1. Spirit Fanfics >
  2. The world is not waiting >
  3. (for a band of three bored boys and a stupid love).

História The world is not waiting - (for a band of three bored boys and a stupid love).


Escrita por: ohmystress e ninivoidz

Notas do Autor


Oi gente, boa noite Carats!
Eu Dudaniuk, fiquei com a tarefa de escrever as notas iniciais mas me encontro com mais sono que o normal, portanto me perdoem.

Minha ilustre irmã e eu fomos iniciadas há pouco em Seventeen e já somos apaixonadas e abobadas por esses pãezinhos de canela. Por isso pensamos "Ah, vamos escrever uma Verkwan?" "Ah, vamos!" E ai nasceu isso aqui. Girl!Seugkwan sim pois amodoramos e eu quero, particularmente, povoar as categorias de boy groups de au!fem. rsrs
Escrita também com uma cota enorme de sono e My Heart Will Go On em versão punk rock porque um DiCaprio é um DiCaprio, então perdão e misericórdia pelos possíveis erros.
Carats por favor, nos amem, e não tão Carats assim, nos amem também!

~ohmystress fez uma playlist muito amorzinho e toda baseada no pop punk/punk rock pra lhes inspirarem enquanto lêem, ela vai estar nas notas finais.
Ah, Seungyeon é o nome feminino que colocamos no pãozinho Kwan.
É isso.
No mais, aproveitem a leitura! <3

P.S.: O título faz referência a uma música do Fall Out Boy que se chama Fellowship with the Nerd ou/também The World Is Not Waiting (For five tired boys and a broken down van). Eles tem uma mania de por dois títulos em uma só música.

Capítulo 1 - (for a band of three bored boys and a stupid love).


 

Hansol tinha a melhor banda sem nome de pop punk do mundo!

Que outra banda possuía um vocal tão preciso quanto o de Seokmin? Um compasso tão bom quanto o das baquetas de Wonwoo? Fala sério, que outra banda possuía um baixista/guitarrista tão charmoso e talentoso quanto Choi Hansol?

Uma pena que Hansol era o único que pensava assim, porque bem, uma banda que toca versões fajutas de Fall Out Boy e Blink 182 não é bem o que se pode chamar de melhor banda do mundo. Apesar disso, no auge de seus 16 anos, Vernon (como gostava de ser chamado, pois segundo Seokmin, astros do punk rock também precisam de nomes artísticos e esse era até que legalzinho) se orgulhava de ser o líder de uma das únicas bandas de sua escola, uma banda fracassada e cheia de garotos que mal conseguiam fechar a boca de tanto sono, mas uma banda, afinal!

Ele era conhecido por alguns colegas, era o mais influente em seu grupo de skate e tinha um número considerável de garotas desinteressantes e bonitinhas interessadas em si, não precisava de mais nada! Mas isso não significava que sua mãe não poderia interromper um de seus ensaios de sexta à noite para levá-lo a tiracolo a um recital, concerto ou seja lá o que for, da escola de artes que sua irmã irritante frequentava. Por acaso tinha alguma consideração por aquela fedelha? Tinha, mas isso não significava nada. 

"Você é um fracassado, Vernon, aposto que vai ser a bailarina principal!" Seokmin nunca o ajudava.

 "Para de encher o garoto, seu irritante. Se ele gosta dessas coisas, quem é você para julgá-lo?" Wonwoo tentava ajudar com as suas baquetas voadoras na direção da cabeça de Seokmin, nem sempre ajudava, na verdade.

