História Yandere Book - Vultures

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Rikku aguardava na parte de trás do colégio.

Lá costumava ser o lugar em que alguns alunos se reuniam para fumar durante o intervalo, mas com a redisposição das câmeras por todo a escola, foi logo abandonado.

Claro que, mesmo depois de dois anos, quase nenhum aluno tinha conhecimento do mal-funcionamento daquela câmera em específico. Então o lugar continuava a ser um ponto de encontro de qualquer atividade considerada ilícita no ambiente escolar.

Gen suava frio, não tinha feito seu pagamento mensal e temia do que seria pedido para recompensar, mas ainda assim não se arrependia de deixar a garota lhe manipular assim.

Por mais que tivesse medo da pessoa que a havia chamado para aquela parte da escola, estava verdadeiramente aterrorizada com o aviso de Yokoshima.

Seu alívio era saber que contanto que não falasse nada sobre o que tinha visto e fizesse o que Umi pedisse, tudo ficaria bem. Só precisava fechar a matraca e suportar as consequências do que tivesse que fazer.

Olhou novamente para o celular com impaciência, cronometrando os segundos de atraso.

Recostou-se na parede e deslizou até sentar na grama úmida e bem cuidada, abraçando os joelhos e torcendo para que a pessoa não aparecesse.

Esperou mais cinco minutos… Nada.

Ergueu-se, limpou a grama da saia e suspirou. Parte de si estava feliz por poder ir para a aula normalmente, enquanto a outra parte se remoía em pânico.

Mas até mesmo o resto de felicidade que tinha foi embora com aquele maldito sorriso amigável que apareceu na sua frente.

Mais uma vez no mesmo dia, tinha encontrado sua “carcereira”.

– Rikku-chan, achei que chegasse sempre cedo na aula. Algum motivo em especial para não estar lá ainda? – Yokoshima alinhou seu braço, bloqueando o caminho. Rikku olhou com raiva e tentou passar pela porta.

– O motivo não é da sua conta. – Umi desfez seu sorriso e esticou a perna, derrubando Rikku. Caiu com o rosto na grama, sujando as bochechas com a terra úmida.

– Sabe Rikku… Dois avisos costumam vir junto de uma punição. – seus olhos pareceram se encher de uma fúria contida, embora ainda possuísse aquele sorriso, e Rikku amaldiçoou sua imprudência – Sua sorte é que tenho problemas maiores para resolver. Mas ainda assim… Acho que você merece uma punição por esquecer nossa conversinha.

– M-mas eu não… E-Eu juro! Por favor! E-Eu n-nunca faria uma coisa dessas!

– Eu deveria confiar em você? – Umi agachou ao seu lado, e inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse sendo sincera em seu questionamento.

– E-Eu… J-Juro… – Rikku fechou os olhos e começou a fazer suas preces, não queria acabar daquele jeito, mas desde quando alguma coisa que ela queria acontecia? – … Por favor…

O sangue de Gen gelou ao sentir o toque da mão de Shima em seu rosto. Umi limpou a terra no rosto da garota caída e a ausência dos olhos sorridentes a fizeram parecer ligeiramente menos sinistra.

– Acho melhor você ir lavar seu rosto logo, para não se atrasar para a aula. – Umi levantou e saiu andando. Rikku finalmente respirou, e só então notou que estava segurando o ar por todo esse tempo.

愛✁❦❤❧✃死

15 minutos antes

Prendi a presilha no meu cabelo. Por algum motivo, estava muito contente.

A última vez que me senti assim… Nem me lembro…

Agradeci aos membros do clube e falei que tinha algo muito importante para fazer e que voltaria mais tarde.

Vamos ao que interessa agora.

Precisava falar com meu Senpai. Hoje seria o dia.

Com Ichu fora do caminho, tudo seria mais fácil. Mesmo que eu não quisesse agir como um urubu se aproveitando da carne podre que era a morte da Ichu.

Decidi escrever um bilhete.

