmo dia da minha aula, eu estava atravessando a rua quando um carro me atropelou. O motorista tinha dormido no volante.

-Mas você já ta bem, não está?

-Estou ótima. –Sorri. –O único problema foi a quantidade de fisioterapia que eu tive que fazer. Felizmente, eu não tenho nenhum tipo de problema por causa do acidente.

-Então você poderia ter voltado? –Assenti. –Por que não voltou?

-Porque percebi que se fosse para dar certo, já teria dado. Eu não queria mais aquilo tudo para a minha vida. Eu perdi um ano de ensino médio sem poder fazer nada direito. –Suspirei de frustração. –Já sei lidar com isso. A fotografia me ajudou muito nesse aspecto.

-Cath... –Segurou em minha mão.

-Eu já superei isso.

-Você estava chorando quando eu toquei “The Way You Look Tonight”.

-Eu sei. Mas era um choro de felicidade. –Sorri. –Olha o que eu passei. Foi incrível relembrar que a dois anos atrás eu não era essa Catharina de hoje. –Suspirou sorrindo.

-E a felicidade?

-O tema era filmes clássicos. A gente dançou “O Casamento do meu melhor-amigo”.

-Tem essa música. –Assenti.

-E eu sempre fui apaixonada. Então... Foi incrível relembrar. –Sorri abertamente e sinceramente. –Muito obrigada, Harry. De verdade.

-Cat, fico feliz por ouvir isso. –Se levantou e sentou ao meu lado.

-E você? O que me conta?

-Prefiro saber sobre você.

-E eu sobre você. –Gargalhei.

-Eu sou o filho da noiva.

-Eu sou a fotografa. –Sorriu como se tivesse ganhado um prêmio. –Olha aqui, isso não quer dizer nada. –Falei me fingindo de irritada.

-Ah claro!

-Sou como você.

-Prazer Harry. Eu também sou Harry. –O olhei incrédula e revirei os olhos. –Eu até perguntaria sobre o segundo motivo, mas me lembrei de como a foto ficou realmente incrível.

-É um dom. –Me gabei. –Brincadeira. Vocês dois colaboraram muito.

-Você é uma ótima fotógrafa.

Depois disso Harry simplesmente ficou quieto e focou no nada. Ele parecia estar como eu a minutos atrás, olhando mas sem um pensamento fixo em algo.

-Vou tentar ligar para os meus dindos. –Falei e peguei meu celular. Estava desde cedo tentando ligar para a minha dinda ou meu dindo. Nenhum dos dois atendia.

-NÃO! –Berrou, mas logo se conteve por causa da minha cara de assustada. –Quer dizer... Não. –Riu nervoso. –É que eu to sem sono, não quero atrapalhar a minha mãe e Robin, e Gemma... Bom, ela é maluca. –Ri.

-Eu tenho que ir Harry. –Naquele exato momento meu celular apitou. Peguei o mesmo e olhei a mensagem.

“Gatinha, sua dinda combinou com a Anne para você dormir aí. Amanhã te pegaremos bem cedo para não atrapalha-los. Sua dinda passou muito mal com os chocolates e acabei com ela no hospital. Não fomos atendidos ainda, Anne pediu para você se sentir em casa e pegar alguma roupa com Gemma. Boa noite, meu amor. Te buscaremos amanhã as 8:00 a.m.”

-Acho que suas preces foram ouvidas. –Falei e ele me olhou confusa. O entreguei meu celular e ele sorriu.

-Menos pior. –Se levantou e esticou sua mão. –Vem, vamos entrar.

Voltei a observar aquela enorme casa. Nunca tinha visto algo tão lindo. Meus dindos faziam parte da família rica, eu estava longe de ser dessa parte, então todo o lugar que pude conhecer ao lado dos dois me deixava completamente encantada e apaixonada pelo local. Mas a verdade é que de todas as casas que já fui, nada supera essa.

-Aqui é lindo. –Falei sem pensar. Obviamente Harry conhecia coisa muito mais grandiosa do que aquela casa.

-É encantador. –Me olhou e eu ri. –O que foi?

-Esse não é o tipo de vocabulário que eu esperaria ouvir de você.

Caminhamos até o quarto de Gemma e ela me emprestou um short e uma blusa cinza que eu com certeza pegaria se ela estivesse doando. Fui até Anne que trocava de roupa e ela me indicou o quarto que eu ficaria. Pedi mil vezes desculpas por toda aquela situação e ela me afirmou diversas vezes que não tinha problema algum estar ali. Aproveitei para agradecer a tudo que ela me proporcionou, não saberia se poderia vê-la no dia seguinte. Eu sairia extremamente cedo e não iria acorda-la por minha causa. Sua lua de mel também teria o mesmo tempo que eu ficaria pela Europa, bom, eu com certeza não a veria mais.