Contrariado e planejando uma rebelião, Hansol vestiu sua única camisa social e partiu para seu sacrilégio. Viu durante toda a noite sua irmã fazendo piruetas desnecessárias, uma apresentação ridícula de alguma dança contemporânea enquanto se segurava muito pra não rir, viu um coral de zilhões de pessoas cantando músicas de velhos e viu ela. Uau, ela. À princípio, quando viu a garota subir no palco a achou apenas adorável. Hansol não costumava achar garotas adoráveis, vivia ocupado demais sendo um rock star fracassado, andando de skate nos finais de semana e tendo um estilo de vida punk rock, mas a achou adorável quando viu suas bochechas cheinhas e seu cabelo cuidadosamente preso com um lacinho em um rabo de cavalo. A achou incrível, fascinante e candidata à futura mãe de seus filhos quando ela abriu a boca e de lá saiu a voz mais forte e afinada que já ouviu em sua vida. A música que ela cantava era linda, devia possuir uns três séculos de idade, mas descrevia exatamente o que ele sentia naquele momento. 

"Amor à primeira vista" ele pensou "só pode ser!". 

Naquele momento quis ser o apoio da voz da garota com sua guitarra (como um piano era nessa ocasião) e tocar para ela todas as músicas de velhos do mundo, pois ela era linda e fascinante, seus olhos eram profundos, seu corpinho rechonchudo era adorável e ela era incriv...

"Fecha a boca seu tapado, você tá babando no meu cabelo!"

Foi desperto por uma mãozinha pequena e irritante lhe acertando a cabeça e só não chutou a canela de sua irmã pois a vontade de lhe fazer uma pergunta foi maior. 

"Como é o nome dela? Você conhece ela... sabe, essa... garota?" Perguntou com todo o desinteresse que há muito já não mostrava ter. Recebeu um olhar sugestivo da irmã, uma risadinha de sua mãe que escutava tudo quieta e uma resposta satisfatória. 

"Boo Seungyeon, e sim. Ela é uma das melhores alunas daqui, todo mundo a conhece. Mas nem todo mundo se mistura com ela, sabe, ela é meio louca."

"Meio louca." Ele repetiu, hipnotizado. E pronto, estava platonicamente apaixonado por uma garota que nunca viu e nunca veria novamente. Uma garota "meio louca". 

"Meus parabéns, seu babaca!" Murmurou a si mesmo assim que a viu sair do palco, sair de sua vida, para nunca mais voltar.

Pobrezinho, sua apresentação foi a única que não lhe deixou entediado. Foi dormir tentando não esquecer o nome de sua musa e no outro dia já tinha sentimentos mais equilibrados por ela. A achava linda, sem dúvidas, e daria um braço para tê-la em sua garagem cantando alguma música de seu repertório tão lindamente, Seokmin que esperasse. Mas já não achava mais que morreria se não a conhecesse, era um rapaz maduro, afinal. Seguiu sua vida de skater boy tranquilamente naquela semana, até esqueceu de Seungyeon na maior parte do tempo. A verdade é que não queria pensar numa garota que provavelmente o esnobaria se o conhecesse, não queria ser mais burro do que normalmente já era, então deixou pra lá.

Mentiroso.

Era óbvio que pensaria nela e era óbvio que sua burrice não seria contida, ainda mais tratando-se de uma garota tão fofa (lê-se gordinha aqui, seu tipo preferido) e tão deliciosamente misteriosa.

Às vezes Vernon dedilhava alguma canção melosa dos anos 70 em sua guitarra preta e desafinada às três da manhã arrancando gritos irritados da mãe, tudo isso enquanto pensava em Seungyeon. Mas isso era segredo.

E era um sábado bem desinteressante e irritantemente quente quando reencontrou sua musa inspiradora, não da maneira como esperava e nem como esperava. Afinal nem esperava reencontra-la, tinha preguiça de fantasiar um reencontro.

Enquanto Seokmin pedalava uma bicicleta vermelha e feia demais, Vernon e Wonwoo andavam em seus skates como príncipes em seus cavalos rumo a pista de skate da cidade, pelo menos era o que as garotas de treze anos do seu bairro achavam. O ensaio fora uma grande droga, Seokmin surtou em uma briga unilateral com Wonwoo enquanto esse estava mais preocupado em roer as unhas do que usar suas baquetas e Vernon sabia que era uma péssima ideia manter-se preso em uma garagem minúscula com um garoto hiperativo e um bicho-preguiça numa noite de sábado quente como o inferno.

