História The Wish List - The list

Frank Iero, o homem mais lindo do planeta, estava completamente sem roupa, com apenas um laço cobrindo seu pau.

Gerard ficou boquiaberto enquanto segurava a foto. E não apenas isso, o queixo caído mesmo, e com os olhos arregalados. Sem pensar duas vezes, ele removeu o laço de fita vermelha e ficou babando ao ver o que escondia. Ai. Meu. Deus.

“Minha nossa, Gerard”, murmurou Bert, seu assistente jurídico, trazendo-o de volta ao ambiente festivo da sala de reuniões do escritório, envolvido pelo som de Frank Sinatra entoando canções natalinas. “Não é possível que o seu presente de amigo secreto seja tão ruim assim. Deixa eu ver.” Ele estendeu a mão.

Segurando a caixa embalada em papel metalizado junto ao peito, Gerard entregou o vale-presente do restaurante, que estava por cima da foto — aquela com o lacinho estrategicamente colado para impedir que ele tivesse uma visão completa.

“Aaaahh, que legal. Eu adoro o Dominico’s.” Os lábios finos de Bert se curvaram em um sorriso. “Eu quero ir com você. Os caras com quem eu costumo sair são mão de vaca demais para me levar lá.”

“Hã…” Gerard virou a cabeça à procura do homem nu de seus sonhos.

Obviamente, Frank não estava sem roupa naquele momento. Não em plena festa de Natal da Mitchell, Jones & Clark. Ele estava vestido com sua belíssima calça preta feita sob medida, uma camisa imaculadamente branca, uma gravata azul e um colete branco de seda. O fato de ele usar sempre o terno completo era mais um motivo de admiração para Gerard. De alguma forma, a elegância daquelas roupas acentuava ainda mais o apelo rústico e másculo de seu corpo. Ele era solteiro e maravilhoso.

Era o tipo de cara por quem qualquer um caía de quatro. Ele, porém, procurava evitá-lo como o diabo foge da cruz. Já havia aprendido aquela lição muito bem da primeira vez, decepção amorosa era o que menos faltava na vida dele até aquele ponto.

Gerard ficou sem fôlego enquanto observava-o.

Frank estava parado junto à porta. Apesar de sua baixa estatura, tinha imponentes ombros largos, apoiado contra o batente da porta em uma pose casual, era impossível não o notar. Seu cabelo castanho escuro brilhava sob as luzes de Natal. Frank estava olhando para ele com um sorrisinho malicioso. E ainda deu uma piscadinha.

Foi quando ele percebeu o que estava acontecendo, e levou um tremendo susto. De alguma forma, Frank havia tido acesso a sua lista de desejos. Aquela com suas fantasias. Sua estúpida e inofensiva lista de desejos safadinhos.

Ai. Meu. Deus.

Frank percebeu o exato momento em que Gerard se deu conta do que estava acontecendo. Ele ficou todo vermelho, desde o rosto até o pescoço, exposto pela camisa preta com alguns botões abertos. Finalmente! Depois de quase um ano de paqueras à distância que renderam no máximo algumas ereções em momentos impróprios, Frank ganharia o que realmente queria como presente de Natal: a oportunidade de provar que era o homem perfeito para ele. Frank bem que gostaria de dizer que conquistou Gerard usando apenas seu charme, mas não era bem assim. Foi preciso que o destino entrasse em cena e fizesse com que ele sorteasse o nome dele no amigo secreto do escritório. Quando abriu o papelzinho e leu o nome Gerard Way, começou a rir sozinho, como um idiota, por mais ou menos um segundo.

Frank logo percebeu que precisaria encontrar um presente que, além de espetacular, ele só pudesse compartilhar com ele, e não com os outros abutres que ficavam rondando Gerard no escritório. Ele percorreu dezenas de shoppings lotados, navegou em milhares de sites de compras e pediu sugestões para todas as mulheres que conhecia — tudo sem sucesso. Elas não conseguiam entender por que ele não podia simplesmente convidar Gerard para sair em vez de bolar um plano mirabolante para mostrar que estava interessado.

A resposta era muito simples: Ele tinha uma baita fama de pegador.

Gerard sabia disso, e por esse motivo não queria nada com ele. Portanto, chama-lo para sair não adiantaria nada. Antes, ele precisava convencê-lo de que suas intenções eram sérias.

A resistência de Gerard não era exatamente uma experiência nova para Frank.

A maioria das pessoas com quem ele mantinha apenas uma relação de amizade eram aquelas que deixavam claro que estavam esperando pelo cara certo, e não topavam se divertir com qualquer um que aparecesse enquanto isso. Desde os tempos de colégio, Frank sempre foi bem-sucedido em transmitir sua imagem de solteirão e conquistador convicto. Não que ele nunca tivesse assumido um compromisso. Isso acontecia. Só não era o tipo de relacionamento destinado a durar para sempre.

Sendo assim, ele fazia de tudo para respeitar o distanciamento de Gerard, mas o desejo o estava consumindo por dentro. Ele o desejava — desejava agarrar com força aqueles cabelos pretos compridos, desejava ver aqueles olhos verdes cheios de tesão, desejava arrancar o terno daquele corpo e vê-lo nu em sua cama. Apesar de saber que aquilo provavelmente nunca iria acontecer, Frank não parava de fantasiar a respeito.