 -Minha dinda já combinou com você a questão das fotos, não é?!

Ela assentiu e depois de mais uma longa conversa e agradecimentos me retirei do quarto. Voltei correndo para o de Gemma e a abracei com toda a minha força. Quando conheci Anne, Gemma estava junto. Apesar da diferença de idade, ela conseguiu virar uma grande amiga minha. Iria sentir falta dela quando partisse.

-Cath, nós podíamos nos ver antes de você voltar para o Brasil. –Disse choramingando.

-Eu adoraria Gem, mas não sei se será possível.

-E eu tenho que voltar para casa. –Suspirou.

Depois de uma longa despedida, juramos tentar nos falar sempre que fosse possível. Gemma estaria sempre no meu coração apesar da pouca convivência.

Caminhei até o banheiro e troquei de roupa. Após ficar mais de meia hora lá dentro tentando tirar a maquiagem e tomando banho, fui até o quarto que Anne tinha me falado. Ao entrar levei o maior susto da minha vida.

-HARRY! –Coloquei a mão no peito enquanto meu coração voltava a se acalmar. Harry por vez começou uma crise de riso. Joguei uma almofada em sua cara e ele voltou ao seu surto. –O que você ta fazendo aqui?

-Ue. Te chamei para entrar mas isso não quer dizer que eu tenha falado “Já está tarde, vamos dormir.”. –Revirei os olhos. –Já te disse que não to com sono.

-E eu to com o mundo em minhas costas. –Me joguei na cama em seu lado. –Tchau, Harry.

-Olha a educação menina. –Riu. –Nem vem. –Começou a me cutucar. –Vamos conversar.

-H, tenho que acordar cedo amanhã. –Suspirei.

-Isso não é motivo. –Levantou e ficou me encarando. Quando percebeu que eu não me mexeria se virou e pegou o controle da televisão a ligando.

Com Harry de costas eu finalmente reparei em como ele estava. Seu cabelo molhado deixa uns pingos em sua camisa azul clara. Quando me toquei que ele estava de cueca só faltava meu coração pular pela boca.

-HARRY! –Botei a mão no meu rosto. –Coloca uma calça. –Ele gargalhou. –Não ri, idiota.

-Ah, C. Deixa disso, você nem tinha reparado. –Pulou na cama depois de conseguir um canal na televisão e tirou a minha mão do meu rosto. Aquela situação estava me deixando tão constrangida que soltei a primeira merda que veio em minha cabeça.

-Eu amo How I Met Your Mother. –Foquei na televisão em minha frente e mal me mexi.

-Nunca parei para ver realmente a serie.

-Deveria. –Ri fraco.

-Peguei uns chocolates na cozinha para a gente. –Colocou no nosso meio. –Salgadinho também. –Eu sorri de felicidade. Estava morrendo de fome. Quando Anne me liberou, mau me importei com a comida, fiquei conversando boa parte do tempo com Harry. Depois de umas duas horas, ele se afastou para se despedir dos meninos de sua ex e futura banda ao mesmo tempo. Eu poderia até ter comido, mas nem percebi a fome naquele momento.

-Você é um amor. –Ri e peguei chocolate em minha frente. Ele me olhou e me ofereceu uma latinha de cerveja e outra de coca. –Não é mais um amor não. –Gargalhei.

-Você não bebe? –Neguei e ele foi se levantando para pegar outra coisa.

-Harry! Me da a coca.

-Pra mim você não bebia. –Se sentou ao meu lado enquanto me entregava a latinha. Ele por vez abria a sua de cerveja.

-E não bebo.

-Coisa de gente fresca que dança? –Revirei os olhos.

-Primeiro que não danço mais. Segundo que não é bem assim. Eu não gosto do gosto de coca, me julgue. Mas bebo. –Ri.

Voltamos a atenção para a serie em minha frente enquanto pegávamos a comida em nosso lado. Enquanto todos já dormiam, eu e Harry dávamos altas gargalhadas no quarto com Barney apresentando os vídeos antigos de Robin, quando ela era famosa.

-Harry, já são três da manhã. –Me espreguicei.

-Quer que eu saia? –Me olhou implorando para que a resposta fosse não, ele parecia sem nenhum sono.

Liguei a luminária ao meu lado e Harry fez o mesmo. Desliguei a televisão e o olhei.

-Se quiser ficar vai ter que me fazer ficar acordada. –Ele assentiu e pareceu pensar um pouco.

-Você me mataria se eu perguntasse sobre o acidente? –O olhei surpresa por ele estar interessado naquele assunto e neguei. –Então me conte mais.