"Vamos dar uma volta." E em uma empolgação que não denunciava nem de longe a frustração daquele ensaio horrível recheado de músicas desafinadas e ruins ambos concordaram.

Era sua terceira volta, em manobras estúpidas e flips fracassados quando enxergou sentada no topo de uma das pistas um anjo. Ela parecia muito sua Seungyeon, tirando o cabelo revolto, as roupas masculinas e as pernas abertas como se algo no meio delas incomodasse. Parecia tanto que quando constatou, que droga, era Seungyeon e que não era apenas a luz amarela e feia que lhe confundia a mente apaixonada, caiu de seu skate como um idiota, provocando uma crise de risos em Wonwoo que dormia no canto da pista com a cabeça apoiada no próprio skate e uma careta muito feia de dor em si. 

Deitado no chão frio e sujo da pista de skate torcendo para não ser atropelado e olhando para cada uma das estrelas foscas e claras do céu noturno, Vernon surtou por dentro com a possibilidade e a certeza de que era ela. Torceu o nariz quando levantou a cabeça e pode vê-la conversando com umas caretas entediadas e realmente lindas com um garoto realmente alto e realmente bonitão, daqueles que pareciam saídos de um dorama e tudo o mais.

Se aquela era mesmo sua Seungyeon, aquela a quem dedicava suas madrugadas de insônia desenhando-lhe os olhos em sua mente adolescente enquanto dedilhava canções extremamente românticas as quais não tocaria em público nem sob ameaça, então aquilo, aquele reencontro lindo e surpreendente significava que o destino queria uní-los, certo? 

Não que acreditasse em destino ou todas essas bobagens que as garotas de sua sala faziam questão de conversar sobre em som alto e irritante, mas ah, havia alguma força superior dando-lhe o sinal de que aquela oportunidade não poderia ser desperdiçada de maneira alguma, de que se agisse da maneira certa e demonstrasse ser o cara fantástico que acreditava ser, sua Seugyeon cairia de amores por si com olhinhos brilhantes e todas essas coisas fofas de garotas, afinal, quem sabe ela gostasse de rock stars fracassados, com sorrisos metálicos e o rosto enfeitado com algumas acnes. Vernon era charmoso e sabia.

Talvez ela gostasse de si, era meio desatento e introvertido nos piores momentos mas tinha seus charmes, como morder os lábios enquanto trocava as notas nas músicas ou como coçava a nuca quando constrangido. Parecia um pateta mas preferia acreditar que era charmoso.

E era meio difícil reconhecer-se quando a poucos minutos atrás tinha a certeza de que seria mais uma noite cheia de refris, arrotos, arranhões nos joelhos e cotovelos e piadas idiotas com os amigos, onde estaria com a mente e o coração seguros de qualquer pensamento que remetia-lhe a certeza de que não mais a encontraria e de que estava realmente meio apaixonado pela cantora. Quão irônico era encontrar em seu lugar preferido a sua pessoa preferida? Era mesmo um bobão sofrendo com os sintomas do primeiro amor.

Sentiu a parede do estômago gelar e as pontas dos dedos esquentarem quando se deu conta de que, caramba, ela estava realmente diferente da primeira vez, de que, caramba, ela estava mais apaixonante ainda (mesmo que parecesse mais um garoto do que ele) e de que, caramba, aquela não poderia ser a última que a encontraria. E quando os passos bateram perfeitamente desritmados como Moving Pictures do Fall Out Boy contra o chão áspero e colorido da pista, em direção à sua musa, ele ignorou toda a introversão que existia dentro de si. Seungyeon merecia isso.

"Aonde vai, idiota?" Seokmin perguntou antes de dar um longo gole no refrigerante sabor laranja que segurava entre os dedos longos e tortos.

"Atrás do amor da minha vida." Vernon respondeu sem tirar os olhos da gordinha que olhava com desdém o garoto sentado ao seu lado. Recebeu como resposta do amigo um arroto extremamente alto e mais uma crise de risos do sonolento Wonwoo.

