História Yandere Book - Love - Intro

Do diário de Umi Yokoshima

Como devo iniciar uma história? Quais as palavras devem ser ditas para introduzir os primeiros acontecimentos que permeiam o delicado curso de uma narrativa? Eu poderia começar dizendo que não sinto nada, mas isso seria uma mentira e talvez até mesmo um cliché que possa fazer essa história se desenrolar mais... suavemente. De qualquer forma, eu tenho emoções. Compreendo plenamente o que é se alegrar, se entristecer, temer. Já senti em minha pele a dor da perda e o desespero causado pelo medo. 

Ainda assim, há essa sensação fantasmagórica, somada a impressões de verdades que uma vez me foram ditas, de que algo falta, algo crucial para classificar alguém como humano. Até hoje, não sei do que se trata. Mas essa história se iniciou quando eu acreditava que o que me faltava era o que é chamado de "compaixão".

Eu não sabia o que era me importar ou sentir pena de alguém que não estivesse em meu pequeno círculo familiar ou talvez tivesse apenas perdido essa capacidade em tempos distantes, nas memórias reprimidas que não existem mais em minha mente. Igualmente, não sabia o que era amar, sentir algo tão forte por uma pessoa a ponto de desejar fazer tudo por ela, me entregando de corpo e alma. E meu sonho era conseguir amar algum dia.

Isso soa ridículo, como se tratasse apenas do sonho de uma garota tola. É provável que realmente o seja, mas isso não importa. Eu ansiava pelo dia em que me apaixonaria por alguém, pelo dia em que eu amaria alguém. Mas quanto mais eu esperava, quanto mais eu desejava, mais distante eu parecia estar do amor que tão desesperadamente buscava. 

Até eu conhecê-lo. E, então, finalmente decidi que esse buraco em mim seria preenchido. Uma decisão de tal importância, a mais importante de toda minha vida, foi feita naquele dia de primavera. Posteriormente, meus dias no segundo ano escolar no colégio Akademi, a escola local, foram responsáveis por me dar a certeza daquela escolha.

Quando esse sentimento se provou cor em um mundo cinzento, eu percebi que era, de fato, amor. E ao amá-lo, não havia nada que não faria por ele. Nada.

Só de observá-lo ao longe, me sentia quase completa. Vê-lo deslizar levemente os dedos pelas páginas de seu livro, ou rindo de algo que ouviu em meio as conversas do pátio se igualava a apreciar uma obra de arte. Observá-lo havia se tornado meu passatempo favorito.

Diariamente me questionava se devia me aproximar, se devia realmente agir como qualquer outra pessoa faria. Mas ele era tão belo em sua solidão que eu temia acabar com toda a magia que começou a envolvê-lo. As dimensões que este sentimento tinham tomado eram surreais a um ponto que não conseguia me imaginar sem ele. Cada ação, cada escolha, cada pensamento, tudo tinha como prelúdio meu amor por ele.

Mas então surgiu alguém que me fez tomar medidas drásticas. Ela, que o amava como eu, era capaz de tirá-lo de mim, antes mesmo que eu tivesse a chance de me aproximar. Mas eu não deixaria que meu ano de dedicação e amor fosse em vão.

Ninguém ficaria entre mim e ele. Então eu precisei agir. 

Consigo, com tremenda facilidade, especificar cada um dos pensamentos que tive em cada momento. Não será difícil escrever todas as decisões que tomei e o porquê delas. Afinal de contas... 

Tudo aconteceu por minhas escolhas.