História The Wings of an Angel (BTS) - The First Step

Pov. Jungkook

Assim que ela me abraçou, senti meu corpo flutuar, eu queria aperta-la, protege-la, beija-la, eu queria ela. Apoiei minhas mãos em sua cintura, ainda em choque com sua iniciativa.

Eu não sabia o que aquilo significava, ela gostava de mim? Me considerava um amigo? Queria que eu calasse a boca? Talvez eu nunca soubesse a resposta, mas poderia morrer com essa dúvida se isso significasse continuar abraçando-a.

Ela apertou seus braços em meu pescoço e apoiou sua cabeça em minha clavícula, com seu rosto apontado para meu pescoço. Sua respiração batia em minha pele e eu tinha que me concentrar para não ter pensamentos sujos naquele momento, tanto por sua respiração quanto por seus seios se apertando mais em mim.

Aos poucos, Moon foi me soltando e se afastando, até nossos olhos se encontrarem, um sorriso doce se formou em seu rosto, quase fechando seus olhos. É assim, depois de se despedir com um simples “tchau”, Moon voltou correndo para a biblioteca.

- Com certeza ela te ama – Disse Yoongi irônico.

- Está com ciúmes – Brinquei com o mais velho – Hyung, qual o problema dela?

- O mesmo que o seu – Ele riu e passou o braço sobre meu ombro – Ela é adolescente, vocês são esquisitos. Muito confusos, fazem uma bagunça com coisas pequenas.

- Coisas pequenas?

- Porque você não simplesmente beija ela? – Sugeriu caminhando na direção da saída – O que você tem a perder?

Pov. Namjoon

- VOCÊ DISSE O QUE?! – Gritei indignado, porra Yoongi, de que lado você está?

- Você mesmo disse que ela está confusa – Disse dando de ombros – Deixe ela tirar as dúvidas, se ela não gostar, ela é toda sua.

- O problema é se ela gostar – Disse suspirando – Eu não posso perde-la assim.

- Você não pode prender essa garota – Debochou, rindo um pouco – Essa garota, tem alma livre, ela faz o que quer quando quer. É linda, inteligente e... Completamente doida, não é uma pulseira que vai impedir as loucuras dela.

- O que você sabe que eu não sei? – Perguntei.

Eu sabia que Moon me escondia muita coisa e suspeitava que Yoongi sabia da maioria, o que me surpreendia é que hoje ele decidiu se gabar disso, decidiu jogar tudo na minha cara. Parecia não se importar mais com os segredos de Moon.

- Eu sei de tudo – Ele ria, uma risada um tanto psicótica – Sei que não se pode ter algo que nunca foi seu.

- Como nunca foi meu? Ela é minha namorada.

- Ela não é namorada de ninguém, não é amiga de ninguém. Seu namoro com ela e nossa amizade, não passam de um estado de espírito passageiro – Disse um pouco pensativo, fiz cara de confuso, que tipo de asneiras esse cara estava falando?

- Hyung, você está estranho – Falei desconfiado – Que porra você está falando?

- Vamos sair e beber! - Concluiu mudando de assunto.

- Beber?

- É, encher a cara - Disse pensativo - Até ficarmos bêbados 

...

Pov. Moon

O resto do meu dia foi um completo tédio, como eu disse, ninguém vem nessa biblioteca. Claro que minha mente não me permitia descansar, sempre me perguntando o que eu deveria fazer.

Por mais que seja óbvia a resposta, é mais fácil falar do que fazer. Contar a verdade não era fácil, mas morrer em mentiras era mais difícil ainda, eu precisava contar e simplesmente não conseguia.

Como poderia chegar em Namjoon e dizer, “hey, a um ano atrás fiquei com o Jimin em quanto ele namorava minha prima, ela descobriu e eu pedi para ela morrer, e adivinha... Ela morreu mesmo”.

Ou no Jimin e no Jungkook “Então, eu tenho interesse em vocês, até tenho algum sentimento, mas eu estou namorando o Namjoon. Tem como a gente fazer um rodízio?”.

Acabei rindo com esses pensamentos, só podia ser brincadeira. Eu precisava pensar minuciosamente como contar tudo isso, tomar cuidado para não machucar ninguém.

E ao mesmo tempo, tinha que fazer o mais rápido possível, eu ia morrer. Sem aviso prévio, sem leito de morte, sem... Despedidas, eu tinha que tornar todos os dias da minha vida de agora em diante em despedidas.

...

Cheguei no quarto e fui direto para o banheiro, precisava urgentemente de um banho, me despi e logo entrei em baixo do chuveiro. Meus cortes já não doíam tanto e as lâminas já não me encantavam mais.

- Eu não preciso mais de você – Falei rindo um pouco.

Estranho? Talvez

Assustador? Com certeza

Eu estava me gabando, por não precisar das lâminas para morrer, estava feliz por não ser refém das minhas fraquezas. Ontem, quando recebi a notícia e decidi que não faria o tratamento, doutora Park disse que deveria pensar melhor é que provavelmente me arrependeria.

- Eu nunca me senti tão certa sobre algo – Eu falava sozinha, com um sorriso no rosto.

Eu precisei querer morrer para entender a vida, e precisei estar morrendo para perceber o quanto estou viva, o quanto ainda existe dentro de mim mesma, o quanto sou eu.