Sem tempo de pensar e com as pernas congeladas e trêmulas demais percebeu que os olhos amendoados e brilhantes de sua musa logo vieram em sua direção demonstrando sem nenhum disfarce um enorme ponto de interrogação com direito a uma sobrancelha levantada e tudo o mais. Oito passos os separavam quando deu-se conta de que não sabia o que dizer e nem como dizer, aqueles olhos tão preciosos já estavam sobre si e era tarde demais para correr, não queria parecer mais idiota do que já era. E como se o mundo ao seu redor se tornasse embaçado e inexistente, como se apenas aqueles olhos afiados entre os cabelos escuros e revoltos e os sons que sua boca bonita fazia enquanto mascava um chiclete de menta existissem, Vernon judiou as palmas das mãos em apertos apreensivos, sentindo a voz falhar na garganta e o estômago embolar-se todo.

"Você canta demais." Ouviu-se dizer, como se fosse um espectador assistindo tudo por fora. Nem percebeu como soara imbecil.

"Oi?"

Ah, sentiu seus tímpanos se transformarem em chocolate derretido com a voz tão doce de seu anjo. E ignorou a feição de indignação ou fosse o que fosse o que a fazia torcer o rosto em uma careta entediada.

"Você canta tipo muito, muito mesmo, tanto que eu sinto como se meu coração fosse explodir em um milhão de pedacinhos. Espera, isso foi meio nojento mas o que eu quis dizer foi que..."

"Eu te conheço?" Perguntou com o rosto mais fechado ainda.

"Ah, eu sou Vernon."

"Vernon?"

"Quer dizer, Vernon é meio que meu segundo nome, meu nome mesmo é Hansol. Foi Seokmin quem escolheu esse nome, ele me disse que estrelas do rock não costumam chamar-se Hansol, eu concordei... Seokmin é aquele garoto bebendo refri logo ali. Você é Seungyeon, certo?"

"Conhece esse cara, Jong?" Perguntou ao garoto do lado enquanto apontava com os dedinhos gordos para o rosto do guitarrista/baixista apaixonado como se ele nem estivesse ali.

E sem perceber o tremendo gelo que tomara Vernon permitiu-se apenas à se indignar com aquele garoto bonitão tomando o lugar ao lado de sua musa que era seu por direito.

"Meu nome é Jun." Ele respondeu analisando dos pés à cabeça o garoto branquelo e de roupas largas à sua frente. "E não, nunca vi mais estranho."

"Tsc, Jun nem é nome de gente. Fala sério, parece nome de cachorro." Disse sorrindo de canto.

Aquela pretensiosidade só fez com que o bobão apaixonado mergulhasse ainda mais naqueles sentimentos meio incabidos. Não só isso, como também lhe rendeu uma bela crise de risos pouco disfarçados.

"Aish Seungyeon! Sua sorte é que te amo." A voz até soaria magoada se os olhos não estivessem pregados em Vernon com indignação e uma bela pitada de irritação, enquanto esse ria sem nem se dar conta.

"Sorte? Qualquer dia acerto um soco muito bonito no meio dessa sua cara feia. Me deixa em paz." Ameaçou tranquila e mesmo assim amendrontante enquanto soprava uma mecha de cabelo para longe do rosto.

"Você ainda vai se arrepender, ainda vai correr atrás de mim." Ditou levantando-se sem nem se importar em esbarrar com o garoto em pé em sua frente, fazendo com que esse quase caísse sentado murmurando um palavrão.

"Vai sonhando..." Sussurrou mais para si mesma do que para aquele que estava longe enquanto abria o pacote de outro chiclete.

Demorou para que ela notasse novamente a presença de Vernon ali, aproximadamente uns dois minutos, ele até puxaria assunto se não estivesse imerso no par de olhos tão escuros e expressivos, quase babando, literalmente.

"Disse que tenho uma voz bonita?" Perguntou olhando-lhe no fundo dos olhos e colocando o chiclete verde dentro da boca. 