Sentei na escada e tirei o bloquinho de desenhos que tinha pego no dia que Ichu se tornou um alvo.

“Kiokure-san, sinto por sua perda.

Apesar de não conhecer Uonna-san, também fui afetada por sua partida precoce.

Watashi wa hageta ka?*

Não. Mas peço que não se desespere e saiba que estamos juntos nessa.

– Miyoko”

Parece bom… Só preciso colocar no armário dele agora.

Levantei e desci as escadas até o primeiro piso da escola. Parei ao ver um amontoado de estudantes ao redor do quadro de avisos.

Ótimo. Não posso colocar o bilhete com tanta gente por perto.

Uma garota correu até mim.

– Shima-chan! – a julgar pelo adereço de cabelo, ela devia ser um dos membros do clube de jogos. – Você ficou em terceiro! Eu sabia que você iria ser uma das melhores!

– Quem foi o primeiro?

– Foi o…

– Eu mesmo. – o garoto da biblioteca sorriu – Parabéns, como sempre uma das melhores, Yokoshima-san. 

– E você é? – rebati

– Fuzai Hattoku, me sinto um pouco ofendido que não se lembre de mim… Se bem que só nos falamos uma vez, no ano passado. – ele colocou a mão no cabelo e sorriu. 

Tentei evocar aquele rosto. O ano anterior não tinha sido muito memorável. 

Lembrei brevemente de alguém com quem conversei uma única vez, sobre um poema que estavam lendo em um dos saraus que eu participava. 

Antes de conhecer meu Senpai. 

– Não tem problema não lembrar, Yokoshima-san?

– Pode me chamar de Shima.

Se ele se lembrava de mim espiando a sala da conselheira, um pouco de educação e fingimento poderiam apàguízar qualquer hostilidade possível que ele tivesse contra mim, então espondi com um leve sorriso sendo formado.

Ele ergueu a sobrancelha, provavelmente estranhando o apelido.

– Certo, Shima-chan. Parabéns por sua classificação. 

É só um teste semanal. O que importa é minha classificação durante as provas.

Ele acenou e passou por mim, então parou.

– Suas atividades depois da aula não parecem atrapalhar sua rotina de estudos, devo admitir que me impressionou. – outro sorriso.

...Ele sabe…

Como?

Como…

Ela…

愛✁❦❤❧✃死

Cerrei os punhos. Se Rikku não tinha contado, como ele sabia?

Ele está no meu caminho.

Respirei, tentando me acalmar ou tudo que eu fiz iria por água baixo. Decidi colocar o bilhete para o Senpai, já que o lugar agora estava vazio.

Identifiquei o armário dele, afastado do meu por duas colunas, sete armários à esquerda e um acima. Deslizei o papel pela abertura e certifiquei de que ninguém tinha visto.

Relaxei um pouco, o suficiente para poder ir até ele e finalmente conversar. Chequei o relógio, 7:51.

Ainda tenho tempo.

Subi as escadas correndo, para evitar atrasos desnecessários, tomando cuidado para não tropeçar.

Eu conseguia sentir sua presença cada vez mais perto, fazendo meu coração bater mais devagar e mais rápido ao mesmo tempo.

Ah, senpai. Finalmente nós…

Parei.

Pisquei os olhos, tentando me certificar de que aquilo era real.

Senti minhas unhas cravando na pele, com minha visão ficando turva.

A garota o abraçou, e ele deitou a cabeça no colo dela.

– …Aguente firme. Ela está em um lugar melhor.

– … Eu… Nem consegui ligar para os pais dela… – ele fungou e contra a luz do Sol, vi as lágrimas descendo por seu rosto.

Meu sangue ferveu.

Era eu quem devia estar ali. Era eu quem iria consolá-lo. Era eu quem iria abraçá-lo.

O sangue escorreu, saindo em filetes dos machucados que minhas unhas causaram na palma da mão.

… Sou eu quem vai eliminá-la.