- Eu não sou Nioky – Falei ainda sorrindo – Eu sou eu, apenas eu... Uma adolescente inconsequente que gosta de fazer merdas.

Talvez eu ame Jimin, talvez ame Jungkook, talvez goste do Yoongi, talvez eu goste de mim. Muitos talvez que eu quero jogar fora, mas que ainda não sou capaz de fazer, muitas preocupações que podem ser pequenas para outras pessoas, mas para mim, esses talvez me impedem de sair de minhas mentiras.

E se eu disser tudo para Jungkook e ele ainda sim gostaria de mim, continuar insistindo e nós ficarmos juntos, quanto tempo vai durar? Uma semana, duas, talvez um mês? Eu não sei, e eu odeio não saber das coisas.

E se eu decidir que vou continuar com Namjoon e ele não gostar do meu passado, ou não gostar do que eu sou. Ele se apaixonou pelo meu eu fraco, meu eu triste, meu eu morto.

E se eu voltar para o Jimin e simplesmente decidir que o que tínhamos ficou no passado. Se disser para ele como Nioky realmente morreu, se disser que transei com Namjoon. Ele sempre me viu de modo tão puro, mesmo com suas investidas, eu era sua princesa.

Terminei meu banho e me troquei, eram 17:00, uma hora antes do jantar. Saí do banheiro e percebi que minha colega de quarto não estava lá, peguei meu Notebook e o abri.

- Eles provavelmente não vão atender – Falei em quanto clicava no Skype e ligava para meus pais.

Demorou algum tempo, mas minha mãe atendeu. Ela ainda vestia um pijama, seu cabelo estava meio bagunçado, acabei rindo um pouco daquilo. Era incrível como, mesmo dessa forma, ela estava linda.

- Que susto filha – Disse parecendo preocupada.

- Desculpe Omma, eu queria falar com vocês.

- São cinco da manhã aqui filha – Ela riu – Seu pai ainda está dormindo, vou acorda-lo.

...

- Oi filha – Disse meu pai.

Ele, diferente da minha mãe, não fazia questão de esconder sua preocupação e seu descontentamento com minha escolha. Não o culpo, não posso imaginar a dor de perder um filho, mas fico feliz dele não me obrigar a me tratar, mesmo que isso doa em mim também. De alguma forma eu sinto que a atitude deles é como se tivessem desistido de mim, mesmo sabendo que eu mesma tive que convencê-los a fazer isso.

- Está tudo bem? – Perguntou.

- Estou bem – Respondi sorrindo – Desculpe, eu sei que vocês não merecem isso e...

- Não diga isso filha – Pediram juntos, pude ver seus olhos brilharem de lágrimas – Nós te amamos e admiramos sua coragem, respeitamos a sua escolha e... – Suas vozes falharam – Por favor, seja feliz nesses últimos dias.

- Eu tenho algumas coisas para contar – Falei tentando segurar as lágrimas, ver meus pais chorando era a coisa mais difícil e o fato de estarem chorando por minha causa, só dificultava – É sobre a minha prima.

- Sua prima Nioky? – Confirmei com a cabeça.

...

Demorou um pouco, mas contei a história inteira em detalhes, no começo eles não paravam de chorar e pedir para que eu parasse, mas... Quando chegou o dia do meu aniversário eles simplesmente se calaram.

Me desculpei com eles, cada palavra que saía da minha boca doída em meu coração, as lágrimas eram inevitáveis.

- Eu o amava – Falei em quanto tentava inutilmente secar meu rosto – Eu a amava, eu não queria isso.

- Ai filha – Disse minha mãe, tentando buscar as palavras.

- Não diga nada – Pedi tentando controlar minha respiração que se descompassava conforme o choro se intensificava – Eu sei que mereço tudo que estou passando, sou uma pessima pessoa, uma péssima amiga, uma pessima filha.

- Não diga isso Moon! – Meu pai não havia dito nada desde que terminei de contar – Nós te amamos, mesmo com seus erros, mesmo depois disso, você é nossa filha e sempre vai ser. Vamos te apoiar e te ajudar sempre que precisar.

- Pai... Mãe! – Gritei sem querer, aquilo doía tanto – Eu só queria vocês aqui, queria abraçar vocês. Eu sinto tanta falta, eu sempre senti, eu... Merda, eu me arrependo tanto de não ter ficado com vocês.

Senti algo em minha garganta e comecei a tossir, meus pais imediatamente se calaram. Quando finalmente parei de sentir o incômodo e olhei minha mão, ela estava suja de sangue.

- Merda – Falei amaldiçoando Deus por isso, tinha que acontecer na frente dos meus pais.

- Moon?! Você está bem?- Perguntaram preocupados, seus olhos arregalados estavam me assustando.

- Estou bem, vou desligar – Fechei o Notebook antes que fizessem mais perguntas – Mas que porra!

Fui até o banheiro e lavei minha mão em quanto pensava se comecei certo. Sempre achei que meus pais mereciam a verdade, mas sempre fiquei com medo de que se afastassem mais se eu contasse.

- Talvez agora eles me odeiem um pouco mais – Brinquei um pouco, acabei soltando uma risada – São uns velhotes doidos.

...