"A mais linda que já ouvi."

"Como sabe? Eu nunca te vi antes, fala sério."

"Ah, eu vi no..."

"Olha, é meio que maneiro da sua parte vir dizer isso mas eu não sei se quero ser sua amiga e nem nada do tipo. Estou vazando, valeu? E ah, Jong não pareceu feliz, se cuida Hansung."

E como se uma flecha pontiaguda atravessasse-lhe o peito dolorosamente ele assistiu sua musa levantar-se alcançando o skate no chão ao lado enquanto em cima dele sumia na pouca iluminação das ruas.

 

_

 

"Por que essa cara de idiota?" Wonwoo perguntou passando as mãos na frente do rosto do amigo, que encontrava-se em uma desolação mal disfarçada e bem exagerada havia mais de uma hora.

Vernon apenas deu um tapa estalado e doloroso nas costas de uma das mãos dele enquanto voltava a olhar para mesma direção de novo e de novo e de novo.

"Cara, são mais de nove horas, estamos vazando para casa. Vai ficar parado com essa cara de cachorro sem dono por quanto tempo?" Seokmin perguntou subindo na bicicleta vermelha e estranha.

"Para sempre." Gritou dramático.

"Ok, mas nós dois estamos vazando."

"Tá, tá. Vão logo!" Respondeu abanando as mãos em um pedido para que fossem embora. E os ingratos realmente foram.

Não se sabe quantos minutos permaneceu sentado na pista olhando para direção da rua mal iluminada pela qual seu anjo havia desaparecido, a boca aberta em encanto. Tudo bem, Seungyeon era bem diferente do que imaginava mas não seria hipócrita ao dizer que aquela versão não lhe agradava e atraía mais.

E mesmo com passos pesados e mecânicos batendo contra a calçada para o caminho de casa a voz forte e rouca da garota ainda lhe era tão nítida aos ouvidos. E mesmo quando trombou no meio da avenida pouco movimentada em um corpo alto e duro os pensamentos permaneceram sendo daquela garota atrevida e bonita.

"Me desculp..." Droga!

"Ei, eu te conheço." Ditou o garoto bonitão que havia visto poucas horas antes ao lado de sua musa.

Antes que lhe oferecesse resposta sentiu seu corpo sendo jogado contra a parede de uma loja qualquer, gemendo de dor.

"Não era você quem estava zombando de mim agora pouco? Você parecia ter achado bem engraçadas as palavras daquela imbecil."

Vernon sentiu o skate escapar de suas mãos, batendo com tanta força contra o chão que duvidou que sairia daquela inteiro. O coração jogava-se contra a caixa torácica no medo da certeza de que levaria uma bela de uma surra impossibilitando-o de fazer qualquer movimento, de reagir ou se defender.

E quando os olhos se fecharam com o som de um punho acertando um rosto ele se impressionou ao não sentir dor ou o cheiro de sangue. Talvez o soco tivesse sido tão forte que provocou em si a alucinação de seu anjo chutando o corpo caído daquele bonitão tão chato e odioso. E quando naquelas cenas pouco nítidas e até mesmo cômicas Jong ou Jun (não faz diferença) levantou-se do chão com pouca dificuldade Vernon constatou que não era uma alucinação, era realmente seu anjo salvando-lhe e alcançando uma de suas mãos para que pudessem correr o mais depressa possível.

O cheiro que se desprendeu dos cabelos que lutavam contra o vento naquela corrida cheia de tropeços e tão estúpida o levou nas nuvens, era um menino realmente inconveniente, tanto que ao virar uma esquina e assistir Seungyeon se encostando em uma parede encardida de tijolos enquanto ofegava cansada pela corrida Vernon se embriagou na visão de seus dedos ainda entrelaçados, fazendo com que Seungyeon notasse e abandonasse sua mão imediatamente. 

"Você... Você me salvou." Murmurou entre ofegos, com a mãos já apoiadas nos joelhos.