-Bom. Aconteceu no início do meu segundo ano no ensino médio. Lá no Brasil as coisas no sistema de educação funcionam diferentes, eu estava no segundo ano e quase fazendo 16 anos. Quando aconteceu eu não acreditava. Não chegou a ser o pior acidente, na verdade, felizmente não foi tão grave assim. Mas foi o suficiente para eu querer acabar com a minha vida. Eu tive que ficar uns três meses fora do colégio, quando voltei já não era mais a mesma coisa. Não tinha um exato sentindo eu estar ali. A fisioterapia me salvou em todos os aspectos. Conheci pessoas incríveis que me ajudaram a superar a minha situação e aprendi a lidar com tudo em minha volta. No final das contas, se para eu ser o que eu sou hoje eu precisaria que tudo aquilo tivesse acontecido comigo, eu não me importaria. Foi difícil, mas está tudo bem. –Sorri e ele me abraçou.

-Você é incrível, Cat.

-Não Hazza, eu sou uma pessoa normal. –O olhei. –Só aprendi a lidar com algumas coisas de um jeito diferente.

-Quando aconteceu?

-2014.

-Você tem quantos anos?

-18. –Sorri. –O que é uma merda. –Gargalhou.

-Eu jurava que você tava amando isso.

-Deus me livre. Quero o 18 longe de mim. –Sorriu. –E você, Hazzinha? –Gargalhamos do meu apelido tosco.

-Já deixei o 18 a um tempinho. –Ele sorria. Era lindo aquele sorriso. –Fiz 22 dia primeiro de fevereiro.

-OH MEU DEUS, HARRY! –Pulei em cima dele. –PARABÉNS, CHUCHU! –Ele gargalhava.

-Sabe o que eu to adorando em você? –O encarei pedindo para continuar. –A forma que você não liga por estar assim comigo. –Não entendi nada e ele pareceu entender na minha cara a minha confusão. –Tipo. Todos que eu conheço no mesmo dia, ou querem a minha fama, ou se jogam em cima de mim pela fama, ou são tímidos demais por se acharem inferiores... Pela minha fama. –Revirou os olhos. –Você não liga por eu ser conhecido, e eu estou amando isso. –Sorriu e eu também, dessa vez um pouco mais vermelha que o normal. –Na verdade, parece que você não se toca que eu sou famoso e esquece isso toda hora.

-Bom, isso é verdade. Não consigo botar na minha cabeça que você é famoso. –O olhei. –OH MEU DEUS, ESTOU NA CAMA COM UM FAMOSO.

-Isso daria um bom nome de um programa que passaria no E! –Gargalhamos.

-Na cama com um famoso. –Ri. –Na cama com Harry Styles.

Harry tinha tirado do meu pensamento o que eu estava sentindo e colocou em palavras. Estava amando aquela amizade, afinal, já poderia chamar Harry de amigo. Era incrível estarmos lidando um com o outro não como já se conhecêssemos a nossa vida toda, até porque faltava muito para um saber mais sobre o outro. Mas eu sentia confiança, sentia uma liberdade ali. Não amava Harry como se quisesse algo a mais naquilo, por isso não ligava por estarmos jogados um em cima do outro. Ele foi incrível comigo, e bom, espero ter sido com ele também.

-Harry. –O chamei. –Você parece cansado.

-Foram longos dias até hoje.

-Pode ir se deitar se quiser. –Sorri carinhosamente. Eu queria muito a sua presença ali, queria aproveitar os minutos que ainda tínhamos juntos, mas ele não poderia se sentir obrigado por estar comigo. Isso eu não queria.

-Não! Eu te deixei sem sono, agora vou ficar. –Me garantiu e se garantiu também.

-Hazz, não fica por obrigação.

-Adoro seus apelidos.

-Não muda de assunto. –Suspirou.

-Não me sinto obrigado por estar aqui. –Se ajeitou na cama e me olhou. –Obrigado, C.

-Eu que deveria te agradecer eternamente. Esse foi com certeza, o melhor dia da minha vida até hoje.

-Sério?

-Obvio! Ainda não conheci o Bono Vox. –Disse e ele gargalhou.

-Temos uma fã de U2?

-Você não sabe nem metade sobre mim.

-Então quero saber.

Engatamos novamente em uma longa conversa sobre música, filmes, apresentações de dança e turnês. Ele me contou sobre seu nervosismo e me mostrou até mesmo algumas músicas que ele estava escrevendo para futuros projetos com a banda. Tiramos fotos com seu celular e com a minha câmera. O sono dos dois parecia ter ido embora e já tínhamos ficado empolgados novamente.

Quando olhamos para a janela, a cortina que estava meio aberta mostrava uma pequena faixa de claridade. Olhamos para o relógio e já eram seis da manhã. Decidimos tomar café enquanto íamos para o lado de fora. O lugar estava impecavelmente limpo. O trabalho tinha sido maravilhoso ali. Conversamos mais um pouco até ficar frio demais.

