História The Witch and the Heir - O tesouro da Rainha Má

A chuva batia fortemente contra o parabrisa e as janelas, os trovões e a estrada deserta não tornavam o cenário nem um pouco agradável. Não que a azulada se importasse, aliás, era melhor assim. Em cidades pequenas as fofocas se espalham tão rápido quanto fogo em uma fábrica de papel, e nem queria imaginar a repercussão que teria se alguém visse a recém chegada de cabelos azuis subindo com se carro pela estrada que levava ao castelo abandonado no topo da montanha. 

Trocou o CD e continuou a pensar sobre a situação. Em grandes cidades as pessoas já não se lembravam da Caça às Bruxas, não se lembravam de Salém, já não acreditavam nessas coisas, mas era diferente nos pequenos vilarejos mais afastados da loucura da industrialização... No interior o medo, a magia, o ódio e as lendas se conservaram, como um pequeno reduto da Idade Média em meio às fábricas e a poluição. No meio urbano, Levy vivia tranquilamente sem precisar ser cautelosa o tempo todo, ninguém se importava com quem ela era, ou que fazia para viver, entretanto ali ela deveria tomar cuidado e o que estava prestes a fazer era imprudente em demasia. Finalmente, a íngreme subida chegou ao fim e a pequena estacionou seu carro fora dos portões da propriedade. Pegou um guada chuva e saiu para a tempestade.

 Apesar do guarda chuva, quando atravessou o portão enferrujado e chegou à estrada do castelo estava encharcada. Lá dentro, pelo pouco que a jovem podia ver, parecia que ninguém entrava lá fazia muito tempo, talvez séculos. Levy fechou os olhos, franziu a testa concentrando-se e quando os abriu, todo o lugar estava iluminado por candelabros e velas.

-Tudo bem, hora de iniciar minhas buscas. Missão: o tesouro perdido da Rainha Má. - disse para si mesma. 

A história conta que há muito tempo uma rainha passou a governar aquelas terras após a morte de seu marido, falecido em uma caçada, porém as lendas dizem que ela era uma bruxa e que o havia assassinado para reinar sozinha. A Rainha era extremamente vaidosa e, usando magia negra, amaldiçoou o Reino para que nenhuma mulher fosse mais bonita que si. Entretanto, apesar de seus esforços, havia alguém escapara de suas garras e essa sim, era a mulher mais bonita do reino: sua enteada. A garota tentou fugir, porém acabou presa por uma magia horrível: o sono da morte. Alguns dizem que a princesa foi libertada por um príncipe, outros, que ela espera até os dias atuais, dormindo sem envelhecer um instante sequer.  Mas não era por isso que a azulada estava ali às duas da manhã. Dizem as más línguas que a Rainha possuía um artefato mágico, um dos mais poderosos de toda a história da magia e Levy precisava dele. Ela olhou em todos os quartos, procurou por duas horas sem encontrar nenhuma pista, estava desistindo quando tropeçou em um tapete. Por acidente, acabou descobrindo um alçapão, não pode evitar um sorriso.

 -Aleluia!- exclamou por graça, feliz por ter finalmente encontrado algo.   Abriu-o e se deparou com degraus de madeira em um péssimo estado. Desceu, apoiando as mãos nas laterais de pedra gelada e, eventualmente,  encostando em uma teia de aranha. Quanto chegou ao final acendeu mais algumas velas para dar uma boa olhado no aposento. Estava cheio de prateleiras, eram abarrotadas de livros tão velhos que deviam estar quase se desfazendo e frascos cujo conteúdo a poeira encobria. Tossiu e espirrou algumas vezes, teria uma crise alérgica daquelas.  Procurou pelo vasto aposento até encontrar, em um canto afastado, uma silhueta coberta por um lençol branco. 

Olhou seu relógio,  já eram 4 horas, tinha que ser rápida, voltar ao vilarejo antes das 6. Respirou fundo, ou ao menos o quão fundo aquele ar empoeirado permitia, pôs as mãos sobre o lençol... Seu corpo se arrepiou e se contraiu, sentiu uma visão se aproximando e preparou-se para o que quer que viesse a seguir. 

E o que ela viu foi uma mulher alta, tinha os cabelos escuros e uma coroa dourada sobre eles. Uma forte aura negra a rodeava enquanto ela caminhava para o exato lugar em que a McGarden se encontrava, porém a mulher não a via. Ao redor, as prateleiras já não estavam tão empoeiradas e os frascos com conteúdo diverso estavam bem visíveis. A quantidade de livros era maior, mas a silhueta com o lençol branco estava exatamente como a azulada  havia visto. 

A Rainha aproximou as mãos do lençol e o retirou, o que encontrava-se embaixo era um grande espelho, a moldura era dourada e cheia de detalhes. Levy viu a mulher se aproximar e invocar um espírito...