"É. Não acha que está grandinho o suficiente para se defender?"

"Acho." Ele sorriu sem entender como e porquê Seungyeon estava lá, mas muito grato por não estar sonhando.

 

_

 

A pista de skate se tornara sua segunda casa e havia motivos muito coerentes para isso.

Gostava muito de skate.

Gostava muito de Boo Seungyeon.

Essa que era só suspiros irritados e xingamentos nada carinhosos para cima do baixista/guitarrista apaixonado, oras, ele era pior que chiclete... Seguindo-a em todo e qualquer canto, enviando-lhe uns covers realmente ruins de suas bandas preferidas, fazendo umas juras de amor bem estúpidas e engraçadas, insistindo em ser seu amigo mesmo com todas as grosserias e surras de presente. Não que Seungyeon tivesse impedido a aproximação dele com muito determinação, na verdade agia com uma indiferença invejável, mas Vernon era mesmo pior do que chiclete fazendo com que ela quase se arrependesse de tê-lo salvado naquela noite feia e quente de três semanas atrás, fazendo com que quase se arrependesse de deixá-lo saber onde estudava pois ele sempre arrumava um jeito de buscá-la depois das aulas, pagando hambúrgueres com o pouco dinheiro da mesada enquanto a enchia de perguntas sobre si, juntamente com aquele sorriso metálico tão irritante. E ela sinceramente se perguntava porque ele não procurava alguma garota mais legal, mais interessante, que desse atenção à suas bobagens e imbecilidades realmente muito fofas. Mas também não podia negar que o coração ficara um pouco mexido (o que ela não admitiria nem sob ameaça de morte), já que ao contrário de todos os outros Vernon estava mais interessado em conhecer suas bandas favoritas do que enfiar a língua dentro de sua boca.

Pelo menos era o que ela acreditava até aquela quarta-feira chuvosa.

Realmente, realmente deveria lembrar-se que não se abaixa a guarda para esses músicos de garagem que cheiram a refri de laranja, como fora estúpida. Vernon havia aparecido na frente de sua escola mais uma vez, com um guarda-chuva amarelo imbecil e um sorriso de orelha-à-orelha que a fazia bufar irritada e quando, depois de caminharem um bom tanto apertados debaixo daquela coisinha notaram-se em frente da casa da skatista aquele maldito sorriso metálico não hesitou em segurar-lhe as bochechas aproximando-se com os lábios molhados, os olhos fechados e tudo o mais. De onde ele tirou a ideia de que podia beija-la?

E foram menos de dois segundos para que o líquido vermelho escorresse de uma das narinas do garoto enquanto a menina corria para dentro de casa segurando a mão com o qual o acertara. 

Naquela noite enfiando algodões nas narinas Vernon ensaiou o pedido de desculpas enquanto encarava o teto do próprio quarto. E não muito longe dali Seungyeon abafava os risos e sorrisos com o travesseiro, seu confidente.

 

_

 

 

Fazia quase um mês desde o incidente do nariz praticamente quebrado quando Vernon conseguiu convencer Seungyeon à assistir um dos ensaios da banda, enquanto essa devorava um McLanche Feliz de um jeito feroz e meio assustador, dizendo que eles até que eram bons, que tocavam umas musicas bem ruins e que seria divertido. Ela não acreditou nem na metade das palavras mas com um McLanche Feliz na boca ela aceitaria tudo, até mesmo ser sua namorada. Mas isso era segredo.

Vernon queria mesmo era vê-la cantando mas ela deixou claro e com todas as letras de que não rolaria. Aquele coração tão lindo de pedra.

Seungyeon conheceu Wonwoo enquanto esse tirava um cochilo no sofá da garagem da casa do amigo e teve que engolir Seokmin perguntando se ela era o namorado que Vernon tanto falava sobre, recebendo um soco muito caprichado pelo amigo. O namorado. Ótimo, mais um imbecil que teria que aturar.