-Cat? –O encarei. –Sabemos muitas coisas sobre o outro, mas eu não sei uma coisa sobre você.

-Pergunte então. –O encarei. Estávamos os dois cansados e se encostássemos em algum lugar dormiríamos, mas a vontade de estar acordado para continuar a conversar era muito maior.

-Como você chegou aqui? –Perguntou enquanto voltávamos para o quarto. –Digo, como você conseguiu virar fotógrafa do casamento da minha mãe?

-É uma longa história. –Nos deitamos e o relógio marcava sete da manhã. Era bizarro como o tempo passava rápido quando estava com Harry. Infelizmente, logo estaria indo embora dali.

-Temos tempo.

-Nem tanto assim. –Suspirei. –Fique na curiosidade então.

-Um dia eu irei querer saber.

-Usaremos isso como motivo para nos reencontramos. –Sorrimos um para o outro. Harry e eu fechávamos os olhos quando ouvi ele sussurrar.

-Isso será um ótimo motivo.

[...]

Acordei em um pulo meia hora depois com meu celular despertando. Tomei cuidado para não acordar Harry que estava dormindo jogado em cima de mim e logo tratei de tirar a roupa de Gemma e fui colocando o vestido do dia anterior. Cheguei ao banheiro e joguei uma água na minha cara.

Lembrei-me dos energéticos que Harry tinha deixado no frigobar do quarto para que tomássemos para ver se não dormíamos. Acabou que não precisamos e aquele mini freezer estava lotado de diferentes bebidas.

Abri o TNT e fui andando arrumando as minhas coisas. Assim que terminei meu celular apitou indicando uma nova mensagem do meu dindo.

“Chegamos Catharina. Suas coisas já estão no carro, vamos direto para Manchester. Aproveita para se despedir de todos.”

Olhei para Harry que dormia em minha frente como um anjo, não poderia acorda-lo, seria sacanagem da minha parte depois de tudo que ele fez por mim. Apesar de tudo, lembrei-me que ele foi o único que não pude me despedir com um “tchau”, mas bem, foi a melhor despedida que eu já pude ter. Não doeu e foi verdadeiro, afinal, não sabíamos que aquele seria o adeus.

Decidi então o cutucar e ele nem se mexeu.

-Desculpa por isso H.

O balancei mais forte e ele resmungou algo como “Me deixa dormir, Catharina”. Suspirei e fiz o que ele tinha me pedido.

Peguei o papel mais próximo que eu vi e comecei a anotar um bilhete para o mesmo. Não encontrava palavras que pudessem descrever o que eu estava sentindo naquele momento. Estava triste, feliz, extasiada, eram muitas emoções e nem um “obrigada” descente eu conseguia escrever. Meu celular começou a tocar e eu atendi já sabendo quem era. Sussurrei um “Já estou indo” para não acordar Harry e desliguei o mesmo.

Deixei o bilhete perto da sua luminária que ainda estava acesa e apaguei. O quarto voltou a ficar escuro e eu taquei uma coberta por cima dele. Não era nem a metade do que eu poderia ter feito por ele. Parecia nada, mas só aquela música fez meu coração mexer mais rápido. Não era pra mim, mas aquilo não me importava.

-Obrigada, Hazza.

Suspirei e saí do quarto olhando a foto do bilhete. Despedi-me do porteiro e fui correndo para o carro de meus dindos. Eles estavam alegres e me faziam diversas perguntas, preferi pedir para que explicasse mais tarde pois ainda estava com muito sono.

-Aproveite para dormir, Cath. 

Estávamos indo para Manchester. Iríamos pegar um avião direto para Londres para passar os últimos dias por lá.

Peguei meu celular e li o meu bilhete, acabei rindo de como ele tinha ficado horrível e tosco.

"Existem várias formas de te dizer isso, nenhuma delas me pareceu adequada e educada ao seu nível. Desculpe-me por sair assim, sem mais nem menos. A noite passada foi incrível e nunca me esquecerei dela, muito menos de você. H, obrigada por tudo."

Bom, Harry com certeza iria me mandar uma mensagem me zoando sobre ele mais tarde.

-Merda! –Berrei.

-Catharina! –Minha dinda me repreendeu.

-Desculpa. –Sussurrei ainda tentando me lembrar da merda que havia feito.

Harry não me mandaria mensagem, assim como eu não poderia mandar para ele. Não tínhamos o número um do outro. Aquele foi um dos melhores momentos de minha vida e bem, ele foi bom enquanto durou. Não irá mais se repetir. 


Notas Finais


Amoras do meu jardim!
Não quero leitores fantasmas, por favor, comentem suas críticas, seus apoios... não sei, só peço que vocês participem, isso ajuda muito! Muito obrigada por tudo!
Um beijo, um queijo e um abraço da tia Jessy!


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