Gerard era maravilhoso — tinha um belo corpo, era muito inteligente e confiante. Conhecia bem seus pontos fortes, e sabia como explorá-los. Mas ele também era do tipo que sabia valorizar a si mesmo, e queria um homem que também fizesse isso.

Como foi mesmo que ele falou uma vez? “Um homem que está sempre com um pé lá e outro cá nunca está em lugar nenhum.”

No entanto, Frank não fazia exatamente o tipo cafajeste. Ele cuidava muito bem das mulheres e homens com quem se relacionava; se esforçava para saber do que gostavam, ou não gostavam. Não era tão difícil assim. Bastava um pouco de dedicação, e Frank tinha disposição de sobra para isso. Gostava de ver a surpresa no rosto quando ele se lembrava de seus escritores favoritos, ou de suas músicas prediletas, ou dos lugares em que preferiam ser tocados e acariciados. Por causa disso, ele ainda era amigo da maioria de seus ex.

“Você não está sendo nada discreto”, disse uma voz a seu lado, em tom de provocação.

Frank desviou o foco de sua atenção dos olhos arregalados de Gerard para a mulher que havia falado com ele.

“Pelo jeito ele gostou do presente”, comentou Jamia com um sorriso. “Por que eu nunca ganhei fotos suas sem roupa quando a gente namorava?”

“Você nunca pediu.”

Gerard também não, pelo menos não abertamente. Aconteceu em um dia em que ele estava fazendo hora extra. Sua intenção nesse caso era dupla— ganhar algum dinheiro a mais para as festas de fim de ano e se esquecer do fato de não ter conseguido encontrar um presente capaz de esquentar as coisas entre ele e Gerard. Mas Frank não estava conseguindo se concentrar, e por isso começou a andar de um lado para o outro pelo espaço circular entre a mesa da recepção e os elevadores.

Foi quando ele viu uma bolinha de papel deixada para trás pela equipe de limpeza da noite. Estava caída no chão, ao lado do pé de madeira polida do sofá da sala de espera.

Ele a apanhou com a intenção de jogar no lixo, mas os tons de vermelho e verde do papel chamaram sua atenção. Gerard estava usando um bloquinho colorido todo enfeitado naquele mês. O Natal era uma das épocas favoritas dele no ano, o que a pequena árvore montada em sua mesa deixava bem claro. Ele imediatamente se deu conta de que aquele lixo festivo tinha vindo da mesa dele, o que fez a bolinha de papel ganhar um novo significado.

Sentindo-se um tanto envergonhado, mas incapaz de se controlar, Frank desamassou o papel… E desde aquele dia não parou mais de agradecer sua estrela da sorte.

No alto do papel listradinho, liam-se as palavras Lista de desejos, impressas em uma fonte criada para parecer uma letra de criança. Logo abaixo, havia as anotações com a letra caprichada de Gerard.

Mãe — máquina de fazer pão
Pai — equipamento de pesca
Mikey — LP do Joy Division

Mas ele rasurou aquela lista e começou uma nova.

Minha lista de desejos (safadinhos)

Frank Iero sem roupa, embrulhado apenas em um laço.
Frank me beijando até eu perder os sentidos.
Frank cozinhando pelado para mim (para eu poder ficar olhando a bunda dele).
Uma chupada em Frank (humm).
Frank me chupando (humm em dobro).
Trepar com Frank até não conseguir nem andar no dia seguinte.

A surpresa provocada pela lista foi tamanha que ele caiu sentado no sofá.

Frank percebeu que Gerard o estava enganando o tempo todo, assim como fazia quando estava diante de um júri. Fingiu que não tinha o menor interesse, quando na verdade estava tão a fim quanto ele. Ninguém tem fantasias tão detalhadas com um cara se o seu desejo por ele não for para valer. Gerard claramente vinha pensando nele fazia um bom tempo.

As imagens inspiradas pelas palavras dele começaram a pipocar em sua mente. Seu membro ficou duro, e ele se perguntou como faria para voltar ao escritório naquele estado, ou ao estacionamento, dezoito andares abaixo.

Mas ele não precisou se preocupar com isso por muito tempo. A lista seguinte, escrita com uma caligrafia trêmula, cortou totalmente seu barato.

Minha lista de desejos (comportadinhos)
Parar de pensar em Frank Iero ou pedir transferência.

Nesse momento, teve consciência de duas coisas. A primeira era que, por mais que Gerard desejasse seu corpo, isso não significava que quisesse alguma coisa com ele. Tanto que estava disposto a pedir transferência para o outro escritório da empresa, que ficava do outro lado da cidade.

A segunda — a ideia de não vê-lo mais quase todos os dias — o atingiu como um soco no estômago, doloroso demais para um interesse meramente casual. Foi nesse instante que ele entendeu o que aquele nó no estômago significava.

Em algum momento, o desejo unicamente sexual que sentia por ele se transformou em algo mais. Talvez aquilo tenha acontecido no último caso em que trabalharam juntos, quando ele ficou impressionadíssimo com a inteligência dele. Ou então pode ter sido quando ele chorou por causa de um veredicto, e não fez nenhuma questão de esconder aquilo. Fosse como fosse, ele se sentiria muito mal caso seu passado atrapalhasse algo que ambos queriam muito.

Neste Natal, Frank garantiria que todos os desejos de Gerard Way se tornassem realidade.