Após soprar uma mecha para longe do rosto respondeu que não, não era o namorado e sim que era sua amiga o que fez Vernon sorrir muito mais do que esperava. Amiga era um avanço, certo? Ainda mais para alguém que insistia em lhe dizer que era "porcaria nenhuma sua".

E ela ficava muito bonita sentada no sofá caindo aos pedaços, olhando curiosa para cada cantinho de sua garagem enquanto cruzava as pernas e mascava chiclete de tutti-frutti. E quando a guitarra soou com Stuck do Allister e os olhinhos escuros e bonitos foram de encontro com os seus Vernon pensou que se tornaria uma poça de água ali mesmo.

 

"Vocês tocam bem até." Ela disse brincando com o cadarço do próprio tênis, ainda sentada no sofá e na mesma posição de antes mesmo depois dos outros dois garotos terem ido embora após a clara expulsão através do olhar do baixista/guitarrista.

"Até?" Ele riu enquanto se sentava no sofá velho e encardido, em uma distância razoável.

"Até." Respondeu com uma careta.

"Até?!" Perguntou divertido jogando uma mecha do cabelo da menina no rosto da própria.

"Até!" Ela respondeu a provocação com uma cotovelada na costela magra do imbecil ao seu lado.

"Ah, mas é muito atrevida!" O dedo indicador cutucou a cintura da skatista.

"Ei!" Respondeu com mais uma cotovelada.

Mais um cutucão.

Mais uma cotovelada.

Mais um cutucão.

Quando perceberam meio zonzos e estúpidos estavam contorcendo-se enquanto faziam cócegas um no outro. Vernon sentindo a bochecha queimar ao sentir debaixo das digitais as gordurinhas tão lindas de sua musa, sentindo a respiração tão próxima da mesma que ria de um jeito tão bonito e tão irreconhecível. Seungyeon a ponto de dar um soco muito bonito no rosto daquele bobão por tocar tão intimamente em seu corpo se esse não estivesse rindo de um jeito tão adorável e esquisito.

Os rostos estavam perigosamente próximos enquanto gargalhavam fingindo não perceberem que a zona de limite fora ultrapassada abruptamente. E quando o menino viu os lábios rosas e úmidos da garota abertos em um sorriso/riso tão próximos dos seus permitiu-se fechar os olhos logo sendo impedido de qualquer movimento constrangedor ao lembrar-se com pesar do gosto férreo de seu sangue graças aquele soco tão caprichado de Seungyeon debaixo do guarda-chuva amarelo. A garota pareceu notar também toda a tensão que se instalou naquela garagem minúscula, quando encontrou os olhos claros do menino sob seus lábios. 

"Desculp..." Ele pareceu murmurar enquanto despertava daquele transe esquisito.

"Cala boca." Ela respondeu alcançando o rosto do menino meio bruta, meio apaixonada.

Seria estranho narrar com riquezas de detalhes as músicas que passaram sob a mente de Vernon enquanto os lábios de Seungyeon estavam sob os seus.

Seria estranho relatar como ela jurou ver e sentir estrelas e planetas nascerem dentro de si enquanto segurava o rosto de seu admirador entre as mãos e sentia o gosto de refri de laranja na ponta da língua.

Seria coerente dizer que quando se encontrara sozinho naquele sofá feio e desconfortável Vernon sentiu todo o interior quentinho e feliz, derretendo-se em amor entre as almofadas.

Seria coerente dizer que Seungyeon sorriu enquanto corria para longe da garagem, com os pés tropeçantes e coração acelerado enquanto lembrava das últimas palavras do garoto antes de abandoná-lo com um beijo, sozinho naquela garagem sorrindo na expectativa de uma resposta.

 

"Agora você vai ser minha namorada e tudo o mais?"


Notas Finais


Espero que tenham gostado, nos digam o que acharam nos comentários e perdoem desde já os erros. Muito obrigada por ler até aqui.

Pop Punk: http://www.youtube.com/playlist?list=PLfXdGB3k06nBV-6N3NkBafg1OIMl5Xp1o



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...